A nossa passagem na Terra física e sua História tem certos objectivos, uns que nos são impostos pela necessidade de sobreviver, trabalhar, ganhar dinheiro, outros que escolhemos pela nossas especificidades anímicas ou porque os ambientes e necessidades nos escolhem, e por fim os objectivos mais inconscientes e que de vários níveis nos influenciam e buscam suas concretizações sem que por vezes saibamos bem donde vêm e para onde nos levam. Como os hierarquizamos e os tentamos satisfazer dentro da nossa ideia do nosso próprio dever ou missão é em grande parte o resultado de instintos, tendências, motivações, que sendo pouco meditadas ou consciencializadas geram por vezes pensamentos, comportamentos e decisões pouco fundamentadas ou luminosas.
Se a busca do cumprimento da nossa especificidade única, do svadharma, como se diz na Índia, com a consequente felicidade, é o principal fim da vida, e se a maior parte das pessoas reconhece que há uma certa ética e moral a cumprir, a seguir e a adoptar no caminho da realização da vida, face a tantos milhões de seres na mesma busca e por modos diferentes, outros há contudo que pensam que os seus fins ou objectivos egoístas justificam todos os meios, e não recuam perante quase nada para satisfazer os seus desejos.
Este desequilíbrio, que nasce do egoísmo primário animal, tem contudo sido gravemente intensificado e propagado pelos exemplos de individualidades e Estados psicopatas na sua indiferença aos direitos dos outros e que mentem e matam com toda a facilidade no seu afã de domínio, de poder. Uma tragédia tão exemplificada pelo dólar, a hubris e o imperialismo norte-americano.
Noutras versões dos fins últimos o objectivo principal da vida é chegarmos ao fim dela sem desejos, desprendidos, livres e então há que admitir que as pessoas compreendam a futilidade e ilusão da maioria dos desejos e se desprendam ou então que as pessoas satisfaçam por vezes sofregamente ou algo amoralmente os seus desejos para os esgotarem e no fim estarem libertos dos laços que as prenderiam à Terra e possam assim não reincarnar, para os que crêem nessa hipótese, ou evoluir para planos mais elevados.
Mas há aspectos que são pouco aprofundados nestes tipos de entendimento e as pessoas arriscam-se a chegarem ao fim da vida e não apenas terem ainda desejos, volições anímicas insatisfeitas, mas estarem mesmo limitadas seja pela consequências em si e nos outros, seja por terem ficado mesmo presas, dependentes, viciadas, seja por não terem descoberto e vivido o Amor libertador suficientemente, e passando assim para o além sem o traje nupcial ou sem o coração acesso...
E não é fácil em vida discernir-se quando é que certos interesses, hábitos ou prazeres se tornam limitações e pesos nos mundo subtis, pois as pessoas, para além das muitas crenças que religiões ou educações lhes impuseram, tendem a desculpar-se ou a ver-se optimisticamente para continuarem a usufruir do que realmente não lhes é útil. Basta ver quanto precioso tempo as pessoas perdem em televisões, filmes, livros, conversas, passatempos inúteis. Nesses casos o percurso da vida, o dharma ou dever mais profundo de auto-conhecimento e desenvolvimento da Sabedoria Amor, fraquejou em certos aspectos e conduz a limitações e sofrimentos: o mistério do Amor não foi aprofundado...
Tentemos então ao de leve sondar provavelmente o maior desejo e objectivo do ser humano, onde em geral se encontra não só o prazer, a felicidade, a inspiração, mas também desilusão ou mesmo repulsa: o Amor em si, e sobretudo entre dois seres.
Este amor que atrai duas pessoas e as faz sentir que têm afinidades para avançarem num relacionamento, em geral passa por um conhecimento recíproco inicial e culmina numa comunicação sexual, pois uma parte substancial do amor é o desejo de se fundir com a outra pessoa, seja transitoriamente seja mais duradouramente, seja para gerar frutos físicos ou anímicos e espirituais, ou mesmo divinos.
A união sexual permite essa partilha recíproca do amor e do desejo-vontade de unidade de corpo, alma e espírito de cada um, com toda a riqueza potencial deles em possibilidades de desvendação, manifestação e geração.
Em qualquer união sexual, mais ou menos consciente e harmoniosa nos vários níveis, há uma troca de impulsos eléctricos magnéticos, libertação de endomorfinas, e uma forte osmose e absorção recíproca de vibrações, partículas, energias, sentimentos e pensamentos entre as auras magnético-psíquicas ou almas das duas pessoas, culminando num resultado de maior ou menor perfeição na frutificação, no momento e posteriormente.
Aliás algo disto já se pode passar em qualquer conversa ou encontro, pois somos sistemas abertos electro-magnéticos e energético conscienciais e a nosso tónus energético e psíquico está sempre em movimento e mudança, já que somos bastante afectados por tudo o que entra pelos nossos cinco sentidos e impacta no cérebro e no que a alma sente, e reage e transmite, de bem ou destrutivo para nós ou para os outros...
Sabermos cavalgar o tigre ou a tartaruga de qualquer estímulo ou relação, isto é com intensidade ou lentidão, de modo sensível, apropriado, imaginativo, amoroso e criativo e unitivo, é fundamental, sobretudo nestes tempos em que ao nível social, mundial e mediático somos dilacerados por tantos conflitos, sofrimentos e opressões perante os quais o nosso amor tem de saber-se muito bem posicionar, perseverar e irradiar, seja o seu amor seja a sua repulsa, e portanto apoiar ou cortar...
A relação amorosa a dois é então uma época, um estação na vida, um sol aberto, uma lua de mel, um abrir e ver dos corações, uma possibilidade de reintegração espiritual, de entrada no mundo da unidade, em suma, de se invocar e realizar mais o Amor que une os mundos, as partículas e os seres e os aproxima da Divindade, a sua fonte e fundo.
A permeabilidade dos corpos e almas em tais momentos permite milagres de aprofundamento de conhecimentos ou compreensões mais profundas, intuições e expansões de consciência para além dos limites definidos do corpo físico, do cérebro e do eu limitado.
O estado de amor pleno com outro ser, o auto-conhecimentos como seres em corpos espirituais sensíveis e a religação com a Divindade, que nesses momentos são mais intensamente cingidos, aproximados ou realizados, tornam-se então os objectivos principais da Vida, e pode-se dizer que os seres se tornam cooperadores do Bem, da Verdade e da Divindade na Humanidade...
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