Uma escultura de Nicholai Roerich, inaugurada em Izvara, santa Rússia, no dia em que perfez subtilmente 150 anos.
Celebrando-se hoje 9 de Outubro de 2024 os 150 anos do nascimento do notável mestre Nicholai Konstantinov Roerich e tendo já escrito alguns textos sobre ele e a sua vida neste blogue, e atarefado com alguns trabalhos, mesmo assim não queremos deixar de o lembrar e comemorar, partilhando algumas pinturas, acompanhadas de pensamentos e sentimentos que testemunhem o seu valor e a sua actualidade para que impulsionem a nossa apreciação e realização espiritual.
Nicholai, Helena e os dois filhos George e Svetoslav, em Naggar, contrafortes do vale de Kullu, norte da Índia. |
Uma das pinturas em tempera muito apreciada é a de Santo Panteleão, o curador, colhendo ervas nas montanhas, e que contemplada mais demoradamente permite às pessoas receberem por transmissões e ressonâncias subtis as energias ou inspirações necessárias a melhorarem e a curarem-se, se a fé for poderosa, dir-se-á, aqui não havendo que mover montanhas, mas apenas ascende-las, imaginalmente, e sabemos como a visualização do que se peticiona na oração é considerada uma condição indispensável por alguns mestres da oração, tal Bô Yin Râ, outro valioso pintor e mestre (1876-1943), conforme seu livro A Oração, traduzido laboriosamente do alemão e dado à luz recentemente em poucos exemplares.
Em 1941, a contraparte polar de S. Pantaleão foi criada, a Vasilisa, a Bela, a jovem inicianda de vários contos tradicionais e de fadas russo - que foi desenhada em livrinho fabuloso por Ivan Bilibin (1876-1942, um amigo de Roerich) -, colhendo flores e ervas, e que serve também de ícone tanto curativo como protectivo, para quem quer orar e contemplar tal inspiradora imagem arquétipa e iniciática.
Drops of Life, Gotas da Vida é outra das pinturas, de 1924, bem profunda de sentimentos e misteriosa de significados e que tem inspirado muitas almas a sentir a abertura e elevação pura ao alto, sabendo olhar o abismo sem receio. Se está à espera que a sua bilha seja enchida pelo fio de água da fonte pura, para depois levar para a sua casa ou aldeia, ou se apenas medita junto a uma fonte harmoniosamente sonora, não é evidente, mas quem a contempla sente uma grande serenidade e abertura às montanhas ao espaço silencioso, infinito e sagrado, exterior e interior, com que elas nos presenteiam ou propiciam.
Nicholai Roerich, pintado pelo seu filho Svetoslav, com quem ainda me correspondi. |
Após esta hermenêutica minha, soube que Nicholai Roerich escrevera sobre ela a elevada sabedoria que se segue: "O maior valor nas montanhas é a água, mas aqui é ainda mais alto - a Graça Divina, que lentamente se acumula em gotas em um recipiente, que esta Mulher, colectora da graça, levará para as planícies, para o povo.
Na Agni Yoga, menciona-se repetidamente o vaso do discípulo, que deve estar pronto para ir ter com o Mestre e ser enchido de sabedoria. O aluno deve sempre ter um vaso limpo, livre de preenchimento pessoal. E nós, enchendo o nosso vaso, vamos até as pessoas e tentamos saciá-las com essa preciosa humidade."
Apressando-se, ou O que se apressa, de 1924, é outra das pinturas contempladas pelos que sentem precisarem de mais energia dinâmica, de responderem mais adequadamente à urgência dos diversos desafios do seu novo dia ou das suas vidas ou mesmo ao apelo das causas internacionais da iluminação e preservação da Humanidade em tempos difíceis de manipulações, desinformações, opressões, discussões, conflitos e guerras.
A pintura Bandeira do Futuro, da série de Maitreya, pintada em 1925-1926 e oferecida ao Estado Russo, na qual um grupo de monges e adeptos medita e ora pela manifestação do mítico reino de Shambala, diante do seu rei Manjushrikirti (numa tanka trazido pelo casal Roerich do Sikkim) e sob a qual recentemente Vladmir Putin foi visto numa visita à Mongólia (suscitando especulações da sua ligação a tais níveis), é complementada por outra pintura, de 1933, A ordem de Rigden Djapo, muito ígnea, representando o regente de Shambhala e Mestre invisível da Hierarquia Divina na Terra, denominado também por alguns Sanat Kumara, e constitui com a outra boas sugestões contemplativas, valiosas e acessíveis, no caso para a intensificação do fogo duma religação espiritual bastante elevada, e que poderão dar bons resultados se conseguirmos e merecermos interiorizar, sintonizar e assimilar as energias, informações e graça Divina.
Eis uma pequena homenagem, no dia de anos do nosso querido amigo e mestre Nicholai Roerich, à sua alma, vida e obra, à sua universalidade e união do Oriente e do Ocidente, do Oeste e do Leste, da Rússia e Portugal, para que saibamos aprofundar os seus ensinamentos de Ética Viva e do Yoga do Fogo e para cooperarmos pelos modos que podermos na evolução fraterna e multipolar da Humanidade. Agni Aum....
Nicholai
Konstantinov Roerich, preocupado nas vésperas da II grande Guerra e sob
as bênçãos da Bandeira da Paz, com os três círculos da Arte, Ciência e
Religião unidos, e que foi colocada sobre algumas cidades e monumentos
para os proteger, depois de ter sido assinado por alguns países esse
pacto ou tratado, de protecção cultural e humanitária infelizmente hoje
tão desprezada e trucidada e pela qual tanto devemos lutar. Lux, Pax, Agni-Ignis. |
Sem comentários:
Enviar um comentário