Em Outubro de 1989, Svetoslav N. Roerich, já com 85 anos de idade, num diálogo-entrevista com Yuri Lepsky, realizado no sul da Índia, em Bangalore (donde ainda recebi duas cartas suas), zona florestal e fragrante onde o mestre russo, naturalizado indiano (e assim melhor unindo a Rússia e a Índia) vivia e trabalhava com a sua mulher, a actriz e produtora indiana Devika Rani, transmitiu algumas ideias-forças valiosas de serem lidas e meditadas. Eis um extracto da conversa ou satsanga luminosa:
– «Svyatoslav (Svetoslav) Nikolaevich (Roerich), o senhor está certamente consciente das mudanças que estão a acontecer no nosso país. Muito está a mudar, muito está a ser reestruturado. Os valores estão a ser reconsiderados, o que significa ou implica rupturas nas visões de mundo, nas perspectivas de vida e na fé. Por favor, ofereça algum conselho: onde se pode encontrar um ponto de apoio quando tudo está a mudar, quando processos intimamente vulcânicos estão em movimento na consciência colectiva? Em que é que se pode acreditar permanentemente, acima das mudanças no ambiente social? Em que é que acredita?
- Trata-se de uma pessoa se tornar melhor, mais perfeita, mudar-se a si mesma e elevar-se a um nível mais elevado de desenvolvimento no tempo que lhe foi concedido de vida-acção.

- Mas então a questão a pôr-se é: será que o ser humano é tão mau que toda a vida deve ser dedicada a melhorar a sua própria natureza, adquirindo qualidades positivas novas?
- Não estou a pensar que estejamos a falar acerca de se adquirirem qualidades novas. Estamos a falar sobre o descobrir dentro de nós próprios o que está intrínsecamente (ou inatamente) presente, mas não revelado ainda, não trabalhando ainda em prol da Humanidade.
Por exemplo, a intuição da maioria das pessoas é ainda muito rudimentar, e o potencial do campo energético humano foi ele já plenamente compreendido ou realizado por 1% que seja dos que vivem na Terra?

Será que todas as pessoas, ou mesmo metade, da Humanidade já realizaram ou se deram conta de que estão conectadas-ligadas por correntes de sangue-energia a tudo o que existe à sua volta?
Se a tua alma está cheia da alegria sábia de compreender a natureza, se ela responde vivamente ao deslumbrante brilho das nuvens no pôr do Sol ou sabe sentir o antecipar do nascer do Sol, então é muito pouco provável que seja indiferente à dor humana, e certamente compreenderá ou intuirá as razões profundas por detrás das ações e palavras...» Aum. Luz e amor para Svetoslav e Devika!
Que ideias forças então relembraremos do ensinamento de Svetoslav Roerich e da sua ética viva: a simplicidade, a procura e direcionamento para a beleza, o auto-conhecimento, o aperfeiçoamento pessoal e espiritual, no qual se inclui o desenvolvimento da intuição, do sentir de dentro os seres e fenómenos em termos de energia e consciência, a vivência da unidade da vida na beleza e pujança da Natureza e do todo da Humanidade criativa e livre...
Comungue então mais com a Natureza, a Terra, as árvores, o ar e prana que respira, e cultive a sua ligação espiritual e cósmica, desenvolvendo a meditação, antecipando o que vai ou pode realizar, trabalhando a intuição e o sentimento da unidade com o que a rodeia, com a Humanidade multipolar, a Beleza, o Infinito, a Eternidade e o mistério da Divindade, qualquer que seja a forma que intrínseca ou intimamente ela se lhe revele na suas orações ou meditações, cantos ou contemplações...





Sem comentários:
Enviar um comentário