domingo, 4 de novembro de 2018

Livros estúpidos e maus, ditos sucessos de vendas: "Heidegger e um Hipopótamo chegam às portas do Paraíso"

Há livros que são tão pretensiosos, no título, na introdução, na propaganda, que se tornam demasiado estúpidos e maus ao fim de algumas páginas de leitura obrigando-nos a um esforço para os continuar a ler.
Lida a introdução, por vezes de uma superficialidade assustadora, ainda que referindo alguns nomes e movimentos mas só testemunhando uma banalização do que deveria ser tratado com seriedade e importância, entramos com vontade de conseguirmos rapidamente dar por terminada a leitura, abreviando-a, até com receio que a obra afinal melhore e tenhamos que ler muitos capítulos para não sermos injustos, se queremos fazer um crítica ou juízo de valor com qualidade.
Vejamos então alguns desses livro maus, péssimos mesmo, e em primeiro lugar o que provocou este texto:
Thomas Cathcart e Daniel Klein são os autores do horrendo livro, mas com uma capa muito surrealista e atraente, com anjinhos e nuvens, intitulado "Heidegger e um Hipopótamo chegam às portas do Paraíso" e que pretende ser uma aproximação e investigação ao mistério da morte, e também ao da vida ou não depois da morte... 
Leva a chancela de uma editora aparentemente ainda com algum prestígio, D. Quixote-Leya,  mas a obra  revela-se fumo sem fogo, pois  é um aglomerado de piadas de mau gosto, literalmente más, torcidas, negativas, e informações dos mais diversos níveis de seres (de filósofos a espertos), em geral contraditórias, o que facilita o fazer-se piada com um assunto que mereceria ser mais bem tratado para poder despertar a sensibilidade anímica para se vivenciar ou intuir algo dos níveis espirituais, algo que estes autores desconhecem ou estão mesmo contra.. 
A capa e títulos originais, algo diferentes na tradução portuguesa
  Na realidade a informação fornecida acerca do subtítulo "Através da Filosofia (e de piadas) explica-se a vida, a morte, a vida depois da morte e todos os entretantos"  consta apenas de pequenos resumos de alguns autores, seres e obras escolhidas algo tendenciosamente talvez para se destruir a possibilidade de se fazer uma aproximação profunda e verdadeira ao mistério da morte e imortalidade e da vida depois da morte. 
São daqueles livros feitos para lançar a confusão na cabeça das pessoas fazendo-as perder a noção de verdade e dos caminhos  para ela.
O pretensiosismo da publicidade de sucesso de vendas para tolos, e não de sucesso na investigação,  apresenta-se bem na contracapa, com sublinhados meus: «Dos autores do sucesso de vendas Platão e Um Ornitorrinco entram num bar" chega-nos uma nova aventura filosófica, desta vez uma viagem às Portas do Paraíso, apenas para se saber o que os grandes filósofos, teólogos, psicoterapeutas e tipos espertos têm a dizer sobre a vida, a morte e a vida para além da morte.
Um filme com Freud! Groucho Marx, Socrates! Woody Allen! Kierkegaard! Lily Tomlin! Buda! Cartonistas do New Yorker! Zombies! E, claro, Heidegger!»
Perguntemos, os tipos espertos são os autores, e os zombies  serão as pessoas que lerem esta obra e que se tornarão tal pela confusão  em que ficarão face a tanta piada estúpida e apenas mostrando as piores características das pessoas, e a tanta manipulação da vida e obra de grandes autores, reduzidas a umas linhas tendenciosas, caricaturais frequentemente?
Quais foram os objectivos principais que levaram os autores a escrever este livro, além de quererem ser apregoados como um sucesso de vendas?
Creio que lançar a confusão nas pessoas sobre a existência distinta  do corpo, alma e espírito no ser humano bem como da imortalidade do espírito e da existência de uma vida depois da morte, misturando as mais diferentes visões, contradizendo-as constantemente e enchendo a cabeça dos leitores de lixo anedótico de mau gosto e citações truncadas e  constantemente manipuladas e contraditas, nem que seja pelo autor ou citação seguinte, certamente por vezes desmistificando algumas crenças e auto-sugestões reinantes seja nas religiões seja nos autores e movimentos actuais de nova era, nomeadamente utilizando um diálogo ao estilo das famigeradas pseudo-Conversas com Deus de Neale Donald Walsch.
Em suma, não perca o seu tempo nem o seu dinheiro com este livro e não se esqueça que o saber ocupa lugar, mesmo e sobretudo quando é um saber errado, distorcedor e que o afasta da sabedoria. Neste sentido corre a citação do mestre principal dos autores e que é Woody Allen: «não estou nada interessado em obter a imortalidade através do meu trabalho. Prefiro simplesmente não morrer».  
Ora no caso do tema da obra, a busca de uma consciência maior de quem somos e do que pode ser a nossa vida depois da morte, nos mundos subtis e espirituais, certamente que tal exige uma aprendizagem, uma prática, a arte de bem viver e bem morrer, a qual implica ou se consubstancia num despertar consciencial do espírito e da visão espiritual, já em vida terrena...
Este artigo ainda poderá ser acrescentado um pouco, pelo que recomendo que o leia passados uns dias. 22:00 do dia 4-XI-2018

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