A Primordial energia divina, a grande Deusa, Adi Mahashakti, contendo em seu íntimo a Trimurti ou Tríade de Criação, Preservação e Transmutação. |
Estando a percorrer as dezenas de cadernos diários que fui escrevendo ao longo da vida, num dos que regista aspectos da estadia de um ano na Índia em 1995, quando durante mais de seis meses estive em Calcutá, deparei-me com o encontro com um espiritual, um yogi, infelizmente agora apenas anónimo, e que foi salvaguardado (quem sabe para um dia ser reatado) nas folhas 35 e 42, já que dialoguei duas vezes com ele, transcrevendo agora a primeira:
«Calcutá: Visita a um santo homem discípulo da Mãe Divina [Maha Shakti, Devi, Kali, a Deusa] e de Sri Ramakrishna [1836-1866].
Começa por falar do valor de Ramakrishna enquanto defensor [e pioneiro enquanto vivenciando interiormente] a essencial unidade e validade das diversas religiões, que são como diversos caminhos convergentes para o mesmo objectivo [estados mais harmoniosos de amor e sabedoria e religação à Divindade, ou ao Espírito, Atman.]
Jejua e reza bastante para pedir a cura das pessoas.
Faz a cerimónia do fogo [Agni] em que por vezes aparecem [ou vêm-se] imagens dos grandes seres [nas labaredas].
Vê que eu sou uma grande alma. Sente um grande prazer interior por estar comigo. Vou elevar-me bastante dentro de três ou quatro anos.
Quanto à luz [interior] que vemos na meditação ela vem de Deus. Temos [porém] de renunciar a certas coisas para receber do Alto.
Diz-me que um dos meus antepassados foi uma pessoa proeminente. E que a [minha] mãe é uma pessoa muito religiosa.
Pensa que há um só Atman [Espírito Divino, e não um atman ou espírito em cada um, sendo por isso um Advaita, um monista ou não dual] e que o mestre [guru] interno que está no coração é um reflexo dele. Do coração comunica para a cabeça ondas electro-magnéticas.
Dorme muito pouco tempo pois considera que o tempo [de vida] está contado, e passa a maior parte do tempo em japa [repetição de mantras ou orações] e meditação.
Considera que as ofertas de flores e frutos na água do rio Ganges são para satisfação de devoto. O essencial é a devoção, o amor oferecido a Deus. A relação com Deus, e com [o mestre,] Ramakrishna, é uma troca ou comunicação de corações.
Sri Ramakrisna, apoiado no seu sobrinho, cantando extaticamente. |
[Segundo as lendas] diz que Ramakrishna quando nasceu [ou nos seus primeiros passos] caminhou logo para o fogo [do conhecimento libertador e da Divindade].
A Mãe divina "disse-lhe" um dia que ele tinha o conhecimento de Brahman [a Divindade], que é mais importante que qualquer conhecimento particular. [Provavelmente por ele lamentar não saber isto ou aquilo].
Ficou de ver [ou intuir] o que é a Mãe Divina lhe poderá dizer para mim, pois foi Ela que me trouxe até à Índia. E talvez, se a Mãe Divina mandar, ele possa ir a Portugal.
Ao coração.... |
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