Nos primeiros dias do ciclo anual costumam muitas pessoas fazer os seus votos e desejos mais ou menos sinceros e apropriados para o novo ano, em geral dirigindo-os a outras pessoas, outras vezes, ao pensarem em si mesmos, escrevendo-os nos seus diários ou na suas almas, para melhorarem e avançarem no seu swadharma, missão ou deveres específicos.
Ora o que são os votos senão petições mentais e emocionais que desejamos ou escrevemos rapidamente ou que mais demoradamente meditamos e fortificamos, ao querermos o bem de pessoas amigas, ao orarmos por alguém e ao pedirmos o que queremos que possa acontecer no futuro?
"Semeia um acto e colherás um hábito", é um provérbio popular que aponta para a importância de sermos criativos, audazes e persistentes no que valorizamos, estando atentos ao momentos propício, kairos, para realizarmos isto ou aquilo. Semear nos primeiros dias do ano será então auspicioso e os votos e orações que fizermos poderão ser mais lembrados, fortificados e frutíferos...
Como as petições são orações, devemos reflectir sobre o processamento delas e a importância de estarmos num estado de alma luminoso, consciente e em amor ou paz, que é o meio principal para mantermos algo do "orar sem cessar", como vários mestres recomendaram, nomeadamente Erasmo. E de utilizarmos correctamente a nossa energia psíquica, e a sua circulação subtil na nossa alma e aura e até corpo (e daí as posturas e as posições das mãos e da coluna, e o valor do labor, da higiene e dos esforços purificadores), pois é por ela que se ora e se consubstanciam tais pedidos, imagens ou louvores para os mundos espirituais, tão misteriosos que, mesmo havendo já milhares de anos de religiões e ensinamentos, ainda hoje a maioria pouco sabe com clareza e certeza como é o processamento e transmissão de energias e informações no vasto campo unificado de energia informação em que todas as mentes e seres mesmo espirituais estão emaranhadas, na interligação total que a noção de Anima mundi dos antigos greco-romanos já discernira.

Rezam-se as orações mais conhecidas ou que nas cerimónias se pronunciam, tal o Pai Nosso, a Avé Maria, Gayatri, as suras do Alcorão, o Japji, mas frequentemente algo mecanicamente, pouco se sentindo interiormente ou imaginando-invocando, de tal modo que o que se vai passando invisivelmente pouquíssima gente sente ou clarividentemente vê.
A pluridimensionalidade da vida, ou seja, os vários planos ou níveis da realidade, escapam à maioria, pois há poucas pessoas sensitivas ou clarividentes, e os tempos e hábitos modernos não são de molde a ajudar o discernimento subtil, tão dispersas andam as mentes perante a avalanche de informação e manipulação que os meios de comunicação escritos e audiovisuais realizam a tempo inteiro, alguns canais televisivos (até a CNN super-manipuladora pró-norte-americana já está Portugal) ou anúncios tornando-se verdadeiras pragas, com capacidade de enfraquecerem muito quem os vê e ouve...
Falavam os antigos religiosos e místicos nos três inimigos da alma: a carne, o diabo e o mundo, e sem dúvida este último tornou-se muito poderoso, não só pela ditadura dos grupos mediáticos como pela carga constante de interacção globalizante do séc. XXI, e não é fácil então vencê-lo, controlá-lo, silencioso. Contudo a oração, por vezes até estimulada ritmicamente pelo tocar dos sinos, a meditação, a contemplação e o canto são meios de controlarmos a nossa passiva ou emocionada recepção de informação, substituindo-a por uma harmonização da nossa alma, tanto pelo silêncio, como pela abertura interior ao sagrado e a elevação dos pensamentos e a irradiação de boas intenções e logo vibrações que partem de nós e rumam nos planos subtis ora até aos destinatários ora para outrosa seres, e também fortificando a nossa aura e ainda entrando em reservatórios acumuladores e distribuidores de tais energias, ainda pouco discernidos...
Orar é então nos nossos dias fundamental e para quem se pergunta como orar há muitas, muitíssimas obras, tendo eu contribuído para elas, ao traduzir para português duas valiosas, uma de Erasmo, comentada, o Modo de Orar a Deus, e uma de Bô Yin Râ, A Oração, para além de escritos no blogue ou inéditos, ou gravações no blogue...
O que poderemos acrescentar brevemente, quanto aos sentidos de orarmos e meditarmos?





2 comentários:
Muitas graças Pedro,
A verdadeira oração é muitas vezes esquecida, vou reler o livro do Pedro e ouvir novamente os vídeos. Um estado de oração frequente deixa-nos muito mais fortalecidos com maior capacidade de resolução dos problemas diários.
Verdade, Fátima. Autoconsciência maior mental, corporal e mesmo do fundo da alma, ajuda a estarmos mais em oração e realinhados, e logo a irradiarmos mais energias luminosas sobre o que nos rodeia ou por quem nos interessamos. Boas inspirações artísticas e espirituais!
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