Quem lê a Viagem à ilha do Amor de Francisco Xavier de Oliveira, mais conhecido como o Cavaleiro de Oliveira (1702-1783), dada à luz em 1744, em Amesterdão, não acha nada nela que ofenda os "bons costumes" ou mesmo sequer a religião católica, não se discernindo bem a proibição pela tétrica Inquisição Portuguesa, que aliás já o censurara sob o pretexto de ter escrito contra o celibato dos padres, embora se suspeite que, mais do que a sua liberalidade de costumes e sucesso no reino feminino, tenha sido o conflito com o Conde de Tarouca, embaixador português na Áustria, onde Cavaleiro de Oliveira servira como secretário de Embaixada, de 1735 a 1738 (sucedendo a seu pai, embora tenha sido remetido mais para o expediente), a causa de tal proibição. Com efeito, em 1741 já publicara o 1º volume das suas Cartas Familiares, as Memoires de Portugal e as Mille et Une Observations, onde farpejava os defeitos portugueses, dos quais a Inquisição era a incarnação máxima.
Três anos depois da saída à luz, e apenas na Holanda, Haia, onde então morava, desse livro que passou desapercebido, converteu-se ao protestantismo, e passou a ser protegido pela corte inglesa, chegando a viver até aos 82 anos, em Inglaterra, vencendo portanto a magia negra que a Inquisição lhe fizera de o queimar em efígie como herético num auto de fé realizado no Rossio em 1761, tendo tido ainda antes bastante sucesso com as suas obras acerca d0 Terramoto de 1755, escritas em francês. Ora A Viagem à ilha do Amor é quase mais um exercício psicológico de nomear, numa progressão de viagem, jogo ou peregrinação, as características psíquicas que em geral acompanham o amor, a busca do prazer e da felicidade, entre dois seres, com algumas observações bem vistas quanto aos seus traços e efeitos nos seres humanos. E não há uma excessiva personificação de tais virtudes e vícios, a descrição não é muito grande ou profunda, mas há algumas ideias que valerá a pena transcrevermos.
Apresenta-nos uma ilha utópica do Amor, e terá lido certamente a Utopia de Tomas More, e teve presente a ilha dos Amores dos Lusíadas de Luís Camões, pois ela surge tentadoramente anunciada por zéfiros e cupidos que seduzem, quais sereias, alguns dos viajantes duma embarcação transviada.
Francisco Cavaleiro de Oliveira, surge com o nome de Tirso e tal pode ser um sinal de algum conhecimento dos mistérios e iniciações do Amor, nomeadamente das os greco-romanos de Dionísio e Baco, pois o tirso era a vara ou bastão de iniciação, podendo portanto considerar-se que Cavaleiro de Oliveira vai apresentar uma iniciação ao Amor, o que de facto faz mas sem atingir aspectos elevados ou iniciáticos, antes dando do amor as suas características principais psico-somáticas, por vezes com grande sensibilidade e logo entrada nos planos subtis ou anímicos, como podemos ver nas descrições bastantes astrais e pressentidas, por exemplo, do Ciúme ou da Inquietação.
O que pretendeu ele com este tratado, que não teve sucesso, tanto mais que escrito em português não podia circular em Portugal em tempo da Inquisição (assim só surgirá entre nós na impressão lisboeta de 1855), ao contrário do discurso que escreveu sobre as causas do terramoto de 1755, já em francês, a língua e o público internacional que o pode ler, não é fácil de discernirmos, embora possamos tanto considerá-lo um exercício de imaginação e psicologia sobre o Amor, como um livrinho com um título suficientemente atraente para ter mais sucesso do que mereceria, já que a viagem acaba por não ser muito feliz nem desvendar aspectos novos ou brilhantes do Amor, antes havendo como que uma submissão do Amor ao Destino, que o deixa quase como que mera lembrança agradável do bom tempo passado mas gerando até sofrimento.
Não há uma assunção do amor como um processo interior, como um estado anímico crescente, valioso, criativo, como o poder íntimo divino em nós, e fica-se pelo amor que une dois seres num nível só psico-somático e que acaba por ser sempre vítima das muitas limitações psicológicas e sociais dos seres, as quais podem resumir-se na palavra Destino, a última alegoria ou personificação que vem cortar as esperanças amorosas do ser amante ou na demanda do amor.
O livro tem em si no final um travo amargo, e Cavaleiro de Oliveira não conseguiu erguer-se como Cavaleiro de Amor suficientemente nesta obra, ainda que creiamos que ele o tenha sido em vários aspectos, já que casou-se três vezes e namorou mais algumas, e enfrentou a poderosa Inquisição portuguesa e seus esbirros, bem como ainda alguma parte da aristocracia portuguesa, demonstrando ser um cavaleiro da Justiça, da Verdade e certamente em parte do Amor, embora neste livro não o mostre nos níveis elevados que ele tem, iniciáticos ou espirituais mesmo e que ele não terá reconhecido por experiência ou gnose interna
Três anos depois da saída à luz, e apenas na Holanda, Haia, onde então morava, desse livro que passou desapercebido, converteu-se ao protestantismo, e passou a ser protegido pela corte inglesa, chegando a viver até aos 82 anos, em Inglaterra, vencendo portanto a magia negra que a Inquisição lhe fizera de o queimar em efígie como herético num auto de fé realizado no Rossio em 1761, tendo tido ainda antes bastante sucesso com as suas obras acerca d0 Terramoto de 1755, escritas em francês. Ora A Viagem à ilha do Amor é quase mais um exercício psicológico de nomear, numa progressão de viagem, jogo ou peregrinação, as características psíquicas que em geral acompanham o amor, a busca do prazer e da felicidade, entre dois seres, com algumas observações bem vistas quanto aos seus traços e efeitos nos seres humanos. E não há uma excessiva personificação de tais virtudes e vícios, a descrição não é muito grande ou profunda, mas há algumas ideias que valerá a pena transcrevermos.
Apresenta-nos uma ilha utópica do Amor, e terá lido certamente a Utopia de Tomas More, e teve presente a ilha dos Amores dos Lusíadas de Luís Camões, pois ela surge tentadoramente anunciada por zéfiros e cupidos que seduzem, quais sereias, alguns dos viajantes duma embarcação transviada.
Francisco Cavaleiro de Oliveira, surge com o nome de Tirso e tal pode ser um sinal de algum conhecimento dos mistérios e iniciações do Amor, nomeadamente das os greco-romanos de Dionísio e Baco, pois o tirso era a vara ou bastão de iniciação, podendo portanto considerar-se que Cavaleiro de Oliveira vai apresentar uma iniciação ao Amor, o que de facto faz mas sem atingir aspectos elevados ou iniciáticos, antes dando do amor as suas características principais psico-somáticas, por vezes com grande sensibilidade e logo entrada nos planos subtis ou anímicos, como podemos ver nas descrições bastantes astrais e pressentidas, por exemplo, do Ciúme ou da Inquietação.
O que pretendeu ele com este tratado, que não teve sucesso, tanto mais que escrito em português não podia circular em Portugal em tempo da Inquisição (assim só surgirá entre nós na impressão lisboeta de 1855), ao contrário do discurso que escreveu sobre as causas do terramoto de 1755, já em francês, a língua e o público internacional que o pode ler, não é fácil de discernirmos, embora possamos tanto considerá-lo um exercício de imaginação e psicologia sobre o Amor, como um livrinho com um título suficientemente atraente para ter mais sucesso do que mereceria, já que a viagem acaba por não ser muito feliz nem desvendar aspectos novos ou brilhantes do Amor, antes havendo como que uma submissão do Amor ao Destino, que o deixa quase como que mera lembrança agradável do bom tempo passado mas gerando até sofrimento.
Não há uma assunção do amor como um processo interior, como um estado anímico crescente, valioso, criativo, como o poder íntimo divino em nós, e fica-se pelo amor que une dois seres num nível só psico-somático e que acaba por ser sempre vítima das muitas limitações psicológicas e sociais dos seres, as quais podem resumir-se na palavra Destino, a última alegoria ou personificação que vem cortar as esperanças amorosas do ser amante ou na demanda do amor.
O livro tem em si no final um travo amargo, e Cavaleiro de Oliveira não conseguiu erguer-se como Cavaleiro de Amor suficientemente nesta obra, ainda que creiamos que ele o tenha sido em vários aspectos, já que casou-se três vezes e namorou mais algumas, e enfrentou a poderosa Inquisição portuguesa e seus esbirros, bem como ainda alguma parte da aristocracia portuguesa, demonstrando ser um cavaleiro da Justiça, da Verdade e certamente em parte do Amor, embora neste livro não o mostre nos níveis elevados que ele tem, iniciáticos ou espirituais mesmo e que ele não terá reconhecido por experiência ou gnose interna
Embora ao aludir brevemente ao Amor que existe já antes do Caos inicial, ao mostrar a Felicidade (a Prem Ananda, da Índia) que ele proporciona e ao apontar para a fusão recíproca que acontece entre os dois seres que se amam verdadeira ou plenamente, Cavaleiro de Oliveira mostre ser um Cavaleiro ou Fiel do Amor, contudo não desenvolveu suficientemente tais aspectos para que a obra se aproximasse de um tratado do Amor, como no século XVI se escreveram alguns valiosos, em grande parte dependentes ou influenciados por Marsilio Ficino e o seu comentário ao Banquete de Platão.
Teria que ter intensificado, aprofundado, expandido o Amor em si e nos seres enquanto fogo cósmico e individual, como aperfeiçoador de características e qualidades, como capacidade de comunhão e expansão universal e mesmo de unificação espiritual e divina.
O amor entre dois seres pode ser maior ou menor, mas no caso de seres que estão livres e sentem afinidades e amor suficiente entre si, então ele é uma escola ascensional que pode levá-los aos píncaros do amor, da unidade, da sabedoria, pois ao estar-se em amor estamos mais vivos, conscientes, verticais, irradiantes, e respiramos o Amor e irradiamo-lo, certamente num trabalho alquímico constante de soprar a chama no atanor (a relação, a casa, o corpo e alma, sushuma), para o qual temos de ser humildes e compassivos, criativos e livres, perseverantemente...
O Fiel do Amor valoriza mais do que tudo estar em Amor, e seja com a amada, seja na ausência dela, está em amor, sente o amor, pois o amor não depende de ser amado, mas ama naturalmente, e ele sente e sabe que o mais alto amor é o que nos liga a sós ou com outros à Divindade tanto Primordial como íntima, a qual é a Fonte do Amor,
Sendo então o Amor essencial na Divindade e a força ou mais poderosa no cosmos, compreende-se que haja muitos seres em muitas igrejas ou seitas que se sentem muito em amor com os outros e mesmo tendo até apenas uma concepção de Deus bastante limitada, sentem-se felizes, saudáveis, dinâmicos, optimistas em tais religiões ou igrejas.
O melhor então será os seres conseguirem meditar, sentir, ver e ser o Amor, e sentindo-o e adorando-o tanto na sua Fonte Primordial divina cósmica como simultaneamente no interior das suas almas e corpos, dinamizando-o, partilhando-o na peregrinação pelo sub-campos unificados de consciência e energia, quais estrelas em vias Lácteas ou caminhos de SantoYagus, Santiago
Viva Deus Santo Amor, clamaram e clamam os místicos do amor..
Teria que ter intensificado, aprofundado, expandido o Amor em si e nos seres enquanto fogo cósmico e individual, como aperfeiçoador de características e qualidades, como capacidade de comunhão e expansão universal e mesmo de unificação espiritual e divina.
O amor entre dois seres pode ser maior ou menor, mas no caso de seres que estão livres e sentem afinidades e amor suficiente entre si, então ele é uma escola ascensional que pode levá-los aos píncaros do amor, da unidade, da sabedoria, pois ao estar-se em amor estamos mais vivos, conscientes, verticais, irradiantes, e respiramos o Amor e irradiamo-lo, certamente num trabalho alquímico constante de soprar a chama no atanor (a relação, a casa, o corpo e alma, sushuma), para o qual temos de ser humildes e compassivos, criativos e livres, perseverantemente...
O Fiel do Amor valoriza mais do que tudo estar em Amor, e seja com a amada, seja na ausência dela, está em amor, sente o amor, pois o amor não depende de ser amado, mas ama naturalmente, e ele sente e sabe que o mais alto amor é o que nos liga a sós ou com outros à Divindade tanto Primordial como íntima, a qual é a Fonte do Amor,
Sendo então o Amor essencial na Divindade e a força ou mais poderosa no cosmos, compreende-se que haja muitos seres em muitas igrejas ou seitas que se sentem muito em amor com os outros e mesmo tendo até apenas uma concepção de Deus bastante limitada, sentem-se felizes, saudáveis, dinâmicos, optimistas em tais religiões ou igrejas.
O melhor então será os seres conseguirem meditar, sentir, ver e ser o Amor, e sentindo-o e adorando-o tanto na sua Fonte Primordial divina cósmica como simultaneamente no interior das suas almas e corpos, dinamizando-o, partilhando-o na peregrinação pelo sub-campos unificados de consciência e energia, quais estrelas em vias Lácteas ou caminhos de SantoYagus, Santiago
Viva Deus Santo Amor, clamaram e clamam os místicos do amor..
Sejamos a estrela do espírito, a qual é uma centelha emanada da Fonte primordial do Amor divino, e consigamos vê-la e senti-la mais no nosso corpo espiritual flamejante iluminante, que se exprime no talento de bem fazer por actos, pensamentos, palavras e intenções, o talent de bien faire, do Infante D. Henrique, de Fernando Pessoa, dos Templários e de todos portadores do santo Graal, os que trabalham em amor ou que verdadeiramente no Amor ardem e se entregam, sacrificam, elevam ou dão....
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