| "Quem puder fazer bem, faça-o" Garcia de Resende, concluindo a sua narrativa do amor entre Pedro e Inês de Castro, garça ou sereia mítica da nossa história passional e espiritual. |
Livros, Arte, Amor, Religião, Espiritualidade, Ocultismo, Meditação, Anjos, Peregrinar, Oriente, Irão, Índia, Mogois, Japão, Rússia, Brasil, Renascimento, Simbolismo, Tarot, Não-violência, Saúde natural, Ecologia, Gerês, Nuvens, Árvores, Pedras. S. António, Bocage, Antero, Fernando Leal, Wen. de Morais, Pessoa, Aug. S. Rita, Sant'Anna Dionísio, Agostinho da Silva, Dalila P. da Costa, Pina Martins, Pitágoras, Ficino, Pico, Erasmo, Bruno, Tolstoi, Tagore, Roerich, Ranade, Bô Yin Râ, Henry Corbin.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
As simbólicas gravuras de Fessard numa edição das fábulas éticas de la Fontaine, de 1766: Jupiter e os Raios. Nada em excesso. O Homem e a Sereia.
domingo, 29 de junho de 2025
Dos caminhos da sacralidade divina, angélica e humana nos azulejos do convento dos Cardais, à lisboeta rua do Século.
| Aquando de uma audição musical em 29.6, na bela igreja do convento carmelita do séc.´XVII, Ó alma que queres professar, orar, meditar, contemplar, ser: - Intui que os anjos e os santos e santas da tua vibração ou ordem te velam, agraciam, cobrem e inspiram, mesmo que para ti ainda só subtilmente na fé e aspiração... |
| Se queres entrar pela porta estreita mas luminosa, persiste na tua demanda interior, repele a alienação televisiva, busca o ermo e a natureza para sintonizares com a vibração divina omnipresente e encheres-te dela, e em Amor e Sabedoria dinamiza-a, irradia-a. |
sábado, 28 de junho de 2025
Poema às almas que ainda virão e lutarão pela Verdade e a Divindade na Humanidade fraterna e multipolar.
resisti na vossa integridade
e chegareis ao local sagrado
onde o peito respirará fundo
e se abrirá como espaço puro
da auto-consciência imortalizante.
Ó corvos das noites e profundezas,
ó leões do destemor e coragem,
despertai a vossa auto-consciência
serena e firme, corajosa e irradiante
e desfrutai da felicidade do espírito
que é a humana essência vibrante
no Graal de cada coração.
Ó almas que aspirais à verdade,
ó vivos e ardentes corações,
resisti às distrações ou opressões
e comungai com vossa essência
e o corpo místico da Humanidade,
perseverando corajosamente
nas vossas lutas e uniões,
em prol da Justiça e da Verdade,
religando a multipolar Humanidade
à imanente e transcendente Divindade.
sexta-feira, 27 de junho de 2025
O prefácio de Einstein ao livro "O Homem e os seus Deuses", de Homer W. Smith, de 1953. Previsões: o enfraquecimento das religiões e o perigo do nacionalismo
Homer William Smith (1895-1962) foi um biólogo, especialista nos rins e que se dedicou também à história da evolução da humanidade e das suas ideias e crenças, tendo publicado obras com sucesso tanto do foro fisiológico como de racionalismo histórico. Era um agnóstico e defendia apenas a evolução das espécies e das crenças. Em 1952 publicou a sua obra mais importante Man and His Gods, com um prefácio de Albert Einstein o qual pelo seu valor resolvi traduzir e comentar.
Albert Einstein (1879-1955), dispensa apresentações. O prefácio, escrito já no final da sua vida, mostra-o como um racionalista algo materialista, crítico das religiões e mais ainda dos nacionalismos exagerados, que ele conhecera bem ao fugir do nacional-socialismo hitleriano alemão, e que hoje está em crescimento disfarçado ou não em vários organismos e nações. Aprecia sobriamente a obra de um cientista e racionalista agnóstico como ele, e não transparece ser dum deum gnóstico ou, que seja, apenas um crente da religião. Para quem hoje imagina ou valoriza muito a espiritualidade de Einstein não será neste texto que se pode basear, pois nada nele pressupõe a existência do espírito ou duma alma imortal, de capacidades de clarividência, da existência de espíritos celestiais, ou da Divindade. Mais, Einstein considera mesmo que as concepções religiosas são meramente cristalizações organizadas de imaginações e fantasmagorias e que passaram por uma fase animista e mitológica. Mais grave ainda, considera que tais concepções ou crenças foram induzidas pelo medo, nem sequer reconhecendo a alegria, a gratidão, o amor, a devoção ou mesmo a simples sensibilidade anímica como causadoras desse desvendar de presenças subtis sob as aparências objectivas do mundo, e que tanto caracteriza seja as diversas formas de animismo ou panteísmo, seja as iniciações, gnoses e místicas das diversas religiões e grupos. Também consideramos exagerada a apreciação de Einstein das consequências das religiões nos seres humanos e a previsão do seu enfraquecimento, desaparecimento. Mais certeira e actual será então a sua crítica algo profética dos perigos de certos nacionalismos ou de certos fascismos europeus e oligárquicos que se perfilam cada vez mais autoritariamente na União Europeia, que esperemos que se liberte de tal direcção negativa. Mas passemos ao prefácio do notável cientista.
A obra é uma tentativa concebida amplamente para retratar as ideias animistas e míticas induzidas pelo medo do homem, com todas as suas difundidas transformações e inter-relações. Ela relata o impacto dessas fantasmagorias no destino humano e as relações causais pelas quais elas se cristalizaram em religiões organizadas.
Isto é um biólogo a falar, cuja formação científica o disciplinou numa objetividade severa raramente encontrada no puro historiador. Essa objetividade, no entanto, não o impediu de enfatizar o sofrimento ilimitado que, nos seus resultados finais, esse pensamento mítico ocasionou no homem.
O professor Smith vê como uma força redentora o treino na observação objetiva de tudo o que está disponível para percepção imediata e na interpretação dos fatos sem ideias preconcebidas. Na sua visão, somente se cada indivíduo se esforçar pela verdade é que a humanidade poderá alcançar um futuro mais feliz; os atavismos em cada um de nós que impedem um destino mais amigável só podem ser tornados inefectivos dessa forma.
O seu quadro histórico termina com o final do século XIX, e com uma boa razão. Naquela época, parecia que a influência dessas forças míticas, ancoradas em autoridade que podem ser denotadas como religiosas, tinha sido reduzida a um nível tolerável, apesar de toda a inércia e hipocrisia persistentes.
Mesmo então, um novo ramo do pensamento mítico já havia crescido forte, um não de natureza religiosa mas não menos perigoso para a humanidade: - o nacionalismo exagerado. Meio século mostrou que esse novo adversário é tão forte que coloca em questão a própria sobrevivência do homem. É muito cedo para o historiador atual escrever sobre este problema, mas é de se esperar que sobreviva alguém que possa assumir a tarefa numa data posterior.»
quinta-feira, 26 de junho de 2025
Filipe Nery Xavier: As comemorações do centenário do nascimento do notável historiador, presididas pelo conde Mahem, em 1901, Nova Goa, descritas por Amancio Gracias.
Belas e vívidas descrições por Amancio Gracias das comemorações do centenário do nascimento do historiador Filipe Nery Xavier, celebradas em 1901, em Nova Goa, e transmitidas à posterioridade (e à sua imaginação e clarividência) no seu prefácio à reedição do Bosquejo Histórico das Comunidades, de Nery Xavier, dado à luz em 1903, em Bastorá:
II fazer-se uma nova edição revista correcta e anotada do Bosquejo Histórico das Comunidades, precedida do esboço biográfico do autor sendo encarregado desse esboço Amancio Gracias e de dirigir a reedição o dr. José Maria de Sá.
III. Fazer-se também, quando o permitam os meios, a reedição das outras obras mais importantes do mesmo escritor.
IV. Colocarem-se bustos em mármore de F. Nery Xavier nas salas das câmaras agrárias de Goa.
Nomeou-se em seguida essa comissão executiva que ficou constituída pela seguinte forma: Presidente, o conde de Mahem; vice-presidente,o coronel João de Melo Sampaio; vogais, Dr. Costa Alvares, Ismael Gracias, António Felix Pereira, dr. Prudente de Meneses, dr. Pedro António Coelho, Amancio Gracias (secretário).
Realizaram-se efectivamente no dia 15 de Dezembro, com o maior esplendor, os festejos do centenário. De manhã, a banda de música do batalhão de infantaria tocou à alvorada percorrendo em seguida as principais ruas da cidade.
Às 5. h. da tarde, no meio dum enorme concurso de gente de todas as classes sociais e em presença da comissão executiva, o conde de Mahem desvelou a lápide comemorativa entalhada na parede principal das preditas casas, que traz a seguinte legenda:
FILIPE NERY XAVIER
NASCIDO AOS 17 DE MARÇO 1801
FALECIDO AOS 26 MAIO DE 1875
HOMENAGEM DOS SEUS CONCIDADÃOS
NO SEU PRIMEIRO CENTENÁRIO
1901.
Muito antes da hora designada para a sessão solene, o vasto salão do município,que estava primorosamente decorado, se encheu à cunha, de damas e cavalheiros, achando-se ali brilhantemente representadas todas as classes sociais: grandes do reino, titulares, comendadores e cavaleiros, alto funcionalismo, oficiais da armada e do exército, representantes do município e da imprensa e de diversas instituições literárias, em suma clero, nobreza e povo.
As 19:15, abriu sessão o presidente da comissão executiva, dando sucessivamente a palavra aos oradores inscritos, Joaquim Vitorino Barreto Miranda, dr. Durante F. da Gama Pinto, F. X. Theodoro de Miranda, drs. J. J. Roque Correia Afonso, José Joaquim Fragoso, Frederico Guilherme Lourenço e José Benedito Gomes,todos os quais discursaram eloquentemente, sendo palmeados com muito entusiasmo.

quarta-feira, 25 de junho de 2025
Do livro "Da Alma ao Espírito", transcrição do 2º cap. "Sobre a Consciência e as práticas espirituais, o Espírito e o Divino." Melhorado .

Quando tentamos aprofundar a consciência e a actividade mental que com ela concorre observamos vários tipos possíveis de consciência ou, se quisermos, de vários direccionamentos possíveis da atenção consciencial-mental a espelharem-se na nossa consciência de Eu, que poderemos dizer sobreponíveis ou complementares, os quais, com objectivos de auto-consciencialização espiritual meditativa, discriminaremos assim:
Em 1º lugar, podemos consciencializar-nos da nossa situação corporal, e temos a consciência postural, corporal e vertebral: se está mais ou menos alinhada ou direita, tensa ou descontraída, com problemas ou dores aqui ou acolá, podendo mesmo acontecer descontrairmos ou harmonizarmos, pela contração e distensão e pela respiração consciente, tais zonas ou órgãos, e consequentemente os centros nervosos e suas energias subtis.
Em 2º lugar, temos a consciência respiratória: ou seja, sobre a respiração, que absorve não só ar mas também certas forças subtis e psico-espirituais, lançamos ou deixamos cair a nossa consciência ou consciencialização (num ver e sentir interior) e observamos ou concentramo-nos nela, desfrutando dos seus efeitos benéficos, que vão desaguando na purificação e energetização pulmonar, dos centros de força (chakras) e global, na interiorização e subtilização do conteúdo de consciência, esta em parte alcançada pela diminuição dos pensamentos dispersivos, os quais em geral ocupam o cérebro e mente impedindo a consciência de se interiorizar, concentrar, serenar.
Em 3º lugar, vamos passando para a consciencialização energética e vibratória: sentimo-nos mesmo num corpo subtil vibratório, de ondas e partículas, com o som ou crepitar interior que é um nível interno do que foi denominado pelos pitagóricos da música das esferas ou partículas a ecoar ou ressoar de certa forma ou frequência no nosso ouvir interior e cabeça.
Em 4º lugar, começamos a observar melhor os sentimentos e pensamentos, ou mesmo a sentir e até ver as imagens vivas que estão em nós e à nossa volta, provenientes de pensamentos e emoções, desejos e forças psíquicas ambientais, e que são imagens ou símbolos de energias e impressões, ora reais ora fantasiosas, nossos e dos outros e que subtilmente nos afectam. Tais pensamentos e imagens são o reflexo de vibrações dos planos ou níveis de vida astrais e psíquicos, evanescentes e mutáveis, onde não nos devemos deter demasiado, apenas observando e retirando alguma ilação e dissolvendo o que possa obstar à calma e à claridade, de modo a prosseguirmos, com mais aspiração da consciência e do olhar interior, para o Ser e o mundo Espiritual e Divino...
Em 5º lugar, começamos a ter mais presente a consciência da auto-consciência, ou seja, ao estarmos conscientes de nós próprios, Eu subjectivamente sentido, num corpo psico-físico, utilizando um cérebro e uma alma, com os seus órgãos de percepção e pensamentos que estão mais ou menos harmonizados. Começamos assim a sentir a consciência pura ou observadora em nós e a intuir o mundo espiritual, e algo da consciência superior, dita Infinita ou Divina, que perpassa por nós o que gera transmite certa paz clarificadora, ou felicidade, ou mesmo visão da estrela do espírito...
Tal como sabemos que as sinapses e redes neuronais se desenvolvem com os exercícios psico-somáticos a que as submetemos, assim também a luminosidade do nosso ser e dos órgãos de percepção e irradiação da nossa entidade espiritual, chamados chakras em sânscrito, ou rodas de energia, se desenvolvem, harmonizam ou nos recarregam nos momentos de maior auto-consciência, respiração e abertura, esforço ou ligação espiritual e divina...
Quais as melhores práticas para trabalharmos e desenvolvermos tanto o nosso ser espiritual como os seus órgãos de percepção e comunicação, tanto mais que os vamos utilizar ou depender deles quando sairmos do corpo físico na morte, é uma questão importante e em grande parte a Religião, qualquer que ela seja, devia assentar nisto, para que não seja sobretudo crença, ritos e moralidade mas também vivência interior e fortificação e desenvolvimento da alma e suas capacidades subtis.
Em 6º lugar, como resultado da abertura e alinhamento da alma e do aprofundamento do nível da consciência, podemos obter a consciência da presença do Espírito e dos seus sinais ou atributos, nomeadamente a Luz, a paz, o amor, ou a mesmo a visão dele, subtil, no alto.
São níveis e realidades vivenciáveis pela inspiração, o amor, a concentração, a meditação, a oração e contemplação, embora estejam mais ou menos presentes no dia a dia no que fazemos, sentimos e pensamos, e por vezes subitamente aflorando, desvendando-se, expandindo o campo unificador da nossa consciência...
E assim, com o tempo, quando fechamos os olhos e meditamos ou oramos, por vezes conseguimos logo sentir a graça, isto é, a presença ou influência espiritual ou divina no nosso peito, na visão interior e em impulsos de acção “dharmica” (de ordem, dever, em sânscrito) ou justa...
Podemos igualmente sentir um dos órgãos energético-espirituais mais vibrante ou cheio, tal como o coração espiritual, com a abertura e sucessivos estágios ou estados de maior interiorização, unificação anímica e ligação superior, passando pela invocação e a visão, o amor e a alegria...
Podemos avançar então mais para o mistério da Divindade e em especial de Deus em nós...
Donde vem a presença de Deus, ou de onde emanam os seus eflúvios? Do Cosmos infinito, do centro do Sol, do centro do Cosmos, do mais íntimo de nós? Não será a simultaneidade, a instantaneidade, a plenitude que melhor O podem tentar, sempre limitadamente, caracterizar ou, melhor, fragil e distantemente descrever?
Como poderemos aumentar a receptividade a Deus, para além de levarmos um modo de vida harmonioso e justo, puro e elevado?
As nossas utilizações dos pensamentos e sentimentos e as nossas práticas espirituais poderão levar a quantificações possíveis, de tal forma que poderemos dizer que às 11:00, pela nossa abertura e trabalho elevativo da frequência vibratória, tenho ou estou consciente de quatro unidades de Presença ou Luz Divina e que às 12:00 tal aumentou, e que há assim uma ondulação e por fim uma média geral em cada dia ou mesmo na nossa vida, no que se vai tornando o nosso tónus interior, tingindo o denominado karana Sharira no Yogavedanta indiano, o corpo causal, que contem as nossas memórias e está mais contíguo ao núcleo identitário, a centelha espiritual?
Certamente que o estado da nossa aura e do nosso corpo espiritual melhoram e clarificam-se, ao acalmarem-se e harmonizarem-se as tensões e ondulações ao receberem-se forças e correntes luminosas da natureza e dos mundos e seres espirituais, quando fazemos tais meditações e práticas, por isso sem dúvida sempre recomendáveis e desejáveis...
E, assim, vamos abrindo-nos mais a Ele, seja em primeiro lugar no seu nível mais transcendental enquanto Espírito Absoluto Original, ou indianamente, Mahashudashakti, a grande energia pura coesiva omnipresente, seja já enquanto Logos ou Inteligência-Amor, mas também ainda enquanto Espírito individualizado que está em nós, centelha, chispa do sol de Amor, e que é ou gera confiança, força e alegria, tornando-nos assim mais sensíveis às correntes das energias luminosas dos psíquicos e espirituais que envolvem e influenciam toda a humanidade, seja acordada seja quando dorme...
É com estes níveis e é nestes níveis que devemos trabalhar e auto-consciencializar-nos mais, identificando-nos como activos cooperadores da Divindade e dos grande seres. E para conseguirmos senti-lo ou mesmo irradiá-lo, a assimilação interior das grandes afirmações ou mahavakyas são recomendáveis, tal como "Eu sou um Espírito divino", "Eu sou um Sol (ou uma centelha do Sol) divino", “Om Tat Sat” ou “Tu é esta verdade divina”, o “Aham Brahmasmi” ou Eu sou o Espírito Primordial, partilhando-se tais realizações íntimas como luz e amor para os próximos e distantes, encarnados ou desencarnados...
Finalizemos este pequeno ensaio saudando e invocando a Divindade enquanto Espírito Primordial, da qual uma boa imagem evocadora será o firmamento e espaço infinito, Aditi, a mãe dos Deuses na Índia védica, e que é em nós mais perceptível quando estamos numa frequência mental de consciência não-dual, quando saímos de uma meditação ou de um recolhimento, ou perante um horizonte imenso.
Aprofundar este sentir consciencial é certamente uma prática importante não só ao inspirarmos e expirarmos beneficamente diante de uma janela aberta ou por entre os prédios citadinos, as tensões das sociedades e os sofrimentos da Humanidade, mas também para cultuarmos e trazermos mais à dimensão humana tanto a Unidade cósmica Divina, denominada Tawid no Islão, próxima do Logos spematikoi (a inteligência-amor omnipresente cósmica) dos sábios greco-romanos, como a nossa entidade espiritual individualizada.
Saibamos pois resistir às crises e opressões, dúvidas e agitações, cepticismoe e vazio, mantendo a nossa ligação vertical com o mundo espiritual e o Divino e um relacionamento horizontal de compaixão e justiça, amor e sabedoria com os seres que vamos encontrando ou convivendo no Caminho da Vida, solidariamente. E que no nosso peito ou coração brilhe cada vez mais o Ser, o Espírito, a Centelha Divina.
terça-feira, 24 de junho de 2025
Do livro "Da Alma ao Espírito", transcrição do 1º cap. "Das Tertúlias e das Amizades, do Amor e do Conhecimento", melhorado.
I – Das Tertúlias e das Amizades, do Amor e do Conhecimento.
Mas, como não temos os mesmos gostos, afinidades e visões do mundo e dos seus acontecimentos, dos seres e de nós, somos obrigados a discutir ou a calar, e a separar-nos, sentindo que não conseguimos acolher toda a diferença, amar toda a gente, ou que a concórdia, mesmo entre poucos, é bem difícil...
Assim, aconselharíamos prudência: não te exprimas plenamente com toda a gente, já que não te podes dar bem com todos, pois muitos não aceitarão o que pensas ou dizes, e por isso guarda-te, não te reveles ou te expresses demasiado política e filosófica, religiosa e espiritualmente sem estares certo da afinidade e receptividade dos outros...
Eis o rescaldo de uma tertúlia e jantar [com Luís Furtado, Francisco Moraes Sarmento, João Botelho e Manuel Bernardes], com discussões talvez mais do que conversa filosófica e religiosa, esquinas das almas que não se dão plenamente, ou que não se harmonizam muito bem...
Mas se admitirmos que:
O Amor é a essência divina, pois é a força de atração e coesão de toda a vida manifestada.
O Amar é a fluidez natural da essência do ser humano e logo o desejar o Bem de todos os seres.
E se o Bem não é o prazer ou o que cada um deseja, mas sim o que é melhor para a sua alma em evolução num Cosmos de origem e imantação Divina, ou seja, num Todo ordenado pela Sabedoria-Amor consubstanciante, então podemos amar todos os seres, ainda que possamos desejar ou pensar que alguns mereçam ser presos ou reeducados, pelo sofrimento que causam nos outros, no planeta, no Cosmos, e outros serem mais apoiados ou amados, o que em geral se verifica no amor dos familiares e dos amigos e amigas...
Desejamos mais Amor quanto sentimos que podemos ser ou estar com os outros em amor, ou seja, quando há reciprocidade amorosa ou pelo menos aceitação potencializante e, por isso, certos desentendimentos políticos e intelectuais, ou esfriamentos afectivos e emocionais, são fatais para possíveis uniões, descobertas e criações.
Entre os milhares de pessoas que conhecemos algumas, por evidentes ou misteriosas afinidades, destacam-se e criam laços subtis mais fortes, para onde tende mais facilmente a nossa capacidade de empatia, o diálogo estimulante e aprofundante e, logo, o amor, com maior ou menor reciprocidade, com maior ou menor consciência do valor dos fios e canais sintonizadores, descobridores, transmissores e por fim geradores.
Todavia, mesmo estes seres afins estão dotados da sua liberdade própria e escolhendo por si mesmos o seu percurso, seja de Amor aproximativo ou unitivo seja de solitária via interior ou recolhimento, última via esta então diminuindo ou cortando a ligação mais interpessoal que se poderia afirmar potencialmente, para desilusão de quem aspirava a um relacionamento mais duradouro, a um projecto de investigação e acção mais continuado, a uma relação amorosa aprofundante e plenificante.
Em verdade, os seres são atraídos ou tendem intimamente para o Bem Divino ou Cósmico, que é a Verdade, o qual impulsiona o processo evolutivo no tempo e no espaço dos seres, com os seus instintos, afectos, pensamentos, intenções e ideais, chegando a todos os níveis do Ser e da existência embora, na realidade manifestada que a nossa consciência normal consegue hoje captar e entender, poucos seres intuem ou querem alinhar-se com tal elevado nível e preferem seguir o seu ego, ou o que as ideias-forças sociais e mediáticas tentam impor, desviando-se, dispersando-se e enfraquecendo as suas mais altas possibilidades de auto-consciencialização e realização espiritual, e logo evolução e cooperação no Cosmos...
As amizades, tanto as livres por espontaneidade e criatividade, mais ou menos marcadas pelas personalidades e egos, como as mais puras e sintonizadas com o Amor e a Verdade, tornam-se então factores potencialmente iluminantes e algo divinizantes, ao fortificarem-nos e ao aproximarem-nos da nossa essência e missão e logo duma certa plenitude nossa a qual, na sua irradiação social com os amigos tende para a reinvenção de dias mais claros e noites mais profundas, parafraseando Manuel de Faria e Sousa (1590-1649), sábio historiador português, geradores de subtis interacções e aproximações à verdade e ao amor dos seres e das coisas...
O grande desafio dos nossos dias, tão caracterizados por um excesso de informação e de comunicação, é sabermos não apanhar ou mesmo acumular tanto lixo, manipulação e ruído, e antes aprofundar as afinidades electivas, aquelas que nos elegem, elevam e frutificam, ora com pessoas, livros, ideias e ambientes naturais, ora com profissões, criações e vocações, ora ainda pelas meditações e contemplações mais germinantes no mundo espiritual e divino...
A partilha convergente de recursos e capacidades foi, é e será um dos desafios principais, pois numa sociedade mundial em crises conflituosas mais do que nunca são necessárias ilhas, oásis, paraísos, grupos, centros onde as almas se possam encontrar, dialogar, recompor, clarificar, solidarizar, criar...
Sabemos pouco da intensificação, protecção e germinação que as pessoas mais amorosamente interelacionadas podem fazer espiritualmente aos seus planos e criatividades, e logo aos seus seres psico-espirituais, e por isso há que meditar e trabalhar mais os nossos relacionamentos e a nossa essência espiritual e a sua ligação com a Alma do Mundo, o Logos, a Maha Shuda Shakti (a grande energia primordial pura), com as suas formas de pensamento, psicomorfismos ou arquétipos e as suas correntes e seres subtis, as quais podem inspirar e intensificar as nossas melhores potencialidades e aspirações, intenções e realizações.
Esta é aliás uma das zonas do conhecimento humano mais em destaque, a da ligação do mundo potencial espiritual com a realidade cerebral e física, e sabemos como as neurociências e a física quântica estão, através de alguns dos seus cultores, a tentar descobrir, investigar e clarificar os processos e paradigmas unificadores do Alto e do Baixo, da super-informação cósmica e da mente humana, da mente subtil e do cérebro físico e neuronal, com alguns aspectos da física moderna a valorizarem a extensão do espaço vazio em cada átomo da matéria, do corpo ou do cérebro, apto assim a conter ou a ser atravessado por múltiplas radiações, nomeadamente as energéticas, psíquicas e espirituais, bem como a realçarem o facto de que o observador influencia a coisa ou sub-partícula observada, comprovando o que Antero de Quental, entre nós, denominou pioneiramente a “unidade da consciência”, da qual o magnetismo e a comunicação do pensamento seriam manifestações, o que está hoje a ser muito investigado sob a designação do campo unificado ou unitário de energia, informação e consciência, e no qual se verifica o entretecimento ou emaranhamento das mentes nele.
Esta actividade é realizada por nós diariamente nos sonhos e nas intuições, nas empatias e telepatias, nos pressentimentos e nas adivinhações, nas meditações e contemplações, processos que devemos cultivar e aprofundar para que os nossos potenciais sentidos subtis se desenvolvam nos seus vórtices e nos permitam aceder à crista da onda do auto-conhecimento planetário, com a nossa entidade pequena e humilde mas trabalhadora e cooperadora, e irmos vencendo as limitações do tempo e do espaço, na unidade da luz e da comunicação super-rápida e fazendo diminuir a ignorância, a obscuridade e a violência...
Só poderemos então finalizar este texto inicial com o pedido humilde que Ela, a Divindade que sustenta a Manifestação, e eles, o grandes Seres, nos abençoem, e que a chama do coração espiritual arda e irradie mais sábia, corajosa e amorosamente em cada um de nós, para que o mundo se torne mais puro e cósmico, isto, é criativo e belo...
sábado, 21 de junho de 2025
"Grécia, Musa do Ocidente", de João de Barros (1881-1960), um dos mestres espirituais de Portugal.
João de Barros foi um dos últimos mestres da ordem espiritual de Portugal, que sob o nome de Ordem de Mariz foi por uns poucos ora mitificada ora mistificada, mas nunca foi visto como tal, embora tivesse pertencido a várias Academias, sido iniciado na Maçonaria e amplamente condecorado. Foi um republicano íntegro, notável pensador, poeta (quatorze obras) e conferencista, cultíssimo, óptimo prosador, de castiça linguagem, amando Portugal e o seu povo trabalhador, heróico e amante da liberdade, e gerou uma vasta obra, onde destacaremos Portugal, Terra do Atlântico, de 1923, onde afirma quase intemporalmente: "não nos compreendemos a nós próprios. Não somos solidários uns com os outros, na defesa e criação de um Portugal mais forte, mais digno, mais rico, mais próspero. Não nos sentimos ligados por ideal comum, não nos sentimos irmanados numa tarefa comum de reconstrução e de ressurgimento", e Presenças Eternas, de 1943, onde revisita grandes almas dos séculos XIX e XX, nomeadamente Camilo, Gomes Leal, Antero de Quental ("Antero e o povo"), João de Deus, Jaime Batalha Reis, Guerra Junqueiro, Fialho de Almeida, António Patrício, Columbano,Teixeira Gomes e Manuel Laranjeira.
Procurando entre as prateleiras consagradas à Grécia os livros dedicados ao Pitagorismo, encontramos a sua bela obra Grécia, Musa do Ocidente e, ao lermos o prefácio. já que não está na rede digital, decidimos partilhá-lo como homenagem a ele, ao Logos, ou pensamento desinteressado e à Grécia eterna, uma das nossas raízes mais valiosas, embora cada vez mais esquecida pois, tal como a civilização romana e o Latim, é algo afastada dos sistemas e programas de educação vigentes na União Europeia tecnocrática globalista e digamos mesmo, actualmente, infra-humanista...
João de Barros nascera na Figueira da Foz, vivendo entre 4 de Fevereiro de 1881 e 25 de Outubro de 1960, e foi um notável republicano democrata, professor e pedagogo, viajando em missão de estudo pedagógico em 1907, e com a República em 1910 sendo nomeado Director-Geral da Instrução Pública, vindo a desempenhar um papel importante na modernização do ensino, dentro da linha da Escola Nova. Chegou mesmo a Ministro dos Negócios Estrangeiros. Findando a 1ª República em 1928, com a entrada de Salazar e a ditadura do Estado Novo renunciou ao cargo de Director-Geral do Ensino Secundário e tornou-se apenas professor no Liceu Passos Manuel, e passou a dedicar-se mais ao ensaísmo, à literatura, à educação dos portugueses, nomeadamente adaptando para a editora Sá da Costa obras dos clássicos nacionais e internacionais para jovens.
Fez parte da Oposição Democrática ao Estado Novo de Salazar e conviveu com muita gente, nomeadamente por escrito, tal como Manuela de Azevedo revelou ao publicar em 1971 Cartas a João de Barros, cento e noventa e cinco, durante sessenta anos por noventa e quatro autores. No seu caminho fundara e dirigira com João do Rio (o brasileiro Paulo Barreto, o director no Brasil) a revista ou mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil, Atlântida, entre 1915 e 1920, e colaborou ainda em muitas, tais a Águia, Serões, Aqui e Além, Seara Nova, Ler, Ocidente, Serpente, Vértice.
| Amostra grafológica da poética caligrafia de João de Barros, numa dedicatória a Victor Quartin, da conferência proferida no Brasil em 1920. O seu espólio está depositado na Biblioteca Nacional |
Provindo dum grande amante conhecedor da Grécia, dum esteta e intelectual, dum ético e espiritual, este breve texto, com tantas palavras hoje já quase perdidas ou não usadas e a merecerem ser reanimadas por nós, deverá ser lido, sentido e meditado gostosamente...
GRÉCIA MUSA DO OCIDENTE
«De todos os miradouros espirituais do Ocidente, sobre todas as distâncias que o nosso desejo busca e abrange, erguem-se, diademando as perspectivas, as linhas puras e serenas do Partenon. Flor suprema do génio grega, suprema criação da Helada, uma límpida e constante alvorada dele irrompe e dimana. E é na sua claridade virginal que mergulham e florescem os sonhos e os ideais, ansiosos de eternidade e beleza.
De volta dele, para ele ascendendo ou nele abraçadas, aí vereis as musas gloriosas: - ao lúcido império de Minerva acolheram-se em bando, em ronda musical, levando Apolo consigo. E o próprio esplendor da luz, e a própria inspiração das musas, tornaram-se mais belos e mais fecundos quando um ritmo de equilíbrio através dele irradiou. Orfeu, Dionísio, abrigaram-se também na austera esbeltez do templo da Razão. O cântico do seu amor, ou o desvairo da sua alegria, aprenderam acentos indeléveis na voz tranquila e ordenadora de Minerva.
Tão grande é a amplitude do génio helénico, e tão complexa,que sob todos os signos o podemos amar e louvar, Eu amo-o e louvou-o sob o signo de Athena. Não da Athena guerreira, mas da Athena inefável que ofertou à Grécia a dádiva, quase sobrehumana do pensamento desinteressado, do pensamento que é volúpia e orgulho de pensar. Da Grécia recebemos essa dádiva única; e ela tem sido sempre a nobreza, a graça e a força da civilização ocidental.
E nem só Platão e Sócrates, e nem só os filósofos, souberam pensar e ensinaram a pensar. Em toda a arte helénica, a mais espontânea,a mais instintiva, a Inteligência deixou o seu profundo sorriso. Sorriso horizonte de mil sorrisos - até do sorriso da inconsciência dominada -onde se fundem numa só linha melodiosa as mais diversas expressões da alma.
Paixões, emoções, alegrias, tristezas, entusiasmos, heroísmos, ambições - tudo aí encontra a síntese, a essência da sua perenidade latente. E calmo, - desse vasto e calmo horizonte - levanta-se a todo o instante o Sol que ilumina o Partenon. Não apenas o Sol que das suas colunas divinas dá o tom moreno e doirado, onde correm frémitos de carne adolescente. Mas o Sol que as projecta sobre o mundo, numa sombra radiosa, numa sombra hospitaleira a todos os caminhantes da vida, sôfregos, sedentos, ávidos duma vida mais perfeita...»
O livro de 231 páginas relata muito detalhada, poética e sublimemente a viagem e o encontro com a Grécia que fez graças ao convite do poeta e jornalista Costa Ouranis (1890-1953), estando enriquecida pelo seu bom conhecimento da cultura helénica. Do índice destacam-se alguns capítulos mais perenes, tais como os dedicados ao santuário de cura de Asklepios, e aos mistérios de Eleusis, ornados com sugestivas vinhetas de Saavedra Machado.Sim, o auto-conhecimento, a harmonização ou cura e a religação espiritual e vivência fraterna continuam a ser os grandes propósitos da Humanidade....
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Dia do Corpo de Deus, isto é, da celebração do mistério da Eucaristia, como presença divina. Uma gravura portuguesa bela e bem estimulante...
Dia do Corpo de Deus, isto é, da celebração dos mistérios pluridimensionais da Eucaristia, como presença espiritual e divina, a que podemos aceder seja na Igreja na celebração da missa e na comunhão, seja em casa e nas igrejas, nas nossas devoções ou mesmo contemplações mais sentidas das custódias do Santíssimo Sacramento, seja esculpidas seja em imagens. tal a que partilhamos:
É uma gravura oitocentista impressa em Lisboa e vendida na Travessa de S. Domingos, nº 58, contendo na aura oval da custódia irradiando de forma flamejante a inscrição Bendito e Louvado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, estando a hóstia ou partícula sagrada sobre o varil em forma de lua crescente dentro da ampola ou coluna em vidro, numa custódia de grande qualidade artística sustentada ou apresentada por um par de Anjos de joelhos, como que elevando a custódia no espaço e em nós, ou seja, no nosso peito e coração como habitação visível do espírito ou possível do influxo divino. E que se potencializa tão radiante e ardentemente seja pela intercessão de Jesus seja pela nossa fé e aspiração à acção salvífica da comunhão das espécies reais ou imaginais, ou na contemplação delas, ou mesmo até do espírito divino em nós.
De notar que na partícula representativa do corpo de Jesus vemos Jesus na cruz tendo S. João e a sua Mãe ao seu lado. O segundo nível da custódia contém um vaso e uma flor que se abre, e o terceiro nível é a ponta ou pináculo, que entra apropriadamente por entre os dois SS, vagamente lembrando a pomba do Espírito santo vista de frente. Relembremos a famosa e belíssima custódia de Belém, realizada pelo grande dramaturgo Gil Vicente, na qual o Espírito Santo como pomba trona ao alto, aqui provavelmente representada de uma forma mais esquemática. Diremos que a custódia da hóstia adorada ou venerada é também a do Espírito (santificante) em nós...
Nascendo na misteriosa última Ceia, tal como a conhecemos pelos quatro Evangelhos, em que Jesus terá instituído o sacramento Eucarístico, ou seja a comunhão das espécies, isto do pão e vinho, como corpo e sangue, de Jesus, ao princípio apenas como lembrança e acção de graças nas celebrações e refeições ou agapes dominicais.
Foi só lentamente que a doutrina da transubstanciação se foi desenvolvendo sendo afirmada dogmaticamente apenas no séc.XIII, em 1215, no 4º Concílio de Latrão: com a consagração da hóstia e do vinho, a partícula torna-se o corpo, e o vinho o sangue, em substância de Jesus. Pouco depois, em 1264, é instituída a festa do Corpo de Deus e intensifica-se assim o culto do Santíssimo Sacramento já que a Eucaristia não estava a ter tanta frequência ou sucesso; e a partir da Contra-Reforma, iniciada pelo Concílio de Trento (1545-1563) face à oposição dos Protestantes à ideia da transubstanciação ou presença real de Jesus nas espécies, o culto do Santíssimo Sacramento mais se acentua, suplementando o da Eucaristia, com muitos escritos, celebrações, imagens, devoções, exposições, procissões e confrarias ou irmandades. Entre as nossas sorores místicas dos séculos XVI a XVIII que tenho estudado houve várias que tinham grande devoção pelo Santíssimo Sacramento e que obtiveram a graça de visões das energias espirituais que dele irradiavam, sobretudo quando o contemplavam demoradamente.
Esta gravura, do século XVIII, com as dimensões de 14x8 cm, impressa e vendida numa loja lisboeta ao Rossio, deveria estar ligada a alguma irmandade ou confraria do Santíssimo Sacramento, e emoldurada belamente sob vidro num papel pintado terá servido como fonte de inspiração, protecção ou mesmo contemplação e comunhão com o mistério ou a potencialidade da hóstia e da custódia como fontes valiosas de ligação religiosa, seja a Jesus, seja ao Amor Divino, seja ao Espírito Santo, dada a sua beleza, forma, simbologia. Ou ainda com os Anjos, ou o Anjo da Guarda...
Como seria bom conseguirmos recuperar as experiência ou vivências dos devotos que tiveram este registo e o utilizaram, tais como as orações ou palavras que pronunciaram diante dele e os estados expandidos de consciência que alcançaram ou mereceram.
Sendo difícil tal clarividência ao menos pratiquemos nós alguns momentos a contemplação de olhos abertos ou fechados, o louvor bendito ou das graças, em sons e mantras, e tornemo-nos mais consciente do fogo do espírito e do seu corpo ou aura refulgente ou de Glória.
Que a saibamos meditar matinalmente e intuir que esta imagem registo da custódia do Santíssimo Sacramento da Eucaristia é um ícone teofânico do Espírito, uma avatarização ou descida do Espírito divino, ou ainda de Jesus Cristo, diante de nós ou dentro de nós...
| Que a presença espiritual e as bênçãos Divinas e de Jesus e dos Anjos estejam mais plenamente com os que aspiram a elas e os que mais precisam... |










