domingo, 18 de junho de 2023

Blavatsky, Espiritismo, Teosofia, Orientalismo, Woodstock, Timothy Leary, LSD, CIA, Nova Era e Transhumanismo versus Filosofia Perene. Diálogo com Manuel Jorge Ventura e Carlos Dugos.

Do extraordinário artista Henry Fusseli (7.II.1741 a 1815), um dos inspiradores de William Blake,  eis uma reactualização do desvendar de Ísis num culto iniciático antigo: o véu de Maya, ou Natureza, desvanece-se e a Luz ou mesmo as formas Divinas manifestam-se

Um texto de Emmette Coleman acerca de Helena Petrovna Blavatsky e os plágios e eventuais fraudes com que teria escrito a famosa Ísis sem Véu, brevemente contextualizado por mim num recente artigo deste blogue, a 6 de Junho, Helena P. Blavatsky mistificou por vezes? Qual a originalidade e valor da Isis sem véu? Por W. Emmete Coleman. Tradução, recebeu de dois conhecedores da espiritualidade amigos, adeptos da Filosofia Perene, comentários que merecem ser respondidos e partilhados. É o que passo a fazer, transcrevendo primeiro a apresentação contextualizante inicial:
«William Emmete Coleman foi um bibliotecário e espiritualista,  defensor da liberdade de consciência e religião e contra a escravatura, tendo sido depois um administrativo do General Cambay na Guerra Civil norte-americana. Foi um orientalista e membro da American Oriental Society, da Royal Asiatic Society of Great Britain and Ireland, e do Pali Text Society, esta ligada ao Budismo. Questionou tanto aspectos do Cristianismo como casos ditos de espiritismo, nomeadamente aqueles em que participou Madame Blavatsky (1831-1891) bem como o seu companheiro o coronel Olcott e investigou a originalidade ou o plagiarismo das suas duas obras principais  Ísis sem véu, e Doutrina Secreta, escrevendo alguns artigos importantes dada a grande credulidade com que tais obras foram recebidas como provenientes de textos com milhares de anos (no caso da Doutrina Secreta, as famosas e nunca confirmadas estâncias do Livro de Dzyan) e de mestres invisíveis, os famosos Mahatmas dos Himalaias que se correspondiam com ela por cartas, por vezes bastante prosaicas como podemos constatar hoje em dia.  Se observamos cuidadosamente vemos que à parte algumas citações do código de Manu e de Shastras indianas, a quase totalidade das suas fontes são da tradição grega, hebraica e cristã, e em seguida dos vários ocultistas e herméticos ao longo dos tempos, culminando com as últimas correntes do magnetismo, do evolucionista e do espiritismo, esta considerada por ela como o elo entre a ciência e a religião, teoria valorizadora do espiritismo, que na altura ela aindapraticava, e que abandonará com a sua orientalização. 

A obra principal de William Emmette Coleman contudo perdeu-se em  1906, no terramoto de S. Francisco  na  Califórnia e era nela que detalhadamente demonstrava os plágios e as manipulações de Helena P. Blavatsky na feitura de tais obras, pelo que nos ficaram apenas alguns artigos, nomeadamente o seu índice das fontes não referidas na Ísis sem véu, e que foi inserido no fim da obra crítica de Blavatsky, por Vsevolod Solovyov's: A Modern Priestess of Isis, de 1895. Emmette nascera a 19 de Junho de 1843, tivera um breve casamento, pois a mulher morreu cedo e partiu para os mundos espirituais a 4 de Abril de 1905. Quanto ao artigo ele é valioso, embora certamente tenhamos de ter em conta que provém de um crítico do conhecimento e fidedignidade de Blavatsky, pelo que será sempre bom ouvir as versões bem apreciadoras da sua vida e obra, e que são a maioria. Mostra-nos os aspectos iniciais da sua actuação como espírita, depois a fundação de uma agremiação  Teosófica e posteriormente a sua repulsão do movimento espírita e a sua reformulação na Índia e no Ceilão, e em contacto com as tradições religiosas e espirituais locais, e algumas personalidades, do que se tornou modernamente o corpus doutrinário da Teosofia, ou como René Guénon lhe chamou o Teosofismo, título de uma obra também contra a corrente, e muito crítica de Blavatsky, Annie Besant e Leadbeater e da sua vulgarização da Tradição. Caberá a cada um de nós tirar as suas ilações do texto transcrito e que certamente pouco afectará a estima e aceitação que tanta gente tem por tão discutida como audaciosa e criativa personalidade, e pela sua tão rica e tantalizante obra, ainda que bastante abstrusa, contraditória e inconfirmável.» 
Ora o Manuel Ventura respondeu ao artigo do blogue partilhado por mim para o Face, deste modo: «É hoje possível observar de forma muito nítida que juntamente com a gosma espírita que sempre amparou a S[ociedade]T[eosófica] no seu substrato institucional - para lá do episódico refugio de movimentos de idéias mais genuinos, que a protecção de que sempre beneficiou M. Blavatsky decorre sobretudo da importância que o "orientalismo" teve e tem para servir interesses dúbios de desestruturação das instituições tradicionais do Ocidente e do espaço próprio que natural e geograficamente lhe cabe na Tradição, sem prejuízo do valor que para a filosofia Perene possam ter culturas, religiões ou sistemas de pensamento de outros espaços ou períodos históricos.
Esse movimento desestruturador e outros que lhe têm sucedido num contexto mais vasto e profundo que se atrela com maior visibilidade a partir da Revolução Francesa tem sido extraordinariamente bem sucedido, pelo que todos os contributos de informação e critica ainda que pontual e parcialmente dirigidos são louváveis.
E este, no teu caso, caríssimo Pedro, também meritório de um aplauso e agradecimento!»
 
Seguiu-se a  minha resposta publicada na mesma opressiva rede social:
«Caríssimo Jorge. Graças pelo teu importante comentário e que mereceria um texto complementar, já que o que dizes, embora certo em certos aspectos noutros é algo radical. Bem vi que ressalvastes a universalidade da Tradição Perene, e te dás conta de que o Orientalismo é um conceito pouco definido e claro e que tem servido para muitos fins contrários ao seu mais lídimo sentido que será os que estudam, conhecem, amam a sabedoria, ou a tradição, Oriental em certos aspectos da sua tão rica pluridimensionalidade. Tenho uma visão não só metafísica mas também histórica da Humanidade e dos seus conhecimentos e movimentos religiosos, filosóficos, esotéricos, espirituais e logo vejo também ou melhor a sua inserção dialéctica, e logo necessária, no devir no tempo e espaço da Manifestação...»
 
Com esta equilibrada resposta, ainda que discordasse da designação de "gosma espírita", algo radical para mim, já que houve tantos grandes seres, - de Victor Hugo e Balzac a Camille Flamarion e Charles Richet- , a participar nesse movimento que teve o papel importante de evidenciar a existência de vida após a morte e de alguns poderes psíquicos  humanos poucos estudados, pesem as milhares de fraudes e mistificações, sabendo-se até que a Madame Blavatsky nos seus primeiros anos fez parte do movimento espírita, tanto como medium ou jornalista. Embora tenhamos lido a obra Le Spiritisme de René Guénon, muito crítica do espiritismo,  "gosma" é expressão algo insultuosa para a grande riqueza de esforços e dedicação, com consequências  ou efeitos frequentemente bons, como podemos comprovar nas biografias de muitos espíritas mais conhecidos.
 Quanto à crítica ao Orientalismo como elemento destruturador do da tradição Ocidental também me parece exagerada (tanto mais que o Ocidente invadiu e colonizou no Oriente), embora haja vários movimentos orientais no Ocidente algo caricatos, exagerados ou melhor tenha havido várias pessoas que se aproveitaram de aspectos da sabedoria oriental para fins pessoais e frequentemente com desconhecimento de causa, ou seja superficialidade tanto de conhceimento como de experiência. O ensino do Yoga no Ocidente, no Brasil e em Portugal apresenta vários casos conhecidos de instrutores megalóamnos, pouco escrupulosos e que usaram e abusaram das organizações, federações e seguidores, denegrindo bastante a sabedoria oriental, na qual os vários tipos de yoga se inseriam e inserem. 
Creio contudo que como dizes "esse movimento de orientalização, essa tentativa de destruturação do Ocidente, que remete mesmo para a Revolução Francesa", terá a teu ver  mentores e actores na sombra, que seria bom sabermos melhor.
Georges Dumézil (4-III-1898 a 1986), um génio linguista e um dos mais profundos conhecedores da civilização indo-europeia e das suas línguas, estruturas, mitos e religiões.
Lembrarei ainda para terminar, primeiro, que a tradição indo-europeia, tão bem provada já por Georges Dumézil e outros unifica os povos europeus e os indianos e os persas ou iranianos, e que portanto nós recebermos da sabedoria própria gerada naquele ambiente particular não será algo assim tão pouco congénito.  Segundo, e como ressalvaste e bem, a Tradição Perene, os grandes pensadores do perenialismo sempre estudaram e reconhecerem a sabedoria, ou a Tradição Perene no Oriente, na Índia, e um bom exemplo disso foi René Guénon (15-XI-1886 a 1951), que depois de ter defendido o tradicionalismo católico, tanto estudou e valorizou a Vedanta indiana e, por fim, a tradição islâmica a que se converteu mesmo e onde morreu no norte de África, no Egipto, como um sheik, um mestre sufi.
René Guénon no Cairo, com o seu mestre e genro.
 Se as palavras mantras que ele utilizaria mais nas suas orações e meditações nos são desconhecidas, podemos admitir que ainda que fossem as tradicionais da sua fraternidade sufi, certamente a outros níveis, ideias e categorias, os nomes de outras tradições e religiões informariam o seu substracto psíquico ou quem sabe alguma jaculatória final, tal como a de Erasmo (28-X-1466 a 1536), que sempre falou em latim, e por vezes em grego (em Veneza, com a campanha de tradutores de Aldo Manuzio), mas no nomento de deixar o corpo exclamou em holandês, oh lieuer Gott, oh amado Deus. 
Sancte Erasme, ora cum nobis...
Um dia depois o Manuel Jorge Ventura acrescentou um novo comentário, a que não respondi então:
«O poderosíssimo mercado editorial de miscelânea new age suportado por entidades que hoje se sabe também estiveram na origem de eventos como o Woodstock é mais um prolongamento dessa influência de desestruturação da identidade cultural e religiosa do Ocidente servindo muitas vezes objectivos políticos de distracção vg. hedonista.
Uma teia bem tecida com ampla urdidura no espaço e tempo, cujos intuitos são evidentes nesta dimensão de um totalitarismo soft e controlo digital para onde nos querem conduzir.
De preferência com insegurança constante, guerras e medo também de ameaças sanitárias programadas e, como se vai constatando, muito grafeno &etc, para assegurar o sofisticado controle de uma condição robotizada de zombie transhumanista para a qual estamos criminosamente a ser induzidos.»
 
Se de facto é verdade que  existe «um poderosíssimo mercado editorial de miscelânea new age», super mistificador embora nada unificado dada a diversidade da qualidade e dos objectivos (desde o hedonismo e o "explorismo" mas também a cura e harmonização) das publicações, e que está muito certa a  imagem final do sofisticado zombismo em curso, já a crítica ao festival de Woodstok (agosto de 1969, com cerca de 400.000 assistentes) como tendo sido gerado ou apoiado pelas mesmas entidades sombras que desejam  a desestruturarão do Ocidente (e que nomes apontados, perguntamos) parece exagerada, pois o Festival foi uma primeira explosão revolucionária e libertária face ao materialismo, capitalismo e imperialismo norte-americano, que por pouco o não proibiu ou oprimiu demasiado.
Se formos ler a história do Festival, vemos que os seus organizadores eram empreendedores musicais e que as adesões vieram de múltiplos sectores do pensamento criativo e crítico musical norte-americano, e basta ver como John Lenon (depois assassinado..) e Yoko Ono Band não puderam participar porque Richard Nixon, diz-se, não permitira, pela oposição que eles faziam à guerra do Vietname, certamente uma das mais tenebrosas do imperialismo excepcionalista norte-americano.
Parece-me portanto uma mera conjectura a da ligação, mesmo que remota, entre Woodstock e os actuais projectos em curso da Nova Ordem Mundial, da tétrica Organização Mundial de Saúde, do transhumanismo-infrahumanista do World Economic Forum de Klaus Schwab e de Yuval Harari, ou dos transgendrismos e chipismos que os media ao serviço da elite financeira mundial propagandeiam. Todos temos o dever ético e moral de lutar contra tal controle e manipulação da Humanidade, dotada de livre arbítrio e constituída de corpo, alma e espírito imortal, e provinda da Divindade...
O comentário do Manuel Jorge recebeu duas intervenções  ou comentários, um da Patrícia Ruivo,  extenso e político, valorizando Kennedy Jr. face ao zombie Biden, com um bom final: «É surpreendente a falta de capacidade das pessoas para se interrogar. Pensar, com autonomia, é mais do que nunca um acto salvífico de profunda e carecida subversão»,   e outro da Maria Helena Lusignan:«eu gostei do Woodstock mas fiquei mais aborrecida com a aterragem na Lua feita pelo Kubrick».
 Ao que o Manuel Jorge replicou: 
«Eu também gostei desse momento com novas formas de convivencialidade e explosão criativa da música popular com tantos compositores que me acompanham desde então.
Mas não gostei de saber que todo esse movimento do make love not war foi incentivado e tutelado discretamente por estruturas do governo. As mesmas que apoiavam o sr. do LSD e experiências psicadélicas destinadas ao mesmo segmento de filhos do vento "libertários". O mercado mundial de droga de resto também teve sempre a mesma tutela e se os EUA saíram do Afeganistão a CIA permanece lá de braço dado com os talibãs para assegurar a qualidade e o escoamento do suco da papoila.»
Este esclarecimento maior quanto às forças que na sombra apoiaram o movimento hippie e psicadélico, nomeadamente o senhor Timothy Leary, parece-me uma conjectura infundada, pois esse revolucionário psico-social e visionário psicadélico esteve preso mais de trinta vezes e foi constantemente perseguido pelo establishment norte-americano e as suas forças  policiais e secretas. 
A biografia dele (1910-1996), mesmo na tão distorcida wikipedia, é de leitura recomendada para se ter a noção do que foi a saga da contra-cultura americana, uma impulsão juvenil libertadora que foi controlada e manipulada persistentemente (de tal modo tão hilariante que hoje Joe Biden e os democratas são a esquerda...), e a evolução do consumo de drogas nos USA, para se chegar hoje à degradação actual visível nos milhões de norte-americanos que vivem na extrema miséria nas ruas da cidades do império que imprime os dólares que quer para os seus fins hegemónicos....
Homenagem à definitiva viagem em corpo anímico de Timothy Leary...
Donde me parecer de novo um salto no vazio a relação que é feita do LSD com as plantações da papoila para os opiáceos, e a heroína em especial, em que o Afeganistão é terreno fértil e que de facto os USA, através de  diplomatas e da CIA apoiaram fortemente na época dos mujahidins em luta contra a influência e depois a presença soviética. Quanto à CIA ainda hoje controlar é algo mais complexo de sabermos, mas  que o narco-tráfico funciona não há dúvidas. Mas é necessário destrinçar o aproveitamento para zombificação que certas drogas, tal o ópio e heroína, permitem, com outras que expandem a consciência, como é o caso do LSD e dos cogumelos, mas que certamente têm  contra-indicações e efeitos cerebrais desgastantes.
Posteriormente, Carlos Dugos, que já dera um breve contributo,  lembrando Júlio Evola e a sua Metafísica do Sexo, num comentário ao meu texto Do mistério da origem do ser humano Espiritual e da sua polaridade masculina e feminina. Versões esotéricas. As perigosas alterações de identidade e género actuais, entrou na polémica:
«Uma das críticas - e não é a maior - que Guénon faz ao teosofismo prende-se com o sincretismo misturando, no mesmo "discurso", elementos de diferentes correntes espirituais, numa confusão de linguagens e símbolos que obscurece a luminosidade doutrinal de cada uma das correntes abordadas. Tal prática não deve ser confundida com respeito perenialista por todas as tradições regulares porque a cacofonia teosofista se deve a um absurdo, que é o "estudo comparado das religiões", dado que elas são, por natureza, incomparáveis. Segundo a doutrina perene, as coincidências, nomeadamente as religiosas, provêm da origem comum de todas as correntes espirituais regulares, entendidas como versões particulares de uma Tradição Primordial. E é justamente a particularidade que estrutura cada uma delas que não pode - e portanto não deve - ser comparada com outras particularidades, já que cada particularidade tem: circunstância, coerência e completude próprias. Tentar "iluminar" elementos de uma tradição específica com elementos oriundos de outra Tradição constitui um erro elementar.»
Giulio Evola (1898-1974), um sábio tradicionalista, kshatriya ou guerreiro.
Esta observação valiosa de Carlos Dugos tem de ser contudo relativizada pois é inegável que o estudo comparado das religiões e tradições auxilia-nos a termos uma percepção melhor das particularidades próprias e das igualdades e semelhanças existentes. 
É verdade que a Teosofia de Blavatsk, e super-patente na Ísis sem Veu, abusou de todo o tipo de comparações superficiais e que os seus sucessores enveredaram pelo mesmo tipo, embora sem o génio dela, e lembrar-nos-emos de muitas das obras de membros da Sociedade Teosófica, ou pantominices que foram a Igreja Liberal, com o famigerado Charles Leabeater bispo, ou a vinda do Novo Messias- Instrutor Mundial, o jovem bengali Alcyone e depois denominado apenas Krishnamurti. 
Ou ainda tantos autores e autoras contemporâneos que sem qualquer realização espiritual nem metafisica ora canalizam mensagens, ora cabalizam, ora compilam tudo o que se escreveu sobre a Lemúria e a Atlântida, ou os sete corpos, ou a vida de Jesus e a sua infundada viagem ao Tibete, descobrindo as influências budistas, tibetanas ou indianas no seu ensinamento. 
Todavia, pese e completude que cada religião no seu aspecto iniciático poderá ter, sabemos bem como as religiões são ainda vividas pela maioria na sua limitada exotericidade, ou mesmo superficialidade de costumes  e crenças e de ritos semi-automáticos, ou então astralizada e explorada nos cultos pseudo-evangélicos e carismáticos, pelo que mostrar as analogias entre as diversas formas verdadeiramente espiritualizantes de Religião, e sobretudo numa época de crescente globalização de quase tudo, é importante ou mesmo necessário, nem que seja para se evitar o cepticismo, o ateismo ou a mentalidade da Nova Era superficial e por vezes até fanática.
Ananda Coomarasawamy (22.VIII-1877 a 1947), um dos grandes sábios modernos...
Exemplos de bons perenialistas que sabem comparar ou estabelecer as correspondências das doutrinas religiosas, para se aprofundar a hermenêutica dos símbolos, ritos, crenças e práticas encontramos em Ananda Coomaraswami, com uma extensa obra de constante comparação (ou se quisermos, correspondência) de diversos aspectos das religiões à luz da Unidade Transcendente e Imanente delas, ou seja da Filosofia Perene e realização espiritual, tanto mais que sabia latim, grego e sânscrito, e foi um dos melhores cultores de uma História da Arte mais profunda, metafísica. E ainda em Henry Corbin, Louis Massignon, Julio Evola, o ainda vivo e excelente Seyyed Hossein Nasr, ou mesmo o algo megalómano Frithjof Schuon (que no teu comentário terás tido em conta, tal  a sua obra A Unidade Transcendente da Religiões), todos eles  com valiosos (por vezes menos...) contributos de ordem metafisica ou intelectual, e não, como tu criticas, de emocionalismos ou sincretismos cultuais, que contudo tocam mais nas maiorias e por vezes são necessários, tais os encontros de Assisi, já que a realização interior, só intelectual e metafísica é apenas para uma minoria mínima.Daí por exemplo, as formas Divinas do Absoluto cultuadas ou adoradas por tantos mestres verdadeiros...
Henry Corbin (14-IV-1903 a 1978), grande conhecedor da Filosofia Perene, da tradição espiritual do Irão, com obras fundamentais sobre  o Zoroatrismo e o Islão Shia. 
 Ainda houve uma adenda final de Carlos Dugos: 
«Ainda a propósito do sincretismo, uma curiosidade. Em O Nome da Rosa, Eco introduz uma personagem, surgindo nitidamente como metáfora da expressão sincrética. Um monge, de tendências heréticas, fala por frases onde se misturam palavras de línguas diversas.»
Dara Shikoh (20-III-1615 a 1659), em jovem com o seu mestre Mian Mir, pioneiro do estudo e encontro dos oceanos das Religiões.
Quanto a Umberto Eco, pese a sua genialidade e extraordinária erudição, não tinha a básica ou necessária realização espiritual pelo que não saberia discernir quando é que um herético, seja cristão ou islâmico, estaria certo no que era considerado como erro ou rebeldia, e basta ver como Giordano Bruno e Miguel Serveto foram queimados vivos, ou como Al Hallaj ou Dara Shikoh (um dos primeiros estudiosos do comparativismo espiritual ou esotérico das religiões - em especial Islao e Sanatha Dharma indiano) foram acusados e mortos. Como também não devia entender que a oração hesicasta cristã, ou o mantra yoga indiano, ou o dhikr ou zikr sufi, têm as mesmas bases e fins, e podem ser praticadas pela mesma pessoa que esteja aberta à unidade interior e metafisica das Religiões, sem necessariamente se tratar dum sincretismo.
Quais são os melhores modos de despertarmos as pessoas para a sua identidade, religação e visão espiritual continua a ser a demanda do santo Graal, ou da taça do rei do antigo Irão Jamshid, a Jam-e jam...
 

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