Imagens da II Mostra artística de Manuel Bernardes e Rui Mantero, aliás da entidade MBRM, pois todas as pinturas resultaram de um trabalho a dois e, portanto, da entidade que se gerou em cada quadro e da entidade que eles próprias geraram na sua tão artística e persistente conubio alquímica. Tão perfeita que, estamos certos, qualquer crítico de arte que visitasse a mostra-exposição não daria conta que as pinturas provinham de duas mãos, duas almas mas que realmente convergiram para o ovo primordial, abrindo-nos uma janela não provinda de um cadáver esquisito mas sim de uma entidade nova na humanidade e sua história.
O trabalho durou mais de um ano e, mais do que no calmo diálogo sentado e bem fotografado acima, numa união esforçada e suada de espatular, talhar, pintar, animar uma série de obras, todas elas com títulos profundos, históricos, merecidos e que ora nos desafiam ora nos encantam, algumas certamente se destacando das outras, e duas dessas serão as finalizadoras deste breve relato do que se encontra a palpitar numa das belas casas da rua Eduardo Coelho, e que, como num templo da Arte, poderá contemplar nos próximos tempos...
Na transitoriedade das ocupações e movimentações nas casas, as paredes são ainda assim das zonas mais duradouras ou resistentes e podem assim acolher uma súbita geração criativa artística de dois amigos...
Nesta pré-abertura, além do Rui Mantero, anfitrião e do Manuel Bernardes, estiveram o Manolo Mantero e o Luís Teixeira da Mota, que não ficaram nas fotografias, o Alcides Lé e a Susana, o João Botelho e a mulher e, finalmente, este peregrino.
A busca a dois do Sol - Luz - Espírito - Perfeição...
Houve bons diáogos, um deles sobre o IADE e os seus professores, os melhores e os piores, com suas idiosincracias, já que o Rui Mantero esteve lá nos finais dos anos 70 e o Alcides Lé nos anos 90. Mestre Lapa, António Quadros, Sá Nogueira foram alguns dos mais referidos...
O Alcides Lé, amigo de longa data, ecológica, macrobiótica, pacifista, e a Susana, dois seres de artes, educação visual e design...
O Rui Mantero interroga-se como sente Agostinho da Silva e o seu pai, duas das suas grandes amizades, se apenas dentro dele enquanto afectividade e ligações ou se como entidades vivas noutros planos mais subtis, tal como eu propuz...
No coração, apenas... O que já é muito, ou o essencial...
Moliére, se chama esta pintura. Eu vi as páginas douradas e, ao longe, com mais profundidade e multidimensionalidade, mas já o Rui vê não o livro mas o director de cena, o dramaturgo, chamando-nos à acção...
Uma das pinturas mais fortes, carnudas, multidimensionais, como que rosa, alcachofra, pessoas, corpos e faces e que foi longamente apreciada, seja no labor das camadas a espátula, seja na pequena imperfeição do risco branco que ao separar o alto do baixo, corta um pouco a entrada no gomo ou corola central, qual íntima alma nossa.
Santuário. A pintura da esquerda muito nesse sentido e das melhores...
A Arte como capacidade do ser humanos se elevar para fora do tempo, ou para outro tempo mais luminoso e verde... |
E da varanda da tão simpática casa há ainda uma bela vista (quase igual à que deliciou ou harmonizou o Agostinho da Silva, vizinho de rua paralela) sobre a Lisboa perene e o céu azul ou mesmo anilado e suas brancas nuvens, tão artisticamente modeladas por vezes... Pax....
2 comentários:
Viva Pedro
Entendimento profundo da mensagem desta mostra de pintura!
Obrigado companheiro
Rui Mantero
Viva Rui.
Desculpa lá só agora ver a mensagem e poder agradecê-la, ao estar a aproveitar esta época covineira para rever todo o blogue. Abraço luminoso e criativo!
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