sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Joaquim Leitão, "A Mulher e os Livros": das finas mãos das monjas às bibliotecas vivas...

Joaquim Leitão (Porto, 1875-Lisboa, 1956), formado em medicina, dedicou-se ao jornalismo, à escrita, à bibliografia, exercendo cargos administrativos e públicos importantes. Deixou vasta obra, nela se destacando como tradutor uma dúzia de livros de Tolstoi vertidos do francês, como historiador os estudos sobre o palácio de S. Bento, a revolução de 5 de Outubro e as revoltas monárquicas, e como escritor vários títulos, alguns regionalistas. 
 
Este pequeno opúsculo, pela sua curiosidade e pelo amor aos livros e bibliotecas foi fotografado e partilhado dispensando grandes comentários pela sua sensibilidade, cultura e  amor tanto à mulher como aos livros, com os quais fez de certo modo a sua vida. 
Quanto à sua mulher, D. Amélia de Abreu de Lima Tavares Cardoso Leitão a quem dedica a obra, embora não leiamos  elogios nem a ela nem às musas observamos a esperança que Joaquim Leitão tinha nelas como impulsionadoras das bibliotecas populares, sonho que acaba por ser o tema principal do opúsculo, exceptuando a parte inicial em que elogia com grande sensibilidade e conhecimento as monjas que iluminaram os códices antigos, ou os livros religiosos das suas congregações e conventos.
Ressalve-se o ter sido escrito na época do Estado Novo, e logo e ter na parte final o preço do aprobatur expresso na fé na raça, no regime da época e nos alfacinhas... 
Mas como tudo passa e a luta pela liberdade, a cultura, o amor e a beleza continua, leiamos Joaquim Leitão no seu elogio das artes caligráficas femininas, tão necessárias face à tecnologia digital, e das bibliotecas populares, hoje de facto, a não serem acompanhadas de interactividade presencial, dialogante e até museológica, algo já fora dos circuitos peregrinados pelas cultoras e cultores das belas letras embora não de muitos estudantes de vilas descentralizadas... 
Já quanto à cruzada laica pela estimulação da leitura advogada por Joaquim Leitão na linha de Guarino, sem dúvida que será sempre necessária, face a tanta absorção do templo livre pela tão manipulada e alienante televisão...
Ler na receptividade pura e lúcida, escrever infundindo a luz, a verdade e o amor...

 











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