DA ARTE DA MEDITAÇÃO
A evidência crescente da importância da meditação para a harmonia psico-física e espiritual têm feito surgir muitas ofertas de meditação, mais ou menos comerciais, uma provindas do Budismo, outras de ramos de Yoga indiano, e outras dos conhecimentos mais modernos da ciência e da física quântica. Mas nada mais errado do que esquecermos a longa e permanente tradição ocidental de meditação em Portugal, que teve tanto nos celtas e lusitanos como nos gregos e romanos, com os seus mistérios e santuários, deuses e deusas, elos importantes antes de se chegar ao Cristianismo (e Islão sufi), onde houve igualmente mestres masculinos e femininos da meditação e da adoração.
Os celtas e lusitanos celebravam as luas cheias e outros momentos com rituais, orações, poesias e danças nos quais comunicavam fraternalmente e comungavam as energias do céu e da terra, intensificando a fraternidade e entrosamentos, a sensibilidade e a fecundidade, a gratidão e as conexões superiores.
Também hoje podemos meditar nas luas cheias e nos solstícios e equinócios, ou noutros momentos do ciclo anual e como eles, nas nossas práticas e caminhadas, danças e peregrinações, comungar com as energias e seres subtis da Natureza e do Cosmos intensificando as energias benéficas que harmonizam o céu e a terra, que percorrem e penetram a Humanidade e a religam à Divindade.
Ora esta comunhão e absorção energética tem uma dimensão essencial que é a respiração voluntária ou consciente e que é a forma mais acessível de nos iniciarmos na meditação, seja caminhando seja sobretudo imóveis.
Por meditação podemos entender tanto o estar no meio, no centro, em paz, como o concentrar e fluir do pensamento e da consciência por um só veio, pensamento ou imagem, que se tem de retomar perseverantemente, primeiro escoando e depois diminuindo a natural tendência de dispersão e preocupação com o mundo e o futuro.
Para uma pessoa jovem ou inexperiente explicaremos a meditação como uma actividade muito criativa e até divertida, que se apoia em fecharmos os olhos e tornar-nos conscientes dos pensamentos que aparecem na nossa consciência, cabeça ou interior, e portanto desenvolvermos uma paciente e perseverante auto-consciência mais voluntária e reinstaladora do nosso ser original.
A auto-consciência, em 1º lugar dos pensamentos e sentimentos que estão, vão e vêm, e em 2º lugar dos pensamentos e ligações verticais que escolhemos e nos quais nos concentramos, e em 3º lugar do observador de tal ondulação e respiração, são os preliminares do estado meditativo, o qual desenvolve uma unidade entre o nosso ser e a consciência, uma integração dos nossos corpos subtis, em geral dispersos por sentimentos e pensamentos não voluntários, pelo que as vagas e conteúdos mentais tendem a diminuir, abrindo espaço para o silêncio, a paz, a respiração mais profunda e vasta, a descontração e até alguma alegria ou amor internos, ora espontaneamente do coração ora pelas conexões superiores invocadas ou rezadas.
Ou seja, pela meditação vamos procurar tornar-nos conscientes do Cosmos espiritual e divino e do nosso ser e corpo espiritual, do eu individual e luminoso que é em nós, ou acima das sucessivas vagas de pensamentos que, ocupando o nosso campo de consciência, impedem o sentir e identificar-nos com o verdadeiro ser e espírito luminoso que somos e sobrecarregam-nos com identificações corporais e transitórias, que certamente têm alguma realidade, tal como: Estou triste, sou feio, tenho fome, estou cansado, receio aquele mal ou guerra...
Pela meditação libertamo-nos e elevamo-nos cima destas identificações e ligações da personalidade social e começamos a abrir canais para o mundo espiritual, a abrir o terceiro olho, a despertar o coração subtil, três aspectos ou efeitos importantes da arte da meditação.
Por olho espiritual entendemos um órgão de visão da nossa alma pelo qual podemos ver e receber não só a luz espiritual e divina, mas também imagens, ideias de realidades ou conhecimentos subtis, tal a visão das entidades divinas e dos mestres, familiares e amigos já mortos ou distantes, paisagens dos mundos subtis, formas físicas, geométricas ou arquétipas do sistema solar e do universo e portanto dos mundos subtis espirituais com os quais temos ligação de afinidades ou a merecemos.
Por isso também se recomenda a devoção a certas qualidades ou virtudes, a mestres e a formas pessoais da Divindade (e para tal se usam os mantras e jaculatórias), que nos fazem entrar nas suas linhas de força e que face à agitação e confusão da vida mundial e social nos podem auxiliar a estabilizar-nos, a elevar-nos e a desenvolver o coração espiritual, pelo amor e devoção que conseguirmos sentir, desenvolver e assimilar e o acesso a tais planos supra-mentais e mais cósmicos.
Nestes tempos de tanta asneira da classe política ocidental, tão alienada do verdadeiro Bem comum multipolar, e que parece antes desejar a terceira guerra mundial a reboque da hegemonia excepcionalista dos donos do dólar, euro e indústrias do armamento, votos de lúcidas e boas caminhadas, orações e meditações, por vezes até de aspiração ardente, neste Verão bem quente e para melhorar o ambiente e a nossa dona Gaia, filha da Mãe Divina tão pouco cultuada...
Sem comentários:
Enviar um comentário