domingo, 5 de julho de 2020

Antero de Quental e a ascensão no post-mortem. Breve improviso meditativo aquando da partida do Zé Maria Ribeirinho.

A caminho de casa, passando diante do jardim da Estrela, resolvi franquear os portões, usufruir do arvoredo e saudar Antero de Quental, através da sua estátua. Qual não foi o meu espanto agradável quando me deparei com um presente lilás "aos pés do mestre", do poeta filósofo.
 Resolvi então fazer um pequeno improviso sobre os mistérios da progressão das almas uma vez abandonado o corpo físico pela morte, tanto mais que vinha das despedidas de um criativo amigo, o José Ribeirinho, que acabara de partir da terra para os mundo espirituais.
José Ribeirinho que para além de jornalista do Diário de Notícias fora editor, com a Prelo, onde publicou entre outras obras, tal uma biografia de Agostinho da Silva, uma edição da Mensagem ilustrada por muitos artistas e co-prefaciada  por Anabela Rita e por mim, tendo eu proferido algumas palavras nas exposições que se realizaram em Lisboa e em Tomar, que se encontram aliás disponíveis no Youtube, bem como neste blog: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2016/03/tomar-exposicao-das-pinturas-da.html, o José Ribeirinho sendo o mais alto. 
                                      
Embora já tivesse dialogado com ele e a Vera sua mulher mais fortemente, há uns 16 anos, quando dirigi com a Sofia Quintas e a Lita Costa Cabral a livraria-galeria Pessoas e Saberes e lançámos um livro de poesia e desenho dum comum amigo, o Manuel Bernardes, foi sobre a égide de Fernando Pessoa que estivemos mais nos últimos tempos e assim também ontem e hoje,  foram lidos de Fernando Pessoa, para acompanhar as celebrações e elevações da alma do Zé Ribeirinho, o último poema do Guardador de Rebanhos, pelo Diogo Dória, e hoje o  Infante Santo, da Mensagem, pelo Manuel Bernardes, tendo eu no fim dito também algumas palavras complementares do pequeno mas bom sermão do prior da Estrela, que relembrou a sede do Deus vivo que deve animar os seres nesta peregrinação terrena.
A estrela luminosa que cada um de nós é como espírito, guardada e comungando com os espíritos celestiais. Pormenor da capela onde se velam e encaminham as almas na olisiponense  basílica da Estrela e do sagrado coração que, vencendo as trevas pandémicas e imperialistas exteriores,  em todos se deve acender e comungar mais com os outros.
Eu disse mais especificamente o que poderíamos fazer para comungar com, e ajudar ou impulsionar, o Zé Ribeirinho a ir consciencializando-se e autonomizando-se no seu corpo espiritual, onde está agora a renascer e a vivenciar essa famosa frase da milenária Antologia Grega parafraseada por Antero de Quental, Joaquim de Araújo e Fernando Pessoa: "Morrer é ser iniciado".
 Pois no Jardim da Estrela "juntou-se" a nós o Antero de Quental e o resultado é o pequeno vídeo que pode ouvir em seguida.
Que a sua audição possa ser luminosa para todos, particularmente para os que já partiram...
                    

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