I
Quando acordava a meio da
longa noite
Eram as páginas de sonho
que vibravam em mim
E me explicavam como as
trazia dentro de mim.
Eram as companheiras da
íntima oficina
Passando se fosse preciso
noites sem dormir
Conversando serenas,
espantadas pelo riso forte que brotasse.
E começando a reparar que
havia um escrito a nascer
Que poderia vir a dar
energias luminosas a quem o lesse.
Era como se eu escrevesse
um poema
E ele circulasse entre as
almas
fazendo-as encherem de
novo de forças,
no fim do dia, no serão
de ler ou fazer livros.
Era a eterna noite que eu
quebrava
acordando por volta das 3
horas e pouco
quando se pode ainda
dormir de novo
após se orar e meditar um
pouco.
Ergueria então o meu ser,
faria na noite silenciosa
algumas orações simples
que fizessem tremer as
campainhas do templo
e bruxulear as velas da
devoção.
Oh quanta aspiração não
havia em meu coração,
Quanta vontade de poder
tornar os outros felizes
e compartilhar deles suas
esperanças e ânsias,
suas tristezas e dores, em
transmutação.
Não seria a minha mão
que acariciaria suas faces
mas estes escritos
infiltrar-se-iam pela terra adentro
e fluiriam como uma seiva
rejuvenescedora.
II
Ó tu, minha alma
misteriosa e subtil,
Por que rios e
desfiladeiros te despenhas
Por que crinas de cavalos
te esfarrapas
Em que ravinas pairas
entre o Céu e a Terra?
Ó tu, meu Espírito
invisível e sublime,
Meu senhor, minha força,
meu Deus,
Quando quererás descer e
habitar em mim,
Fazer da alma sedenta um
manancial inesgotável?
Ó vós, anjos e mestres,
amigos invisíveis
na noite dos sons e passos
perdidos,
quando o mundo gira nas
suas preocupações
eu queimo as sobrancelhas
e tento criar
clarões de luz no
horizonte das pessoas,
pistas nos caminhos
abruptos das montanhas,
voos arrojados de pássaros
livres,
cristais leves e puros de
neve
descendo sobre as vidraças
do Natal.
Peço-vos então que
venham ter comigo
nos sonhos, intuições e
contemplações,
Ó presenças subtis
invisíveis,
Ó mestres e anjos mais
queridos,
Ó Divindade invocada e
amada.
III
Ó tu, amiga longínqua,
Sob
que sonhos te derramas de noite,
que
inquietação surda te faz gritar,
correr como pantera insatisfeita?
Porquê
a distância que nos separa,
as
palavras que não nos unem
e
toda a ansiedade escondida?
Virei
até ti quando chegar a hora,
pegarei
na tua mão e direi não
ao
vento, à desgraça, à inveja e traição
contra
tudo o que é fraqueza em nós.
Ergueremos
o monólito de pedra,
plantaremos
a árvore da imortalidade,
subiremos
a montanha de Himavat,
traçaremos
na terra os nossos passos.
Correrei
ao longo do mar contigo?
Estreitarei
nos meus braços o teu sopro?
Saudaremos
o sol de braços abertos
o
peito vibrando de amor divino?
Escorrerá
dos nossos olhos a cascata da gratidão?
Vacilarei
no pudor da nossa inocência original?
Produziremos
o milagre da regeneração?
Ò irmão, ò irmã, saúde e paz no coração.
Atravessarei
o vale de lágrimas preso ao cordel da tua inspiração
e
serei mais humilde na minha oração, ó Divindade:
Dá-me
sobretudo o Sol como companheiro e a Lua como amiga
E
que todos os seres sejam manifestações luminosas deles.
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