sábado, 5 de março de 2022

Acerca da Oração nestes tempos do ano do Tigre. Com texto de Bô Yin Râ e música do Dead Can Dance - Sanvean.

Pintura de Bô Yin Râ, na queda d'água de Cela Cavalos, Gerês.

Nestes tempos em que estamos tão envoltos por conflitos externos, mais do que nunca se torna necessário trabalhamos por preservar a alma lúcida e luminosa não a deixando ao alcance perturbante de qualquer acontecimento ou imagem, político, comentador ou pessoa pronta a distorcer o discernimento calmo da verdade, e a nossa capacidade para sermos fiéis do Amor e, para tal, a oração, a meditação, a contemplação, o diálogo sereno, o canto, a dança sagrada, o banho consciente e a comunhão profunda com a natureza ou com alguém são meios fundamentais de recriarmos a harmonia em nós, pois tanta força, impacto, impressão, palavra ou intenção negativas que entram ou tentam afectar a nossa psique ou alma obrigam-nos constantemente a limpar-nos, purificar-nos, alinhar-nos, recarregar-nos.
Salientarei hoje e agora apenas a oração, uma prática que todos
aprendemos desde crianças numa ou outra oração que em geral ainda sabemos de cor e que, se pronunciada conscientemente e sentidamente no nosso interior, vai-nos tornando capazes de verdadeiramente acalmar, interiorizar, orar e logo descobrir-nos enquanto seres espirituais e podermos estabilizar, operar e irradiar luminosamente pelo Bem, a Luz e o Amor no Universo e no planeta.
O ensinamento que junto ou acrescento agora é de um dos mestres
mais valiosos dos últimos séculos XX, Bô Yin Râ, do seu livro A Oração, que brevemente espero publicar na tradução a que laboriosamente cheguei,  onde no capítulo quarto, depois de nos anteriores ter explicado o que significam os princípios da oração transmitidos por Jesus: "procurar e encontrar, pedir e receber, bater e ser aberto", e como se enganam os que pensam que falam com Deus, um deus da sua imaginação, diz-nos: 

«O ser humano que “ora” então da maneira certa, tal como deve pedir-se, - atingirá uma verdadeira renovação espiritual, e esta renovação é necessária sempre que a vida exterior entorpece insensibilizantemente os sentidos da alma. -
A “renovação espiritual” não reside portanto num renovamento da centelha viva espiritual do ser humano, mas numa renovação da receptividade da alma a todos influxos que, emanando do mundo do Espírito puro, podem e querem atingi-la pelas “antenas” do núcleo da sua essência espiritual. -»
Meditarmos na diferença entre a alma e o espírito é bem importante e compreendermos que na oração profunda, que certamente pode passar antes por uma certa confissão humilde e logo de abertura às bênção do alto, as forças anímicas são renovadas e fortificadas pelo influxo que a centelha vital consegue então receber do mundo espiritual, com os seus guias, mestres e anjos, e do mundo e ser Divino e primordial...
Segue-se o original alemão do extracto de Bô Yin Râ e uma tradução inglesa deste importante  ensinamento...


Ein Wichtig Lehre...
Vom "Das Gebet": «Der Mensch, der dann auf rechte Weise also
"betet" wie gebetet werden muß, wird wahrlich geistige Erneuerung erlangen, und diese Erneuerung ist immerfort wieder vonnöten, wenn das Außenleben die Fühler der Seele taub geschlagen hat. –

"Geistige Erneuerung" ist aber nicht etwa eine Erneuerung des geistigen Lebensfunkens im Menschen, sondern Erneuerung der Aufnahmefähigkeit der Seele für alle Einflüsse, die sie aus dem Reiche des reinen Geistes,über die "Antenne" ihres eigenen geistigen Wesenskernes, erreichen können und erreichen wollen. –»
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«The person who then ‘prays’ in the right way, as the prayer should be prayed, will truly attain spiritual renewal, and this renewal is always necessary again whenever external life has insensibilized the soul’s antenns. –
But "spiritual renewal" is surely not a renewal of the spiritual spark of life in the human being, but renewal of the receptivity of the soul to all influences which can and want to reach it from the realm of pure spirit, via the "antenns" of its own spiritual core of Being. –»

                        

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