domingo, 15 de janeiro de 2023

Do coração, da peregrinação, do amor e sabedoria e da Divindade...

Arrumando pastas de textos encontrei há pouco um de 2005, já com 17 anos mas que me pareceu valioso e perene. Ei-lo:

 «2005. Abril, antes de saída para Paris e Bruxelas.
Algumas vezes há pessoas que atingem uma tal chama no seu coração que quem toca nelas ou se aproxima do coração descobre esse amor infinito e sente como seria bom partilhar dele.
É como uma chama num alto monte atraindo peregrinos, como o canto do cisne num lago, que apela à companheira.
Há como que uma dor do coração já presente nesse estado de amor, quase final duma vida.
É possível até que quem amar ou se enamorar dessa pessoa possa contribuir para a sua morte, pois é como que ela estivesse já com coração tão subtil, tão fino, que se possa derreter e deixar escapar os espíritos vitais para o céu.
O meu coração está assim ígneo, imenso, ao mesmo tempo compassivo, extasiante e doador.
Na solidão da vida surgem-nos estas ou aquelas pessoas perante a nossa alma e para elas o nosso olhar espiritual, reflexo da nossa essência, projecta certas energias, que a voz, os gestos, a concavidade ou convexidade da aura espelham.
Prestes a deixar Portugal, quem sabe que rumos tomará meu ser neste universo tão incerto e rico?
Como peregrino partirei. Como estará meu coração, lá e quando regressar?
Quantos de nós conseguem na sua gnose diária descortinar a forma ou estado do seu coração?

Já regressado:
Pelo menos que estejamos mais atentos, mais chegados a ele, e ele significa o ser interior que habita na nossa alma e que tem no coração a via de acesso principal.
Caminhemos então na vida sabendo adorar a Deus em nós, e a termos paciência com todas as contrariedades que encontrarmos na vida, de modo a que as pessoas que se encontrem connosco sintam que a sua felicidade e bem estar melhoram ao estarem connosco.
Para isto é preciso não estarmos a impor aos outros ideias, nem ir contra o que pensam. Sabermos o que elas precisam ou desejam. Estarmos ligados verticalmente, e irradiarmos até mais silenciosamente.
Todos os seres estão na Terra a evoluírem e todos desejam amor, saúde, riqueza, felicidade, só que sendo os bens exteriores escassos temos de cultivar ou fazer mais culto dos bens interiores, não tão dependentes do exterior.
Que bens são eles? Os antigos chamavam-lhes virtudes, outros sabedoria, outros amor, ou discernimento, ou piedade, tal Erasmo que valorizou muito a docta pietas, a sábia ou douta piedade.
Escolhamos os aspectos da almas que nos parecem ser melhores e desenvolvamo-los.
E irradiemos mais amor do nosso coração para todos os seres.
Toda a gente anda a ensinar, frequentemente pouco sabendo, uns mais por compaixão, outros mais por necessidade de ganharem a vida.
Muitas pessoas estão num ego trip acentuado e não gostam de ser criticadas ou diminuídas, ou mesmo apenas suportarem quem sabe mais.
Vibrarmos então numa energia-consciência de amor, de unidade, de fraternidade, procurando não esmiuçar diferenças e defeitos, antes dando espaço livre aos outros na grande seara, é importante.
Trabalharmos na nossa ligação à Divindade, estarmos conscientes dela mais momentos no dia a dia, sobretudo quando estamos em conversa com outros, é importante.
Deus, a fonte de Amor, a amada como a incarnação do eterno Feminino e da Deusa mãe, o trabalho fecundo de aprofundamento espiritual e da sua transmissão a algumas pessoas, a constante ligação entre o céu e a terra, na aura e na alma bem expandida e harmonizada, eis as linhas de movimento que assinalo hoje, 11-10-2005.»

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