domingo, 27 de outubro de 2019

Da vida e emanações dos livros e suas comunhões com as nuvens, os ventos, as grandes almas, a Divindade.

Em certas casas lisboetas não é preciso esperarmos pelo desaparecimento da luz solar nem pela imersão no oceano onírico para assistirmos a algumas cenas inabituais mas justificadíssimas, pois como recusarmos aos livros o direito de saírem das suas estantes e desfrutarem um pouco do sol, do vento, das vistas, das procissão ou danças das nuvens?
                                    
Certamente não é fácil discernirmos as trocas energéticas e  conscienciais que constantemente acontecem no ambiente, nos livros, nas pessoas bem como as correntes que percorrem a cidade ou a aldeia, nos mundo visíveis e invisíveis e subtis, influenciadoras ou testemunhas de tais actos, transformações e trocas. 
Estas cinco fotografias, captadas na tarde de Domingo 27-x, de livros a apanharem sol e ar fresco servem agora já noite para tentarmos entrarmos um pouco mais nas atmosferas subtis tanto externas como internas dos seres, livros, ideias e mundos...
                                    
Perfilados sobre o horizonte podemos dizer que tanto deixam escapar suas emanações, como recebem o que os ventos terrestres e solares lhes trazem ao baterem e acariciarem as folhas e as frases abertas sobre a paisagem e o amplo céu convivial...
                                      
Expostos equilibradamente ao céu e seus ventos e nuvens, os livros desfrutam de tais bens e podem até exporem-se como os humanos nas praias sem contudo perderem os conhecimentos neles impressos em letras e  que pouco se inscrevem duradoramente nas mentes humanas, em geral demasiado mutáveis, e mais constituídas por imagens cinematográficas do que por mensagens em letra manuscrita ou impressas com caracteres firmes e elegantes, embora nos tempos antes e do começo da impressão talvez tal fixação do conhecimento muito mais acontecesse do que hoje.
Também porque a linguagem mental subtil é tão volátel como a das nuvens, o que pode ser tanto uma vantagem pelo desprendimento e liberdade que têm e geram, como um defeito ao não sabermos concentrar-nos mais profunda e demoradamente e podermo-nos superficializar e não deixarmos na terra  o nosso contributo no Grande Livros dos Livros...
                                      
Este erguer-se, verticalmente e saber equilibrar a luz e a sombra, o verso e o reverso, o prazer e a dor, o sucesso e insucesso, o ler e o escrever, o dar e o receber, o que se sustenta e do que se abstém, é certamente uma arte trabalhosa mas que ao longo dos séculos teve grande praticantes que nos legaram as suas obras e que merecem ser divulgadas e partilhadas nos nossos dias, aí onde dois ou três se reunirem em nome delas ou de um mestre ou autor, mais claramente brilhando sua essência íntima e dinâmica.
                               
Os livros podem então ser expostos como mantos sobre uma procissão, ou como bandeiras desfraldadas ao vento, tanto anunciando como transmitindo suas energias e apelando à nossa receptividade e reactividade sensível, assimiladora e, criadora, justa, amorosa e divinamente.
Cada livro é um ser vivo que nos desafia a expandirmos o nosso conhecimento e sensibilidade de modo a que a sabedoria e o amor divinos que originaram o cosmos e que estão tão presentes na melhor criatividade humana possam por nós ser acolhidos e desenvolvidos, inspirando-nos e orientando-nos.
E quem sabe se as nuvens, ventos e marés absorvem algumas emanações dos livros para derramarem-nas mais frutiferamente aí onde a secura da ignorância, do desânimo, do fanatismo, do egoísmo mais as necessitem...
Saibamos então semear pelos escritos e livros, pelos ventos e nuvens mensagens e aspirações que se propaguem em ondulações sábias e amorosas pelo grande oceano psíquico que tudo e todos envolve e nos torne mais unos com os ventos solares, as nuvens galácticas, os grande seres e autores e a Fonte Luminosa Primordial Divina.

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