segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A sabedoria do pintor e mestre Svetoslav Roerich, numa entrevista em Bangalore em 1989. Com pinturas suas.

Em Outubro de 1989,  Svetoslav N. Roerich, já com 85 anos de idade, num diálogo-entrevista com  Yuri Lepsky, realizado no sul da Índia, em Bangalore (donde ainda recebi duas cartas suas), zona florestal e fragrante onde o mestre russo, naturalizado indiano (e assim melhor unindo a Rússia e a Índia) vivia e trabalhava com a sua mulher, a actriz e produtora indiana Devika Rani, transmitiu algumas ideias-forças valiosas de serem lidas e meditadas.  Eis um extracto da conversa ou satsanga luminosa:

– «Svyatoslav (Svetoslav) Nikolaevich (Roerich),  o senhor está certamente consciente das mudanças que estão a acontecer no nosso país. Muito está a mudar, muito está a ser reestruturado.  Os valores estão a ser reconsiderados, o que significa ou implica rupturas nas visões de mundo, nas perspectivas de vida e na fé. Por favor, ofereça algum conselho: onde se pode encontrar um ponto de apoio quando tudo está a mudar, quando processos intimamente vulcânicos estão em movimento na consciência colectiva? Em que é que se pode acreditar permanentemente, acima das mudanças no ambiente social? Em que é que acredita?

– Que a vida não é em vão. Que a vida de toda e qualquer pessoa está inicialmente cheia de significado.
– Mas onde encontra esse significado? 
 - Trata-se de uma pessoa se tornar melhor, mais perfeita, mudar-se a si mesma e elevar-se a um nível mais elevado de desenvolvimento no tempo que lhe foi concedido de vida-acção.
- Não será isso algo demasiado ideal para sentido de vida? E além disso, é alcançável, é realista?
- É perfeitamente realizável. Conheço pessoas que dedicaram as suas vidas à perfeição espiritual e alcançaram resultados admiráveis. Posso citar o meu pai, Nikolai Konstantinovich, e a minha mãe, Elena Ivanovna, como exemplos. 

                                          
E vou dizer-lhe agora o que o maior pensador moderno (na Índia), o filósofo Aurobindo Ghose (1872-1950), cuja vida é um exemplo de  espantosa ascensão espiritual, escreveu sobre tal: "O indivíduo não deve se submeter às massas ou fundir-se nelas;  deve encontrar a verdade do ser dentro de si mesmo e expressá-la, e assim ajudar a sociedade e a humanidade na sua demanda de verdade e de plenitude do ser."... Este deve ser o propósito da existência humana.

- Mas então a questão a pôr-se é: será que o ser humano é tão mau que toda a vida deve ser dedicada a melhorar a sua própria natureza, adquirindo  qualidades positivas novas

 - Não estou a pensar que estejamos a falar acerca de se adquirirem  qualidades novas. Estamos a falar sobre o descobrir dentro de nós próprios o que está intrínsecamente (ou inatamente) presente, mas  não  revelado ainda não trabalhando ainda em prol da Humanidade.
Por exemplo, a intuição da maioria das pessoas é ainda muito rudimentar, e o potencial do campo energético humano  foi ele 
já plenamente compreendido ou realizado por  1% que seja dos que vivem na Terra?
                                       
Será que todas as pessoas, ou mesmo metade, da Humanidade já realizaram ou se deram conta de que estão co
nectadas-ligadas por correntes de sangue-energia a tudo o que existe à sua volta?

Se a tua alma está cheia da  alegria sábia de compreender a natureza, se ela responde vivamente ao deslumbrante brilho das nuvens no pôr do Sol ou sabe sentir o antecipar do nascer do Sol, então é muito pouco provável que seja indiferente à dor humana, e certamente compreenderá ou intuirá as  razões profundas por detrás das ações e palavras...» Aum. Luz e amor para Svetoslav e Devika!

Que ideias forças então relembraremos do ensinamento de Svetoslav Roerich e da sua ética viva: a simplicidade, a procura e direcionamento para a beleza, o auto-conhecimento, o  aperfeiçoamento pessoal e espiritual, no qual se inclui o desenvolvimento da intuição, do sentir de dentro os seres e fenómenos em termos de energia e consciência, a vivência da unidade da vida na beleza e pujança da Natureza e do todo da Humanidade criativa e livre... 

Comungue então mais com a Natureza, a Terra, as árvores, o ar e prana que respira, e cultive a sua ligação espiritual e cósmica, desenvolvendo a meditação, antecipando o que vai ou pode realizar, trabalhando a intuição e o sentimento da unidade com o que a rodeia, com a Humanidade multipolar, a Beleza, o Infinito, a Eternidade e o mistério da Divindade, qualquer que seja a forma que intrínseca ou intimamente ela se lhe revele na suas orações ou meditações, cantos ou contemplações...

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