A história, sempre misteriosa e controversa, da vida de Jesus, ao ser narrada pela arte, gerou muitas obras primas, capazes de tocarem e instruírem os que as contemplavam, e assim entrarem em contacto com Jesus ou com os ensinamentos e forças que ele teria partilhado.
Se grande parte da sua vida está descrita com alguma historicidade nos evangelho, uma parte significativa mais misteriosa e discutível foi representada com bastante naturalidade e espiritualidade, e inclui ela as miraculosas anunciação, nascimento, transfiguração, ressurreição e ascensão, para não falarmos dos milagres.
Vamos então contemplar da vida de Jesus a gravura da ascensão da série de 154 imagens gravadas no séc. XVI pelos irmãos Wierix, e com pequenas legendas do padre Jerónimo Nadal, publicada pela 1ª vez em 1593 em livro intitulado Evangelicae historiae imagines, pois para além do simbolismo religioso e da sua beleza (já que eram bons artistas, tendo trabalhado até com o famoso impressor Cristóvão Plantin e tornando-se depois suas obras modelos de muitas pinturas), é boa ou propícia à compreensão e contemplação do corpo espiritual ou de glória, no caso de Jesus mas que todos nós temos em potencial, podendo até admitir-se que um objectivo fulcral da vida humana é desenvolverem-se estados de consciência unitivos que façam crescer tal corpo subtil de luz, com o qual, deixado o corpo físico à hora da morte, avançaremos nos mundos subtis e espirituais rumo à Fonte.
Se isto faz sentido em nós, então no dia a dia estaremos mais atentos aos nossos estados de consciência e actos, ao que eles causam no nosso corpo de luz, e logo corrigi-lo, melhorá-lo, sintonizá-lo.
E isto é certamente uma boa ajuda para as nossas mentes ou almas, tão esquecidas do nosso ser espiritual e destas congregações que nos podem inspirar e auxiliar, ou nas quais podemos participar pela oração, a irradiação, o testemunho, as virtudes...
Boas contemplações então para si, a partir de uma cena mitológica assombrosa e que ainda hoje é acreditada por milhões de cristãos, já que Jesus morreu corporalmente, naturalmente na Gólgota e logo ressuscitou e ascendeu em corpo espiritual. Simples. Os passos evangélicos citados, e que estão dentro do ciclo ressurreição, aparecimento aos discípulos e ascensão final com despedida deles, são já uma adaptação da vida de Jesus homem à de um Deus, a fim de impressionar ou assombrar melhor as massas. E com que sucesso, nomeadamente artístico...
Saibamos nós também não esperar por uma ressurreição no final dos tempos, em corpo de carne ou outro, mas agindo e contemplando bem, possamos estar despertos e activos no corpo subtil espiritual para quando na morte formos projectados para fora do corpo físico, podermos avançar luminosamente, de preferência com os anjos e corpo místico da Igreja, ou seja, os familiares, amigo e santos-santas que por qualquer motivo de afinidade nos possam guiar no começo da vida no além, da qual esta gravurinha é uma bela imagem introdutória.
Ad astra per aspera....
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