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terça-feira, 20 de junho de 2023

Do Amor dos Livros e da Sabedoria Divina. Da riqueza subtil dos livros e da sua história, transmissões e leituras..

O Amor dos Livros é o Amor da Sabedoria e da comunhão com os seus autores e ensinamentos. Pelo amor dos livros dá-se  o aprofundamento de conhecimentos, a ligação subtil a almas imortais,  a intensificação da luz espiritual em nós e no ambiente e a demanda e aproximação da Divindade.
Entrarmos e lermos numa Biblioteca é pres
tarmos culto aos autores presentes, às suas ideias e mensagens, e sobretudo à Divindade, à santa Sabedoria, a Hagia Sophia, donde tudo emanou e emana na sua íntima e profunda essência, a qual nos desafia e interpela sempre.
Quando trabalhamos em
 paz e aspiração numa biblioteca, ou com os nossos modestos livros,  o coração psíquico e espiritual abre-se mais e por vezes tornamo-nos verdadeiramente cavaleiros ou cavaleiras na demanda do Graal, da taça da beleza, sabedoria e amor que conseguimos sintonizar, compreender, recolher e  viver desses elos da Tradição Perene que contemplamos, abordamos, consultamos e que chegam ao mar da nossa alma, banhando-a ou incandescendo-a harmonizadora e curativamente.
Cada livro em si, no autor e época, no  conteúdo e estilo, nos aspectos da edição e da ilustração, ou mesmo da encadernação, é uma súmula ou microcosmos de muitos contributos valiosos e anónimos para os quais a menção do artista, do impressor ou da editora é apenas a ponta do iceberg do que estamos a ver e a interrelacionar-nos, pois muito mais ou maior é o que ele contém e que subtilmente nos toca e se comunica,
E quando consideramos imaginalmente as pessoas que possuíram o livro, e o anotaram ou assinaram, ou os amigos e investigadores, livreiros e alfarrabistas que nos recomendaram ou transmitiram, entramos então numa fraternidade  de elos de uma riqueza vivencial por vezes extraordinária.
A Catarina, com o seu pai José Manuel Rodrigues, os responsáveis da Livraria Antiquária do Calhariz, e ao meio outro ilustre alfarrabista e investigador, Luís Burnay. 
E que emoção nos toca, quando subitamente descobrimos que um livro tem no seu interior a assinatura de uma pessoa de família ou amiga, o local, a data e que desconhecíamos. Ou quando lemos a dedicatória sentida do autor, impressa ou manuscrita,  ou mesmo a modesta anotação anónima mas iluminante e amplificante. 
Que ressonâncias gratas para com a Natureza são impulsionadas na nossa alma pela descoberta de umas papoilas, ou folhinhas graciosas e flores algo esmaecidas mas ainda coloridas, ou mesmo um trevo de quatro folhas, fazendo-nos cogitar a autoria, o momento, a cena, os sentimentos, a mensagem que se tentou perenizar nessa espécie de garrafa de água lançada ao oceano, e que com a sua imensa e misteriosa delicadeza ressuscita agora e nos submerge,  propulsionando-nos a transcender o tempo limitado horizontal e a penetrar no coração espiritual, na gratidão, na comunhão do corpo místico dos espíritos (tão procurada entre nós por Antero de Quental, Leonardo Coimbra, Fernando Pessoa, Dalila Pereira da Costa, entre outros), e logo na imortalidade ou mesmo eternidade...
A comunhão com os livros e o Logos ou Intelecto agente que está por dentro e detrás deles, obtida no seu cuidar e ler, aprender, anotar e amar, tende a tornar-nos semeados ou fecundados por eles e logo a gerar também outros, que desejaríamos sábios,  belos, valiosos e úteis, embora saibamos pela sabedoria indiana (Bhagavad Gita II, 47) que temos direito ou mesmo o dever (dharma)  de agir mas não necessariamente de recolher os frutos naturais, merecidos ou desejados, sobretudo tendo em conta a situação do mercado editorial e da distribuição dos livros e a forte manipulação superficializante e alienante em relação à sabedoria mais verdadeira e profunda...
O Amor-Sabedoria nos livros é pois fecundo, frutífero, iluminante e unificador mas também desprendido e libertador. E sendo eles  um dos seus melhores ou mais preciosos vasos, sempre disponíveis e tão subtil e luminosamente  inspirando-nos como guias ou musas das almas no Caminho, que as nossas mãos e corações continuem a saber, nestes tempos de progressiva digitalização, a saber cultivá-los, amá-los,  aprofundá-los ou mesmo escrevê-los, publicá-los, para o bem da Humanidade..