terça-feira, 7 de março de 2023

Cinco pensamentos pouco conhecidos de Fernando Pessoa, (1º pentagrama), com breve hermenêutica de Pedro Teixeira da Mota

Fernando Pessoa com o jornalista Costa Brochado no Martinho da Arcada
   Cinco  pensamentos pouco conhecidos de Fernando Pessoa, recolhidos quando trabalhei no seu espólio na Biblioteca Nacional, e do que resultou a publicação quatro livros de inéditos seus de espiritualidade, com uma breve hermenêutica actual...

1º «É o que é feito à "imagem e semelhança de Deus" que é erguido.»

A busca maçónica, cristã, ou iniciática em várias tradições, de um reerguimento da falsa morte, de um segundo nascimento, do renascer de novo, e que faria parte da intencionalidade libertadora de Jesus para com os seus discípulos, significa o despertar ou o intensificar da consciência espiritual, a obtenção de uma consciência e assunção do espírito no corpo e alma e a sua frutificação numa vida justa, generosa, livre.

2º «O valor de uma sociedade, de uma civilização é a altura a que se chegou na sua compreensão do universo. Tudo o mais nada vale. A grandeza de uma sociedade é a grandeza dos seus sentimentos».

Nos nossos dias o enfraquecimento cultural das pessoas, o relativismo quanto à ordem natural do universo e à ética e moral dela decorrentes, bem como em relação a um conhecimento científico não manipulado e assimilável, têm aumentado bastante nas pessoas, ao serem tão manipuladas pelos meios de informação, as narrativas oficiais científicas, económicas e políticas, as modas, os espectáculos e os comentadores avençados que lhes são impostos, pelo que a qualidade de gerar sentimentos elevados diminuiu . Muita histeria e emocionalismo barato e exploração de imagens e casos enfraquecem a gnose de si mesmos e do universo e a capacidade das pessoas vivenciarem sentimentos elevados de admiração e comunhão com a Beleza, a Verdade, a Justiça.

3º «Eras muitos, eras todos. E nunca eras ninguém». 

Aviso quanto aos perigos da multiplicidade, da dispersão identitária ou mesmo criativa, quando tal não é contrabalançado suficientemente pela auto-consciência espiritual e a Unidade, que a comensurabilidade na vida e a meditação e a oração devem proporcionar. A dispersão nas redes sociais e televisivas impede frequentemente as pessoas de estarem mais  sintonizadas com a sua essência e missão e interagirem harmoniosamente.

4º «Temos espadas de combate, porque somos cavaleiros, vestes de rito porque somos sacerdotes, capazes de velar porque somos ocultos. O que combatemos porém não é o homem, mas a ignorância do homem; o em que somos sacerdotes não é praticarmos um rito mas em nos sacrificarmos; o em que somos ocultos não é esconder-nos mas estarmos a sós.»

Conselho muito salutar para tantos cavaleiros templários, marianos, maçónicos e outros que, demasias vezes, ficam mais nas aparências e trilham pouco o caminho estreito espiritual de se vencerem a si mesmo, de se sacrificarem, de não se dispersarem socialmente e de lutarem contra a ignorância, a injustiça, a mentira, a opressão, o mal. Fernando Pessoa afirma ainda a união da polaridade religiosa ou sábia e a voluntariosa ou guerreira, a que religa ao divino e a que defende a verdade e a justiça.  Reis pontífices, cavaleiros do Dharma e do Amor, artesãos e cooperadores de uma sociedade mais harmoniosa e fraterna.

5º «A humanidade é um vasto animal que dorme, o que se passa nela não é mais do que sonhos impostos»

Esta constatação de há cem anos por Fernando Pessoa, apesar do grande progresso de instrução, nível de vida e tecnologia em muitos países, continua em grande parte válida, pois se as pessoas estão mais escolarizadas e livres para procurar conhecimentos e a verdade, também estão  mais submetidas a uma constante manipulação pelos meios de informação e os dirigentes mundiais sobretudo ocidentais, que vão impondo as narrativas oficiais, agendas, vacinas, cidades de 15 minutos, sanções, tentando impor uma nova ordem mundial ainda mais opressiva que os estados autoritários de outrora, ainda que sob a capa do liberalismo e de sociedades abertas mas sendo antes claramente autocráticas, elitistas e anti-multipolares e que iria lentamente destruir a sanidade psico-somática das pessoas, no chamado transhumanismo que é na realidade um infrahumanismo. Não nos deixarmos corromper nem seduzir ou alienar pelos sonhos da oligarquia mundial é sem dúvida a forma de despertarmos e ajudarmos os outros a saírem dos sonhos ilusórios impostos e voltarem-se para os seus sonhos e ideais, para a luz e a liberdade, a fraternidade e a felicidade...

Sem comentários: