Geração primordial, por Bô Yin Râ. |
A origem do ser humano no plano espiritual, e do Ser divino, para não falarmos da Manifestação cósmica, é um dos grandes mistérios da Humanidade e a maioria dos textos considerados sagrados, as Escrituras das Religiões, surgem-nos hoje como contos de crianças, ainda que certamente se possam discernir ou atribuir simbologias subtis por detrás dessas narrativas, a mais típica sendo a do Génesis, assumida pelo judaísmo e o cristianismo e que tanto influenciou a civilização ocidental e mesmo a islâmica.
A mulher criada da costela do homem adormecido, feitos de barro, e, pouco depois de viverem num jardim paraíso, forçados por uma desobediência ou pecado misterioso a saírem para o mundo, de modo algum sugere ou abre ao que deve ter sido a decisão primordial da Divindade de gerar no mundo espiritual os espíritos masculinos e femininos, em si mesmos ou numa unidade bipolar pois só a eventual queda ou descida poderá estar de algum modo aludida em tal narrativa mítica.
Ao longo dos séculos várias compreensões do enigmático momento primordial (eterno ou não) se ergueram nas almas e mentes, por cogitações e imaginações, intuições e visões, e tanto em povos mais simples civilizacionalmente como em mais estruturados e desenvolvidos, nascendo disso cosmogonias e antropogéneses, das quais as indianas, nomeadamente nas Puranas, serviram de fontes para os ocultistas que, desde os séculos XVII e XVIII começaram já não a especular apenas sobre a judaica-cristã, com seus veios cabalistas e de esoterismo cristão, mas também inserindo e adaptando tais dados orientais, ou mesmo mistificando-os, o caso das famosas estâncias de Dyzan, que Helena Blatavstky teria consultado num mosteiro budista tibetano e das quais fez um uso muitíssimo criativo e mistagógico na sua obra Doutrina Secreta, mas que parecem ser apenas reutilizações do Rig Veda e do Vishnu Purana.
Devem-se mencionar na história do Esoterismo como importantes as versões especulativas rosacruzes de Robert Fludd (1574-1637), as visionárias de Jacob Böhme (1575-1624) e Swedenborg (1688-1772), e depois as bastante mais detalhadas e imaginativas de Helena P. Blavatsky, embora as descrições mais comprovadamente fantasiosas viessem a ser as dos seus sucessores Annie Besant e seu ajudante e mentor Charles Leadbeater (que descobriram, além de Alcyone-Krishnamurti, as reincarnações dos principais dirigentes teosófícos desde quando eram macacos, antes ainda das míticas civilizações da Lemúria e Atlântida, e que rodeavam nas primeiras décadas do séc. XX o novo Instrutor do mundo), as antroposóficas de Rudolfo Steiner e as rosicrucianas do quem foi seu seguidor algum tempo, Max Heindel e, finalmente, os ensinamentos de Alice A. Bailey, "recebidos telepaticamente" de um dos misteriosos mestres de Blavatasky e da Sociedade Teosófica, Djwal Kuhl, um dito abade tibetano. Todavia nos séculos XX e XXI desenvolveram-se outras descrições, através de discípulos e iniciados e sobretudo de auto-proclamados realizados, videntes, profetas e profetizas (onde se destacou uma grande mistagoga Elizabeth Claire Prophet), mediuns e canalizadores, adquirindo por vezes grande sucessos quantitativos mas de qualidade frágil e contraditória.
Ora para Bô Yin Râ (alemão, 25-XI-1876 a 14-II-1943) o ser humano é o fruto do amor dos princípios masculino e feminino que existem na pura substância do Espírito, tal como o corpo terrestre é o resultado da união erótica ou sexual de um homem e de uma mulher, e não do que hoje com grande diabolismo se tenta impor às pessoas e crianças...
Ou seja, a Divindade, ou se quisermos, o Espírito puro e absoluto, contém em si os dois Princípios Masculino e Feminino, e gera através deles os espíritos humanos que têm desde o momento da sua emanação primordial uma polarização que faz parte da sua identidade perene, donde as consequências graves das modas fomentadas actualmente...
Por outra perspectiva podemos dizer que o Espírito Absoluto é Andrógino e engendra perpetuamente a unidade bipolar dos seres humanos, ou seja, os dois polos masculino e feminino, que serão chamados as almas gémeas em algumas tradições, tal a que Sócrates teria ensinado e que Platão divulgou no Banquete, numa forma algo caricata na explicação do corte e separação mas transmitindo bem a aspiração que elas sentem pela Unidade bipolar de que provêm, , e que será uma das fontes principais do Amor que move e une os seres, maximamente na união amorosa mística ou espiritual
Unio Mystica, por Bo Yin Râ. | |
Caminho de realização espiritual este que todos os seres quando morrem têm de enfrentar e percorrer, e que depende muito do que se fez e desenvolveu na Terra, donde a importância de enquanto estamos vivos trabalharmos para despertar espiritualmente, para ganharmos a consciência de que somos espíritos dotados de almas e das forças psíquicas ou virtudes desenvolvidas e unificadas em vida.
Este ganhar ou recuperar a consciência espiritual em termos de processo pode comparar-se a uma operação alquímica em que conseguimos ressuscitar o cristal resplandescente do espírito divino, ou se quisermos "talhar o corpo espiritual", numa expressão que Fernando Pessoa recolheu da tradição perene, tanto através do nosso esforço e aspiração como da descida de energias ou bênçãos que provêm do mundo divino, através dos mestres e anjos, algo que ficou nas lendas de um fio de prata, duma escada, de uma cadeia de elos dourados por onde as forças que nos permitem acolher e assumir o espírito puro e cristalino divino descem.
Podemos dizer que as práticas de oração e meditação têm como um dos objectivos principais abrir-nos a tais níveis subtis mais elevados e gerar em nós a comunhão e unificação com o espírito e a religação à Divindade, e por tal realização transformar-nos e ajudarmos a evolução da Humanidade, pesem as tais forças tão poderosas, oligárquicas e algo satânicas, que tentam controlar a educação, a cultura, a religiosidade e a espiritualidade das pessoas, enganando-as, manipulando-as, amedrontando-as (meio principal de enfraquecimento), alienando-as, sub-animalizando-as....
Ora através desta nossa verdadeira identidade mais consciencializada e assumida conseguiremos discernir melhor os espíritos ou corações humanos, os falsos profetas, os mentirosos políticos e eventualmente as pessoas que nos são afins ou mesmo aquela que é a alma-gémea primordial, embora sem dúvida para a maioria dos seres este último conseguimento seja apenas um mito ou quanto muito, em poucos, um ideal. Bô Yin Râ, nesta zona de conhecimento tão subtil e elevado, adverte e recomenda que, mesmo que o nosso par na vida terrena não seja a alma-gémea, deverá ser co-vivido como tal, com os resultados a desvendarem-se post-mortem, na vida em corpo espiritual.
Consigamos pois evitar e escapar às manipulações insidiosas e desidentitárias das grande organizações e grupos de pressão da Nova Ordem Mundial, que os media vendidos ou alinhados veiculam a tempo inteiro, de modo a relacionar-nos em discernimento e verdade, unidade e amor, e a entrarmos no nosso coração anímico e espiritual e assim abrir melhor o nosso olho subtil e alma para o espírito, os mestres e anjos, o Templo da Divindade na Mátria-Pátria espiritual e a Divindade. Que a paz Dela seja ou esteja connosco. Aum...
Erwachen der seele, Despertar da alma, por Bô Yin Râ. Aum Tat Sat... |
2 comentários:
Excelente texto, Pedro!
Graças muitas, e boas inspirações!
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