terça-feira, 22 de março de 2022

Swami Premananda Tirtha, 2ª parte. Os seus ensinamentos provindos de sonhos. Com vídeo de leitura comentada por Pedro Teixeira da Mota

Voltemos a Swami Premananda Tirtha (1875-1959), em jovem Harideva, para partilhar a leitura comentada, iniciada no 1º vídeo, e que pode ouvir no fim deste texto, e para acrescentarmos mais alguns ensinamentos valiosos deste mestre espiritual indiano quanto ao acto de sonhar e aos misteriosos sonhos...
Como já dissemos no primeiro artigo, Swamiji teve alguns sonhos fortes, e interveio nos de outros, e que lhe ensinaram muito, tendo já mencionado um deles, no qual uma sua discípula recebeu o seu mantra ou fórmula de oração. Ora como as pessoas consciencializam-se pouco de que os sonhos podem ser ecos ou refrações de experiências nos corpo subtis, vou transcrever outros sonhos especiais e elevados e suas lições, na Índia mais naturais pois crença e a consciência dos corpos subtis está ainda hoje generalizada:
Tendo a sua mãe desencarnado, «um mês depois, Harideva sonhou que a sua mãe regressara e estava sentado perto da sua cabeça. Ele abraçou-a  com ambas as mãos
à volta do pescoço e disse-lhe:    "- Mãe, onde esteve este tempo todo? Procurava em toda a parte. E a mãe replicou-me: - Oh, eu nunca estive afastada de ti um segundo que fosse. - Como é possível, mãe, se não a conseguia ver? - Não me viste. Mas olha então agora de novo. Onde é que eu não estou presente? E passou-me a mão sobre os meus olhos três vezes. Então para onde quer que eu olhasse só via a mãe: na tia, no meu irmão, nas árvores, nos muros, etc." O Swami Premananda costumava contar este sonho com grande emoção e como sendo o acidente mais significativo da sua vida. E dizia que desde então tornara-se fácil e natural olhar para todas as mulheres como mães.»
Nessa época teve um outro sonho muito forte que ensinou-o a respeitar as diferentes religiões e tradições espirituais, pois vendo-se a avançar por uma floresta, ouviu ao longe tocarem música devocional e aproximando-se dum conjunto de casas dentro de um muro, o guardião deixou-o entrar. Já dentro do pátio viu outro conjunto e avançou e o guarda também o deixou entrar. Ouvindo uma música ainda mais maravilhosa vinda de um terceiro espaço murado, de novo avançou, e aí viu então «Chaitanya, Shankara, Buda, Maomé, Cristo e vários outros santos sentados juntos a cantarem músicas e poemas devotos. Ao chegar a este ponto a sua memória primordial reviveu. Reconheceram-no e tomaram-no como um  amigo de longa data. Ele inclinou-se diante de Chaitanya, que o abraçou, enquanto ele se perdia em pensamentos. Então Chaitanya perguntou-lhe: "- Em que estás a pensar?" E ele respondeu: "Há tanta luta sectária lá fora, enquanto que aqui tudo parece ser um". Então Chaitanya levou-o mais para dentro e mostrou-lhes como todos eles provinham de uma Luz maravilhosa. E explicou-lhe: - "Na realidade somos todos Um. De acordo com o tempo e a necessidade das pessoas, entramos no mundo sob diferentes aspectos, com ideias várias, para curar as variadas doenças da sociedade, tal como o mesmo médico tratará diferentes doentes e diferentes doenças, em épocas diferentes, com diferentes medicamentos". Swamiji costumava dizer que desde esse dia as dúvidas acerca dos diferentes grupos religiosos e incarnações de Deus tinham sido completamente removidas da sua mente.

A universalidade da religiões, ou a unidade espiritual delas, realizada por Ramakrishna Paramahansa e por Premamanda Tirtha....
Pouco depois, quando ainda só tinha onze anos, viu pela 1ª vez o seu guru ou mestre em sonhos, e recebeu dele um ensinamento e iniciação bem poderosos como narrou assim: sonhava que estava numa floresta sob uma árvore quando três ou quatro sannyasins (peregrinos renunciantes) vieram ter com ele e disseram-lhe: "Vem connosco até aos Himalaias" E pensei, como, tão longe? E eles disseram: "Iremos pelo caminho celestial no firmamento". E durante o caminho foram falando sobre as realidades espirituais. Depois de uma longa distância, descemos num alto monte e os monges disseram-lhe, fica aqui que  vamos ver o nosso mestre e já voltamos. Eu pedi-lhes contudo que me levassem mas não concordaram. Todavia, daí a pouco um deles voltou a correr e disse-me: "Estás com muita sorte, pois o mestre disse para vires." Fiquei muito feliz e parti com ele e fui  logo muito amistosamente recebido pelo mestre que me mandou tomar um banho num ribeiro, e depois disse: "Deus é uma personificação do Amor. O Amor é o nosso principal equipamento, e o mais importante dever do ser humano é servir a humanidade, a nossa vida devendo ser gasta ao serviço das Suas criaturas. Mas quando estiveres a servir, não penses que estás a fazer um favor a alguém. Pensa sempre que a oportunidade de servir é um meio de purificares a tua mente e de realizares a Divindade omnipresente. E portanto está grato a quem serves. O Deus Vishnu rege ele próprio este mundo, depois de assumir a forma dos seres vivos". Em seguida o mestre deu-me um mantra de religação  à Divindade omnipresente nas formas do Universo, e disse-me para repeti-lo diariamente e explicou como o deveria praticar. Abracei então o Gurudeva e fiquei num estado de grandessíssima felicidade. Quando acordei vi que estava abraçado à almofada e esta estava molhada das lágrimas».

Os Himalaias vistos espiritualmente pelo pintor e mestre alemão Bô Yin Râ....

Swami Premananda Tirtha só o tornaria a ver, passados dezassete anos, ao vivo nos Himalaias, passando alguns dias de grande felicidade com ele, e à despedida, à questão quando é que se tornariam a ver, o mestre respondeu-lhe:«Isso serei eu a decidir um dia, mas estarei sempre contigo, onde quer que, ou quando, precisares de auxílio. Eu ajudar-te-ei nos sonhos e no teu trabalho», e assim desde então «sempre que tinha um problema ou dificuldade, este mestre ou santo aparecia-lhe em sonhos e sugeria-lhe a orientação necessária. Uma lâmpada é acessa por outra lâmpada. [Princípio da iniciação directa, muito visível por exemplo na vida de Dara Shikoh, como já relatei]  Esta tradição [iniciática] vem-se mantendo ao longo de tempos imemoriais. Também Swamiji Premananda Tirtha frequentemente dava as instruções necessárias aos seus devotos em sonhos e conhecem-se muitos casos disse. Ele costumava dizer:"Quanto mais pura e tranquila for a tua mente, mais fácil será para ti veres-me em sonhos. Tenta ser um bom receptor. Se alguém não está preparado para receber, a mensagem volta para trás"»

Fiquemos ainda com um ensinamento valioso, já não só do mundo dos sonhos, escrito na montanhosa de cidade Darjeeling onde também peregrinei, dado em 11.4.1925:
«Sabeis quem é o meu Deus? É aquele sem o qual não estamos
verdadeiramente vivos. É a fonte primordial de toda a Existência, Conhecimento e Felicidade (Sat Chit Ananda). O mundo é a manifestação do seu jogo (lila). O ser humano é a sua imagem viva. Se o conhecemos, então não há nada mais para ser conhecido; se o encontramos, não há nada mais para ser encontrado. É um pouco da sua palete de beleza que faz  os céus, as árvores, as aves, os mares parecerem tão belos. É pelo Seu Amor (Prema) que pai e mãe marido e mulher, filho e filha nos são tão queridos. Foi um pouco do Seu conhecimento que tornou Buda, Shankara, Newton, Sócrates e outros sábios. Ele é o nosso Eu mais íntimo...
Sabeis o que é que eu considero ser a melhora prática espiritual (sadhana), o
mais fácil e mais natural método de atingir a perfeição ou realizar Deus? É esforçar-nos por mantermos as portas internas do coração abertas. Ele então esforçar-se-á por iluminá-lo pela refulgência do seu Amor. Quando os esforços de ambos os lados se completam, descobre-se que as tristezas e sofrimentos desaparecem. Tudo é mais doce e alegre.»
Saibamos mergulhar mais no íntimo, viver justa e harmoniosamen
te e receber e partilhar as energias luminosas, amorosas e pacíficas que tão necessárias são à Humanidade... Aum Shanti Aum...

                      

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