Um dos mestres bem valiosos do século XX da Índia foi (e é...) Swami
Premananda Tirtha, que viveu na zona da Bengala, Batajore, Calcutta e Benares ou Varanasi, de 1871 a
1959. Pouco conhecido no Ocidente,
pois era avesso a publicidade e procurou mais servir do que
servir-se, ou destacar-se, apenas deixou serem publicadas as suas
cartas a discípulos, que constituem mais um rico epistolário da
Humanidade, tal como os de Erasmo de Roterdão e de Antero de Quental,
valiosa prática que hoje não é tão cultivada dado o predomínio
avassalador dos mails, que perdem a naturalidade e intimidade que a escrita
pela mão deposita no papel...
Tendo
nascido de pais religiosos e educado tradicionalmente na grande Índia,
cheia de costumes, ensinamentos, histórias e santos, a sua excelente memória
permitiu-lhe não só conservar e narrar inúmeros episódios pessoais,
como partilhar muito do essencial da sabedoria indiana que ele vivia e
estudava, aprofundava e partilhava no seu ashram ou centro de ensino e serviço, meditação e adoração...
Nasceu a 26 de Novembro de 1871, em Batajore, Bengala Oriental, hoje Bangladesh, filho de um brâmane, que ensinava em casa, e de uma mãe muito piedosa, e recebeu o nome Harideva. Uma vida de criança e jovem cheia de aprendizagens luminosas e uma clara vocação para ser um asceta, um sannyasin, e que os seus pais desejavam. E assim mal cumpriu o último exame do seu bacharelato, em Calcutta, em 1899, parte com três livros na sacola, a Bhagavad Gita, Ashtavakra Gita e Imitação de Cristo, e torna-se por si mesmo um renunciante, despindo as suas roupas junto ao rio Ganges, banhando-se e assumindo as vestes ocre-laranjas e, com o nome de Krishnananda, dirigiu-se como qualquer sadhu, ou peregrino renunciante, para Vrindaban, centro do culto a Krishna e depois para os míticos e poderosos Himalaias, onde encontrou finalmente o seu mestre que já o vira em jovem, em sonho, há dezassete anos.
Nasceu a 26 de Novembro de 1871, em Batajore, Bengala Oriental, hoje Bangladesh, filho de um brâmane, que ensinava em casa, e de uma mãe muito piedosa, e recebeu o nome Harideva. Uma vida de criança e jovem cheia de aprendizagens luminosas e uma clara vocação para ser um asceta, um sannyasin, e que os seus pais desejavam. E assim mal cumpriu o último exame do seu bacharelato, em Calcutta, em 1899, parte com três livros na sacola, a Bhagavad Gita, Ashtavakra Gita e Imitação de Cristo, e torna-se por si mesmo um renunciante, despindo as suas roupas junto ao rio Ganges, banhando-se e assumindo as vestes ocre-laranjas e, com o nome de Krishnananda, dirigiu-se como qualquer sadhu, ou peregrino renunciante, para Vrindaban, centro do culto a Krishna e depois para os míticos e poderosos Himalaias, onde encontrou finalmente o seu mestre que já o vira em jovem, em sonho, há dezassete anos.
É dessa época, 1901, a sua primeira
carta conhecida, onde diz: «A alma mais íntima do Universo, isto é Sat
Chit Ananda (Ser, Consciência, Felicidade) da Divindade universal, tendo
penetrado todos os níveis da Natureza, está tentando manifestar-se a si
mesma. Quando mais limpa for a mente, tanto maior e mais limpa será a
sua reflexão. O objectivo da vida humana é descobrir e manifestar Deus
dentro de si».
Poucos anos depois em 1904 foi formalmente iniciado como sannyasin em Varanasi ou Kashi, no mosteiro
de Kamrup, pelo swami Ramananda Tirtha e residiu nesse math ou tirtha,
ou mosteiro, doze anos servindo com muito amor, e para grande gosto do
mestre, e tendo sido mesmo o editor da revista Bharat Dharma Mahamandal. Ao longo da sua vida teve inúmeros casos, sincronias e exemplos fabulosos de que tudo
vem de Deus, ou como disse: «Há um só corpo, um só princípio de vida,
um corpo e um espírito em todo o universo. Se a mente está pura e calma,
é fácil discernir os pensamentos dos outros».
Só o conhecendo pela
leitura de um livro, Swami Premananda Tirtha, Life, Sketch & Letters, Sri Krishna Sangha, Calcutta, 1973, que adquiri quando estive em Calcutta seis meses em 1993, e por subtil percepção espiritual posterior, irei
destacar certos aspectos mais originais ou fortes:
Uma grande
confiança e entrega a Deus, que em todas as circunstâncias não o
abandonara, pois somos todos filhos de Deus, que está dentro de nós, e é
verdadeiramente a nossa força.
Valorização grande da Mãe, do princípio feminino e maternal, muito sagrado, e embora tenha sido um celibatário, naturalmente já que era um yogi e sannyasin, aconselhou muitos a deixarem de ser religiosos ou estouvados e a casarem-se, e sentirem na mulher essa dimensão divina.
Grande consciência da presença Divina em todo o universo e em todos os seres e portanto servindo com amor o próximo, vendo e sentindo nele Deus ou a unidade divina que perpassa todos os seres, e fazendo-o nas condições mais difíceis.
Valorização grande da Mãe, do princípio feminino e maternal, muito sagrado, e embora tenha sido um celibatário, naturalmente já que era um yogi e sannyasin, aconselhou muitos a deixarem de ser religiosos ou estouvados e a casarem-se, e sentirem na mulher essa dimensão divina.
Grande consciência da presença Divina em todo o universo e em todos os seres e portanto servindo com amor o próximo, vendo e sentindo nele Deus ou a unidade divina que perpassa todos os seres, e fazendo-o nas condições mais difíceis.
Valorização
da verdade e da sinceridade. "A minha palavra é sagrada", costumava
dizer, e assim cumpria o que prometia mesmo sob as maiores dificuldades.
Valorização dos sonhos como meios de comunicação entre os seres, incarnados e desencarnados, chegando a dar-se conta dos sonhos dos outros, ou a receber e dar indicações importantes, seja o de ter visto pela 1ª vez o seu mestre em sonho, ou o de ter dito à discípula principal, Maji, que receberia o mantra de iniciação, que ela tanto desejava dele, em sonho directamente da Divindade, o que se veio a passar, como ambos comprovaram posteriormente ao confrontarem o mantra recebido.
Valorização dos sonhos como meios de comunicação entre os seres, incarnados e desencarnados, chegando a dar-se conta dos sonhos dos outros, ou a receber e dar indicações importantes, seja o de ter visto pela 1ª vez o seu mestre em sonho, ou o de ter dito à discípula principal, Maji, que receberia o mantra de iniciação, que ela tanto desejava dele, em sonho directamente da Divindade, o que se veio a passar, como ambos comprovaram posteriormente ao confrontarem o mantra recebido.
Valorização
do desprendimento, do desapego, da renúncia às posses, e ao sentido do
ego ou de ser importante: "Se alguma vez pensar que sou superior, então
terei caído muito espiritualmente."
Valorização das práticas tradicionais de interiorização para quem quer conhecer ou entrar mais em contacto com Deus ou a com a sua energia, tal como ele escolheu ou recebeu no seu nome: Prem Ananda, isto é, Amor e Felicidade ou Alegria ou Beatitude. Entre essas práticas apontava o controle dos sentidos, da mente e dos sentimentos, recomendando, por exemplo, um kriya yoga, ou acto unitivo interior, de retirar a atenção para as costas, para o interior da coluna vertebral e para o canal subtil, chamado sushsuma, de modo a que a energia, dispersada sensorialmente e mentalmente para o exterior, possa aquietar-se e sensibilizar-se aos níveis subtis e espirituais, e sentir o néctar ou a serenidade feliz de Sat Chi Ananda.
Valorização das práticas tradicionais de interiorização para quem quer conhecer ou entrar mais em contacto com Deus ou a com a sua energia, tal como ele escolheu ou recebeu no seu nome: Prem Ananda, isto é, Amor e Felicidade ou Alegria ou Beatitude. Entre essas práticas apontava o controle dos sentidos, da mente e dos sentimentos, recomendando, por exemplo, um kriya yoga, ou acto unitivo interior, de retirar a atenção para as costas, para o interior da coluna vertebral e para o canal subtil, chamado sushsuma, de modo a que a energia, dispersada sensorialmente e mentalmente para o exterior, possa aquietar-se e sensibilizar-se aos níveis subtis e espirituais, e sentir o néctar ou a serenidade feliz de Sat Chi Ananda.
Swami Premananda Tirtha deixou o seu corpo físico terreno em 2 de
Maio de 1959, no seu ashram e tendo anunciado isso um pouco antes na sua última mensagem, na qual dá um testemunho da sua continuidade espiritual, tal como poderá ouvir no vídeo que partilho em seguida, com a duração de treze minutos, terminados a meio de uma leitura e que finalizei depois num segundo vídeo, de sete minutos, também já no youtube, e o qual incluirei num segundo artigo... Aum...
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