Segunda e última parte da leitura comentada (em vídeo, no final) das quadras de À Guitarra, escritas em 1864, e publicadas no jornal o Século XIX, de Penafiel, em 7.XII.1864, e inseridas nas Cantigas, das Primaveras Românticas, de Antero de Quental, 1872, antecedida pela transcrição de algumas delas:
II
«Guitarra, minha guitarra,
Quem as cordas te estalou?
Acabe-se esta cantiga
Aonde o amor se acabou!
III
Lindas águas do Mondego,
Por cima olivais de monte!
Quando as águas vão crescidas
Ninguém passa além do ponto.
Ó rio, rio da vida,
Quem te fora atravessar!
Vais tão cheio de tristezas...
Ninguém te pode passar!
Mas dize tu, ó Mondego.
Pois todos levam seu fado,
Tu que foges e eu que fico
Qual de vós vai mais pesado?
Tu, ao som dos teus salgueiros
Levas as tuas areias...
Eu ao som dos meus desgostos
Levo estas negras ideias...
Debaixo do arco grande,
Onde a água faz remanso,
Tem paz qualquer triste
Que ande à busca de descanso.
O luar bate no rio;
Tem um mágico fulgor...
Não há assim véu de noiva
Nem há mortalha melhor!
(...)
Lindas areias do rio!
Uma trás d'outra a fugir
Vão direitas dar ao mar...
Ah quem pudera dormir
(...)
Lindas águas do Mondego,
E os salgueiros a cantar!
Quando a cheia é de tristezas
Ninguém a pode passar!»
Saltamos entretanto várias quadras e concluímos com a última, embora na gravação tenham sido lidas todas...
VI
«Guitarra, minha guitarra,Já que a corda te estalou
Pode acabar a cantiga
Aonde o amor acabou!»
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