As imagens de Nossa Senhora com o Menino, com raizes egípcias, são das mais abundantes na escultura devocional cristã, estando assentes em geral no globo terrestre ou o mundo cósmico, e envolto ou protegido pelos anjos
Esta escultura portuguesa do séc. XVIII, duma família amiga, ainda com uma boa policromia, embora sem as mãos, destaca-se pela face de Maria em marfim, muito perfeita, alongada, preocupada, face ao desgaste desvanecedor da face do Menino, talvez em sincronia por ter sido ungido ou cristificado, e depois crucificado porque o seu reino de Deus Pai e de Amor não conseguiu destronar o do tribal e violento Jeová, ainda hoje adorado por tanto ignorante e fanático, que não quer ouvir e compreender o que Jesus teria dito aos seus perseguidores e que S. João relata no seu Evangelho, VIII-44:«vocês têm como pai o Diabo»...
Já como estariam no menino Jesus as mãos, simples, abençoando, ou com o globo da terra, não podemos saber, pela ausência delas, embora a volumetria da esquerda pareça ecoar o globo-mundo...
É
no entanto no espírito celestial que está na face dianteira do globo em que trona Maria que somos
confrontados com certo mistério, pois parece ter nas suas mãos, algo espiralizadas, no
centro do peito, um tesouro enigmático, uma caixa aladínica, um santo
graal, talvez o coração espiritual em amor e adoração...
Embora não se vejam nas fotografias, as
outras três direcções estão cobertas ou protegidas por outros três anjos
ou arcanjos, provavelmente na linha tradicional dos arcanjos das quatro direcções do
espaço e das quatro estações do ano, Rafael - Primavera, Uriel - Verão, Miguel - Outono, Gabriel - Inverno, tendo sido Rudolfo Steiner (1861-1925), com a sua clarividência mais ou menos acertada, quem mais ou melhor teorizou sobre eles.
Quem
conseguirá decifrar tal enigma, talvez comparando até com outros exemplares? Será o coração espiritual? Será um
livro? Será o vaso aladínico que contém os ventos das quatro direcções ou as energias das quatro estações? Ou indicará a sua firme abertura à visão e ligação divina?
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