domingo, 18 de novembro de 2018

Diários e Meditações. Da luz e da música nas igrejas. Registo do diário de VIII-1994.

          
As igrejas ou templos são dos melhores locais de elevação, por vezes consagrados há séculos por inúmeras devoções e que nos podem despertar as asas, a percepção delas ou o voo da alma espiritual...
« (...) Depois fui para a Sé de Lisboa, ouvir ou mergulhar no fogo de luz e som, forma e energia dum concerto de órgão, com as últimas composições a atingirem o sublime. A luz, ao atravessar a janela da capela-mór, enriquece-se com a tonalidade algo rosa das paredes e difunde-se numa vibração de unção de piedade mística que chega até aos nossos olhos e alma e nos faz quedar contemplativos da Luz Divina da Eternidade.
                                     
O mistério da Luz na catedral assinala-se-me pela primeira vez mais fortemente. São momentos de boa suspensão do fluxo das vagas de pensamento, e de criação de uma abertura ao Alto.
As mãos, que na audição ou participação da música são por vezes bem importantes para orientar as energias internas, param sobre o coração e o peito e dou-me por mim como que a querer puxar com os dedos a abertura central do peito à Luz e ao Amor. Bom e belo. Deus é Amor. E se abrirmos o coração a Ele, eis-nos na Felicidade.
                                    
              Fotografias na Sé de Lisboa, captadas por mim, quando se deu o concerto de música religiosa bem elevativa da alma... Lux Dei...
Na vinda para casa, paro na igreja do Corpo Santo, junto ao largo a ocidente do cais do Sodré. Uma Nossa Senhora belíssima segura o corpo exangue de Jesus, um S. Miguel forte e belo e um bom ambiente permitem-me nova elevação. Ajoelho-me junto à balustrada de mármore, deixo que a energia da igreja circule por mim e me leve à adoração, à sua maneira tradicional (de joelhos). Mas dei com as mãos abertas apoiadas na testa e elas são como dois cornos cervídeos abertos ao alto.
De novo, a luz coa-se por frincha da janela e assisto e participo dum crescendo de raios, revelando gradualmente a pujança colorida e encadeante da luz que nos chega do distante Sol.
Esta experiência do crescimento progressivo da intensidade de luz que afecta o meu ser é forte e interessante porque sentimo-la também a um nível da alma, ou seja, do corpo espiritual, e a nossa consciência expande-se e a nossa natureza solar espiritual é de algum modo sentida, fortificada.»
                  
Saibamos comungar mais com a Luz, o Amor e a Força do Sol, visível e invisível, espiritual, Divino....

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