quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Aniversário de Svetoslav Roerich (1904-1993): vida e ensinamentos. A beleza é salvífica. A educação estética, ética e espiritual são essenciais.

  No dia 23 de outubro comemoram-se os 121 anos do nascimento  do notável artista russo  Svetoslav Nikolayevich Roerich (1904 - 1993),  o segundo filho, ou o mais novo, após Yuri ou George, de Helena Ivanovna e Nikolai Konstantinovich Roerich - e que foi estudante de arquitectura,  filósofo, apaixonado pelas ciências naturais (trabalhou com óleos essenciais, de alfazema, construindo até uma fábrica na sua propriedade) e sobretudo pintor e retratista, tornando-se, como os restantes membros da família Roerich, uma figura pública mundial.
 Os doze primeiros anos de vida viveu e estudou onde nasceu, em São Petersburg, e dotado para a pintura e o colecionismo e a museologia começou a aprender com o pai Nicholas e depois a ajudá-lo em cenários e obras grande. Após ter estudado temporariamente arquitectura em Londres e nos USA, participou nas fundações, instituições dos pais, sendo ora director ora vice presidente, e foi desenvolvendo a pintura de retratos onde adquiriu uma grande mestria, ao conseguir penetrar bem na intimidade ou especificidade psico-espiritual do retratado, tal como vemos em relação ao seu pai.
                                
Pela qualidade da sua arte e do seu magistério museológico, estético, ético, filosófico e espiritual foi chamado o Mensageiro do Belo, na linha do seu pai Nicholas,  seu mestre, e sua mãe Helena.   
Foi  na Índia onde viveu, investigou e pintou a partir de 1928,  primeiro em Naggar, junto  aos Himalaias, onde foi o responsável pelo departamento das ciências naturais no  Urusvati, Himalayan Research Institute fundado pela família após a legendária expedição à Ásia Central,  realizando valiosos trabalhos sobre minerais, plantas, farmacopeia, alquimia. 
 E em segundo lugar ou depois em Bangalore, para onde foi viver desde que seu pai morreu em 13-XII-1947, e  onde colaborou com o governo da Índia, seja contribuindo para que Nehru (de quem pintou um retrato que está hoje no Parlamento) assinasse o Pacto Roerich de protecção dos monumentos mundiais, seja subsequentemente orientando e supervisionando  a preservação de monumentos indianos. Simultaneamente trabalhou com óleos essenciais, construindo até uma fábrica na sua propriedade densa e fragrantemente arborizada, com máquinas vindas da Europa, para extrair o óleo de alfazema.
 Casou em 1945 com a pioneira e legendária actriz indiana Deviki Rani, sobrinha-neta de Rabindranath Tagore e viúva dum famoso produtor cinematográfico, e peregrinaram ou singraram numa relação ou união muito profunda e feliz cerca de 50 anos. 
                                             
                                        
Após a desencarnação de Svetoslav a 30-I-1993,  Deviki Rani partiu para se reunir a ele nos mundo subtis a 30-I-1994 e, sem herdeiros, começaria uma saga para a preservação museológica da casa e de 241 pinturas, preservadas numa galeria de arte vizinha, e dos milhares de livros e objectos ao abandono nas divisões da grande casa ainda hoje à espera do tratamento adequado, numa Índia imensa e tão rica mas por vezes muito madrasta para os seus valores culturais.
O mensageiro.... Tema recorrente na pintura do pai e do filho... Muitos  são os mensageiros luminosos... Sê mensageiro da Luz e do Amor divinos...
                                                
A obra de Svetoslav Nikolaevich Roerich está intimamente ligada a uma visão fluída, dinâmica e espiritual do mundo, e ao ensinamento filosófico-espiritual denominado Ética Viva, desenvolvido pelos seus pais nos livros do Agni Yoga e em vários volumes de cartas. Foi  um pensador profundo, que conseguiu desenvolver as suas posições e ideias mais importantes, seja na sua forte e colorida pintura seja na escrita e palavra.
 Svetoslav Nikolaevich Roerich conhecia bem o poder da Beleza e sabia que ela era capaz de transformar plenamente as nossas vidas, e realçava tal dinamismo constantemente: "Levemos a mensagem de beleza a cada coração, a cada lar",  – "Que a busca pelo belo seja nossa oração diária... A busca pela beleza é o que aproximará as pessoas e salvará o mundo. É preciso pensar na beleza nos momentos difíceis da vida."

Em 23 de outubro de 1994, Liudmila Shaposhnikova, escrevia no jornal Mensageiro do Belo«completam-se 90 anos do nascimento de Svetoslav Roerich. Ele já não está  connosco no plano terreno, mas nada nos impede de estar com ele no plano mental. Ao pensarmos em alguém, unimo-nos a essa pessoa no plano mental, e esse plano é tão real quanto o nosso plano material, embora não seja visível à nossa visão terrena.
Além dos olhos físicos, há também os olhos do coração. "Olha com os olhos do coração" - assim foi dito. E então veremos que Sviatoslav Nikolaevich está ao nosso lado e  fala-nos sobre o que é mais essencial, o que tanto necessitamos nas viragens decisivas da nossa história. 

                                                          
Diz-nos ele: "Levemos a mensagem de beleza a cada coração, a cada lar. Que a busca pelo belo seja nossa oração diária... A busca pela beleza é o que aproximará as pessoas e salvará o mundo... É preciso pensar na beleza nos momentos difíceis da vida..."

                                                            
Ao homenagear hoje Svetoslav Rerich, procuramos avaliar, na medida da nossa consciência, não apenas a grande importância de suas telas de pintura, mas também suas palavras dirigidas a nós. Nelas está o programa de ação para chegar à luz do futuro.
Disse ele: "Em todos os períodos do tempo, as pessoas verdadeiramente grandes tiveram como o seu maior desejo – construir uma sociedade mais perfeita e humana". Pois essa construção começa em nós mesmos, pois cada um de nós é uma partícula dessa sociedade. Sviatoslav Roerich não oferece nenhuma receita sobrenatural para esse auto-desenvolvimento. Tudo é muito simples e acessível a qualquer pessoa que queira.
O dia de hoje se torna-se um pouco mais suave e melhor do que ontem. Fazermos o nosso trabalho hoje melhor do que ontem. Aprender a ver a beleza tanto no mundo que nos rodeia, quanto na natureza e na arte. "A felicidade está em nós mesmos", diz Svestolav. E apela a acreditarmos no futuro. E vermos a humanidade como uma única família, onde o bem-estar e a vida de cada um dependem do bem-estar e da vida dos outros, porque então muitos problemas desaparecerão por si só. "Um Novo Mundo chegará, belo, maravilhoso, que trará consigo as nossas melhores esperanças."»

Conservo ainda as duas cartas que ele me enviou quando em jovem peregrinei na Índia, mas sem o ter conseguido encontrar dadas as grandes distâncias...

      Foi dit de Svetoslav Roerich (muita luz e amor brotem dele!): 
«... Talvez não haja outra frase que tenha desempenhado um papel tão importante na vida e nos pensamentos de Sviatoslav Nikolaevich quanto esta, "Procurar o Belo".  Para ele, as palavras "Demandaremos o Belo" eram como uma frase-feitiço, um mantra.  Tal dito ou lema soava especialmente nos seus lábios no final de 1989, quando  veio da Índia  para a Rússia, a fim de organizar o Fundo Roerich Soviético. Ele assinava as suas fotografias com tal lema, mencionava-o em quase todas as entrevistas que dava a jornais e revistas, e pronunciava-o diante da televisão. Para Svetoslal, tal lema estava cheio do significado mais profundo. »

Podemos pois dizer nós hoje, admiradores e amigos de Svetoslav, que  o mantra  Aspirar ao Belo, Procurar o Belo, Demandar o Belo, será uma boa ideia-força  para recebermos como seu presente ou bênção no seu 121º aniversário.
                                
A nossa causa comum crescerá, f
oi o título dado à entrevista de Svetoslav Roerich ao jornal Cultura Soviética, em 1940 e nela transmitiu-nos um ensinamento bem valioso de ser meditado: «O nosso anseio interior por algo mais perfeito, mais belo, é a grande força interior que nos transforma e transforma também nossas vidas. Sem essa chama interior, o homem não pode despertar as energias ocultas em si mesmo e não pode ascender a um nível mais elevado de conhecimento e experiência.»
                                

Saibamos pois aspirar a elevar-nos o mais possível, a despertar as energias profundas e a criar ou dar de nós, com aspiração e força, as formas e ideias belas e sábias que ajudarão a ampliar ou a melhorar o nosso estado consciencial e os das pessoas a quem chegamos e logo contribuir para harmonização da vida social, tão dilacerada por divisões ideológicas e sobretudo emocionais e de opiniões, e em que sem dúvida a falta de conhecimentos históricos, filosóficos e espirituais e sobretudo sentido ético e estético é aflitiva, desde os políticos às câmaras municipais, dos programas televisivos às decorações das casas, até finalmente à qualidade do que deve ser o templo invisível da alma, onde deveríamos, seja pontífices ou construtores das pontes que ligam os mundos, multipolarmente na Terra, espiritualmente no Cosmos sagrado subtil e seu centro Divino, seja arquitectos das colunas e altares internos, como Svetoslav foi, tornar as nossas almas e vidas mais em sintonia com os arquétipos, padrões, formas e ritmos que evidenciam que a Beleza é Divina, que pela Beleza oramos, que o Belo, o Bem e a Verdade devem por nós ser desenvolvidos perseverantemente.... Ars longa, vita brevis...

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