Nestes tempos de transição mundial
Quando a guerra queima tanta alma,
Que poderemos nós desejar
senão que o discernimento da verdade
raie no horizonte e dissipe as ilusões,
arrede os criminosos do poder
e fortifique a justiça e a fraternidade?
É certo que corpos e almas entregam-se
ao Amor e à Unidade, melhor ou pior,
ou conferenciam, oram e meditam pela paz,
mas serão suficientes tais emanações
para mudar o curso dos acontecimentos
e converter os mais egoístas e opressivos?
Talvez tenhamos que refluir mais sobre nós
e, na comunhão interior procurada,
alcançar aquela paz e ligação espiritual
que acalma as tempestades e ódios
e permite a Luz divina nos banhar
e sobre os seres e o mundo se derramar.
A Primavera entrou e o Verão já espreita,
e o que semeamos colheremos
Saibamos amar o que deve ser amado
e sobretudo quem mais deve ser amado,
não por dever ou obrigação
mas por livre aspiração de comunhão,
por intuição das afinidades electivas
que nos impulsionam para a iluminação.
Talvez assim se vão entrelaçando
almas, famílias, grupos e povos
em actividades criadoras e libertadoras
que realizarão e viverão mais
a Unidade divina e espiritual,
para além das tensões e conflitos,
no ritmo do coração dado à compreensão.
Lisboa, 26.4.23, às vinte e uma e pouco.
Sem comentários:
Enviar um comentário