sábado, 15 de julho de 2023

Interrogações sobre as curas de Jesus e as narrativas oficiais: pela fé, magnetismo, vontade, jejum, naturismo, oração. Com vídeo final de 8 minutos.

Jesus, pintado pelo notável mestre alemão Bô Yin Râ.

A revisitação lúcida das principais figuras históricas  religiosas, e das suas vidas, ensinamentos e interpretações, é sempre útil e até muito actual nesta terceira década do século XXI, na qual observamos, sob várias fontes ou perspectivas, como as narrativas oficiais tentam tornar-se  únicas e indiscutíveis, obsessivamente, oprimindo, bloqueando e silenciando as divergentes, pondo assim em causa a procura das mais verdadeiras.
Ora se no século XXI,
o do post-modernismo, após a consagração dos direitos, garantias e liberdade dos seres, e do crescimento das ciências, das reformas e alargamento do ensino, e a profusão de universidades, de doutorados, de artigos científicos, de institutos, de fundações, se presenciam  tão grandes manipulações e mistificações, ou tão corrompidos afunilamentos em direcção a narrativas que satisfazem os interesses dos mais poderosos, deveremos então interrogar-nos se já na antiguidade houve  manipulações fortes e enganadoras e, em consequência, relermos com atenção e investigação os muitos relatos tidos ora como históricos ora como sacrosantos para os crentes das religiões, para discernirmos melhor a verdade.

Não vamos questionar se os nascimentos de alguns dos fundadores das religiões de mulheres virgens, como se tornaram narrativas oficiais, não serão apenas símbolos do grau elevado, puro e santificador consciencial dos casais que os geraram e se tal posição anti-natural dos seres poderem nascer sem relação sexual não espelha o ascetismo e o machismo que predominaram tanto ao longo da história religiosa da Humanidade.
Nem questionaremos se os relatos dos que foram arrebatados ou se ergueram para os céus no Médio Oriente mais não serão do que indicações da sobrevivência do ser humano num corpo espiritual, após a morte corporal ou física, com o qual efectivamente se guindará à vida post-mortem nos planos subtis e espirituais do Universo.

                                         

É sobre as curas milagrosas de Jesus, que o Novo Testamento partilha com tanta emoção, que antes me interroguei na noite de S. João 2022 num pequeno vídeo improvisado de oito minutos  e que encontrará no fim deste texto a ligação,  tendo escrito um ano depois esta breve introdução ou contextualização, que agora partilho.
Jesus foi um mestre que nasceu para fazer evoluir os seus contemporâneos, nomeadamente os envolvidos uma religião tribal, formal, legalista, com uma concepção de Deus Jeova extremamente violenta e com pouco amor, tentando-os despertar para as suas dimensões espirituais, fraternais, universais.
Aceitou discípulos, ensinou-os a orar, a meditar, a desprenderem-se, a serem corajosos, e a dominarem as suas energias psicosomáticas, a despertarem enquanto seres espirituais e para uma ligação a um ser divino que já não era o cruel Jeova mas sim o misterioso Pai ou, segundo S. João, o Deus que continha em si o Logos, o Amor e Luz inteligente substante ao Cosmos, que se manifestava em, ou como, Jesus, podendo assim, como apóstolos e discípulos, ajudarem outros a libertar-se da ignorância, do sofrimento, de más energias e concepções..,
Ora se ele nesse seu mister de despertar e fortificar os discípulos e crentes, e de abri-los para a luz espiritual, exemplificou a vida dos seres despertos ou nascidos segunda vez, deparamos nos três anos do seu magistério com relatos de alguns casos de curas psico-somáticas, por vezes de tal modo assombrosas e miraculosas que podemos questionar o eventual exagero ou ampliação de factos, e tentar investigar o que acontecia causalmente nessas curas.
Sabendo nós que os Evangelhos são relatos baseados em recolhas de ditos, histórias e lendas e que a necessidade de afirmar a divindade e os poderes de Jesus se espelha neles, teremos certamente de aceitar essa aura de invencibilidade divina que os milagres carregam em si, como uma das tintas empregues pelos sublimes redactores de tão piedosas legendas que ao longo dos séculos tanta boa gente tem comovido, convertido ou edificado.
Seria contudo um exagero, um excessivo racionalismo limitador não reconhecermos curas miraculosas operadas em seres que tiveram fé forte no poder taumatúrgico de Jesus, vendo-o como um ser divino ou não.
Numa época em que a medicina ocidental grega já estava relativamente desenvolvida com Hipócrates, a Judeia estava bastante mais atrasada e não houve portanto sequer um choque entre um magistério de cura pela fé e um magistério terapêutico científico psico-somático e até dietético, como modernamente se veio a estabelecer na generalidade dos povos, sem que contudo nunca a fé dos pacientes tenha sido riscada dos factores de cura.
Jesus emanava de si forças de cura, de harmonia, salvíficas e o fundamental da sua intenção e missão seria despertar, ensinar, iluminar, salvar as almas, a cura física surgindo dentro desse plano algo não tão essencial mas mais humanamente e por isso, por vezes, é apenas a compaixão pelo sofrimento do outro que o move. Quando observamos a recomendação de não voltar a pecar (ou seria, desarmonizares-te?) a doença é então considerada consequência de uma má actuação na vida, o que se veio a designar, e por vezes com cargas dualistas pesadas, como pecado, que provocara cargas psico-somáticas nocivas e o afastamento da circulação energética e da harmonia natural e consciencial.
Cremos então poder discernir os seguintes factores da cura considerada habitualmente como miraculosa: 1º um corpo etérico, energético ou vital de Jesus bastante forte e que irradiava naturalmente tal magnetismo para os que o rodeavam, e que poderiam até apenas tocar na sua roupa e aura e com fé curarem-se, seja absorvendo tais energias ou emanações dele, seja despertando em si, ou abrindo-se, às forças curativas ou transmutadoras necessárias.
2º A energia psíquica voluntariosa e harmonizadora que ele detinha e que pela fé os outros recebiam e assim se curavam, algo que ele accionava mais ou menos intencionalmente: "A tua fé te salvou", "Acreditaste e assim se fez", pois a energia segue o pensamento, e a vontade da fé afasta as identificações limitativas, os bloqueios energéticos, ou seja, os obstáculos ou montanhas.
3º O seu grande amor, a sua realização da essência divina e espiritual e que é Amor e que ele vivia consciente e intensamente podendo pois as suas mãos ou pensamentos terem uma força curadora acrescida, que podia introduzir no cuspo e na terra argila, no exemplo de cura "naturista" dum cego.
Não será agora a ocasião adequada para tentarmos discernir nos ditos relatos miraculosos os que foram mitificados e os que se realizaram mesmo enquanto curas pelo magnetismo, a vontade e a fé, apoiadas em princípios de harmonia naturista, tal a sobriedade, o jejum, a conversão, mas não é difícil intuir-se.
Creio serem estas as fontes principais da cura, à qual deveremos acrescentar, e a oração do Pai Nosso assim o indica, a oração ou pedido à Divindade, ao mundo espiritual, para que sejamos curados, perdoados e harmonizados e que vontade mais luminosa ou divina se realize em nós.
Possamos nas nossas vidas trabalhar para sermos curados, ou curar, nas dimensões e níveis que mereçamos, vencendo as manipuladas narrativas oficiais, e possamos sintonizar ou mesmo comungar com as bênçãos do mestre Jesus e de outros grande seres, mestres e anjos, que tentam inspirar e ajudar a Humanidade na sua criatividade e luta pelo Bem, a Justiça e  a Verdade.

                         

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