quarta-feira, 26 de abril de 2023

Um poema espiritual nestes tempos que correm e por eles. Com pintura de Nicholas Roerich e de Bô Yin Râ.

Nestes tempos de transição mundial

Quando a guerra queima tanta alma,

Que poderemos nós desejar

senão que o discernimento da verdade

raie no horizonte e dissipe as ilusões,

arrede os criminosos do poder

e fortifique a justiça e a fraternidade?

 

É certo que corpos e almas entregam-se

ao Amor e à Unidade, melhor ou pior,

ou conferenciam, oram e meditam pela paz,

mas serão suficientes tais emanações

para mudar o curso dos acontecimentos

e converter os mais egoístas e opressivos?

 

Talvez tenhamos que refluir mais sobre nós

e, na comunhão interior procurada,

alcançar aquela paz e ligação espiritual

que acalma as tempestades e ódios

e permite a Luz divina nos banhar

e sobre os seres e o mundo se derramar.

 

A Primavera entrou e o Verão já espreita,

e o que semeamos  colheremos

Saibamos amar o que deve ser amado

e sobretudo quem mais deve ser amado,

não por dever ou obrigação

mas por livre aspiração de comunhão,

por intuição das afinidades electivas

que nos impulsionam para a iluminação.


Talvez assim se vão entrelaçando

almas, famílias, grupos e povos

em actividades criadoras e libertadoras

que realizarão e viverão mais 

a Unidade divina e espiritual,

para além das tensões e conflitos,

no ritmo do coração dado à compreensão.

                                                          Lisboa, 26.4.23, às vinte e uma e pouco.

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