segunda-feira, 6 de outubro de 2025

S. Inácio de Brianchaninov comenta as instruções espirituais de S. Serafim de Sarov. Transcrição de parte do texto e gravação plena em video.


O bispo Inácio de Brianchainov (5-II-1807 a 12-V-1867) foi um dos mestres valiosos da santa Rússia, com um percurso de grande fulgor intelectual e devocional, eriçado de oposições iniciais à sua vocação e doenças, mas que o levou a passar por sucessivos mosteiros e a restaurá-los excelentemente tanto material como espiritualmente. Foi santificado em 1988. 

Deixou muitos escritos de espiritualidade ascética e mística e se não temos relatos das suas visões e iluminações tão conhecidos como os de S. Serafim de Sarov, observamos nos seus escritos um discernimento do que é mais importante no caminho espiritual e um conhecimento directo das graças espirituais e divinas. 

Ao longo da sua vida por diversas vezes escreveu sobre a oração, segundo a inspiração do momento e as pessoas a quem se dirigia. Uma das vezes foi mesmo sobre S. Serafim de Sarov e as suas Instruções Espirituais, e tal texto  foi publicado por Bubba Free John em 1973, versão que utilizamos na leitura-tradução que gravamos e partilhamos para o Youtube e que encontra no fim.

Para este artigo apenas transcrevemos a parte final do texto de S. Inácio, que foi todo (excepto duas ou três palavras) lido e gravado, por conter uma das mais valiosas instruções espirituais  de S. Serafim de Sarov, sobre a Luz de Cristo, ou se quisermos a Luz Divina interior vista por tantos místicos de diversas tradições, registadas por um seu discípulo, e que S. Inácio de Brianchaninov comentou levemente.

                                  XXVIII - A LUZ DE CRISTO
«Para se receber e ver no nosso coração a luz de Cristo, devemos o mais possível retirar-nos dos objetos visíveis. Tendo sido purificado a nossa alma  pela penitência, as boas ações, e a fé em que foi crucificado por nós, devemos fechar os olhos corporais, e mergulhar a nossa mente no nosso coração, onde devemos apelar com a invocação do nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Então, de acordo com o zelo e fervor do espírito para com o Amado, uma pessoa encontra no nome invocado uma delícia que desperta o desejo duma iluminação maior.
Quando, através deste exercício, a mente se demora (ou pausa no coração), então amanhece a luz de Cristo que santifica o templo da alma com a sua radiância divina, tal como diz o Profeta Malaquias: "Para os que receiam o Meu nome, nascerá o Sol da Justiça (Mal 4:2)." Esta luz é ao mesmo tempo vida, de acordo com a palavra do Evangelho: "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens" (João 1.4)
A partir disto é claro que, ao contrário da visão doutrinária de Barlaão e dos Latinos, a luz não é material mas espiritual, e abre os olhos da alma e é vista por eles, embora também aja nos olhos corporais, como foi no caso do apóstolo S. Paulo (cf. Actos 9). S. Macário o Grande, explicando em detalhe e com especial claridade a doutrina da Luz na sua Palavra VII diz que «ela é um brilho substancial do poder do Espírito Santo na alma. Através desta luz  todo [o tipo de] conhecimento é revelado e  Deus é verdadeiramente conhecido pela alma merecedora e amada...».
Possamos nós entrar mais no céu íntimo da alma e aí transfigurarmos o nosso ser ou persona através da aspiração amorosa unitiva e a graça divina! Lux Dei! 

                     

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