Nos Ex-libris, pela minha experiência ao consultar a colecção de Luís Derouet (e não só), são as imagens de livros, bibliotecas e suas associações simbólicas o que predomina, contudo outros temas ou sujeitos das gravuras ou emblemas destacam-se, nomeadamente a Natureza, a Mulher, a Casa, os Heróis, os Anjos, o Amor, o Erotismo, a Religião, os Animais, as profissões, o Cosmos, etc.
Com efeito, se na sua origem estas marcas de posse dos livros eram em geral constituídas por brasões de famílias e os nomes dos possuidores, nos séculos XIX e XX a imaginação e criatividade imensa de donos e artistas gerou milhões de desenhos personalizados que, embora semi-ocultos no interior dos livros (ao contrário dos super-libros, ostentados nas encadernações), não são de menosprezar ou de esquecer para a História das Mentalidades e do Livro, sobretudo pela riqueza do simbolismo, da sabedoria, do amor e da arte que os animaram ou animam.
Escolhemos então dos ex-libris
18, número lunar na tradição do Tarot, nos quais a mulher é o centro ou
o sujeito principal, a que acrescentei legendas, o 1º sendo do século xx uma das revistas portuguesas mais
importantes, não só pelos colaboradores mas pelo que defendiam e inspiravam, a Seara Nova, apresentando a mulher nua
(qual lâmina 21 do Tarot) símbolo da verdade e da liberdade a que
aspiraram, frequentemente sob repressão da censura do Estado Novo.
Possamos nós receber algo destas mensagens, pois tal repressão mesmo no séc. XXI continua, por vezes mesmo muito violenta,
ou então invisível, em alguns países, e devemos todos resistir e, sem dúvida, a mulher e a
sua sensibilidade e visão do mundo serão sempre factores determinantes na
evolução da Humanidade, pelo que o meditar e contemplar estas imagens e frases será útil a elas e a todos...
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