segunda-feira, 10 de junho de 2019

"Os Melhores Sonetos Brasileiros". Uma Antologia lisboeta de 1924, na Colecção Patrícia, por Albino Forjaz Sampaio.

Uma antologia dos Melhores Sonetos Brasileiros, organizada pelo publicista Albino Forjaz Sampaio, era em 1924 publicada em Lisboa pela Empreza do Diário de Notícias, na mimosa e popular Colecção Patrícia
A escolha dos 24 sonetos incidira sobre 21 poetas, já que Raimundo Correia e Octávio Bilac tinham sido privilegiados, e para os leitores brasileiros do séc. XXI será interessante ouvirem pela primeira vez a poesia de alguns autores escolhidos há cerca de 95 anos como os melhores sonetistas, e que foram anotados bio-bibliograficamente no fim da obra:

Refira-se de passagem que Albino Forjaz de Sampaio (1884-1949) era tudo menos um poeta e destacara-se primeiro no jornalismo, discípulo de Fialho de Almeida e Bulhão Pato, e depois num ensaísmo realista tanto histórico e crítico como cínico, irónico e imoral, com algumas obras de espantar o burguês, hoje ilegíveis, e sobretudo mais tarde pelos seus estudos, conhecimentos e publicações de bibliofilia e de bibliografia que lhe granjearam justa apreciação, destacando-se nestes, primeiro a sua pequena mas pioneira História da Literatura de Cordel, em 1914 e depois sob a sua direcção a  monumental História da Literatura Portuguesa, (1929-1942) em 4 volumes e ilustradíssima tanto com os frontispícios das obras antigas, e imagens e biografias dos autores como também, muito originalmente com as dos seus comentadores ou estudiosos vivos, numa união imortalizante valiosa... 
A sua escolha nesta Antologia realizada para a Colecção Patrícia, que publicou dezenas de volumes pequenos ("218 páginas, muitas gravuras, estudos sintéticos e completos" e mimosos de grandes autores, em 1924 (e nomeando na bibliografia que o ajudou oito antologias anteriores)  reflecte a sua vertente pessimista de tristeza e desilusão da vida e não é com facilidade que saímos deste registo mais sombrio das dores e sofrimentos, ilusões e frustrações, transitoriedade e morte para encontramos sonetos mais confiantes e lutadores, amorosos e imortalizantes. 
 A omissão de mulheres, embora cite na apresentação Leda Rios, Francisca Júlia e Gilka da Costa Machado, talvez esteja em consonância com algum laivo do machismo típico da época patente aliás em algumas das suas obras (e anote-se que já Almada Negreiros no Manifesto Anti-Dantas o critica),  devendo registar-se a sua antologia com Bento de Mântua de um cancioneiro de poemas ao longo dos séculos dedicados à prostituição, o Livro das Cortesãs, 1916.
 
 Escolhemos e fotografamos assim dois deles:
 
 E vai especialmente oferecido às almas luminosas e  poetisas do Brasil Luama Sócio (também notável cantora, nomeadamente com À Alma), Daniela Pace, Luciane Couto, Gisele Verillo, Rachel Araújo e Ellen da Silva...
Que o arco-íris que liga o Brasil e Portugal se fortifique e apure, e irradie muito luminosa e harmoniosamente para todo o mundo...

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