quarta-feira, 25 de março de 2020

Da mediunidade e da criação artística. VII cap. de " O Mistério da Golgota, de Bô Yin Râ. Com vídeo da leitura, por Pedro Teixeira da Mota.

  Mediunidade e creatividade artística.VII Cap. de "O Mistério da Golgota", de Bô Yin Râ. Tradução...

«Parece muito difícil para as pessoas interessadas em actuações mediúnicas poderem prever completamente os resultados que surgirão das manifestações das entidades invisíveis em questão.
Recebam-se mensagens sublimes e longas, ou mesmo conselhos muito acertados para o quotidiano, que logo se está pronto a assumir a intervenção de elevados espíritos directores, estado este de coisas que pode chegar longe, confiando-se cegamente o destino da vida e o futuro material ao influxo dessas altas entidades espirituais.
Uma pessoa não se apercebe que está sob um tipo de hipnose e a entregar-se submissamente aos impulsos de uma vontade externa.
Expliquei detalhadamente no meu Livro do Além, e no Livro da Arte Real, assim como neste livro, os tipos de entidades que  estão verdadeiramente aqui em questão. Não se tratam de "amados desaparecidos" nem de "elevadas ou menos elevadas" entidades espirituais, mas de seres invisíveis duma parte do mundo físico que nos é em geral invisível.
Estas entidades não são boas nem más mas amorais. A única coisa que lhes importa é manifestarem-se aos humanos e a certas pessoas com dons psico-físicos especialmente apropriados, que lhes servem de instrumentos, e apenas para a auto-satisfação delas.
As entidades, de que tratamos, trabalham de acordo com a Ordem Cósmica, enquanto plasmadoras internas das formas do mundo de manifestação física.
Deveremos ficar espantados, que nas suas tentativas irregulares para se manifestarem num lugar por assim dizer impróprio, eles ajam também formando imagens?
Há toda uma gama completa de manifestações de tais entidades, que aparecem manifestando-se segundo os seus tipos de formadoras de imagens, e a tal caso pertence a utilização dos mediuns que desenham ou pintam quadros, o que na história do Mediunismo acontece frequentemente.
Eu próprio observei suficientes manifestações dessas, e ainda vivenciei coisas mais surpreendentes de tipo semelhante, apenas com uma diferença, a de que eu tinha em meu poder essas entidades utilizadas pelo médium, de modo que elas tinham de fazer o que eu lhes ordenava.
É certo que tais manifestações no domínio da pintura parecem à primeira vista como bastante inofensivas, mas não é assim em absoluto.
Cada actuação das entidades em questão exige do médium que ele renuncie completamente ou quase completamente ao seu próprio impulso de vontade e entregue as suas forças  a entidades que apenas procuram o seu próprio prazer, sem qualquer sentido de responsabilidade, pouco importando que a alma do médium permaneça intacta ou não.
Estas entidades procuram e encontram instintivamente em qualquer momento  o ponto de menor resistência da sua vítima.
Elas lançam a cada um o engodo que ele morderá.
Sobre as forças da Alma, que elas utilizam, trabalham estas entidades tão nocivamente como os bacilos e outros micróbios sobre as forças do corpo físico.
Nunca pode ser demasiado cedo a consciencialização que se deve tomar do perigo, mesmo que tais fenómenos possam ser "belos", "elevados", "interessantes"
Mesmo quando na altura nenhum dano se nota, ainda assim ele permanece e na maioria dos casos, nos quais as pessoas não combateram a tempo o perigo, os danos são irreparáveis.
Nunca se consegue alertar suficientemente quanto a tal jogo com entidades que escapam a qualquer controlo
Certamente cada verdadeiro artista é pelo seu processo criativo um servidor do seu Deus interior.
Certamente ele conhece a audição para o íntimo e o silêncio interno.
Certamente ele também não sabe dizer quando vem o espírito, que o "preenche"!
Mas quando e onde teve um artista criador de abandonar-se a este espírito tal como um médium - sentindo a sua mão conduzida mecanicamente e gerando obras que não foram determinadas primacialmente pelas suas capacidades?
Onde está o criador, de Dante até Goethe, de Giotto até aos nossos pintores modernos, que não teve que lutar para conseguir exprimir o que o movia interiormente, que não teve durante anos de estudar para adquirir a base através da qual se pode tornar um servidor de Deus?
Nunca a inspiração do artista tomará sobre si mesma o comando das forças criativas, nunca ele se tornará apenas um instrumento mecânico, mas bem o contrário acontece.
Toda a capacidade criativa penosamente adquirida é convocada, cada qualidade de alma dos criadores torna-se consciente e viva em intensificação apropriada, todas as forças da alma tornam-se mais leves e livres, enquanto que o eu individual reina e opera num modo completamente inaudito e cheio de força, de tal modo que o artista uma vez reentrado na sua vida quotidiana, sente-se estranho a si mesmo e pode mesmo não se sentir igual aquele que nas horas de criação soube trazer à luz todas as forças da sua alma, dum modo tão soberano.
Onde está aqui o que seja da passividade do médium, que apenas é movido como a coxa da rã sujeita à corrente eléctrica de Galvani, que não tem quase necessidade de prestar atenção ao trabalho a que empresta a sua mão, e cujo eu no fundo não tem absolutamente nada a ver com toda a história, já que aquele que verdadeiramente age explora a sua vítima tanto mais facilmente quanto ela lhe presta menos atenção - idealmente num verdadeiro estado de transe, ou seja por um completa abandono da sua consciência.
 Ao mesmo tempo, o que estas entidades através do médium produzem não é nada de original, pois elas são totalmente modeladores das formas da Natureza mas não criadoras de formas, estando sem pensamentos próprios, sem necessidade de conceitos próprios e quando não servem o impulso cósmico seguindo a sua natureza, são obrigados a reunir o seu material juntando imagens criadas pelos cérebros humanos.
Por vezes apresentam imagens mentais ainda intactas para reprodução, de tal modo que é fácil reconhecer de onde extraíram o seu roubo.
Mas a maioria das vezes eles tecem as suas representações apenas a partir de uma desajeitada mistura de fragmentos heterogéneos, possam ser eles revelações mentais ou pinturas e desenhos mediúnicos.
É necessário  ter-se aqui presente com a mais clara transparência, a distinção entre criação artística e a actividade medianeira, senão caímos numa confusão de conceitos nitidamente diabólica.
Como consequência ergue-se em mim o dever, baseado no conhecimento mais seguro dos processos em questão, de falar de acordo com a verdade, tanto mais que esta variedade de possessão lemuriana é demasiadas vezes admirada como uma graça celestial e  eu quero neste livro separar nitidamente o que nunca se deixará associar.»
                            

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