Por vezes, quando saímos de uma visita tardia a uma casa de uma senhora amiga, que vive só, com a sua horta e terrenos, as devoções religiosas, o cão alegre e as galinhas poedeiras, a cidreira e o poejo, a lareira e a vasta casa, outrora cheia de gente e agora de cortes abandonada, não podemos deixar, vendo o crepúsculo que nos cobre com a sua inexorabilidade diária na natureza e individualmente, esta mais sentida quando o tempo da peregrinação na terra se vai pondo ou apenas nos dias mais difíceis ou cansativos, de sentir respeito, admiração e sacralidade pelo que tais momentos de transição nos mostram iniciaticamente até de morte e ressurreição, e nos falam ou sopram da fragilidade, da subtileza e do indizível que nos rodeia, cobre e desafia.
A árvore de braços estendidos parece chamar-nos...
Subitamente, o que poderia ser apenas o começo da noite longa e fria do Outono, com os carvalhos desaparecendo nas trevas e os morceguinhos vindo ao de cima, reveste-se de colorações e aberturas que nos fazem pressentir momentos de maior comunhão com a sublimidade divina que a Natureza por vezes deixa transparecer e, logo, em nós pode despertar...
Avançando para a vista descoberta, observamos que o altos e não muito distantes montes que nos circundam e fazem planos para o horizonte sem fim são sobrevoados por formas cambiantes e coloridas de nuvens e neblinas, que parecem ondular em planos sucessivos tingidos do Amor Divino que os raios do Sol derramados criam em momentos especiais.
Pouco se pode dizer então. Apenas sentir bem com a alma toda e ser um com o vasto horizonte cosmicizado, de tanto Amor inundado...
Visitação geresiana, da qual damos graças, registads ainda, modestamente, na gravação de telemóvel, de um minuto, que se segue....
Acabam de ser dadas à luz as actas do colóquio realizado no Porto, entre 4 e 6 de Março de 2018, de homenagem a - Dalila Pereira da Costa no centenário do nascimento 1918-2018, na Biblioteca Humanística e Teológica, da Universidade Católica Editora, Porto. São
trinta e seis comunicações, várias valiosas. Transcreverei o meu
contributo, agora com uma dúzia de correcções ou pequenas ampliações. No fim está o vídeo que regista o meu contributo de discurso pessoal no momento e sem apoio de texto, apenas lendo uns fragmentos de cartas enviadas por Dalila. «Escrever para um In-Memoriam, e neste caso o da querida amiga Dalila Pereira da Costa (1918-2012), após
ter participado no Porto no Congresso em sua homenagem com um
testemunho improvisado mas que ficou gravado [ver no fim], é sempre uma
responsabilidade pois tenta-se perenizar um ser, e sua vida e obra, através de contributos ou testemunhos que sirvam tal desiderato para os vindouros. Aproximemo-nos dela primeiro como pessoa e amiga: Dalila tinha em si muita
afabilidade e discrição, silêncio e hospitalidade, carinho e amor,
que manifestava de vários modos: na sua vida recolhida de escritora
e mística, no cuidado com a sua casa, jardim e estufa de plantas no
Porto e com a administração da sua quinta no Douro, na
aparência sempre discreta mas impecável, nos sucessivos cãezinhos
que a acompanharam e que amava, no modo acolhedor com que nos recebia
(e muitas pessoas passaram pelo seu verbo e lar), sempre pronta a
preparar uma lanche ou uma refeição, na qual se alimentava
parcamente, no culto da amizade mantido com muita fidelidade e
manifestado na correspondência numerosa que mantinha, sabendo-se
hoje que foi quase toda preservada, fazendo cópias mesmo das cartas
mais importantes enviadas, amizade que gerava fotografias
emolduradas na sua sala biblioteca, no andar térreo, ampla mas
atulhada de mesinhas, objectos, livros, gravuras, e a qual a impelia a
interrogar-nos acerca dos amigos comuns de Lisboa, no caso
principalmente Agostinho da Silva, mas também o P. Mário
Martins, António Quadros, Afonso Botelho, Lima de Freitas e, do Porto, Sant'Anna Dionísio, e de Évora, a Aldegice Machado de Rosa. Se referimos estes nomes é porque na realidade Dalila, ainda que bastante distanciada e não aceite ou valorizada no meio académico ou universitário (embora se tivesse licenciado em Ciências Históricas Filosóficas,
em Coimbra, em 1944, mas nunca exercendo tal profissionalmente),
ou até apenas literário, estava bem inserida na tradição cultural
e espiritual portuguesa, não só pela sua formação, leituras e
amizades dialogantes, mas porque se sentia no fundo discípula de
Teixeira de Pascoaes, de Leonardo Coimbra, do movimento da
Renascença Portuguesa, e ainda de Joaquim de Carvalho, Virgílio
Correia, Damião Peres, Torquato Sousa Soares e Amorim Girão, seus
professores de Coimbra,com
eles partilhando um grande amor da pátria, da literatura e da religiosidade
portuguesa pagã e cristã e das suas realizações, tradições e
locais sagrados.
Era
no 1º andar da sua casa na Av. 5 de Outubro, nº 444, Porto, numa
pequena salinha, no canto entre duas altas janelas com belas cortinas, que Dalila de Pereira da
Costa cumpria com amor a sua missão principal na vida: a de ir
escrevendo, lendo, investigando, meditando, orando e intuindo os
principais aspectos da religiosidade e espiritualidade portuguesa, o
que fez em cerca de trinta livros, escritos ao longo de 40 anos, na
sua peculiar linguagem e nos quais faz uma hermenêutica espiritual
das suas experiências energético-espirituais e, como ela disse em relação a Portugal, «uma
exegese simbólica da sua cultura», não só através das obras dos nossos
principais escritores, de Gil Vicente a Fernando Pessoa, como
sobretudo de muitas raízes pré-históricas, tradições populares,
superstições, mitos, locais sagrados, festividades, momentos
históricos, e num modo muito orgânico, estudado, sentido, intuído e
nada enciclopédico e de pseudo-esoterismo, dos quais se distanciava.
Quando
contemplamos as obras dos séculos XX e XXI sobre a espiritualidade e
de algum modo de esoterismo português, sem dúvida que
inesperadamente Dalila se avantaja em relação a todos, mesmo a Agostinho da Silva e Lima de Freitas e, apesar de alguma
crítica de resultados do 25 de Abril, de um excessivo amor da
Pátria ou de uma referenciação maior do Cristianismo, seu é um
valioso espiritualismo universalista assente na tradições
vivenciadas no território português mas dialogante com as outras,
nada tendo a ver com esoterismos e ocultismos incomprováveis
ou interpretações facciosas, tais como vemos tanto na
contemporaneidade. Ressalve-se contudo nas últimas décadas a
existência de cada vez mais interesse pelo simbolismo e esoterismo
nos meios universitários e, consequentemente, surgirem bons trabalhos,
ainda que em geral apenas intelectuais, publicados em actas de
colóquios e congressos ou em revistas, a própria Dalila tendo recebido um ou dois no fim da sua vida.
Na
verdade, Dalila Pereira da Costa fez uma revisitação pioneira muito completa da
história cultural, religiosa e espiritual de Portugal, e aprofunda
com grande sensibilidade e boa erudição os aspectos mais valiosos,
dando nos seus diversos livros sucessivas aproximações, sem
que, com esses trabalhos de alguma erudição (dos quais se queixava
um pouco pelo trabalho que davam), não deixasse de ir realizando as
suas vivências e investigações oníricas, poéticas, visionárias
e espirituais, que resultaram depois também em livros, uns
certamente mais pessoais, do seu inconsciente, e outros mais
universais, válidos e operativos, frequentemente combinando até as
duas vias nas mesmas obras.
Grande
parte da sua poética é fruto de incursões no inconsciente ou então
de subtis erupções ou visitações supra-discursivas, das quais ela
admitia ser o seu anjo ou o ser Divino. Já as obras em prosa são
claras tentativas de aprofundar o conhecimento subtil e espiritual,
ou de compreender melhor o corpo espiritual e o Ser e Força Divina,
dos quais Dalila desde muito cedo (num jardim em Coimbra, 1938, e
doenteem
1946, no Porto e em 1960, na Bélgica) tivera três experiências
muito fortes, aproximadas, descritas e interpretadas nas suas obras A
Força do Mundo,
1973, e Os
Instantes,
1999.
Dalila Pereira da Costa, Sant'Anna Dionísio e Pedro Teixeira da Mota, em Rio Mau.
Na
nossa convivência, durante alguns anos mais frequente por eu estar a
dar aulas de Yoga e meditação no Porto, o seu amor ao conhecimento
vivo levou-nos, e até com Sant'Anna Dionísio, a
peregrinarmos a locais sagrados, tais como Cárquere, Panóias,
Rezende, Igreja de S. Cristóvão de Rio Mau, e de tais incursões e meditações escreveu ela
em jornais e livros. Também a sua abertura ao conhecimento que os
outros lhe podiam partilhar me fez dar, emprestar ou comprar para ela
alguns livros, havendo ainda uma correspondência razoável e
telefonemas, pois estava sempre interessada no que eu ia realizando espiritualmente e fazendo, animando-me na missão que segundo ela me competiria. Nos meus diários ficaram registados algumas pétalas ou sementes dos nossos encontros e diálogos, tal como nas cartas enviadas estão ensinamentos valiosos pela sabedoria pessoal e inédita que partilham e que provavelmente um dia divulgaremos. A sua gentil e grave, silenciosa e sibilina alma transparece nos livros recheados de pérolas e escritos na sua linguagem feminina profunda,subterrânea, mística e misteriosa, banhada ou alimentada
pelo seu jardim, estufa ou viveiro de subtis gerações da natureza, e a urbe portuense e pelos vinhedos e quinta do
Douro ou, mais ainda, inspirada pelos seus remotos ascendentes e genes
celtas e irlandeses, revelando-se como porta voz de estados ou níveis
superiores que a habitavam, ou que frequentemente se deixavam tocar, ou a tocavam, seja quando escrevia, seja quando de noite ouvia, sonhava ou visionava e que numa cognição matutina ou auroral anotava. Dalila Pereira da Costa era certamente uma descendente (ou continuadora) das Sibilas e Sacerdotisas antigas, e gostava de me apontar ou relembrar na sua quinta duriense do Salgueiro a existência de um pequeno bosque deaveleiras, um
temenos ou hortus conclusus, a elas e ao Divino consagrado, e por lá meditava e escrevia
eu nas horas mais quentes ou nos regressos das subidas ao
poderoso Marão, que nas costas da sua quinta se erguia e me
desafiava a descrever as subidas, a meditar e a poetizar nos seus
cimos e a recolher cristais de quartzo, tanto mais que por vários
anos seguidos passei uma, duas ou mais semanas à volta do meu aniversário no Verão,
retirado nas suas casotas ou casa, em práticas de recolhimento,
ascese, peregrinação, oração, escrita e meditação. Entrando
agora numa apreciação muito sintética da sua obra, do seu hortus conclusus ou jardim fechado, diremos que as
suas primeiras obras são muito pessoais, íntimas, místicas e,
embora a primeira seja O
Esoterismo de Fernando Pessoa,
1977, na Lello (que será a sua livraria editora, pois era até de seu primo Edgar), de
facto é mais o seu Fernando Pessoa, pois então ainda muito do
esoterismo dele não tinha sido publicado, à parte a Mensagem e alguns poemas,
tratando-se de um trabalho exegético resultante de conjunção da
projecção da sua própria religiosidade e espiritualidade com a que ela
sentia e pressentia em Fernando Pessoa. Bastantes anos mais tarde
voltará a Fernando Pessoa, e bem mais conhecedora do seu esoterismo
publicado (e para o qual eu contribuíra com quatro livros de inéditos),
em edições conjuntas com António Quadros e José Augusto Seabra, esta de 1993. A sua 1ª obra, A Força do Mundo, de 1972, com três capítulos, no 1º capitulo, "Três meditações sobre o êxtase", relata, interroga ou especula as suas precoces experiências espirituais, através de reflexões escritas entre 1952 e 1971, e que tinham sido já publicadas em francês na revista Esprit, em Novembro de 1970. De tais experiências dará, como já aludimos, uma última interpretação, em 1999, Os Instantes nas Estações da Vida, a instâncias do Padre Ângelo Alves, onde apresenta talvez mais catolicamente as suas experiências, terminando com a valorização, talvez algo excessiva, da mística "como ciência experimental de Deus" «indispensável neste período de treva actual, onde as mistificações imperam no campo gnoseológico do transcendente, em tantos pseudo-conhecimentos, de ocultismo, variadas teosofias, variadas seitas, como movimentos sempre acompanhando a degradação dum período civilizacional», denunciando ainda o contraste entre o silêncio ou música calada que são a essência divina, e o barulho, «como reino do Demónio. Polo oposto em que, na sua demonização, caiu o mundo actual». Na ordem cronológica do seu percurso o livro seguinte é o Encontro na Noite, de 1973, dividido em três partes, o Anjo, a Cidade Perdida e a Potência e o Verbo, com textos de 1962 a 1972, poéticos, sibilinos, basicamente descrições de sonhos e visões, imaginações e intuições, os da 1ª parte mais ligadas com os Anjos, na 2ª parte acerca da realidade subtil invisível das cidades, fruto de um dos seus dotes de certa clarividência e manifestado noutros livros, e na 3ª de reflexões e intuições sobre o processo de escrita e da palavra, em especial poética, com grande beleza e originalidade. Se na obra seguinte, Duas epopeias das Américas. Moby Dick e Grande Sertão: Veredas (Ou o
problema do Mal) 1974,
analisa estes livros de Herman Melville e de João Guimarães Rosa,
tecendo considerações e analogias metafísicas e afirmando a sua
esperança no Homem cordial do Brasil (onde vivera alguns anos),
já com a Nova
Atlântida
(1977) e A
Nau e o Graal (1978)
entra no seu ciclo e estilo que se tornará habitual, o da
revisitação do sagrado na literatura, pré-história e história,
arte, religião e espiritualidade portuguesa, combinando o estudo
racional e erudito e a sua sensibilidade e intuição, entrando em
constante diálogo com outras tradições, sobretudo celtas e
orientais, estas em especial da Índia e do Budismo (que em geral criticava pela sua negação do espírito individual imortal), já que por
exemplo, desde 1976, na Introdução
à Saudade,
considerava a saudade como conhecimento-vivência de forma directa,
um meio de libertação tal «como o taoísmo, budismo zen, vedanta
ou yoga», ousando mesmo opor a saudade doce ao budismo amargo e
escrever: «O Eu, que o budismo estabelecera como inapreensível como
experiência directa, será apreendido como realidade central,
própria e concreta. E, ao contrário do budismo, afirmada em
toda a positividade, como entidade permanente substracto de nossas
experiências sucessivas (...) A um meio de libertação como
negação da vida, acto de extinção duma chama soprando (esse será
o significado da palavra Nirvana, segundo as raízes sânscritas)
como filosofia de aniquilamento proposta para seres além de todo o
humano, se contraporá aqui junto do Atlântico, na saudade, um
outro, realizado e proposto na realidade do humano totalmente aceite,
mas ultrapassado na exigência cristã: por sua assunção; e que
ainda nela, por ela, levará consigo a Natureza todo».
Em
1981publicará
de novo na sua linha mística de amor muito íntimo, subtil e
original, Os
Jardins da Alvorada, onde narra as suas vivências de amor ao Divino e especula sobre
tais visitações, sensações ou intuições dos Anjos e das faces
ou qualidades do Divino, e prosseguirá em tal via em 1982 e 1983,
nas Edições Nova Renascença, com Elegias
da Terra-Mãe,
poesias de diálogos com anjos e entidades de várias tradições,
e A
Cidade e o Rio,
nesta se mesclando reminiscências do que ela pensava serem vidas
passadas ou então do inconsciente colectivo, com a sua capacidade de
intuir visionariamente a memória dos lugares.
E
em 1993 gerará dentro dessa linha de poesia visionária e
supra-história e supra-racional, publicando na Fundação Lusíada,
a Hora
de Prima,
e em 2001, o Portugal
Renascido,
duas obras nas quais parece destilar as suas leituras
histórico-míticas, reminiscências ancestrais e vivências místicas
em poemas ou textos ora de sonhos, ora de escrita automática
surrealista, ora de aparência (ou até essência) oracular, sibilina
e de difícil exegese futura. Em
obras sucessivas continuará a sua exegética da simbólica e
espiritualidade portuguesa, arrancando-a das entranhas de sua
história, literatura e mitologia e expondo-a a uma luz favorável. É
o caso das importantes obras Da
Serpente à Imaculada
(1984), Místicos
Portugueses do século XVI
(1986), A
Ladainha de Setúbal
(prefaciada por Agostinho da Silva, de 1990, e onde se destacam a serpente e a montanha, a Rainha S. Isabel e D, Diniz, a Ordem de Cristo e Tomar ), as Raízes
Arcaicas da Epopeia portuguesa e camoniana (1991)
onde trabalha as tradições celtas, gnósticas e avicénicas,
nomeadamente quanto ao Anjo e ao Espírito, a Corografia
Sagrada
(1993), iniciada por um capítulo intitulado «Portugal, terra da
"Nostalgia do Paraíso"», onde rastreia, desde o shaman
representado na gruta do Escoural até aos pensadoras da Renascença
Portuguesa, a tendência de se vencer a queda e a cisão e se
recuperar o estado paradisíaco de união a Deus, com capítulos
consagrados ainda a Antero de Quental, Gil Vicente e Hieronymus Bosch, Fernão Mendes Pinto, Raul Brandão, Camilo Pessanha.
Na obra deste último, ainda que comparando a sua linguagem a referências budistas de Luz e de Nirvana e
questionando o seu estado anímico final, valoriza talvez demais
os significados e hipotéticas realizações da "Luz
Incriada"
no poema Branco
e Vermelho,
ao entroncá-lo na mística da Luz vinda dos Padres do Deserto e
sobretudo no Pseudo-Macário e Evagro do Ponto e ao considerar algo exageradamente «a
veracidade do poema Branco
e Vermelho
como transmissão directa duma experiência pessoal e vivida da Luz
arquetipal» (p. 49), «com valor tanto nacional como internacional
dentro da fenomenologia mística» (p. 47). De qualquer modo é um dos
capítulos da sua obra, escrito em 1989, onde mais especula sobre as
realizações da espiritualidade oriental, tanto budista como indiana,
relacionando-a com o poema e a possível vivência de Camilo Pessanha e
ainda com a da tradição cristã, tal como sempre foi seu hábito.
Seguem-se o Entre Desengano e Esperança. Ensaios portugueses (1996), onde fala de novo do Anjo de Portugal, da Renascença Portuguesa, do Culto do Espírito Santo e de Antero de Quental, este no capítulo O Eschaton da Santidade nos Vencidos da Vida e, finalmente, em 1999, Dos Mundos contíguos, onde revisita algumas das linhas de força que mais trabalhou, em especial a celta e, na plenitude de um conhecimento já bastante maduro, valorizando a união da ciência e da espiritualidade como novas Descobertas que nos desafiam, e a demanda do que é o corpo espiritual ou de glória, estando todavia algo dependente, como é recorrente na sua obra, da Bíblia e do Cristianismo, ainda que nesse valioso livro refira até bastante os Celtas, Irlandeses, Pérsia e a Índia, escrevendo ainda acerca dos processos criativos e energéticos no corpo e ser humano e, finalmente, sobre a "memória do lugar", em especial do seu amado Porto, por ela muito bem realizada ou intuída em visões.
Em dois livros finais, em formato grande, deixou Dalila Pereira da Costa as suas últimas compreensões sobre o sagrado em Portugal: A
Contemplação dos Painéis, de 2004, onde tenta descer ao fundo
ignoto de Portugal, implícito na pintura de Nuno Gonçalves, e clarificar os Descobrimentos como demanda, iniciação, e missão universalista de Portugal, bem como os mistérios do Anjo, do Eu espiritual e do Espírito Santo (citando bastante Henry Corbin), inclinando-se para, na esteira de José Saraiva e de Afonso Botelho, considerar que o enigmático santo central é o Infante D. Fernando: «Então, dois arcanos matriciais da religião história de Portugal, se unirão coerentemente na figura deste Infante: o Sacrifício e o Paráclito» (p.43).
E dá à luz já nos seus 88 anos de graça, em 2006, As margens sacralizadas do Douro através de vários cultos, desde o Paleolítico e realçando deusas, shamans, eremitas, sibilas, o Porto e a Galiza, e do qual, como de costume, me deu um exemplar autografado: "Ao amigo Pedro, esta lembrança do Douro, tão seu conhecido e percorrido - com o abraço de sua amiga dedicada, Dalila. Porto 13-XII-2006."
Neste seu livro último Dalila, logo no início, de novo interroga, ou mesmo afirma, um dom: «Acaso, só pela força recriadora da anamnese, poderemos ainda vislumbrar milénios passados, muitos desses rituais,
sua música, danças e celebrantes, persistindo nos tempos actuais? E
pela "memória do lugar", a que guarda, indelével, tal
chapa fotográfica, fielmente tudo o que um dia em passado longínquo
aí aconteceu. Para algum humano, tal dom de sobrevivência será um
dia
concedido eleitamente, em hora e data ignota?»
E na última página, segue tal repto sibílico, valorizando a galaico-portuguesa «alma matricial, desde seu princípio trazendo no seu seio, indiscernivelmente e sibilinamente, a profecia, como poder de ultrapassar o devir e ver o tempo na sua origem e essência vera, como eternidade./ Então perguntemo-nos: que outra sabedoria duma quinta sibila, desconhecida das quatro romanas se escondeu neste Noroeste ibérico?/ Houve remota memória duma "fatidica puella" entre os Arevacos (cf. Plutarco) e entre os Galaico-Lusitanos? E que mistérios ainda não ditos nem revelados guardou em si esta sibila?»
Depois desta revisitação breve dos seus principais livros, destacaremos sucintamente o que me parecem ser os principais núcleos de força valorativa na sua obra e ensinamentos: - A religação ao Divino, recorrente em todas as suas obras, ora como experiência directae
gnose, ora como aspiração, oração, intenção, objectivo,
transmitindo inúmeras facetas ou descrições dela, com conselhos
valiosos como: "velar para que essa ligação com ele não seja
interrompida", "subida dentro de nós do sol-nascente, ou
Salvador" (Ladainha
de Setúbal.
p.25), «abandono do seu eu inferior e atingimento do seu eu superior
unido ao divino, aquele que residia secreto mas vigilante no seu
fundo mais fundo» (As
margens sacralizadas do Douro através de vários cultos,
p. 94)
-
A intermediarização nesta ligação ao Divino, cumprida por Jesus e
Nossa Senhora mas também por outros mestres e grandes seres, embora
predomine a influência do Cristianismo em que nascera e a que se
afeiçoara.
-
A Deusa Mãe, cultuada na Pré-História e Antiguidade, com as suas
avatarizações sucessivas em deusas, ninfas e finalmente em Maria,
«mediadora, a que ergue da terra ao céu com ela, a Natureza e o
homem, como a Mãe completando a obra do Filho» (Ladainha de
Setúbal. p 144), Dalila crendo, no dogma da Assunção de Maria
aos céus no corpo físico, tal como no da ressurreição e ascensão
de Jesus.
-
Estudo e especulação sobre as diversas deusas e deuses cultuados ao
longo dos séculos na Península Ibérica, destacando-se Crono,
Apolo, Atégina, Endovélico, Esculápio, Lug, Bormânicos, Bande,
Trebaruna, Nabia e as Mães Galaicas (Matres Gallaece).
-
Valorização de um sacerdócio feminino primitivo e de práticas
oraculares, proféticas e iniciáticas, ao longo dos séculos no
mundo e em Portugal, manifestadas por sacerdotisas e sibilas,
matriarcas, diaconisas e sorores, videntes e poetisas.
-
Valorização da iniciação, desde os mistérios greco-romanos,
enquanto «ritos de purificação e iniciação mística secreta»,
nomeando desde a Grécia do orfismo e o pitagorismo até a Portugal,
pois neste «até à Idade Média e Renascimento se perseverou,
cresceu e actuou, um conhecimento tradicional esotérico, detido e
usado sobretudo por duas ordens, os Cistercienses e os Templários.
Iniciação que constava de uma intensificação da religação entre
o humano e o divino, união da imanência e da transcendência,
conhecimento este que se fará, não pelos olhos sensíveis, mas
pelos supra-sensíveis, como terceiro olho, o da sabedoria, o da
visão arcaica», de antigos e perdidos poderes humanos,
supra-humanos» Ladainha de Setúbal. p. 16, esta afirmação bem importante...
-
Valorização das seguintes vias de acesso ao conhecimento do Eu e da
ligação ao Divino, assim expressa já em 1986: « Uma realização
do eu transcendente, ou procura do anjo, através dos séculos, como
integração suprema. Usando a santidade, via heróica, a mística, a
poesia, a profecia, a alquimia, o sebastianismo, a saudade...»
(Místicos Portugueses do século XVI), a que acrescentaremos
a via onírica, bastante vivenciada e trabalhada por ela, tendo até
escrito um livro Os Sonhos(Porta do Conhecimento, em
1991, e do qual me enviou uma cópia policopiada em Outubro de 1988
para eu eventualmente editar nas Edições Manuel Lencastre) e a
música, não só humana, da qual recomenda as peças mais sublimes
de Mozart (Sinfonia 9 e Concerto nº 21), Beethoven
(Quarteto nº 132), Bach (Concertos Brandeburgueses),
Schubert (Nocturno em mi bemol, e nas obras póstumas, tal
como o Adágio em mi maior), e ainda Gluck e Vivaldi, mas também a
subtil e tão difícil de ser ouvida música celestial ou música das esferas (como lhe chamou Pitágoras e que de certo modo corresponde ao Sat Naam indiano), que ela própria vivenciou em 1999 numa
viagem de carro, por mais de meia hora, tal como narra nos Instantes.
-
Preferências pelas vias ou concepções filosóficas platónicas,
neo-platónicas, gnósticas, agostiniana, desvalorizando as vias
aristótelicas, escolásticas, kantianas, positivistas, materialistas
e no fundo privilegiando o órgão gnoseológico da
intuição-sentimento, referindo também nesse sentido mais de uma
vez o olho e o coração espiritual.
-
«A teoria da metempsicose, as reencarnações sucessivas sofridas»,
um tema ou uma linha de força tanto estudada e referida erudita e
comparativamente, como também intuída pela Dalila vivencialmente em
sonhos e visões, sem que contudo caísse na provável ilusão de
afirmar ter sido alguém muito importante, frequentemente parecendo
mais tais sensações, mencionadas sobretudo em poemas, como que
mergulhos ou arpoagens no que se denominará inconsciente colectivo
ou na «Memória do lugar», algo que ela tinha, talvez por atavismo
familiar dos seus ascendentes durienses e celto-irlandeses, e que
cultivou, especulou e partilha...
-
Aceitação do esquema das tripartição funcional das sociedades
indo-europeias, a religiosa ou sacerdotal, a guerreira e política, e
a trabalhadora ou da fecundidade, rasteando tal na Índia, em Roma,
nos celtas e em Portugal, nomeadamente manifestada nos Painéis de Nuno
Gonçalves.
-
Valorização, ou mesmo sobrevalorização, da realidade e missão de
Portugal, baseando-se muito em lendas, histórias e mitos,
amplificando-os (por vezes exageradamente) ou universalizando-os,
considerando Portugal como país eleito, aceitando a intervenção
divina, ou teofania, em Ourique a D. Afonso Henriques, mitificando e talvez exagerando os
Descobrimentos como busca do centro e do progresso espiritual,
considerando ainda que seria com o Marquês de Pombal que começara a
materialização e desintegração, quando de facto desde cedo tal
aconteceu, nestes aspectos demarcando-se do diagnóstico de Antero de
Quental nas suas Causas
da Decadência dos Povos Peninsulares nos três últimos séculos,
embora
em outros passos da sua obra Dalila reconhecesse tal desiludida até,
chegando mesmo a interpretar o marinheiro sob a janela de Tomar «como
mestre e alquimista falhado».
(Contemplação dos Painéis, p.
88.)
-
Valorização das ordens religiosas e monástico-militares
portuguesas, em especial Cistercienses, Templários e Cavaleiros de
Cristo, os quais teriam «o ideal hermético da alquimia e do
cristianismo cosmológico», e que lideraram uma iniciação só
realizada em certos seres e momentos históricos, dos quais dá o
exemplo paradigmatizado nos Lusíadas,
por Camões, de Vasco da Gama unindo-se com a Ninfa ou Deusa na ilha
dos Amores, "hierogamia do sol e da lua", ou "completude
dos contrários", a que os seus companheiros também teriam
acedido com as respectivas ninfas.
-
Valorização na espiritualidade portuguesa das raízes celta,
judaica e islâmica, ou ainda da harmonia entre as três religiões
do Livro, mas sem dúvida privilegiando muito, embora também haja
boas referências ao sufismo e à mística da luz iraniana, as
ligações celtas e irlandesas, transmitidas em Portugal pelos monges
de Alcobaça nas traduções cristianizadas dos seus livros de
viagens fantásticas (Viagem de S. Brandão, Conto do Amaro,
Visão de Túndalo) e também pelos trovadores e pelo que ficou
visível na arqueologia, etnografia, símbolos, mitos, contos e
genes, e que ela tão bem procurou e interpretou...
-
Bastante demanda, escuta, valorização dos Anjos e do Anjo ou
Arcanjo de Portugal, ainda que este surgindo com atribuições
diversas quanto à sua entidade, ora sendo Gabriel ora Miguel, ora
admitindo mais a verdade de ser um Arcanjo independente. Serão
muitas centenas as referências aos Anjos na sua obra e é certamente
uma realidade subtil espiritual a ser aprofundada por quem a merecer e
conseguir.
-
Aceitação, talvez exagerada (sobretudo face à concepção usual algo passadista), do Sebastianismo, inserindo-o na
Saudade, «que é e tem sido a nostalgia da reintegração, para a
possessão e uso vivido, dinâmico, do eu absoluto. Ou a nostalgia do
Anjo. E o Anjo é D. Sebastião, o Eu do Homem Português», escrevia
ela em 1989, numa linha sebastianista e pessoana que cultivou e
manterá ao longo dos anos, nomeadamente na visão da dinâmica
demanda-descobrimentos e encoberto-desejado, conferindo a este mito
tanto a significação de centro como de paraíso e reintegração
ou, como já vimos, Eu espiritual e reintegração com o Ser Divino.
-
Valorização constante do Amor, do amor-paixão, e logo também da
compaixão e sacrifício como meios de purificação,
transubstanciação, sacralização e acesso ao conhecimento, à
unidade, ao Christos de Glória, ao supra-humano e ao divino, rasteando
a sua absolutização nos trovadores, templários, cavaleiros de
Cristo, Fiéis do Amor e Cavaleiros do Amor e poetas.
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Valorização então da palavra, da escrita, da poesia, em especial
de poetas pois «até muita tarde, aos começos da Idade Moderna, a
obra dos poetas portugueses esteve intimamente ligada ao inconsciente
colectivo da raça, foi a sua mais funda e vera expressão. E ainda,
através desta, ligada à tradição celta do Atlântico Norte... a
poesia então seria ciência de iniciados» (A Nau e o Graal,
p. 41) destacando neles os trovadores (tais como Aires Nunes de
Santiago, João Zorro e João Soares Coelho), D. Dinis, Bernardim
Ribeiro, Camões, D. Manuel de Portugal, Frei Agostinho da Cruz,
Almeida Garret, Teixeira Pascoaes e Fernando Pessoa.
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Valorização dos escritores e poetas místicos, de todos tempos e
povos, em especial cristãos e islâmicos, e entre nós sobretudo dos
séculos XVI, XVII, nomeadamente Frei Hilarião Brandão, Mestre
André Dias, Tomé de Jesus, Amador Arrais, Diogo Monteiro,
Sebastião Toscano e D. Manuel de Portugal e suas contrapartes
femininas, as sorores dos séc. XVI e XVII, algumas delas por ela bem estudadas e,
claro, S. Teresa de Jesus e S. João da Cruz.
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Valorização e estudo de personagens e autores como Santiago, S.
Gonçalo de Amarante, Dinis e Isabel, Pedro e Inês, Nuno Álvares
Pereira, Infante Santo, sibilas, sereias, fadas e mouras, Gil Vicente
(sobre quem escreve um livro de exegese da sua obra tão
preservadora de mitos e ritos antigos), Camões, D. Francisco Manuel
de Melo, Frei Agostinho da Cruz, Antero de Quental e Oliveira
Martins, Sampaio Bruno, Leite de Vasconcelos, Teixeira Pascoaes,
Jaime Cortesão, Leonardo Coimbra, José Marinho e sobretudo Fernando
Pessoa, embora com reservas quanto a certos aspectos desenvolvidos por ele.
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Valorização e estudo comparativo e espiritual de arquétipos,
símbolos ou objectos cultuais, como a espiral, as linhas
serpentiformes, a serpente, os ídolos placas (vistos como corpo da
Deusa, Ladainha de Setúbal. p. 57), a cruz, o escudo, a
espada, o cálice ou graal, a esfera armilar, a nau, a ilha, a
árvore, os painéis de Nuno Gonçalves, as casas de capítulo da
Batalha e de Tomar....
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Valorização e estudo de locais sacralizados como Alcobaça,
Arrábida, Foz Coa (com as suas inscrições desde o Paleolítico
Superior até 1953), Lisboa, Panóias, Picote (junto a Miranda do
Douro), Porto, Sagres, Setúbal, Sintra, Tomar, Vila do Conde, etc.
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Valorização de seres e autores como Platão, Plutarco, Ibn Arabi,
Avicena, Shorawardi, Dante, Pico della Mirandola, Giordano Bruno,
Jacob Böhme, Novalis, Nerval, Holderlin, Rimbaud, Rudolf Otto,
Rilke, George Russel, Fulcanelli, Albert Béguin, Étienne Gilson,
Carl Gustav Jung, Kerényi, Mircea Eliade, Georges Dumézil, Jean
Markale, Julius Evola e Henry Corbin.
Saudemos
a Dalila, certamente uma vigilante na Terra Lúcida dos persas ou
Mundo espiritual que envolve Portugal, e de que nos fala no seu
talvez mais iniciático, perene e desafiante livro Dos Mundos
Contíguos. Que ela avance na Luz e Amor Divinos. Que nos possa
continuar a inspirar. Que saibamos com ela comunicar ou comungar no amor eterno e no espírito!
Um dos castanheiros antigos e sagrados do Gerês trasmontano. Aproximação filmada (e logo algo tremida) em Novembro de 2020, após mais de um ano sem o visitar e meditar. Encontra-se na zona de Paradela, bem retirado das vistas humanas, não visível de caminhos, num pequeno bosque pedregoso de carvalhos, conforme as fotografias por telemóvel sem grande qualidade, que antecedem um vídeo de 11 minutos. Alguns cogumelos vivem nele e junto a ele. Uma reprodução duma pintura de Bô Yin Râ, intitulada "Iluminação", foi-lhe associada por mim momentanemente, na zona mais esculpida (provavelmente pelo tempo e os espíritos da natureza), no que parecem ser formas de animais: uma serpente e uma ou duas cabeças de mamíferos. Depois de meditar, gravei um outro vídeo em máquina fotográfica, que partilharei em breve com as fotografias correspondentes.
Após as duas imagens iniciais introdutórias, na zona da Paradela, Gerês transmontano, iremos contemplar cinco fotografias de um dos tais castanheiros especiais, multi-centenários, bem carregados de vivências e de espíritos da natureza, talvez os silvanos e as dríades do paganismo. Embora subtis, e pertencentes ao cosmos físico invisível e não a um plano mais espiritual, algo deles vem ao de cima do tronco e da árvore e podemos encantar-nos com as suas faces e formas humanas, semi-humanas ou animais. esculpidas ou modeladas numa magnífica simbiose com o ambiente que os rodeia e as estações do ano... Um vídeo de um minuto no fim... Boas inspirações na sua alma. Aum...
Ces signes du ciel que les sait lire sur ce qu'ils disent de ce que se va passer, aprocher ou de l'avenir?
Au moins se laisser penetrer par la nebline de l'aube, la lumiére tamisée, les réflexions subtiles du Soleil, le mouvement du vent, la direction du bateau, la marée calme, la determination du pilote, la nostalgie du Divin, voilá notre âme debout, soulevant son être dans l'aspiration au Divin, dans la communion de sa beauté et majesté, son pouvoir et amour.
Par le coeur, dans le coeur, l'Esprit en nous...
Une vision de rêve du Tage, chez moi, à Santos, Lisbonne, bien en harmonie avec la sublime violiniste Christina Bouey, comme on peut l'écouter dans le video suivant: Aprés un Rêve de Gabriel Fauré.
Levar desfraldada a bandeira da profunda filosofia andina das sete cores e princípios não só em sonho mas na realidade é uma grande felicidade, e tal é o significado de Wiphala. Hoje voltou a acontecer tal na Bolívia e da Bolívia transmitiu-se ao mundo.
Neste dia 19 de Outubro de 2020, bem chuvoso, finalmente regando os campos e limpando os astrais tristes da covinagem e da confinagem, uma notícia vinda do seio da América do Sul trouxe muita alegria aos corações de todos os seres que verdadeiramente sentem a luta pela justiça, a verdade, a liberdade, a harmonia com a Natureza, o Amor: na Bolívia, o partido do regime ditatorial de Jeanine Ãnez, que fora apoiada no seu golpe de Estado há um ano pelo governo Norte Americano e a União Europeia, foi derrotado convincentemente, estrondosamente, por mais de 20% de diferença, pelo MAS, Movimento ao Socialismo, que representa a maioria da população boliviana e a totalidade do povo indígena, agora finalmente livres de uma horrível repressão policial liderada pelo ministro do Interior Carrilho. Evo Morales, o presidente eleito, que por pouco não morreu no golpe, pode voltar agora à sua pátria, onde realizara uma obra social grande, regressando da Argentina que o acolheu e protegeu, para colaborar com o seu sucessor Luis Arce.
Um bom sinal para a América do Sul, para o Brasil e para o resto do mundo. Esperemos que os tolos e arrogantes políticos da União Europeia aprendam a lição de não andarem sempre atrás do imperialismo e do dólar Norte-Americano e da NATO, e que deixem de ser anti-socialistas e, já agora, para o bem da Europa, anti-russos, pois a Rússia é bem mais europeia que a USA... Um bom golpe do condor que passa dos Andes sobre a águia do imperialismo norte-americano, neste momento também posto bem em causa pelo Irão, Iraque e a Síria, povos que já sofreram tanto, tanto, que é boa altura dos yanquees regressarem a casa (que está em grande pobreza e polvorosa) e porem-na em ordem com justiça, tanto mais que têm todo o dólar que quiserem imprimir para o fazer... O lítio, que o milionário Ellon Musk contava arrecadar para as suas pilhas, regressou à montanha não esventrada, e Ellon que se gabara de ter contribuído para o golpe de Estado. Esperemos que não ponha a sua alma gananciosa a corromper políticos e municípios tendo os olhos e os bolsos fitos nas terras altas e sagradas do Norte de Portugal... O arco-íris da harmonia, por Bô Yin Râ. Que a nossa alma
esteja mais consciente das cores e qualidades e as active em si e no
mundo...