quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Ó sorores e místicas de Portugal, poema espiritual de Pedro Teixeira da Mota. Madrugada de 5-I-23.

 

 Ó místicas portuguesas, que ardeis de amor divino,

Reclusas em conventos ou em livros do passado,

Sabeis que há quem vos relembre e cultue

E nos seus quartos o Amor ao alto eleve?

 

Ó sorores e freiras que tanto vos sacrificaste

Nos tempos em que a religião era tudo,

Onde estais agora irradiando o Amor

que vos consumia e tanto ao alto vos abria?

 

Poderemos nós orando, convosco o fazer,

e, ultrapassando limitações, chegar a uniões,

invocar as bênçãos dos anjos e mestres,

e gerar mais o nascimento de Deus em nós?

 

Minha alma derrama pelo peito o amor

que transborda do cálice comum

da nossa tradição espiritual real.

 

Portugal feito santo Graal

pelas almas místicas e poéticas

que ardem na noite dos tempos

e a todos inspiram e iluminam. 


A vela arde, o canto cicia,

a noite caída, fria mas calma,

espera quem aspira a ser sol no meio da noite,

enfrentando frios, insónias e fomes,

para ver os raios da Luz e Amor divinos.


Eis-nos diante de vós sorores de véus brancos,

Silhuetas distantes no olho espiritual persistente:

Sede propícias connosco e a Humanidade,

intensificai o despertar no fundo nobre das almas

do fogo do Amor Divino que nos religa! 

4 comentários:

Anónimo disse...

Poema oracção lindíssimo! Despojado de preciosismos que possam distrair do voto laudatório que o motiva e inspira!
Duas notas:
a) 5-II-23 ou 5-I-23?
b) o termo reclusa usado não nos deve fazer esquecer que a sua reclusão foi voluntária e de natureza diferente da prosaica forma de ingresso na vida conventual. Soror Brigida via e viveu a vida conventual como a forma adequada à sua intuição de completude existêncial não como uma fuga ou reclusão de circunstâncias sociais como sucedia habitualmente.
É uma vontade consciente, autónoma e total de entrega aos desígnios da Fé. E assim com o Fervor e a Exaltação pela vida propria dos grandes místicos.
De que se dá tão belo testemunho neste poema!

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças pela correcção inicial e pelo seu comentário, que em grande parte concordo. O reclusa para mim e no poema nada tem de negativo, e é pelo contrário bem importante para o caminho de aperfeiçoamento e realização espiritual a que ela se dedicou, pois se não há certa reclusão ou recolhimento qualquer pessoa se pode distrair, desviar ou perder-se no mundo e suas ilusões e, hoje, grandes lavagens cerebrais informativas e manipulações. Porém a entrega é, no meu modesto ver, ao amor que sente em si pela via religiosa, e conventual, e pela ligação a Jesus Cristo e a Deus. Valorizo mais o amor e a aspiração e sensibilidade interior, e a gnose ou conhecimento que se vai obtendo, e no caso dela com muitas graças, do que a mera fé e os seus desígnios. Mas creio que estamos de acordo no mais importante que é o valor extraordinário delas e suas vidas e ensinamentos e que tant falta fazem, com as adaptações aos contextos actuais, a muita alma...

Manuel Ventura disse...

Por lapso não me identifiquei. E perdi um segundo comentário Abraço Manuel Jorge Ventura

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças, Manuel Jorge. Não adivinhara do atento e sábio comentário. E, certamente, outros que vás fazendo, neste ou noutros artigos, receberão respostas dialogantes, creio que valiosas para os dois e para uma melhor claridade nos assuntos ou autores invocados. Abraço luminoso.