Tommaso Cannizaro, discípulo de Garibaldi, amigo de Victor Hugo, admirador e tradutor de Antero de Quental. |
A ideia básica do poema, embora dramática, é todavia simples: Jesus Cristo está há séculos preso
e exposto num penedo à inclemência dos elementos, o seu espírito tendo
um só pensamento: foi amortalhado pelos que o idolatraram e endeusaram e não conseguiram ver que ele fora apenas uma transitória manifestação da Vida, essa sim adorável.
Oiçamos o poema, na organização dos Sonetos Completos, de 1886, escrito no ciclo de 1864 a 1874:
Palavras dum Certo Morto
Oiçamos o poema, na organização dos Sonetos Completos, de 1886, escrito no ciclo de 1864 a 1874:
Palavras dum Certo Morto
Há mil anos, e mais, que aqui estou morto,
Posto sobre um rochedo, à chuva e ao vento:
Não há como eu espectro macilento,
Nem mais disforme que eu nenhum aborto...
Só o espírito vive: vela absorto
Num fixo, inexorável pensamento:
«Morto, enterrado em vida!» o meu tormento
É isto só... do resto não me importo...
Que vivi sei-o eu bem... mas foi um dia,
Um dia só — no outro, a Idolatria
Deu-me um altar e um culto... ai! adoraram-me.
Como se eu fosse alguém! como se a Vida
Pudesse ser alguém! — logo em seguida
Disseram que era um Deus... e amortalharam-me!»
Posto sobre um rochedo, à chuva e ao vento:
Não há como eu espectro macilento,
Nem mais disforme que eu nenhum aborto...
Só o espírito vive: vela absorto
Num fixo, inexorável pensamento:
«Morto, enterrado em vida!» o meu tormento
É isto só... do resto não me importo...
Que vivi sei-o eu bem... mas foi um dia,
Um dia só — no outro, a Idolatria
Deu-me um altar e um culto... ai! adoraram-me.
Como se eu fosse alguém! como se a Vida
Pudesse ser alguém! — logo em seguida
Disseram que era um Deus... e amortalharam-me!»
Ora na carta de resposta a Tommaso Cannizzaro, de 15 de Maio de 1889, Antero de Quental esclarece as dúvidas que este lhe transmitira:
« (...) O personagem que fala no meu soneto Palavras dum certo morto
é, como por certo compreendeu, o Cristo: o Cristo, símbolo, ideia e
princípio da vida espiritual, personificado e idolatrado pela ignorância
dos homens que fizeram uma pessoa (alguém) dum princípio
impessoal e por isso o desvirtuaram criando simplesmente uma nova
idolatria. Tais são as queixas de Cristo e tal é o pensamento do soneto
(...)»
A explicação Antero de Quental é então que o Cristo é "o símbolo, a ideia e o princípio impessoal da Vida Espiritual".
Ou seja, a Vida Espiritual cósmica, absoluta ou em si, foi manifestada bem por Jesus (chamado Messiah na
linguagem hebraica por ser considerado ungido ou abençoado por Deus, sendo tal ideia e palavra traduzida em grego por
Christos), o qual mais tarde foi erguido
a Filho único de Deus, ou mesmo Deus, elevação e identificação esta que Antero não vê como possa ser correcta.
Não
foi pois o sentido etimológico da palavra, nem o da Igreja, que Antero
de Quental seguiu quando usa no soneto a palavra Cristo, pois criticando aos cristãos a adoração e endeusamento de (Jesus)
Cristo, limitando
a Vida espiritual a alguém, considera então que o Cristo é o nome dado a essa
Vida Cósmica Espiritual a qual não deve ser identificada ou limitada ao ser humano
Jesus...
Na
continuação da carta, que lemos em parte no vídeo, Antero de Quental, depois de propor
certas modificações na tradução por Tommaso Cannizzaro do soneto (que na impressão de 1890 sofreria uma gralha do "tanto" para "santo", algo grave, e acrescentava no último terceto uma exclamação "ò mundo estulto"), explica ainda de outro modo a ideia subjacente às Palavras dum certo Morto,
continuando assim a carta:
«É
talvez um pouco obscuro e metafísico; com efeito, várias pessoas me têm
já perguntado qual o verdadeiro pensamento deste soneto. Esse
pensamento consiste no contraste entre o Cristo, ideia pura da vida,
o Cristo princípio, e o Cristo personificado, idolatrado e desvirtuado;
de modo que a apoteose equivaleu à morte e enterro daquilo mesmo a que
se pretendia dar imortalidade. A vida (princípio ideal espiritual) não
pode ser alguém (uma pessoa, um indivíduo limitado (...)»
Vemos
de novo Antero de Quental a criticar o endeusamento de uma pessoa, Jesus, que não é
o princípio ideal espiritual, a ideia pura da Vida.
Qual é a obscuridade que se pode sentir?
Talvez
a principal derive do facto de Antero não querer utilizar a palavra
Deus, para designar o princípio ideal espiritual, deste modo
demarcando-se do Cristianismo.
Antero finaliza assim, a carta: «A vida (princípio ideal, espiritual) não pode ser alguém
(uma pessoa, um indivíduo limitado): daí a contradição íntima do
Cristianismo, o contraste e a ironia dolorosa das palavras que ponho na
boca do Cristo, ao mesmo tempo como uma crítica amarga da loucura
idolatra dos homens e um juízo sintético da história do Cristianismo.
(...)»
Podemos
ver nesta parte mais duas explicações importantes: Cristo usando uma
ironia dolorosa em crítica amarga à história do Cristianismo...
Podemos ainda compreender melhor porque não utilizou ele a palavra Jesus, nem a de Deus, se enquadrarmos o soneto no ciclo que vai de 1864 a 1874, o mais revolucionário e activo mas também de grandes leituras filosóficas, ao lermos os sonetos contidos nesse período: nos que antecedem na ordenação este que estudamos, observamos que no 1º poema Ideia, no primeiro soneto, testemunha-se que Deus não está visível aos homens; no segundo soneto desse poema, que Jesus já não consegue dirigir os homens, que a Lei agora é o Infinito; no terceiro, com grande aspiração, o poeta quer sacudir os velhos cultos (que lhe negam o pão e o vinho) e lançar uma nova ponte, pois luz, vida e carinho estão em toda a parte; o quarto soneto, é um apelo às almas heróicas, estóicas, altivas, que sem celestes guias, conseguirão com as suas ideias chegar à imensidade eterna e viva. No quinto soneto, interroga quem é essa Ideia que ninguém consegue ver nem captar mas que para toda a alma que aspira triste e chorosamente é a única amante. No sexto soneto, persiste nessa busca infatigável de união, agora já bem próxima, com a Ideia pura. No sétimo soneto, consegue chegar à união com a Ideia e vogar graças aos ideais ardentes e, no seio da eterna claridade, abraçar a Verdade. No oitavo e último soneto, revela que esse céu da Ideia, sumo bem, Verbo e essência só se revela no céu interior da Consciência. Estamos pois num conjunto de oito sonetos que terminam numa apoteose interior, mística.
Podemos ainda compreender melhor porque não utilizou ele a palavra Jesus, nem a de Deus, se enquadrarmos o soneto no ciclo que vai de 1864 a 1874, o mais revolucionário e activo mas também de grandes leituras filosóficas, ao lermos os sonetos contidos nesse período: nos que antecedem na ordenação este que estudamos, observamos que no 1º poema Ideia, no primeiro soneto, testemunha-se que Deus não está visível aos homens; no segundo soneto desse poema, que Jesus já não consegue dirigir os homens, que a Lei agora é o Infinito; no terceiro, com grande aspiração, o poeta quer sacudir os velhos cultos (que lhe negam o pão e o vinho) e lançar uma nova ponte, pois luz, vida e carinho estão em toda a parte; o quarto soneto, é um apelo às almas heróicas, estóicas, altivas, que sem celestes guias, conseguirão com as suas ideias chegar à imensidade eterna e viva. No quinto soneto, interroga quem é essa Ideia que ninguém consegue ver nem captar mas que para toda a alma que aspira triste e chorosamente é a única amante. No sexto soneto, persiste nessa busca infatigável de união, agora já bem próxima, com a Ideia pura. No sétimo soneto, consegue chegar à união com a Ideia e vogar graças aos ideais ardentes e, no seio da eterna claridade, abraçar a Verdade. No oitavo e último soneto, revela que esse céu da Ideia, sumo bem, Verbo e essência só se revela no céu interior da Consciência. Estamos pois num conjunto de oito sonetos que terminam numa apoteose interior, mística.
O
soneto e poema segundo deste ciclo de 1864-1874, intitulado A Um Crucifixo, consagra Cristo de sangue generoso como um plebeu e avô dos lutadores e
homens novos de hoje. No terceiro, Diálogo, assinala a luta entre a Cruz, a Luz, o
Espírito, e tudo que se agita no mundo e no homem mas que é a Natureza.
No quarto, intitulado Mais Luz, um dos sonetos mais solares, afirma a sua
adesão e vivência do dia com a sua luz solar e da força optimista que daí resulta. E no quinto, Tese e Antítese, composto dos sonetos I e II, expõe,
confessa e revela no primeiro o dilema que o revolve e intensifica, entre a crença
ou fé no pensamento luminoso e não passional que é luz e não fogo e que
vive num cristalino céu imutável, enquanto no segundo, na Antítese, admitindo esse nível
superior e cristalino de um Deus que observa o mundo realça porém que na terra
o que temos é que lutar, batalhar com paixão, vencer, para que a Ideia
viva.
O soneto que antecede as Palavras dum Certo Morto, intitulado Justitia Mater,
assinala como ainda que haja algo de divino e superior no cosmos e na
natureza, na cidade a missão é a luta pelos ideais de justiça.
Já no soneto seguinte às Palavras dum Certo Morto, intitulado A um Poeta, e tendo como subtítulo e epígrafe a ordem curadora do mestre Jesus «Surge et ambula», «ergue-te e caminha», reafirma a missão de luta actual e parece
dirigir-se em especial a ele poeta, para deixar a contemplação serena
longe do fragor e erguer-se como soldado do futuro, armado dos seus
sonhos.
O soneto final deste ciclo 1864-1874, Hino à Razão, é uma valorização da luta revolucionária
dos idealistas de então que seguem a razão, a ideia, e pelos quais as
mães sofrem mas não se deixam abater. Estaria Antero a dirigir-se a sua mãe que casara com um lutador da Liberdade nas Guerras Liberais e via agora o seu filho bem idealista e revolucionário?
No
contexto dos sonetos do período 1864-187474, o soneto Palavras dum Certo Morto parece até dos menos fortes, dos com
menos entusiasmo de luta e de confiança no futuro, mas é no seu
interior, discretamente, um forte ataque ao endeusamento
de um ser humano e à pessoalização do que deveria ser o culto da vida espiritual, impessoal, acima
dos egoísmos e, logo, mais justa e fraterna.
Sabemos como esta busca de um estado não egoísta e impessoal será primacial na demanda de Antero de Quental, e embora não a
explicite assim tanto neste soneto, doze dias depois numa carta magistral a
Jaime de Magalhães Lima, cumprimentando-o por se ir casar e criticando a palavra "resignação" por ele empregada, vem
mesmo em nosso auxílio para compreendermos que nível era esse de vida e
princípio impessoal:
Escreve do Cartaxo, a 28 de Maio de 1889:
« (...) dir-lhe-ei que só
é verdadeiramente livre aquele que sabe limitar voluntariamente a
própria liberdade. A liberdade é um ideal, que, como todos os ideais,
precisa de ser corrigido pela realidade e o sentimento moral, que só na
realidade tem a pedra-de-toque. Os ideais da nossa mocidade, absolutos e
no fundo muito egoístas, são fantásticos, e é por isso que nos
atormentam tanto. E quando cerceamos, em proveito dos outros, uma parte
dessas desmedidas ambições, reconhecemos então com pasmo que essa
amputação, em vez de nos diminuir, nos engrandeceu. Parece-me dever
concluir daqui que a nossa verdadeira grandeza é toda interior e
subjectiva: o que somos e fazemos importa relativamente pouco: a relação
da nossa vontade consigo mesma é que é essencial. Chegados a um certo
estado de espírito, não de cepticismo ou de abatimento, mas de
verdadeira compreensão da nossa natureza e do nosso fim (regnum meum non est hoc mundo)
aquelas imensas ambições da mocidade fazem-nos sorrir. Não compreendo pois porque emprega duas vezes a palavra resignação; quisera que a riscasse do vocabulário dos seus sentimentos. A transição do egoísmo idealista e da falsa liberdade, para a realidade moral e a verdadeira liberdade é um progresso e até em meu conceito, o máximo progresso: não pode ser pois matéria de resignação; antes, de exultação. Mas talvez lhe esteja aqui fazendo uma chicana de palavras, por causa de uma que provavelmente empregou num sentido diverso daquele em que eu a tomei. Por isso não insisto. Entrou, meu caro amigo, num caminho que todos os dias irá sentindo o chão mais firme debaixo dos pés, mais lúcido o pensamento, mais serena a consciência. Vivendo cada vez mais para os outros, sentindo morrer em cada dia dentro de si mais uma parcela do eu egoísta que tanto nos ilude, tanto nos faz sofrer e errar, irá entrando gradualmente naquela região da impersonalidade que é a verdadeira beatitude (...)».
Em algumas cartas posteriores, editadas e muito bem anotadas por Ana Maria Almeida Martins, in Cartas, 2009, agora já em recente edição em três volumes, poderemos ainda encontrar mais esclarecimentos sobre esta metafísica algo obscura na qual Antero tentava se adentrar luminosamente, nomeadamente numa carta a António Molarinho.
Em algumas cartas posteriores, editadas e muito bem anotadas por Ana Maria Almeida Martins, in Cartas, 2009, agora já em recente edição em três volumes, poderemos ainda encontrar mais esclarecimentos sobre esta metafísica algo obscura na qual Antero tentava se adentrar luminosamente, nomeadamente numa carta a António Molarinho.
A carta a António Molarinho, de 26-VIII-1889, que já trabalhei num artigo neste blogue, poderá dar-nos o canto do cisne para este texto e demanda, já que Antero de Quental, considerando estar a poesia a definhar na sua função e necessidade e crer-se ou prever-se que seria a ciência e a democracia a terminarem com os sofrimentos da humanidade (e bem vemos nos nossos dias como tal optimismo tem ruído face a tanta opressão e manipulação, violência e sofrimento), dá os seguintes conselhos (sublinhados nossos) ao jovem poeta (tinha 29 anos), que se estava a iniciar em tal via de ideais e aspirações, mas já então ameaçada:
«Desapareçamos pois de bom grado. Não se aflija. No fundo do verdadeiro poeta há sempre um crente. Apele para as energias superiores da sua alma, pense que a arte, por bela e sedutora que seja, não é ainda assim mais do que um reflexo, um símbolo do ideal supremo da vida moral, e que esse ideal, subsistente por si, não precisa de formas, caducas afinal ainda as mais esplêndidas, para se afirmar, pois o que é tira-o de si, da sua substância inesgotável, espiritual, infinita.»
E Antero de Quental, depois desta afirmação da existência de um mundo espiritual, moral, substancial, que existe por si e de nada depende, no fundo apelando a que entremos mais nesta comunhão com o mundo espiritual, e que embora ele não afirme, tem nos mestres, anjos e na Divindade, seres e entidades que nos podem inspirar, fortificar, prossegue assim:
«Depois a vida, a nossa vida individual e humana, é tão pouca coisa! Se não pode passar cantando, passa-se de outro modo. E às vezes vale mais isso. Creia que a virtude pode mais e é mais que a arte. E dura mais também: dura eternamente. As obras do bem, ligadas indissoluvelmente à substância do Universo, absorvidas, desde o momento da sua produção, para nunca mais saírem dele, vinculadas, pela cadeia duma casualidade superior, a todas as suas evoluções através dos tempos, dos espaços, dos mundos, vão aumentar o tesouro da energia espiritual das coisas, fecundá-las nos seus mais íntimos recessos e, sempre presentes, sempre activas, eternizam, nessa sua perene influência, a alma donde uma vez saíram. O Universo só dura pelo bem que nele se produz. Esse bem é às vezes poesia e arte. Outras vezes é outra coisa. Mas no fundo é sempre o bem e tanto basta.»
Pintura de Bô Yin Râ
Eis uma bela carta já do fim da sua vida terrena e na qual Antero Quental já vai bem mais longe na compreensão e consciencialização da Vida e dos seus níveis elevados, ora pensada e vista como Princípio impessoal e espiritual ora já caracterizando-a e sentindo-a num nível de panpsiquismo, muito próximo do actual conceito de Campo Unificado de Energia Consciência e sentindo-o como Bem, embora se note a ausência da consciência, reconhecimento ou que seja fé na existência de um espírito individual eterno, imortal em cada ser, ficando-se só no impessoal, algo influenciado por Hegel, Edward von Hartman e o Budismo a que tivera acesso...
Prossigamos então nós no século XXI na esteira de Antero de Quental no Talento de Bem Ser e de Bem Fazer, fraterna e ascensionalmente e na afirmação e desvendação do Espírito individual e do Sol Divino Primordial..
E eis o vídeo do improviso, que terminou por falta de espaço quando ia ler uma apreciação de António Sérgio ao soneto Palavras dum certo Morto e que ficará para outra vez...
Saibamos nós comunicar com os aparentemente mortos, os vivos e os vindouros na demanda e comunhão do Bem, da Justiça, da Verdade, do Amor, do Espírito e da Divindade.
Eis uma bela carta já do fim da sua vida terrena e na qual Antero Quental já vai bem mais longe na compreensão e consciencialização da Vida e dos seus níveis elevados, ora pensada e vista como Princípio impessoal e espiritual ora já caracterizando-a e sentindo-a num nível de panpsiquismo, muito próximo do actual conceito de Campo Unificado de Energia Consciência e sentindo-o como Bem, embora se note a ausência da consciência, reconhecimento ou que seja fé na existência de um espírito individual eterno, imortal em cada ser, ficando-se só no impessoal, algo influenciado por Hegel, Edward von Hartman e o Budismo a que tivera acesso...
Prossigamos então nós no século XXI na esteira de Antero de Quental no Talento de Bem Ser e de Bem Fazer, fraterna e ascensionalmente e na afirmação e desvendação do Espírito individual e do Sol Divino Primordial..
E eis o vídeo do improviso, que terminou por falta de espaço quando ia ler uma apreciação de António Sérgio ao soneto Palavras dum certo Morto e que ficará para outra vez...
Saibamos nós comunicar com os aparentemente mortos, os vivos e os vindouros na demanda e comunhão do Bem, da Justiça, da Verdade, do Amor, do Espírito e da Divindade.
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