domingo, 8 de março de 2020

Dia da Mulher em 2020, ou 2021. O que se pode dizer ainda de importante? Sempre muito, mesmo que sem palavras......

O que se pode dizer ainda sobre a Mulher, no ano da graça de 2020 ou de 2021, que não tenha já sido pensado, sentido e dito por muita gente, ao longo de tantos séculos e, consultando a Mnemosyne (a deusa grega da memória) de Dante Gabriele Rossetti (na imagem), desde Petrarca e Laura, Dante e Beatriz, Pedro e Inês, Camões, Bocage, Alcipe, Antero de Quental, Leonardo Coimbra e Florbela Espanca?
                                              
Como poderemos nós contribuir para o aprofundamento e valorização da mulher no quotidiano e da essência feminina, para que hajam cada vez mais boas vivências, criatividades e acções em liberdade e fraternidade?
Como manifestarmos a nossa gratidão pela sua existência, como gritarmos da alma ou aludirmos nas entrelinhas às mulheres que nos criaram em crianças, às mulheres que nos inspiraram, ajudaram ou  amaram enquanto jovens e homens, e mesmo às do futuro, que desejamos conhecer? 
 Que flores e cantos, aromas e músicas, abnegações e doações devemos gerar, despertar, suscitar e irradiar? Para quem mais em particularmente se dirigirão, quais setas de cupido, desejando saúde e prosperidade, criatividade e felicidade?
E agora, numa época em que as especificidade de cada uma das polaridades têm sofrido um ataque forte de nivelamento redutor, asséptico, voluntarista, quase que pretendendo negar ter o Universo sido manifestado e desenvolvido através das duas polaridades, nascendo os seres humanos num dos dois sexos complementares, qual deverá ser a nossa palavra e irradiação anímica esclarecedora, ou mesmo acção defensora?
Sem dúvida, valorizando a especificidade e individualidade feminina, tal como a masculina, com as suas características mais acentuadas de receptividade e sensibilidade, maternidade e sacrificialidade, amor e compaixão, delicadeza e beleza, ainda que certamente cada ser humano tenha as duas polaridades dentro de si e, portanto, lhe caiba harmonizá-las de acordo com as suas capacidades e tarefas nesta vida e de acordo com a osmose que fará com quem se casa, vive ou namora.
A mulher transmite algo das suas energias e qualidade femininas ao homem, tal como este transmite as suas à mulher, seja apenas pela palavra,  pelo contacto ou mesmo pela fusão corporal e anímica, neste caso momentos tão fortes quão sagrados, ao possibilitarem uma vivência maior do Amor e da Unidade ou mesmo da adoração e visão da Divindade.
 O objectivo das polaridades é a atracção e a gestação de novas formas de vida, de sentimento, de pensamento e de ser.  Logo, qualquer amizade e união deve nascer da atracção e da complementaridade, num processo alquímico, por vezes difícil, para gerar transformações internas e externas e um crescimento da consciência em vários níveis, já que pelo amor deixamos de sentir e pensar tanto só em nós, mas passamos a ser mais um com o outro, e podemos assim tornar-nos mais inspirados e conscientes do campo unificado de energia consciência que liga todos os seres e no qual vivemos enquanto almas espirituais, certamente de acordo com densidades ou afinidades e a nossa maior ou menor abertura...
Esta abertura ao todo pelo amor é muito importante, pois deixamos de sentir que somos apenas corpos de origem animal e cérebros já muito humanizados e repletos, e sentimo-nos antes como almas subtis, luminosas, bem mais vastas e livres do que a sociedade ainda tão patriarcal, violenta e crescentemente manipulante-controlante tenta  impor, nomeadamente com a tão suspeita pandemia e suas medidas restritivas. Temos assim que fortalecermo-nos bem a dois ou em grupos a fim de assim se comunicar e comungar conhecimentos afins e libertadores, para que haja uma luminosidade maior na humanidade e na Terra, que é também Gaia, Mulher, Mãe, Amante, Mátria...
 A mulher é então a grande criadora e enriquecedora do espaço livre de fecundidade e prosperidade em crescimento e diálogo, ao irradiar e ao originar, ora  lutadora ora como musa, mais força, amor, beleza e aspiração nos seres e no Universo,  manifestando assim a misteriosa e sublime Polaridade Divina Feminina, aqui e acolá identificada com a Santa Sophia, o Espírito Santo, a Shakti...
Talvez se possa ainda realçar que muito provavelmente é um erro, uma mistificação, crer-se que as pessoas têm vidas sucessivas com polarizações diferentes, ou seja, que já fomos mulher ou homem, pois através disso gera-se mais facilmente uma tendência a desvalorizar-se a polarização actual, mas que é aquela com a qual cada ser pode realizar-se espiritualmente e não invertendo-a. São aspectos subtis e graves, mas pouquíssima ou raríssima gente poderá equacionar com sabedoria ou mesmo conhecimento tais aspectos já do domínio subtil das individualidades imortais e dotadas de uma polaridade imutável.
Terminarei este breve ensaio  com um agradecimento profundíssimo e bem amoroso às mulheres que mais amei, apenas platonicamente ou também fisicamente, bem como às que mais me amaram, igualmente platonicamente ou não, sem esquecer a mãe e quem me cuidou, amou e instruiu em criança. E, finalmente, invocarei essa misteriosa alma-gémea, ideal sempre flamejante no coração e nas profundezas e cumes dos nossos seres  e que, realizada ou não, nela mesma ou nas que a representam, deve ser sempre fonte de vivência mais intensa e profunda com quem nos relacionarmos mais amorosa elevando a nossa identidade e origem a um plano primordial de Unidade no mundo espiritual, donde parece que vimos, alguns seres mais sentindo tal, saudosamente, tal a amiga Dalila Pereira da Costa, uma das musas da nossa tradição espiritual, tal como Alcipe, Florbela Espanca, Natália Correia e demais criativas, a quem saudamos, e a si, neste dia, de 8 de Março de 2021.
E acrescentarei três imagens, de inspiração. 

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