No dia 23 de outubro comemoram-se os 121 anos do nascimento do notável artista russo Svetoslav Nikolayevich Roerich (1904 - 1993), - o segundo filho, ou o mais novo, após Yuri ou George, de Helena Ivanovna e Nikolai Konstantinovich Roerich - e que foi estudante de arquitectura, filósofo, apaixonado pelas ciências naturais (trabalhou com óleos essenciais, de alfazema, construindo até uma fábrica na sua propriedade) e sobretudo pintor e retratista, tornando-se, como os restantes membros da família Roerich, uma figura
pública mundial.

Os doze primeiros anos de vida viveu e estudou onde nasceu, em São Petersburg, e dotado para a pintura e o colecionismo e a museologia começou a aprender com o pai Nicholas e depois a ajudá-lo em cenários e obras grande. Após ter estudado temporariamente arquitectura em Londres e nos USA, participou nas fundações, instituições dos pais, sendo ora director ora vice presidente, e foi desenvolvendo a pintura de retratos onde adquiriu uma grande mestria, ao conseguir penetrar bem na intimidade ou especificidade psico-espiritual do retratado, tal como vemos em relação ao seu pai.
Pela qualidade da sua arte e do seu magistério museológico, estético, ético, filosófico e espiritual foi chamado o Mensageiro do Belo, na linha do seu pai Nicholas, seu mestre, e sua mãe Helena.
Foi na Índia onde viveu, investigou e pintou a partir de 1928, primeiro em Naggar, junto aos Himalaias, onde foi o responsável pelo departamento das ciências naturais no Urusvati, Himalayan Research Institute fundado pela família após a legendária expedição à Ásia Central, realizando valiosos trabalhos sobre minerais, plantas, farmacopeia, alquimia.
E em segundo lugar ou depois em Bangalore, para onde foi viver desde que seu pai morreu em 13-XII-1947, e onde colaborou com o governo da Índia, seja contribuindo para que Nehru (de quem pintou um retrato que está hoje no Parlamento) assinasse o Pacto Roerich de protecção dos monumentos mundiais, seja subsequentemente orientando e supervisionando a preservação de monumentos indianos. Simultaneamente trabalhou com óleos essenciais, construindo até uma fábrica na sua propriedade densa e fragrantemente arborizada, com máquinas vindas da Europa, para extrair o óleo de alfazema. Casou em 1945 com a pioneira e legendária actriz indiana Deviki Rani, sobrinha-neta de Rabindranath Tagore e viúva dum famoso produtor cinematográfico, e peregrinaram ou singraram numa relação ou união muito profunda e feliz cerca de 50 anos.


Após a desencarnação de Svetoslav a 30-I-1993, Deviki Rani partiu para se reunir a ele nos mundo subtis a 30-I-1994 e, sem herdeiros, começaria uma saga para a preservação museológica da casa e de 241 pinturas, preservadas numa galeria de arte vizinha, e dos milhares de livros e objectos ao abandono nas divisões da grande casa ainda hoje à espera do tratamento adequado, numa Índia imensa e tão rica mas por vezes muito madrasta para os seus valores culturais. |
| O mensageiro.... Tema recorrente na pintura do pai e do filho... Muitos são os mensageiros luminosos... Sê mensageiro da Luz e do Amor divinos... |
A obra de Svetoslav Nikolaevich Roerich está intimamente ligada a uma visão fluída, dinâmica e espiritual do mundo, e ao ensinamento filosófico-espiritual denominado Ética Viva, desenvolvido pelos seus pais nos livros do Agni Yoga e em vários volumes de cartas. Foi um pensador profundo, que conseguiu desenvolver as suas posições e ideias mais importantes, seja na sua forte e colorida pintura seja na escrita e palavra. Svetoslav Nikolaevich Roerich conhecia bem o poder da Beleza e sabia que ela era
capaz de transformar plenamente as nossas vidas, e realçava tal dinamismo constantemente: "Levemos a mensagem de beleza a cada
coração, a cada lar", – "Que a busca pelo belo seja nossa
oração diária... A busca pela beleza é o que aproximará as pessoas e
salvará o mundo. É preciso pensar na beleza nos momentos difíceis da
vida." Em 23 de outubro de 1994, Liudmila Shaposhnikova, escrevia no jornal Mensageiro do Belo: «completam-se 90 anos do nascimento de Svetoslav Roerich. Ele já não está connosco no plano terreno, mas nada nos impede de estar com ele no plano mental. Ao pensarmos em alguém, unimo-nos a essa pessoa no plano mental, e esse plano é tão real quanto o nosso plano material, embora não seja visível à nossa visão terrena.
Além dos olhos físicos, há também os olhos do coração. "Olha com os olhos do coração" - assim foi dito. E então veremos que Sviatoslav Nikolaevich está ao nosso lado e fala-nos sobre o que é mais essencial, o que tanto necessitamos nas viragens decisivas da nossa história. 
Diz-nos ele: "Levemos a mensagem de beleza a cada coração, a cada lar. Que a busca pelo belo seja nossa oração diária... A busca pela beleza é o que aproximará as pessoas e salvará o mundo... É preciso pensar na beleza nos momentos difíceis da vida..."

Ao homenagear hoje Svetoslav Rerich, procuramos avaliar, na medida da nossa consciência, não apenas a grande importância de suas telas de pintura, mas também suas palavras dirigidas a nós. Nelas está o programa de ação para chegar à luz do futuro.
Disse ele: "Em todos os períodos do tempo, as pessoas verdadeiramente grandes tiveram como o seu maior desejo – construir uma sociedade mais perfeita e humana". Pois essa construção começa em nós mesmos, pois cada um de nós é uma partícula dessa sociedade. Sviatoslav Roerich não oferece nenhuma receita sobrenatural para esse auto-desenvolvimento. Tudo é muito simples e acessível a qualquer pessoa que queira.
O dia de hoje se torna-se um pouco mais suave e melhor do que ontem. Fazermos o nosso trabalho hoje melhor do que ontem. Aprender a ver a beleza tanto no mundo que nos rodeia, quanto na natureza e na arte. "A felicidade está em nós mesmos", diz Svestolav. E apela a acreditarmos no futuro. E vermos a humanidade como uma única família, onde o bem-estar e a vida de cada um dependem do bem-estar e da vida dos outros, porque então muitos problemas desaparecerão por si só. "Um Novo Mundo chegará, belo, maravilhoso, que trará consigo as nossas melhores esperanças."»
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| Conservo ainda as duas cartas que ele me enviou quando em jovem peregrinei na Índia, mas sem o ter conseguido encontrar dadas as grandes distâncias... |
Foi dit de Svetoslav Roerich (muita luz e amor brotem dele!):
«... Talvez não haja outra frase que tenha desempenhado um papel tão importante na vida e nos pensamentos de Sviatoslav Nikolaevich quanto esta, "Procurar o Belo". Para ele, as palavras "Demandaremos o Belo" eram como uma frase-feitiço, um mantra. Tal dito ou lema soava especialmente nos seus lábios no final de 1989, quando veio da Índia para a Rússia, a fim de organizar o Fundo Roerich Soviético. Ele assinava as suas fotografias com tal lema, mencionava-o em quase todas as entrevistas que dava a jornais e revistas, e pronunciava-o diante da televisão. Para Svetoslal, tal lema estava cheio do significado mais profundo. »
Podemos pois dizer nós hoje, admiradores e amigos de Svetoslav, que o mantra Aspirar ao Belo, Procurar o Belo, Demandar o Belo, será uma boa ideia-força para recebermos como seu presente ou bênção no seu 121º aniversário.

A nossa causa comum crescerá, foi o título dado à entrevista de Svetoslav Roerich ao jornal Cultura Soviética, em 1940 e nela transmitiu-nos um ensinamento bem valioso de ser meditado: «O nosso anseio interior por algo mais perfeito, mais belo, é a grande força interior que nos transforma e transforma também nossas vidas. Sem essa chama interior, o homem não pode despertar as energias ocultas em si mesmo e não pode ascender a um nível mais elevado de conhecimento e experiência.»

Saibamos pois aspirar a elevar-nos o mais possível, a despertar as energias profundas e a criar ou dar de nós, com aspiração e força, as formas e ideias belas e sábias que ajudarão a ampliar ou a melhorar o nosso estado consciencial e os das pessoas a quem chegamos e logo contribuir para harmonização da vida social, tão dilacerada por divisões ideológicas e sobretudo emocionais e de opiniões, e em que sem dúvida a falta de conhecimentos históricos, filosóficos e espirituais e sobretudo sentido ético e estético é aflitiva, desde os políticos às câmaras municipais, dos programas televisivos às decorações das casas, até finalmente à qualidade do que deve ser o templo invisível da alma, onde deveríamos, seja pontífices ou construtores das pontes que ligam os mundos, multipolarmente na Terra, espiritualmente no Cosmos sagrado subtil e seu centro Divino, seja arquitectos das colunas e altares internos, como Svetoslav foi, tornar as nossas almas e vidas mais em sintonia com os arquétipos, padrões, formas e ritmos que evidenciam que a Beleza é Divina, que pela Beleza oramos, que o Belo, o Bem e a Verdade devem por nós ser desenvolvidos perseverantemente.... Ars longa, vita brevis...

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