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Do extraordinário artista Henry Fusseli (7.II.1741 a 1815), um dos inspiradores de William Blake, uma reactualização do desvendar de Ísis num culto iniciático antigo: o véu de Maya, ou Natureza, desvanece-se e a Luz, ou mesmo formas Divinas manifestam-se
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Um texto de Emmette Coleman acerca de Helena Petrovna Blavatsky e os plágios e eventuais fraudes com que teria escrito a famosa Ísis sem Véu, brevemente contextualizado por mim num recente artigo deste blogue, a 6 de Junho, Helena P. Blavatsky mistificou por vezes? Qual a originalidade e valor da Isis sem véu? Por W. Emmete Coleman. Tradução, recebeu de dois conhecedores da espiritualidade amigos, adeptos da Filosofia Perene, comentários que merecem ser respondidos e partilhados. É o que passo a fazer, transcrevendo primeiro a apresentação contextualizante inicial:
«William Emmete Coleman foi um bibliotecário e espiritualista, defensor da
liberdade de consciência e religião e contra a escravatura, tendo sido
depois um administrativo do General Cambay na Guerra Civil
norte-americana. Foi um orientalista e membro da American Oriental
Society, da Royal Asiatic Society of Great Britain and Ireland, e do
Pali Text Society, esta ligada ao Budismo. Questionou tanto aspectos do
Cristianismo como casos ditos de espiritismo, nomeadamente aqueles em
que participou Madame Blavatsky (1831-1891) bem como o seu companheiro o
coronel Olcott e investigou a originalidade ou o plagiarismo das suas
duas obras principais Ísis sem véu, e Doutrina Secreta,
escrevendo alguns artigos importantes dada a grande credulidade com que
tais obras foram recebidas como provenientes de textos com milhares de
anos (no caso da Doutrina Secreta, as famosas e nunca confirmadas estâncias do Livro de Dzyan) e de mestres invisíveis, os famosos Mahatmas
dos Himalaias que se correspondiam com ela por cartas, por vezes
bastante prosaicas como podemos constatar hoje em dia. Se observamos
cuidadosamente vemos que à parte algumas citações do Código de Manu e de
Shastras indianas, a quase totalidade das suas fontes são da tradição
grega, hebraica e cristã, e em seguida dos vários ocultistas e
herméticos ao longo dos tempos, culminando com as últimas correntes do
magnetismo, do evolucionista e do espiritismo, esta considerada por ela
como o elo entre a ciência e a religião, teoria valorizadora do
espiritismo, que na altura ela ainda praticava, e que abandonará com a sua orientalização.
A obra principal de William Emmette Coleman contudo perdeu-se em 1906,
no terramoto de S. Francisco na Califórnia e era nela que
detalhadamente demonstrava os plágios e as manipulações de Helena P.
Blavatsky na feitura de tais obras, pelo que nos ficaram apenas alguns
artigos, nomeadamente o seu índice das fontes não referidas na Ísis sem véu, e que foi inserido no fim da obra crítica de Blavatsky, por Vsevolod Solovyov's: A Modern Priestess of Isis, de 1895. Emmette nascera a 19 de Junho de 1843, tivera um breve casamento, pois a mulher morreu cedo e partiu para os mundos espirituais a 4 de Abril de 1905. Quanto ao artigo ele é valioso,
embora certamente tenhamos de ter em conta que provém de um crítico do
conhecimento e fidedignidade de Blavatsky, pelo que será sempre bom
ouvir as versões bem apreciadoras da sua vida e obra, e que são a
maioria. Mostra-nos os aspectos iniciais da sua actuação como espírita,
depois a fundação de uma agremiação Teosófica e posteriormente a sua
repulsão do movimento espírita e a sua reformulação na Índia e no
Ceilão, e em contacto com as tradições religiosas e espirituais locais, e
algumas personalidades, do que se tornou modernamente o corpus
doutrinário da Teosofia, ou como René Guénon lhe chamou o Teosofismo,
título de uma obra também contra a corrente, e muito crítica de Blavatsky, Annie Besant e Leadbeater e da sua vulgarização da Tradição.
Caberá a cada um de nós tirar as suas ilações do texto transcrito e que
certamente pouco afectará a estima e aceitação que tanta gente tem por
tão discutida como audaciosa e criativa personalidade, e pela sua tão
rica e tantalizante obra, ainda que bastante abstrusa, contraditória e
inconfirmável.»
Ora o Manuel Ventura respondeu ao artigo do blogue partilhado por mim para o Face, deste modo: «É hoje possível observar de forma muito nítida que juntamente com a gosma espírita que sempre amparou a S[ociedade]T[eosófica] no seu substrato institucional - para lá do episódico refúgio de movimentos de ideias mais genuinas, que a protecção de que sempre beneficiou M. Blavatsky decorre sobretudo da importância que o "orientalismo" teve e tem para servir interesses dúbios de desestruturação das instituições tradicionais do Ocidente e do espaço próprio que natural e geograficamente lhe cabe na Tradição, sem prejuízo do valor que para a filosofia Perene possam ter culturas, religiões ou sistemas de pensamento de outros espaços ou períodos históricos.
Esse movimento desestruturador e outros que lhe têm sucedido num contexto mais vasto e profundo que se atrela com maior visibilidade a partir da Revolução Francesa tem sido extraordinariamente bem sucedido, pelo que todos os contributos de informação e crítica ainda que pontual e parcialmente dirigidos são louváveis.
E este, no teu caso, caríssimo Pedro, também meritório de um aplauso e agradecimento!»
Seguiu-se a minha resposta publicada na mesma opressiva rede social:
«Caríssimo Jorge. Graças pelo teu importante comentário e que mereceria um texto complementar, já que o que dizes, embora certo em vários aspectos noutros é algo radical. Bem vi que ressalvastes a universalidade da Tradição Perene, e dás conta de que o Orientalismo é um conceito pouco definido e claro e que tem servido para muitos fins contrários ao seu mais lídimo sentido que será os que estudam, investigam, conhecem, amam a Sabedoria ou a Tradição Oriental, no seu todo ou em certos aspectos da sua tão rica pluridimensionalidade. Tenho uma visão não só metafísica mas também histórica da Humanidade e dos seus conhecimentos e movimentos religiosos, filosóficos, esotéricos, espirituais pelo que vejo, também ou melhor, a sua inserção dialéctica, e logo necessária, no devir no tempo e espaço da Manifestação...»
Com esta equilibrada resposta, ainda que discordasse da designação de "gosma espírita", algo radical para mim, já que houve tantos grandes seres, - de Victor Hugo e Balzac a Camille Flamarion e Charles Richet-, a participar nesse movimento que teve o papel importante de evidenciar a existência de vida após a morte e de alguns poderes psíquicos humanos poucos estudados, pesem as milhares de fraudes e mistificações, sabendo-se até que a Madame Blavatsky nos seus primeiros anos fez parte do movimento espírita, tanto como médium como jornalista. Embora tenhamos lido a obra Le Spiritisme de René Guénon, muito crítica do espiritismo, "gosma" é expressão algo insultuosa para a grande riqueza de esforços e dedicação, com consequências ou efeitos frequentemente bons, como podemos comprovar nas biografias de muitos espíritas mais conhecidos.
Quanto à crítica ao Orientalismo como elemento destruturador do da tradição Ocidental também me parece exagerada (tanto mais que o Ocidente invadiu e colonizou no Oriente), embora haja vários movimentos orientais no Ocidente algo caricatos, exagerados ou melhor tenha havido várias pessoas que se aproveitaram de aspectos da sabedoria oriental para fins pessoais e frequentemente com desconhecimento de causa, ou seja superficialidade tanto de conhecimento como de experiência. O ensino do Yoga no Ocidente, no Brasil e em Portugal apresenta vários casos conhecidos de instrutores megalómanos, pouco escrupulosos e que usaram e abusaram das organizações, federações e seguidores, denegrindo bastante a sabedoria oriental, na qual os vários tipos de yoga se inseriam e inserem.
Creio contudo que como dizes "esse movimento de orientalização, essa tentativa de destruturação do Ocidente, que remete mesmo para a Revolução Francesa", a teu ver, e que terá mentores e actores na sombra, que seria bom discernirmos melhor dentro dos intelectuais que trabalham para a oligarquia mundial liderada por Klaus Schwab, George Soros, Rothchilds e suas instituições, grupos e executivos.
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Georges Dumézil (4-III-1898 a 1986), um génio linguista e um dos mais profundos conhecedores da civilização indo-europeia e das suas línguas, estruturas, mitos e religiões.
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Lembrarei ainda para terminar, primeiro, que a tradição indo-europeia, tão bem provada já por Georges Dumézil e outros, unifica os povos europeus e os indianos e os persas ou iranianos, pelo que recebermos da sabedoria própria gerada neste ambiente de família não será algo assim tão pouco congénito. Segundo, e como ressalvaste e bem, a Tradição Perene, os grandes pensadores do perenialismo sempre estudaram e reconhecerem a Sabedoria, ou a Tradição Perene no Oriente, na Índia, e um bom exemplo disso foi René Guénon (15-XI-1886 a 1951), que depois de ter defendido o tradicionalismo católico, tanto estudou e valorizou a Vedanta indiana e, por fim, a tradição islâmica, á qual se converteu mesmo e nela morrendo no norte de África, no Egipto, como um sheik, um mestre sufi.
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René Guénon no Cairo, com o seu mestre e genro.
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Se as palavras mantras que ele utilizaria mais nas suas orações e meditações nos são desconhecidas, podemos admitir que ainda que fossem as tradicionais da sua fraternidade sufi, certamente a outros níveis, ideias e categorias, os nomes de outras tradições e religiões informariam o seu substracto psíquico ou quem sabe alguma jaculatória final, tal como a de Erasmo (28-X-1466 a 1536), que sempre falou em latim, e por vezes em grego (em Veneza, com a campanha de tradutores de Aldo Manuzio), mas no nomento de deixar o corpo exclamou em holandês, oh lieuer Gott, oh amado Deus. |
Sancte Erasme, ora cum nobis...
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Um dia depois o Manuel Jorge Ventura acrescentou um novo comentário, a que não respondi então:
«O poderosíssimo mercado editorial de miscelânea new age suportado por entidades que hoje se sabe também estiveram na origem de eventos como o Woodstock é mais um prolongamento dessa influência de desestruturação da identidade cultural e religiosa do Ocidente servindo muitas vezes objectivos políticos de distracção vg. hedonista.
Uma teia bem tecida com ampla urdidura no espaço e tempo, cujos intuitos são evidentes nesta dimensão de um totalitarismo soft e controlo digital para onde nos querem conduzir.
De preferência com insegurança constante, guerras e medo também de ameaças sanitárias programadas e, como se vai constatando, muito grafeno &etc, para assegurar o sofisticado controle de uma condição robotizada de zombie transhumanista para a qual estamos criminosamente a ser induzidos.»
Se de facto é verdade que existe «um poderosíssimo mercado editorial de miscelânea new age», super mistificador embora nada unificado dada a diversidade da qualidade e dos objectivos (desde o hedonismo e o "explorismo" mas também a cura e harmonização) das publicações, e que está muito certa a imagem final do sofisticado zombismo em curso, já a crítica ao festival de Woodstok (agosto de 1969, com cerca de 400.000 assistentes) como tendo sido gerado ou apoiado pelas mesmas entidades sombras que desejam a desestruturarão do Ocidente (e que nomes apontados, perguntamos) parece exagerada, pois o Festival foi uma primeira explosão revolucionária e libertária face ao materialismo, capitalismo e imperialismo norte-americano, que por pouco o não proibiu ou oprimiu demasiado.
Se formos ler a história do Festival, vemos que os seus organizadores eram empreendedores musicais e que as adesões vieram de múltiplos sectores do pensamento criativo e crítico musical norte-americano, e basta ver como John Lenon (depois assassinado..) e Yoko Ono Band não puderam participar porque Richard Nixon, diz-se, não permitira, pela oposição que eles faziam à guerra do Vietname, certamente uma das mais tenebrosas do imperialismo excepcionalista norte-americano.
Parece-me portanto uma mera conjectura a da ligação, mesmo que remota, entre Woodstock e os actuais projectos em curso da Nova Ordem Mundial, da tétrica Organização Mundial de Saúde, do transhumanismo-infrahumanista do World Economic Forum de Klaus Schwab e de Yuval Harari, ou dos transgendrismos e chipismos que os media ao serviço da elite financeira mundial propagandeiam. Todos temos o dever ético e moral de lutar contra tal controle e manipulação da Humanidade, dotada de livre arbítrio e constituída de corpo, alma e espírito imortal, e provinda da Divindade...
O comentário do Manuel Jorge recebeu duas intervenções ou comentários, um da Patrícia Ruivo, extenso e político, valorizando Kennedy Jr. face ao zombie Biden, com um bom final: «É
surpreendente a falta de capacidade das pessoas para se interrogar.
Pensar, com autonomia, é mais do que nunca um acto salvífico de profunda
e carecida subversão», e outro da Maria Helena Lusignan:«eu gostei do Woodstock mas fiquei mais aborrecida com a aterragem na Lua feita pelo Kubrick».
Ao que o Manuel Jorge replicou:
«Eu também gostei desse momento com novas formas de convivencialidade e explosão criativa da música popular com tantos compositores que me acompanham desde então.
Mas não gostei de saber que todo esse movimento do make love not war foi incentivado e tutelado discretamente por estruturas do governo. As mesmas que apoiavam o sr. do LSD e experiências psicadélicas destinadas ao mesmo segmento de filhos do vento "libertários". O mercado mundial de droga de resto também teve sempre a mesma tutela e se os EUA saíram do Afeganistão a CIA permanece lá de braço dado com os talibãs para assegurar a qualidade e o escoamento do suco da papoila.» Este esclarecimento maior quanto às forças que na sombra apoiaram o movimento hippie e psicadélico, nomeadamente o senhor Timothy Leary, parece-me uma conjectura infundada, pois esse revolucionário psico-social e visionário psicadélico esteve preso mais de trinta vezes e foi constantemente perseguido pelo establishment norte-americano e as suas forças policiais e secretas. A biografia dele (1910-1996), mesmo na tão distorcida wikipedia, é de leitura recomendada para se ter a noção do que foi a saga da contra-cultura americana, uma impulsão juvenil libertadora que foi controlada e manipulada persistentemente (de tal modo tão hilariante que hoje Joe Biden e os democratas são a esquerda...), e a evolução do consumo de drogas nos USA, para se chegar hoje à degradação actual visível nos milhões de norte-americanos que vivem na extrema miséria nas ruas da cidades do império que imprime os dólares que quer para os seus fins hegemónicos....
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Homenagem à definitiva viagem em corpo anímico de Timothy Leary...
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Donde me parecer de novo um salto no vazio a relação que é feita do LSD com as plantações da papoila para os opiáceos, e a heroína em especial, em que o Afeganistão é terreno fértil e que de facto os USA, através de diplomatas e da CIA apoiaram fortemente na época dos mujahidins em luta contra a influência e depois a presença soviética. Quanto à CIA ainda hoje controlar é algo mais complexo de sabermos, mas que o narco-tráfico funciona não há dúvidas. Mas é necessário destrinçar o aproveitamento para zombificação que certas drogas, tal o ópio e heroína, permitem, com outras que expandem a consciência, como é o caso do LSD e dos cogumelos, mas que certamente têm contra-indicações e efeitos cerebrais desgastantes.
Posteriormente, Carlos Dugos, que já dera um breve contributo, lembrando Júlio Evola e a sua Metafísica do Sexo, num comentário ao meu texto Do mistério da origem
do ser humano Espiritual e da sua polaridade masculina e feminina.
Versões esotéricas. As perigosas alterações de identidade e género
actuais, entrou na polémica: «Uma das críticas - e não é a maior - que Guénon faz ao teosofismo prende-se com o sincretismo misturando, no mesmo "discurso", elementos de diferentes correntes espirituais, numa confusão de linguagens e símbolos que obscurece a luminosidade doutrinal de cada uma das correntes abordadas. Tal prática não deve ser confundida com respeito perenialista por todas as tradições regulares porque a cacofonia teosofista se deve a um absurdo, que é o "estudo comparado das religiões", dado que elas são, por natureza, incomparáveis. Segundo a doutrina perene, as coincidências, nomeadamente as religiosas, provêm da origem comum de todas as correntes espirituais regulares, entendidas como versões particulares de uma Tradição Primordial. E é justamente a particularidade que estrutura cada uma delas que não pode - e portanto não deve - ser comparada com outras particularidades, já que cada particularidade tem: circunstância, coerência e completude próprias. Tentar "iluminar" elementos de uma tradição específica com elementos oriundos de outra Tradição constitui um erro elementar.» |
Giulio Evola (1898-1974), um sábio tradicionalista, kshatriya ou guerreiro.
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Esta observação valiosa de Carlos Dugos tem de ser contudo relativizada pois é inegável que o estudo comparado das religiões e tradições auxilia-nos a termos uma percepção melhor das particularidades próprias e das igualdades e semelhanças existentes.
É verdade que a Teosofia de Blavatsk, e super-patente na Ísis sem Veu, abusou de todo o tipo de comparações superficiais e que os seus sucessores enveredaram pelo mesmo tipo, embora sem o génio dela, e lembrar-nos-emos de muitas das obras de membros da Sociedade Teosófica, ou pantominices que foram a Igreja Liberal, com o famigerado Charles Leabeater bispo, ou a vinda do Novo Messias- Instrutor Mundial, o jovem bengali Alcyone e depois denominado apenas Krishnamurti.
Ou ainda tantos autores e autoras contemporâneos que sem qualquer realização espiritual nem metafisica ora canalizam mensagens, ora cabalizam, ora compilam tudo o que se escreveu sobre a Lemúria e a Atlântida, ou os sete corpos, ou a vida de Jesus e a sua infundada viagem ao Tibete, descobrindo as influências budistas, tibetanas ou indianas no seu ensinamento.
Todavia, pese e completude que cada religião no seu aspecto iniciático poderá ter, sabemos bem como as religiões são ainda vividas pela maioria na sua limitada exotericidade, ou mesmo superficialidade de costumes e crenças e de ritos semi-automáticos, ou então astralizada e explorada nos cultos pseudo-evangélicos e carismáticos, pelo que mostrar as analogias entre as diversas formas verdadeiramente espiritualizantes de Religião, e sobretudo numa época de crescente globalização de quase tudo, é importante ou mesmo necessário, nem que seja para se evitar o cepticismo, o ateismo ou a mentalidade da Nova Era superficial e por vezes até fanática.
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Ananda Coomarasawamy (22.VIII-1877 a 1947), um dos grandes sábios modernos...
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Exemplos de bons perenialistas que sabem comparar ou estabelecer as correspondências das doutrinas religiosas, para se aprofundar a hermenêutica dos símbolos, ritos, crenças e práticas encontramos em Ananda Coomaraswami, com uma extensa obra de constante comparação (ou se quisermos, correspondência) de diversos aspectos das religiões à luz da Unidade Transcendente e Imanente delas, ou seja da Filosofia Perene e realização espiritual, tanto mais que sabia latim, grego e sânscrito, e foi um dos melhores cultores de uma História da Arte mais profunda, metafísica. E ainda em Henry Corbin, Louis Massignon, Julio Evola, o ainda vivo e excelente Seyyed Hossein Nasr, ou mesmo o algo megalómano Frithjof Schuon (que no teu comentário terás tido em conta, tal a sua obra A Unidade Transcendente da Religiões), todos eles com valiosos (por vezes menos...) contributos de ordem metafisica ou intelectual, e não, como tu criticas, de emocionalismos ou sincretismos cultuais, que contudo tocam mais nas maiorias e por vezes são necessários, tais os encontros de Assisi, já que a realização interior, só intelectual e metafísica é apenas para uma minoria mínima.Daí por exemplo, as formas Divinas do Absoluto cultuadas ou adoradas por tantos mestres verdadeiros...
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Henry Corbin (14-IV-1903 a 1978), grande conhecedor da Filosofia Perene, da tradição espiritual do Irão, com obras fundamentais sobre o Zoroatrismo e o Islão Shia. |
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Ainda houve uma adenda final de Carlos Dugos:
«Ainda a propósito do sincretismo, uma curiosidade. Em O Nome da Rosa, Eco introduz uma personagem, surgindo nitidamente como metáfora da expressão sincrética. Um monge, de tendências heréticas, fala por frases onde se misturam palavras de línguas diversas.»
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Dara Shikoh (20-III-1615 a 1659), em jovem com o seu mestre Mian Mir, pioneiro do estudo e encontro dos oceanos das Religiões.
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Quanto a Umberto Eco, pese a sua genialidade e extraordinária erudição, não tinha a básica ou necessária realização espiritual pelo que não saberia discernir quando é que um herético, seja cristão ou islâmico, estaria certo no que era considerado como erro ou rebeldia, e basta ver como Giordano Bruno e Miguel Serveto foram queimados vivos, ou como Al Hallaj ou Dara Shikoh (um dos primeiros estudiosos do comparativismo espiritual ou esotérico das religiões - em especial Islao e Sanatha Dharma indiano) foram acusados e mortos. Como também não devia entender que a oração hesicasta cristã, ou o mantra yoga indiano, ou o dhikr ou zikr sufi, têm as mesmas bases e fins, e podem ser praticadas pela mesma pessoa que esteja aberta à unidade interior e metafisica das Religiões, sem necessariamente se tratar dum sincretismo.
Quais são os melhores modos de despertarmos as pessoas para a sua identidade, religação e visão espiritual continua a ser a demanda do santo Graal, ou da taça do rei do antigo Irão Jamshid, a Jam-e jam...