quarta-feira, 14 de maio de 2025

Um poema aos mártires e sufis de Bagdad e a Mohammad Abdur Rashid Barahona, por Dara Mota, 2003.

Em Março de 2003, movidos pela ganância das riquezas petrolíferas do Iraque e apoiados por alguns dos seus rivais, sob o falso pretexto de que tinham armas nucleares, uma coligação de estados ocidentais liderados pelos norte-americanos e britânicos bombardearam incansavelmente, mataram cerca de 150.00 pessoas e feriram, traumatizaram e envenenaram muitas mais, destruindo os principais centros do Iraque e em especial a cidade de Bagdad, mítica desde os contos das Mil e Uma Noites e as vidas dos santos e mestres sufis...

Vivendo então no Vale da Figueira, perto das termas do Agroal, Tomar, com a Maria, fazendo agricultura e vinha biológica, escrita e meditação, sem internet nem televisão, escrevi várias páginas e alguns poemas. E agora nestes tempos de novas mentiras e imperialismos ocidentais e sionistas assassinos ou mesmo genocidas, andando em busca nos meus diários escritos de referências ao querido amigo Afonso Cautela, para o seu In-Memoriam, encontrei algumas dessas páginas ou folhas de empatia e de indignação. A que transcrevo é um poema dirigido aos mártires e sufis, os místicos do Islão, tanto shia ou xiita como sunita, e ao António Barahona que então lançara um poema numa folha volante, insurgindo-se contra a profanidade e criminalidade norte-americana.

O poeta sufi, e amigo, António Barahona recebera o seu nome iniciático de Muhammad Abdur Rashid, com que assinou por vezes suas criações, e eu utilizei o Dara Mota, em homenagem a Dara Shikoh (1615-1659), o místico sufi e intereligioso que desde há muito gosto ou amo e a quem dediquei alguns textos, traduções e vídeos no Youtube. 

Mian Mir, Mulla Shah e Dara Shikoh, numa pintura mogol do séc. XVII, hoje no Victoria and Albert Museum, Londres.

Dara Shikoh, fora iniciado por dois mestres, Mian Mir e depois pelo seu discípulo e sucessor Mulla Shah, da ordem Qadiriyya ou, como eu traduzi, Kadirica, que foi muito importante na Índia, Paquistão, Iraque (Bagdad) e no Irão, pois gerou ou inspirou valiosos místicos na continuidade de uma linhagem ou silsila viva ainda hoje, e que remonta ao famoso Ali, o 1º Imam dos Xiitas, casado com al-Zahra Fatimah, a filha do Profeta.

 O poema refere ainda o famoso Mevlana Rumi (1207-1273) e o seu mestre Sham de Tabriz, pois li-o, peregrinei ao seu mausoléu em Konya, Turquia e senti bem a elevada espiritualidade e amor que realizaram, o que transparece bem na sua vasta obra poética, Diwan, infelizmente em geral mal traduzida do persa nos meios ocidentais. 

O túmulo de Mevlana, em Konya, Turquia, alto templo do amor.

Eis o poema então bastante sentido e de coração, datado mas perene tanto pelas destruições e ameaças que o imperialismo ocidental e sionista ainda causa no mundo como pelo valor eterno da realização  mística de alguns destes seres do Oriente sagrado.


Bagdad Kadirica, Bagdad milenária,
cidade mítica de ouro, prata e jóias,
tens agora os teus jardins regados de sangue
e os céus límpidos toldados de fumo e bombas.

Ó comunhão sufi e cristã,
ó pontes entre o Eufrates e o Tejo,
dificilmente construídas ao longo dos séculos,
como se atrevem eles a profanar-vos?

Convocam-se os espíritos mais luminosos
as mesquitas e os santuários acessos,
 irradiem luzes e orações santas,
vem juntar o teu coração, ó irmão.

Ó Mohamed Al Rashid Barahona,
epifania sufi na finisterra Lusa,
crê que os antigos cavaleiros e iniciados
estão ao lado dos mártires de Bagdad.

A vida é curta e rápida,
caravana que atravessa o deserto.
Funde-te no Todo Poderoso
ó Quadiri, ó Irmão,
Assim te diz Dara Mota.

Os disparos assassinos e brutais
retalham o corpo inteiro da humanidade.
Todos estamos a ser atacados,
todos estamos a ser derrotados.

Mas no fim, o vencido criminoso
será o aparente vencedor:
Bush e a mafia que o rodeia,
Blair, o criminoso e colérico inglês
e todos os que se vendem ao imperialismo,
ao dólar, consumismo e hubris americana.

Restam-nos os mundos espirituais e divinos,
onde assassinos, mentirosos e manipulados não entram,
ò Kadir, ò Rashid, ò Shem Tabrizi, ò Rumi, assim o diz Dara.
 

terça-feira, 13 de maio de 2025

Da meditação e elevação da alma. Do cálice do coração e das práticas respiratórias e recolectivas.

                                                             

Meditar é proporcionar ou oferecer ao centro da alma, que é o cálice do coração espiritual, vibrações de melhor qualidade. Assim a realidade intrínseca do que denominamos alma é  movimento, transformação e crescimento, consciencialização e expansão. Numa dinâmica  de peregrinos da verdade, de criadores da beleza, de cavaleiros do amor, somos ou tornamo-nos portadores do santo Graal, ao conseguirmos esforçada e sabiamente trabalhar, erguer, encher e derramar tal centro íntimo.

É nas pontas da serpente do devir, o Oroborus egípcio-grego que podemos ver e compreender melhor tal realidade: assim, no fim de um dia vivido, reflectimos, visualizamos e oferecemos  tanto o que fizemos ou aconteceu na jornada quanto as aspirações e compreensões que geramos, reforçando em nós as linhas de força mais valiosas, entretecidas com os outros e o Universo pluridimensional. Deste modo o Graal do nosso coração é trabalhado e iluminado pela vontade e a aspiração e é assimilado e erguido com gratidão.  

Já de manhã, ao começar-se a jornada, devemos dirigir-nos  ao Sol Divino da Vida e darmos graças por estarmos despertos para novas realizações, e abrir-nos às correntes espirituais e divinas que possam entrar ou passar pela nossa aura e ser. Nesta sintonização, e os centros de força ou chakras ganham muito com a contemplação do nascer do Sol e dos raios matinais, há um alinhamento e consagração nossa ao Dharma cósmico e terrestre desse dia e podemos receber raios, intuições ou impulsões de acção para o que deveremos fazer, ou seja, para realizarmos o nosso swadharma, ou missão.

Quando pensamentos de ordem nacional ou internacional  aflorarem mais à nossa mente, devemos invocar-sintonizar o Arcanjo de Portugal (ou do nosso país), ou os guias da Humanidade, pedir-lhes bênçãos e aspirar  e reorientar os nossos pensamentos e sentimentos em rumos justos, luminosos, úteis.

Por estas duas práticas no começo e fim de cada dia, conseguimos transformar e melhorar a individuação da nossa personalidade elevando-a e religando-a espiritualmente, e sobrepomos ou transmutamos as reações instintivas e desejos ou receios com a vontade do bem comum, o auto-controle, o discernimento, os esforços e aspirações e o amor que sentimos, e pelo qual adoramos seja a Ordem do Universo, seja a Divindade e as suas faces, seja ainda ajudando ou servindo os próximos que necessitam, onde quer que estejam.

O resultado destas vivências e práticas deposita-se como tesouro e combustível do cálice do coração e este pode inflamar-se com tais energias,  elevando a nossa alma, tornando-a mais vertical, clara e transparente, com raios e filigranas mais belos (o que raramente vemos), de tal modo que podemos aprofundar e desfrutar melhor a respiração vitalizante do Infinito Cosmos, sentir a natureza beatífica do espírito e contemplar as intuições que merecemos dos níveis espírituais.

Um dos processos simples de respiração é inspirar abrindo-nos às ondas e correntes de partículas prânicas e psíquicas que descem dos mundos subtis e espirituais e assimilá-las nos centos subtis e nervosos. Na expiração fazendo-as circular ou dirigir interiormente, ou então irradiando-as em boas energias, intenções e bênçãos para o Universo.

"Praticai e recebereis", disse o mestre Jesus. "Faz que Deus te ajudará", diz o nosso povo. "Persevera na aspiração e ergue o santo Graal ao Espírito", diremos nós...

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Uma oração poema a Deus. Da folha 113 dum diário já antigo, e agora melhorada na Lua cheia de Wesak.



 
Deus,  origem da Vida e ícone brilhante,
sabemos que estás em toda a parte
mas nós penamos por te achar na felicidade
e remamos cansados de escolas e livros no Oceano. 
 
Desce sobre nós a tua mão sagrada,
   abençoa-nos com o calor da tua Presença,
      que o Teu Nome e vibração seja fogo na matéria.
 
Do alto dos Céus, na imensidão do Espaço,
Tu estás no Centro, Um só Infinito,
ardente de Amor e solidão na Unidade do Espírito Santo. 
 
   Para ti acordamos ao nascer do dia,
quando aTua face radiante aquece as nossas vestes
e dentro de nós ritmos e movimentos quentes
nos levam à acção dum novo dia,
para Te manifestar, para Te levar a conhecer e a amar.
 
Tu, cósmica cruz, és imagem de nós de braços abertos
às correntes planetárias e recebendo as bênçãos do Céu
para nos tornarmos Teus inspirados ou ungidos,
mistério sagrado do nascimento da Primavera,
do Menino do Espírito e da nova Era em nós.
 
Ó Deus, sopra em nós o Amor e a Luz da tua Essência,
    a voz e modulação da tua Consciência e Vontade.
 
 
 
Vem, ó Deus, ó Deusa, ó Divindade,
qual Lua Cheia curativa e iluminadora,
brilha e irradia mais no nosso coração e seres. 
 

domingo, 11 de maio de 2025

Ensaio breve sobre o Amor.....

 O Amor é a minha religião, quer dizer que é através do amor que nos conseguimos ligar a Deus, ao Cosmos e aos outros seres mais harmoniosa e profundamente.
O Amor é então a chama do nosso ser, tendendo para a Divindade e bordejando ou unindo-se à dos outros; e quando há afinidades vibratórias, seja a que nível forem, há trocas energéticas que podem ir desde o sorriso a uma fogueira ou incêndio imenso, ou à plena unidade.
Sendo o Amor a nossa religião devemos cultuá-lo, animar a sua chama diariamente, constantemente. E por isso foi dito: "ama o que fazes e pensas, diz e faz o que amas." Isto quer dizer que devemos ser sinceros, espontâneos, transparentes, irradiando o nosso ser mais íntimo, assumindo-o criativamente em sintonia harmoniosa pluridimensional.
Vivermos em a
mor, tentando sê-lo com o número adequado de seres animados e "inanimados", implica sabermos que as características e ideias específicas de cada ser determinam atrações e repulsões e estas últimas em certos casos impossibilitam o normal amor fraterno, e mais  ainda a possibilidade de estados mais unitivos de amor. Embora a nossa chama interna do amor deva continuar a arder, mais ou menos na sua irradiação natural, pois a plena ou universal é dificílims manter face tais oposições ou dissonâncias psico-vibratórias, há que portanto saber morrer ou desprender-nos e renascer e avançar...
Ora quando sentimos tais choque ou confrontos e necessitamos de limitar portanto a nossa expansão amorosa ou inclusiva devido a tais condicionalismos psíquicos ou ideológicos, para além do morrer e renascer, como deveremos assimilar tal e determinar-nos e harmonizar-nos em espiral ascendente?
Há  formas ou movimentos
espiritualmente regeneradores na aura que devemos cultivar ou invocar mais, seja pela oração, meditação, exercício ou som? Há mandalas, imagens ou ícones mais propícios a contemplarmos e harmonizar-nos? Será com o mestre ou o ensinamento que mais sentimos afinidade que devemos renovar ou aprofundar a ligação ao Amor e inspirar-nos? Será com os amigos ou os co-discípulos ou discípulas mais próximos que devemos dialogar, sublimar e harmonizar tais conflitos, e desse modo partilhar e intensificar a nossa alma, ideias, lutas, aspirações, amor?
Se estás em Amor, se o demandas, ne
cessariamente as tuas movimentações e escolhas serão ditadas ou pelo menos influenciadas por ele, mas devemos compreender que Amor não é só fluidez, simpatia e doçura pois muitas vezes nasce de contrastes e oposições fortes e outras vezes ele tem de ser a espada forte que corta ou repele o que é ignorância, inconveniente, mal ou falso.
Claro que devemos estar atentos e discernir se estamos demasiado na cabeça e no ego, e perdemos a impregnação do nosso ser pela flama do amor e a sua irradiação pelo centro subtil do coração e estamos antes a ser levados por reacções emotivas e posições extremizantes.

Por isso sempre se recomendou no caminho espiritual um frequente alinhamento auto-consciencial, postural, respiratório, meditativo para dissolver tensões, nós, inconsciências, traumatismos, acumulações e ilusões e permitir que a circulação energética interna ascendente e descendente e a irradiação do coração estejam activas, e para seja acolhermos seja para acertarmos melhor nas ideias e reacções, orientações e ritmos.
Pouca gente tem consciência do espaço de tempo que sua vida terrena abrangerá bem como, a cada momento ou fase, das prioridades de utilização e desenvolvimento das suas capacidades. E contudo a Parca virá fatalmente um dia cortar o fio da vida e teremos de abandonar o corpo físico com a alma e
as suas capacidades mais ou menos desenvolvidas, aperfeiçoadas, frutificadas.
Assim na via do Amor cada se
r deve estar bem consciente da intensidade do que deverá desabrochar  na sua alma e ambiente, e que laços, amizades e uniões cultivar, e ainda que tarefas prioritárias deve concluir para o Amor circular mais forte na sua alma e ambientes, para ir cumprindo as potencialidades da sua missão ou dever na Terra, só, em família ou grupo, lutando pelo amor, a justiça, a sabedoria, a solidariedade, a ecologia, a multipolaridade, religando-se ao seu Espírito e ao seu Deus, no coração, e de modo a que quando morrer as correntes de Amor a atraiam para o Sol do Amor Divino Primordial, através dos mundos de Luz que nos couberem e provavelmente o diálogo e convivência com os espíritos mais afins, no infinito campo unificado de consciência, energia e informação em que todos estamos entretecidos...

sábado, 10 de maio de 2025

Do Amor, em si e em nós. Texto começado há algum tempo e terminado agora.

                    

O Amor anda sempre a correr ou a voar à nossa volta, ou sussurrando interiormente, mesmo quando descrentes dele ou cansados pois, num piscar de olhos, ei-lo de novo unindo o que está separado,  aquecendo e irradiando.

O Amor é o grande imã que nos sintoniza com o Cosmo, une corações e vence dúvidas, desânimos, idades, doenças, separações.

Amor, o conquistador. Mas também o sofredor, a flecha que fere com doçura e amargura, o menosprezado na sua subtileza íntima

O Amor é a unidade da esfera, da Terra, de tudo, universal, subtilmente se exercendo.

Atrai as pessoas, aproxima-as, deixa vir ao de cima a alegria, o riso, o desejo, a unidade, a complementaridade.

Do amor assumido e incarnado muitas espécies e variedades germinam, desde as mais simples às mais exóticas.

 Vê bem que flor ou árvore é a tua, ou as tuas, ou as que mais amas...

Dizes que és uma rosa, mas como se não consegues ter o despojamento, a humildade do abrir-se e emanar para toda a gente, e por fim morrer deixando cair pétala a pétala, desejo a identificação, por terra e para os mundos de luz se elevando?

Através do Amor, rezamos, religamos, irradiamos.

Sim, possa o Amor em ti suscitar asas de elevação para Deus, para a Alma do Mundo, alargamento de consciência e de coração manifestado em acção sábia e compassiva, criativa e fecunda...

O Amor em mim, na sua expressão mais elevada é por Deus, pelos mestres, pelo anjo, pelos espíritos conhecidos e antepassados, e em seguida pelos meus próximos, contemporâneos, em contactos pessoais, e em obra gerais.

Nos contactos pessoais, o Amor é como o Sol na Primavera e no Outono, surge brilhante, oculta-se enfraquecido, mas perdura sempre como a fonte da vida do universo.

Internamente ou animicamente o Amor é o fogo da vontade de vida Divina e não o devemos deixar apagar, por maiores que sejam as desilusões, dificuldades e sofrimentos.

O Amor é a melhor emanação do Eu espiritual e Divino em nós, uma centelha do Sol do Amor Primordial pulsando, respirando, irradiando.

Sê Amor! Brilha no Amor! Que a ignorância, o ódio e a morte sejam vencidos pelas chama do Amor e da sua sabedoria! 



sexta-feira, 9 de maio de 2025

Um poema religioso, dum diário bem antigo...

Cristo, mensagem do número eterno.

Aqui e agora, de braços abertos,
coração no centro:

- Ó meu Deus, dá-me da Tua força
para eu servir de rebocador,

Afirma-me no Amor,
para eu ser um conquistador,

Lava-me de branco,
para eu ser Pureza, 

Inflama-me o coração
para ser farol no temporal,

Torna-me sereno e feliz,
ajudando a felicidade dos outros,

Eleva-me à tua consciência,
pois amo-Te e quero conhecer-Te melhor.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Um poema espiritual do coração.

                                                     

 Um poema espiritual do coração:

Esta busca da Verdade,
 esta aspiração do coração,
    este querer vencer e a Ti chegar,
levaram-me a p
artir pela Terra Lúcida,
que talho na in
tempérie do tempo e do espaço,
entre sonhos e meditações, no almejar do coração.

Chamo por Ti e por vós, Deus, mestres e anjo,
soprando por entre mil livros e manuscritos
onde derramei esta aspiração de comunhão
mais próxima com a Verdade e a Luz.

Tudo tem o seu momento certo, ó Pedro.
Congratulo-me com o teu labor:
tenta ser e avançar no fogo do
Amor,
persevera na interiorização e abnegação,
que entrarás mais no templo do Coração!