sábado, 19 de julho de 2025

Alexandre Dugin: A violentação da Terra Santa das três religiões monoteístas por Israel é algo gravíssimo.

                                   

 No seu último texto no Substack, a 18 de Julho, o notável filósofo cristão ortodoxo mas também esotérico Alexander Dugin lembrou que a Terra Santa era  vista ou  considerada como um espelho e um eixo da história mundial e alertou para o facto de que Israel, outrora visto como vítima, está agora a tornar o mundo caótico pelos seus meios violentos de dominação, profanação e destruição.

Escreveu  então o pai da malograda esperança nossa Daria Dugina Platonova, a quem consagramos alguns textos neste blogue: 

«Para todas as três religiões monoteístas — judaísmo, islamismo e cristianismo —, a Terra Santa não é apenas um território ou certas zonas definidas pelas fronteiras de uma entidade política. É um espelho da história mundial.
Nas sociedades tradic
ionais dessas religiões, acreditava-se que através de Jerusalém e da Terra Santa passava um eixo vertical ligando os reinos celestial, terrestre e subterrâneo. A entrada para o Paraíso e a entrada para o Inferno.
A ideia de dar a Palestina aos judeus, que começou a ganhar tração há cerca de cem anos — e especialmente após as atrocidades cometidas por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial — parecia uma solução razoável. Muitas nações tinham os seus próprios Estados, enquanto os judeus não. Não se tratava apenas de terra, mas da criação de um Estado nacional judeu independente, o que muitos, incluindo Estaline, acabaram por aceitar. Foi assim que o Estado de Israel foi fundado. No entanto, a parte mais crucial do plano da ONU para dividir a Palestina foi ignorada: o cumprimento de uma profecia que tem um significado absoluto para a religião judaica: a profecia de que, após dois mil anos de peregrinação e dispersão, os judeus regressariam à Terra Prometida.
Foi exatamente isso que aconteceu. A Terra Santa foi dada a uma religião: o Judaísmo. A conduta do Estado de Israel neste território evoluiu ao longo do tempo. Inicialmente, a opinião global foi moldada pela simpatia, uma vez que o povo judeu tinha sofrido recentemente um sofrimento indescritível. No entanto, as ações subsequentes dos governos israelitas têm suscitado cada vez mais críticas e preocupações internacionais. Um exemplo recente: neste momento está a eclodir um enorme escândalo nos Estados Unidos em torno do caso do pedófilo Epstein, e antes os bombardeamentos do Irão, a escalada das tensões connosco [Rússia], o assassinato de Kennedy — e em todos os lugares, o factor central de perturbação é o Estado de Israel. De repente, parece que a política externa americana é desproporcionalmente moldada pelos imperativos estratégicos do Estado de Israel — que não é mais uma entidade benigna, mas um poder endurecido disposto a agir violentíssimamente na prossecução dos seus interesses.
O Estado de Israel está a   realizar uma limpeza étnica em Gaza, a atacar o Estado soberano do [santo] Irão para impedi-lo de obter armas nucleares — enquanto ele próprio as possui. Levou ao poder na Síria o carrasco e terrorista al-Sharaa e, depois, sabendo de sua natureza assassina [ou por já pouco precisar dele], começa a bombardear a antiga Damasco [e muito 
mais  locais]. 
É preciso perguntarmos:
a quem é que  a humanidade confiou este território — este espelho do mundo? Parece que a atual liderança israelita está a abrir as portas não para o Céu, mas para o inferno. Em suma, o que está a acontecer hoje no Oriente Médio é um quadro extremamente sinistro.
A questão mais importante é esta: por é que nós, representantes da fé cristã monoteísta, entregamos esta terra — sagrada para todos nós, cristãos e muçulmanos — à p
osse total dos judeus?
Havia resoluções da Naçõe
s Unidas desde 1947 afirmando que Jerusalém deveria permanecer uma cidade internacional sob tutela internacional. No entanto, os sionistas não deram ouvidos a isso e agiram de maneira completamente inesperada.
A transformação foi radical. Uma nação outrora universalmente vista como vítima de atrocidades históricas age 
agora no cenário global  com uma assertividade estratégica violentíssima. Na visão de muitos críticos, o moderno Estado de Israel tem seguido políticas marcadas por operações secretas, assassinatos extraterritoriais e uma disposição para remodelar as realidades geopolíticas por meio de espionagem, influência e ataques preventivos. Locais sagrados são bombardeados, governos são derrubados e os equilíbrios regionais são alterados — com pouca [ou nenhuma] consideração pelas normas internacionais. Muitos afirmam que age com impunidade [inaceitável].
Isto, é claro,  obriga-nos a meditar profundamente sobre os tempos em que vivemos. A leitura ou  hermenêutica religiosa dos acontecimentos que se desenrolam nos locais sagrados das três religiões monoteístas não pode ser reduzida a petróleo, gás, fundos de investimento, preços do petróleo, valor do Bitcoin ou quaisquer maquinações políticas. Estamos lidando com algo muito mais importante e fundamental.»

A que "importante e fundamental"se referirá Alexander Dugin? Será ao diabólico, ao Mal, ao Caos, que o Estado de Israel está a incarnar ou a manifestar e aos desafios que isso levanta a todo o ser fraterno, religioso ou ético, e à comunidade dos povos e estados não controlados pela oligarquia sionista, como  vimos com a recente constituição de Grupo de Haia, reunindo 30 Estados anti-genocídio? À necessidade de se intensificar a defesa da coexistência pacífica das três religiões, nomeadamente em Jerusalém? Ou está a admitir um  cataclismo grande no Médio Oriente? Esperemos pelo que Alexander Dugin  nos dirá nos próximos dias...

Sem comentários: