quinta-feira, 30 de março de 2023

Um poema da realização espiritual, por Pedro Teixeira da Mota.

Escrito, sobre papel trazido do Irão, há um, dois anos e melhorado na transcrição a 30-3-23.


As almas humanas
que têm o seu ser
mais no Ser,
essas, em certas ocasiões,
flamejam os seus corações,
certamente à custa de muito labor.
 
Quantas horas e dias até,
entre os escombros arrumados
e o bloco talhado, 
emergir a Ideia? 
 
Assim cada vida é uma odisseia,
um studio incessante,
persistente e confiante
 nas bênçãos do Alto e na graça Divina,
para se ir gerando o Ser espiritual,
guerreiro e amante, agricultor e poeta.

Então, por entre nenúfares ou árvores,
poderá encontrar a Náiade 
ou Ninfa da sua alma,
e, no seu mistério profundo de geradora,
extasiar-se na sublimidade do AMOR.
 
Como uma Dríade brotando de um tronco,
ou um Anjo de uma meditação mais intensa,
assim cada ser encontra a sua alma complementar
para com ela co-gerar, no Kosmos que lhe compete,
as energias e formas, os sentimentos e os psico-morfismos
que impulsionarão as almas e os ambientes
para o Espírito, o Bem, a Divindade.
 
Aum Amen Hum
                                                                                    
Ornamento espiritual de Bô Yin Râ.

terça-feira, 28 de março de 2023

Alexandre Herculano. Biografia e Mensagem. Breve homenagem evocadora, no seu 223º aniversário.

O notável e probo pensador e historiador Alexandre Herculano nasceu em Lisboa neste dia de hoje, 28 de Março, em 1810, ao pátio do Gil, na tão histórica rua de S. Bento, filho de Maria do Carmo Carvalho de São Boaventura e de Teodoro Cândido de Araújo, funcionário do Crédito Público, tendo vindo a estudar na progressiva, e tão dedicada à instrução, congregação dos Oratorianos de S. Filipe de Nery, no convento e hoje palácio das Necessidades, até aos 15 anos. Aos 21 anos participa numa conspiração revoltosa contra o absolutismo de D. Miguel, falhada, pelo que terá de refugiar-se num navio francês e exilar-se por França e Inglaterra, para o que estava preparado graças ao seu bom conhecimento de línguas. Voltará na armada e exército Liberal e participa corajosamente em lutas junto ao Mindelo e Porto, em 1832. Será nomeado, pelo rei D. Pedro IV, 2º bibliotecário da Biblioteca Pública Portuense e depois preceptor do futuro rei D. Pedro V, infausta e precocemente raptado pelas   Parcas, e que muito o apreciara. Em 1839 D. Fernando nomeia-o bibliotecário mor das Reais Bibliotecas das Necessidades e Ajuda.  Sábio e rigoroso historiador, repudiará milagres e mistificações, destacando-se como propugnador do municipalismo, patriota e não iberista, anti-clerical, adepto do casamento civil, crítico da Concordata com o Papado. Desgostoso com a decadência do país pelos maus políticos e políticas, retira-se em 1867 da capital, reingressa na Mãe natureza, e torna-se agricultor e produtor de azeite na  quinta de Vale dos Lobos, junto a Santarém, comprada com os seus proventos literários, e que passará a gerir modelarmente, tanto mais que se ligara matrimonialmente, já maduro nos seus 57 anos, com a Mariana Hermínia da Meira, sua namorada de juventude, continuando com os seus trabalhos literários e político-socias, nomeadamente intervindo, por exemplo, em defesa da liberdade de pensamento e comunicação quando Antero de Quental e seus correligionários tentavam partilhar suas ideias modernas nas Conferências do Casino, em 1871, e foram  bloqueadas, dando azo a forte resposta contestativa de Antero ao ministro Ávila e Bolma... 
Foi sempre uma das reservas morais do reino, desde 1837  dirigindo a revista de cultura literária, histórica e algo científica Panorama, e um partido, em 1856, o Partido Progressista Histórico, convivendo com muitos escritores, pensadores e políticos mas mantendo sempre a sua integridade e simplicidade, e assim, embora tenha sido  deputado e até presidente da Câmara Municipal de Belém, recusou cargos ministeriais, títulos e condecorações, preferindo  consciência tranquila e contacto com a terra e a vida simples. Morreu em 1877, ao constipar-se e  agravar-se em  pneumonia, com a ida final e fatal a Lisboa a fim de cumprimentar em reciprocidade a visita que o imperador do Brasil, filho do seu amigo D. Pedro IV, lhe fizera em Vale de Lobos.

Deixar-nos-á as Lendas Narrativas e os seus romances históricos bem caldeados de erudição e recriação ambiental, plenos de ensinamentos éticos e que ganharam um merecido espaço curricular nas escolas portuguesas ao longo dos anos,  iniciando ao gosto da História gerações sucessivas de jovens, a par das suas Poesias, românticas majestosas,  inspirando  muitos, tal como Antero de Quental que as valorizou referindo a forte impressão causada pela leitura em criança da Harpa do Crente, de 1838.
A sua História de
Portugal, em quatro volumes, dados à luz de 1846 a 1853, será a primeira portuguesa com critérios mais científicos, e lê-se com bastante agrado e proveito, embora só vá até ao tempo e reinado de D. Afonso III, evidentemente hoje muitíssimo mais ampliada ou completada por tanta investigação e historiador posterior.
Na História
da Origem e Estabelecimento da Inquisição, 1854-1859, obra pioneira, e que lhe trouxe bastantes ataques, mostra até onde pode ir a ignorância e a crueldade, e nesse sentido apelará noutra ocasião a uma cruzada santa contra as tendências guerreiras, interrogando o porvir: «Nesses dias, que porventura tardam menos do que muitos pensam, que destino darão os sacerdotes da bombarda, da lança e da espada aos seus deuses fulminados? As palavras façanha, glória guerreira, conquista, como serão definidas nos dicionários das línguas vivas, dentro de um ou dois séculos? Como julgará a história os milagres inventados para santificar o derramamento de sangue»? Outrora conquistadores, hoje pequenos, «para obtermos consideração basta que os nossos progressos intelectuais e morais mostrem à Europa que sabemos, queremos e podemos regenerar-nos pela ciência, pelo trabalho, pela morigeração».
Dirigiu também a  recolha e publicação de documentos e códices manuscritos sob o título Portugaliae Monumenta Historicade 1856 a 1873.
Os seus estudos e polémicas fortes, mais a colaboração em várias revistas, foram compilada nos seus dez valiosos tomos de Opúsculos, editados pela Livraria Bertrand, sob os títulos: Questões públicas, Controvérsias e Estudos Históricos, e Literatura.
Dois extractos: «A História pode comparar-se a uma coluna polígona de mármore. Quem a quiser examiná-la deve andar ao redor dela, contemplá-la em todas as suas faces. O que entre nós se tem feito, com honrosas excepções, é olhar para um dos lados, contar-lhe os veios da pedra, medir-lhe a altura por palmos, polegadas e linhas. E até não sei dizer ao certo se estas indagações se têm aplicado a uma face ou unicamente a uma aresta. 

Mas é semelhante trabalho desprezível? Não por certo. Este exame miúdo, feito com consciência, tem grande aplicação, e ainda em si é importante;mas dar-se isso como a história da nação é,salvo erro, enganar redondamente o género humano; é não perceber os fins da história, a sua aplicação como ciência; é sobretudo fazer uma coisa, a que podemos chamar novela, distinta somente daquelas a que se dá tal título, pelo tedioso, árido e sem sabor da leitura que oferece» pp. 103-4. Tomo V dos Opúsculos. Controvérsias e Estudos Históricos. Tomo II

Frontispício de um exemplar da 2ª edição, com o preço editorial ainda marcado, 600 reis, e que pertenceu à biblioteca do meu bisavô paternal, na casa da Cruz, em Gagos, assinado por ele.

E do II Tomo, Questões Públicas, tomo II, p. 6, eis o começo de um dos seus bem profundos textos, Monumentos Pátrios, de 1838, que provavelmente inspirou ou tocou Antero de Quental e o seu grupo,  sobre a missão não só da Imprensa e da defesa do Património cultural, como também de cada um de nós enquanto almas envolvidas pelas narrativas oficiais, o egoísmo e os aliciamentos superficializantes, mensagem hoje ainda muito actual pois a  demanda conscienciosa da verdade e a integridade escasseiam enquanto a parcialidade, a cegueira interessada e a corrupção, com os progressos tecnológicos opressivos, intensificam-se: 

«Diz-se que uma das mais belas missões da imprensa é defender a boa razão, a arte, e a honra e glória da Pátria.Imagina-se ampla colheita de renome, de bênçãos, de vantagens de toda a espécie para o escritor que alevanta a voz a favor do bom, do justo e do belo, se a voz do que escreve é assaz poderosa para se esperar que mova os ânimos dos seus concidadãos. E com efeito, indicar a estes o recto caminho, quando transviados; tentar afeiçoá-los a nobres e puros sentimentos; fazê-los amar o solo natal; despertar-lhes afectos pelo que foi grande e nobre na história do país, parece que deveria produzir frutos de bênção para o escritor que o tentasse. Não é, todavia, assim. Há para isso um obstáculo quase insuperável; a superstição pelas ideias e tendências do presente, mais cega que a superstição pelas crenças do passado. As paixões são mais enérgicas do que as reminiscências, as aspirações que as saudades. Glória, lucro, respeito, bênçãos são para aquele que afaga com palavras mentidas as preocupações populares; para aquele que, sem discrime, louva, adorna ou repete  como eco as opiniões que ao redor dele, talvez por cima dele, esmagando-lhe a consciência, passam como torrente. Tumultua o género humano correndo ao longo dos séculos: o louvador, às vezes o promotor do túmulo, se a natureza lhe concedeu imaginação e talento, vai adiante como capitão e guia da geração que corre ébria: incita-a, arrasta-a, deslumbra-a. As coroas voam-lhe  do meio do tropel sobre a cabeça. Verdade é que ao cabo de tanto lidar ele se despenhará com essa geração no abismo do passado;verdade é que o abismo se fechará para ele com o selo de reprovação de cima, e que, porventura, não tardará a que o futuro passe por ali a sorrir, ouse afaste com tédio  do sepulcro dealbado do erro ou da vilania. Mas isso que importa? O homem que vendeu ao século a consciência e o engenho, que Deus não lhe deu para mercadejar com ele, foi benquisto e glorificado enquanto vivo; foi antesignano [porta-bandeira] do progresso, embora este seja avaliado algum dia como progresso fatal!

Mas que pode esperar aquele que, nessa longa e ampla estrada do tempo, por onde o género humano corre desordenado, quiser vir, do lado do futuro e em nome do futuro, dizer à geração a que pertence - "parai lá"? Embora a sua voz troveje; embora as suas palavras devam fazer vibrar todas as cordas do coração e despertar todas as conviçções da alma: não espere ser ouvido. As multidões continuarão a passar desatentas. Escarnecido, amaldiçoado talvez, dormirá esquecido na morte, e os sábios e prudentes cultores de uma filosofia corrompida e egoísta dirão, com insultuosa compaixão, ao passar pelo que jaz no pó - «Pobre louco, recebeste o prémio e querer contrastar o século»!

E continua logo a seguir, num novo parágrafo, a transmitir a sabedoria ético-moral pitagórica (com o Y  das duas vias) e verdadeiramente religiosa, a que nos religa à nossa consciência íntima e à consciência colectiva-impessoal (ambas tão demandadas pelo seu discípulo Antero de Quental), e ao espírito e  Divindade:

«O que havemos dito é crua verdade; mas é a verdade. Há nesta época dois caminhos a seguir: um estrada larga, batida, plana, sem precipícios, mas que conduz à prostituição da inteligência; outro, vereda estreita, tortuosa, malgradada, mas que se dirige ao aplauso da própria consciência. Aqueles cujas esperanças não vão além dos umbrais do cemitério e que aí veem, não o termo da sua peregrinação na Terra, mas o remate da existência, que sigam a fácil estrada. Nós, porém, que guardamos para o além da vida [o mundo espiritual, que brilhe em nós] as nossas melhores esperanças, tomaremos o bordão do romeiro e iremos rasgar os pés pela vereda de espinhos [Ad astra, per aspera, como dizia Paracelso, ou seja, para vislumbrarmos o mundo espiritual, ou para mais tarde entrarmos bem nele, temos de nos esforçar]. Resignar-nos-emos nos desprezos e, como os soldados [da 1ª cruzada à Terra Santa] do eremita Pedro, que, pondo a cruz vermelha [fonte templária] no ombro para irem morrer [se tivesse que ser] na Palestina, clamavam- "Deus assim o quer! Deus assim o quer!" - diremos também - soframos o menoscabo e o vilipêndio: soframos que assim o quer Deus».

Talvez esta visão do Destino, da Moira, que Alexandre Herculano ainda partilha, seja, para além do valor estóico, algo incorrecta pois a fatalidade (de fatum) é mais dos actos humanos (mais ou menos voluntários) e suas consequências, o Karma na tradição indiana, do que de um querer ou vontade de Deus, pois são antes as almas humanas que,  deixando-se envolver, prender ou obscurecer na ignorância e egoísmo, inveja e ódio, causam os males e menoscabos que afligem tanta gente...

Encerremos este parágrafo final de Alexandre Herculano, já algo intervencionado hermeneuticamente, e no qual nos partilhou com beleza de peregrino ou romeiro, a sua crença e esperança na vida e na justiça post-mortem, com um terceiro lema, o dos frades e cavaleiros Templários: Non Nobis, Domine, non nobis, sed Nomine tuo da Gloriam, ou seja numa tradução livre espiritual, Que a Luz brilhe gloriosa na vibração e presença Divina em nós. E no Alexandre Herculano, Antero de Quental e noutros dos seus discípulos e amigos...

domingo, 26 de março de 2023

Poesia Espiritual, no entardecer do dia 26 de Março de 2023, no dia do fecho da Feira do Livro de Poesia, no jardim da Parada, ao Campo de Ourique.

                                

                                 Tempo

                                         devorador calmo da luz de cada dia

                                 Espaço

                                         tentativa de fazermos ordem e beleza

                                Macrocosmos

                                         tudo o que nos envolve até ao céu último

                                Microcosmos

                                        eu, tu, centelhas em aspiração de comunhão

                                 Desafio e missão

                                         aqui e agora sermos plenos e felizes

                                 Criatividade e individualidade

                                          estar em amor a todo o momento

                                          erguer o arco-íris na alma e ambiente

                                  Amor

                                      olhos marejados na gratidão e união,

                                      sabermos harmonizar do mundo a discussão.

 

Respira fundo

Fecha os olhos

Une as mãos

Adora a Fonte

transcendente

imanente.

Ó Divindade,

Ó Anjos e Arcanjos

Ó mestres e santas

Ó almas afins

amadas e

mais amada,

comunguemos

na 

Unidade

Divina,

e

discernimento, justiça

e paz no mundo!

Pintura do mestre Bô Yin Râ.

sábado, 25 de março de 2023

Swami Ritajananda, o mestre do centro Vedântico Ramakrishna, em Gretz, Paris. Um encontro em 1984. E posteriores desenvolvimentos.

                               

Breve descrição de um encontro com Swami Ritajananda (1906-1994), onde estive em 1984 um dia e meio no seu ashram, ou seja, o centro Vedântico Ramakrishna, junto a Paris, do qual é [ou foi] o 2º director, desde 1961, pois o 1º director e fundador Swami Siddheswarananda abandonara a Terra em 1957...
Transcrevo do diário:
«Transmite algumas das suas fortes energias de amor e de auto-consciência libertadora. Fora de quaisquer dogmas ou preceitos, antes num tipo de realização do que cada um é em si mesmo, e num certo respeito pelos costumes e aspectos da sociedade em que vivemos.
Falará da importância do mantra (nome ou som sagrado em que nos concentramos) para a procura duma transcendentalização (acalmia ou superação) do mental discursivo, e das suas ondas de pensamentos sucessivos.» 
Nesse sentido Patanjali, o codificador dos Yoga-sutras, começa o seu tratado clássico com três sutras: «I - Atha Yoga anushanam Vamos então expor o ensinamento unitivo. 2 - Yoga citta vriti nirodha, Yoga ou União é o controle ou a extinção das ondulações mentais. 3 - Tada drashtuh swarupe awasthanam, depois disso o observador estabiliza na sua própria natureza ou forma própria.»
Registo ainda num papel solto o rescaldo de uma das conversas com Swami Ritajananda no ashram ou Centro Vedântico Ramakishna, desde há 23 anos dirigido por ele e situado em Gretz  a uns 30 quilómetros de Paris, rodeado de um belo jardim e horta que a pequena comunidade trabalha:
                                       
Pergunto-lhe se o vegetarianismo é necessário ou não, e ele responde que foi educado numa alimentação vegetariana, mas outras pessoas não pelo que não devemos impor restrições. Recebe na sua alimentação os ovos e o leite por causa da proteínas que contêm. Não insiste muito sobre esse aspecto, mas pensa que um efeito importante da alimentação vegetariana é tornar as pessoas mais calmas.
Quanto a brahmacharia, o controle da energia sexual, ou mesmo castidade, a sua resposta pessoal é que cada ser tem a sua própria constituição, as suas tendências e que não se deve impor do exterior, senão criam-se problemas ou conflitos na nossa parte psíquica, sobretudo o inconsciente. Mesmo no hinduísmo observamos que sempre houve ou tem havido pais de família a alcançarem a realização espiritual. O ênfase não deve ser posto em restrições mas nos aspectos positivos, nomeadamente a irradiação de Amor, a alegria no trabalho. O ser que tem um ideal espiritual acabará sempre por vencer os problemas e limitações que encontrar na vida.
Japa, a repetição dum som sagrado ou dum nome de Deus, é um instrumento universal, presente em todas as religiões e tradições, mas a quem nos pede para ser iniciado devemos saber dá-lo ou ensiná-lo conforme o ideal de cada pessoa, ou seja, relacionado com Jesus ou Krishna ou Shiva ou Brahman, a Divindade sem forma (e houve sorriso em mim, por uma certa adesão interior...)
Japa, a repetição de um nome ou som sagrado ou mantra, é pois um meio de controlar os pensamentos e se for praticado ou dito intensamente é capaz de fazer a alma esquecer o mundo exterior e entrar noutro plano de experiência espiritual.
O interesse ou objectivo neste local em França foi o de se criar não um mosteiro mas um centro (ou ashram, como se diz em sânscrito) capaz de ajudar as pessoas que estão no mundo, e nesse sentido todos os Domingos pela tarde há uma conferência seguida de diálogo. Quando se realizam seminários ou retiros os homens ficam a dormir numa zona, as mulheres noutra e os casais noutra. É um centro capaz de ensinar a Vedanta (o fim dos Vedas), a visão filosófica ou sistema, darshana, assente nos Vedas e Upanishads, e que os mestres da Ordem de Ramakrishna ensinaram e seguiram, começando com o iluminado fundador Sri Ramakrishna Paramahansa (1836-1886) e em seguida com os seus discípulos swami Vivekananda (1863-1902) e outros que trouxeram o Vedanta para o Ocidente. 
A brochura divulgadora do centro ou ashram contém  de Sri Ramakrishna o dito ecuménico universalista «Quantas as crenças, quantos os caminhos», e de Swami Vivekananda: «Toda a alma é em potência divina. O objectivo [principal da vida] é de manifestar exteriormente e interiormente a nossa natureza. Realizai isto pelo trabalho, a adoração, o controle psíquico ou a filosofia - por um destes meios, por vários, ou por todos  - e sê livre! Tal é a essência da religião. As doutrinas, os dogmas, os ritos, os livros, os templos as formas, tudo isto são apenas detalhas secundários.»
Swami Ritajananda, além das muitas conferências, escreveu alguns livros em francês e inglês, disponíveis, e um deles traduzido no Brasil, num ensinamento claro e simples.
Tendo eu agradecido a sua amistosa recepção e diálogo, e as meditações e refeições, respondeu-me num cartão de 15 de Maio de 1984: «Meu querido Pedro. Estou muito tocado pela sua carta de Guimarães. Esteve aqui muito pouco tempo, mas não se esqueceu de nós e pensou em nós. Creio que os seus estudos de Yoga são satisfatórios e passa muito bem os dias  em Portugal. Se tiver tempo podereis ver os nossos amigos no ISSASHRAM, Rua Vasco da Gama, 12, A, 2825 S. João da Caparica, Portugal.
Escreveu-me que esperava vir a França, uma outra vez. Então, teremos a alegria de vos ver. Com todo o meu afecto, Ritajananda.» 
E assim será, pois em Fevereiro de 1986, estive novamente em conversa com Swami Ritajananda, que então me assinou e dedicou o seu livro La Pratique de la Méditation, onde explica bem a  repetição ou japa (e recomenda 20 a 30 minutos diáros, pelo menos), considerando que objectivo do mantra é sempre o de permitir a uma pessoa concentrar-se nesse nome sagrado como saudação ao ideal escolhido, seja Krishna, Shiva, Brahman ou outro nome de ser ou mestre e, ao repeti-lo com o máximo de amor, concentração mental e vontade, atingir a paz interior e o acesso ao plano espiritual.... Possamos consegui-lo... Aum, Om... 
Anote-se que em 1995 acabaria por ser iniciado nesta linha Vedântica da Ordem de Ramakrihna, pelo então vice-presidente Swami Ranganathananda, em Calcuta, com uma boa meditação em seguida.

                  Muita luz, amor e felicidade, Jyotir, Prema, Ananda neles e em nós! Ommm..

segunda-feira, 20 de março de 2023

Dara Shikoh, um príncipe mogol e faquir: o seu 1º livro Safinat-ul-Awlyia. No dia do seu 418º aniversário.

Dara Shikoh em jovem, com um dos seus principais mestres, Mian Mir (1550-1635).

  A primeira obra escrita pelo faquir sufi e príncipe mogol Dara Shikoh, nascido no equinócio da Primavera de 1615, a 20 de Março, e que hoje comemoramos com muito amor, havendo outros artigo no blogue e gravações no Youtube) intitula-se Safinat-ul-Awliya e foi escrita quando tinha 25 anos, em 1049 a. H., ou 1640, e nela apresenta-nos curtas biografias e alguns ditos, asceses e contemplações, dos Amigos de Deus, os Awliya, os mestres ou santos  mais vizinhos (na expressão de Erasmo) da Divindade, presentes em todas as tradições religiosas ou espirituais e que devemos estudar e cultivar, embora nesta obra Dara apenas convoque os islâmicos, começando no profeta Maomé. Eis o seu belo e auspicioso começo, que traduzimos e partilhamos como um presente de anos de Dara Shikoh, neste dia auspicioso também do equinócio da Primavera:

- "Este escritor humilde acalentou sempre uma reverência e obediência plena ao grande corpo místico dos Amigos de Deus. Dia e noite ele não tinha outro pensamento senão o deles, e considerava-se a si próprio como um dos seres que acreditava neles e os procurava alcançar. 
Por esta razão ele resolveu começar um breve compêndio dos seus ditos e actos. Porque se não temos a fortuna auspiciosa do contacto pessoal com tais amigos, ao menos se meditarmos sobre as boas qualidades destes amigos e falarmos deles, conseguiremos
manter a mente firme e luminosa [e assim mais aberta ao espiritual e à Divindade].

Sobre tal, do fundador da nossa religião há um dito (hadit):

"Sabe que a seguir aos Mensageiros ou Profetas de Deus há os grandes Mestres, os Auliya ou Awliya, os Amigos de Deus, acerca dos quais diz o seguinte verso no Livro, Alcorão:

- «Eles são simultaneamente  os amantes e os amados de Deus».

Este grande corpo místico existiu sempre no passado, existe no presente e continuará a existir no futuro. E o mundo é permanente e perdura estabelecido firmemente graças às bênçãos destes seres santos. [Que bela  descrição duma realidade também expressa por Marsilio Ficino, Pico della Mirandola e Erasmo]
Deste modo Pir Ali Haywari escreveu no seu livro Kashaf-ul-Mahjub:
"A Divindade nunca deixa este mundo sem conservar nele alguém que dará testemunho e prova da Sua existência. E Ela nunca deixa a sua gente sem um Mestre."
Há um dito tradicional mencionado na literatura dos Hadits com a mesma ideia. Diz o Profeta abençoado (Maomé): "A minha gente nunca estará desprovida de um grupo de pessoas que andarão sempre no caminho da rectidão, e essas quarenta pessoas
pertencerão todas à minha religião, terão as características do profeta Abraão."
Portanto, a seguir aos profetas, não há outras pessoas mais próximas da Presença de Deus Omnipotente do que esses. Não há pessoas mais respeitadas que eles ou que estejam mais na confidência de Deus. Não há seres mais compassivos, mais magnânimos nem mais independentes do que eles, e nenhuns mais sábios e perfeitos, mais eruditos e ao mesmo tempo práticos, humildes e gentis, heroicos e caridosos, do que os membros desta hierarquia.

Um dia perguntaram ao sheik Abu-Abdullah Salami (possa a paz de Deus estar nele): Como é que as pessoas reconhecem os amigos de Deus, os Auliyas, a partir da massa da Humanidade?

Ele respondeu: "Um Mestre é conhecido pela doçura da sua língua, pela sua disposição alegre, pela frescura da sua face, pela generosidade do seu coração, pela ausência da tendência de descobrir defeitos nos outros, pela capacidade de perdoar as ofensas, por uma benevolência plena para todas as criaturas de Deus."

Portanto amar os Mestres é verdadeiramente amar a Deus, estar próximo deles é estar próximo Dele, procurá-los é procurá-Lo, unir-nos com eles é unir-nos com Deus, e mostrar o respeito por eles é mostrar respeito por Deus.

Neste sentido disse o Sheik-ul-Islam Hazrat Khwaja Abdullah Ansari: "Ó Deus, que grande estatura deste aos teus amigos, pois quem os procura encontra-Te, e enquanto uma pessoa não Te ver, não os reconhecerá".

Nesta obra,  biografa e cita, com grande simplicidade e claridade, na 1ª secção, cronologicamente, o Profeta Maomé e depois  a sucessão dos califas, os doze Imans shia,  e outros mestres. Nas secções seguintes biografa os sufis das diferentes ordens, sisilas ou tarikas, começando na dos Qadiri, seguindo-se a Naqsband, a Chisthi, Kubrawi, Suhraswari, os santos de ordens mistas, e termina na última secção com as mulheres santas: as mulheres do profeta, as filhas, entre as quais a radiosa Fátima ou Zahra, e outras mulheres.

 Cita cerca de vinte e duas obras ou fontes e introduz algumas das suas peregrinações,  sonhos (tal um em que se encontrou com quatro dos Imans shia), diálogos e experiências espirituais. E dá a sua visão ou compreensão da hierarquia dos Amigos e Amigas de Deus: muito numerosos os discípulos solitários, depois um grupo de 40.000, os Maktum, onde alguns dos quais não estão conscientes do seu estatuto, e nomeia depois como mais elevados 130,  os Akhbar, os vigilantes da corte Divina, seguindo-se dois grupos  de 40 pessoas cada, denominados Rahyun e Abdal, e depois sete mestres chamados Abrar, e acima deles quatro, os Autad, e por fim, o Kutb ou Ghaus, que é o polo, eixo, cabeça ou chefe da hierarquia, tendo à sua esquerda e direita dois Imans. 

A proveniência desta informação tão detalhada sobre a Hierarquia dos mestres, escreve Dara Shikoh, são os livros dos antigos sábios, sem especificar quais, mas  é possível que algumas das fontes principais sejam Ibn Arabi e  Suhrawardi, tal como alguns dos bons estudiosos das suas obras poderão discernir.

Dara Shikoh terminará o seu livro, afirmando que é através das bênçãos da Hierarquia que se pode obter a fé  e a graça de Deus e, considerando-se o mais baixo dos faquires ou sufis, fecha a obra com um verso:

"Eu não tenho esperança, por causa dos meus actos e pensamentos. 

A minha confiança está só na Tua misericórdia, ó Divindade amada."

                                 - Que demandada por nós, Ela nos agracie também!

domingo, 19 de março de 2023

Vladimir Putin e Xi Jinping anunciam ao mundo que estão firmemente aliados para uma nova era da Humanidade

                                                

Foi dada uma mensagem, hoje 19 de Março de 2023, ao Mundo pelo Presidente da China Xi Jinping, num artigo dado à luz na gazeta russa Ria Novosti, certamente provocando muita comichão  nos narizes emproados de Ursula, Biden, Stoltenberg, Macron, Scholz, Duda, além de Soros, Gates e Schwab....
Anote-se de muito significativo,  que Vladimir Putin escreveu também em simultâneo, num bom exemplo da guerra cognitiva ou informativa em que estamos,  um artigo para o Diário do Povo, na China, no mesmo dia. Diz então o presidente chinês X Jinping, ao modo taoísta e confucionista:
"O ano começa com a Primavera, e o sucesso começa com os actos". Há todos os motivos para acreditar que a China e a Rússia, como companheiros de viagem no desenvolvimento e revivescimento, darão uma grande contribuição para o progresso da civilização humana".
Escreverá ainda, para que não fiquem só no ar as palavras e ideias, que "a Comunidade internacional reconheceu que nenhum país é superior aos outros, nenhum modelo de governo é universal, e nenhum país deve ditar a ordem internacional". E talvez para assinalar a necessidade de acabar o excepcionalismo norte-americano e dos seus aliados, escreverá ainda: "o interesse comum de toda a Humanidade está num mundo unido e pacífico e não num dividido e volátil."
 
Vladimir Putin escreve na mesma linha e acentua que  os laços amistosos entre a  Rússia e a China atingiram um nível elevado e sem precedentes e que tal pode ser visto como um modelo de eficácia, responsabilidade e aspiração a um futuro melhor dos dois povos e da Humanidade.
Do seu artigo extraímos:  "Passou uma década que, pelos padrões da história de nossos países, vinculados por tradições seculares de boa vizinhança e cooperação, é apenas um momento. Durante este tempo, muito mudou no mundo, e muitas vezes não para melhor, mas o principal permaneceu inalterado - uma forte amizade russo-chinesa, que se está a fortalecer constantemente em benefício e no interesse de nossos países e pessoas. O progresso feito nas relações bilaterais é impressionante. As relações russo-chinesas atingiram o mais alto nível de sua história e continuam a fortalecer-se, em qualidade superam as alianças político-militares da Guerra Fria, não têm entre elas superior e inferior, não há restrições ou tópicos proibidos. O nosso diálogo político tornou-se extremamente confiante, a interação estratégica tornou-se abrangente e está a entrar numa nova era".
 Escreve ainda que "ao contrário de alguns países que clamam por hegemonia e trazem discórdia para a harmonia global, a Rússia e a China estão literalmente e alegoricamente construindo pontes", podendo por isso, dirão alguns não "amilheirados", os seus presidentes serem denominados de pontífices, construtores de pontes para a fraternidade e unidade humana na sublime anima mundi ou Tao, que os anima... 
 Lembrou ainda no seu excelente texto que "a Rússia e a China tem trabalhado consistentemente para se criar um sistema de segurança global e regional equitativo, aberto e inclusivo e que não está em si mesmo dirigido contra países terceiros." E adicionou mesmo uma nota afectiva e de esperança: "Temos elevadas expectativas quanto às conversações que vão começar a decorrer [e Moscovo]. Não temos dúvidas que darão um novo ímpeto poderoso à nossa cooperação bilateral na sua totalidade. Isto será  também para mim uma magnífica oportunidade  de reencontrar o meu  amigo já de longa idade, na relação muito afectiva e cordial que nos une".
 
 Joe Biden e companhia, mais os seus avençados nos media, escusam de andar a enganar a população mundial com ameaças ao bom entendimento e apoios entre as duas grandes nações, ou quanto ao valor dos dois estadistas (tal a absurda acusação do TPI) já que detêm, pelo contrário, a aprovação da maioria das suas e não só populações, o que não se passa mesmo nada com os dirigentes ocidentais, veja-se Macron e Scholz...
As máscaras, ou então apenas as dúvidas, pois os mais clarividentes já sabiam há muito de tal aliança, que inclui o Irão, além da Bielorrússia e Síria e outros povos, estão a cair e a verdade e a justiça a triunfar para o bem da Humanidade e  o fim do imperialismo da oligarquia e da elite do que chamavam a nova Ordem Mundial... 
 
                                 Pode ser uma imagem de 14 pessoas, pessoas em pé e texto que diz "ORLIK TASHKILOTIGAA'ZO DAVLATLAR ARLARI KENGASHI YIG'ILISHI -yil 15-16 sentabr, Samarqand coBeTa rлaB ocyAapcTB-4лeHoB и opraHи3auии coTpyAHи4ecTBa ceHTR6pR 2022 roAa, camapKaHA மமNN 2022 നരകതതങ 98 上海合作组织成员国元首理事 (2022年9月15-16 日, 撒马å”罕 MEETING OF THE COUNCIL OF HE OF THE SHANGHAI COOPERATION ORGANIZATIO 15-16 September 2022, Samarkar"
A imagem anterior, numa reunião em Samarqand,  de vários chefes de Estado não alinhados com a imperialice norte-americana, foi censurada pelo google e blogger. A legenda era:
Que se realize cada vez mais a Paz justa, Shanti Dharma, e um mundo multipolar  fraterno e luminoso...
 Anote-se, noutro acontecimento altamente simbólico, literal e metaforicamente, que as bandeira da Rússia e da China foram hasteadas neste dia numa estação espacial em órbita sobre a Terra, como podemos ver nas imagens que os mais atentos e combativos José Curado Gaspar Matias e Penny Giorgalis Stafyla partilharam, assim se cumprindo o princípio do hermetismo de Alexandria e do Cristianismo:  Assim na Terra como no Céu, para se fazer o milagre da Unidade...
                                         
Embora os governos ineptos e hipócritas dos USA, NATO e União Europeia procurem constantemente enganar os seus cidadãos quanto ao isolamento da Rússia como malfeitora, quase que diariamente vêm ao de cima, embora quase que só nos meios de informação não controlados pela narrativa ocidental oficial, os sinais cada vez mais evidentes da firme aliança entre a Rússia e a China, a que se tem juntado o Irão, para o que der vier face expansionismo excepcionalista norte-americano, tão violento na Ucrânia, em termos de armas e dinheiro, e sangue eslavo. Eis uma das últimas notícias, quando o chefe do exército russo Shoigu está em Teerão estabelecendo acordos de cooperação e defesa com o Irão.  Quanto ao pobre do Estado e governo português mais uma vez está do lado errado da História:
  «Beijing, 19 de setembro. /Tass/. A China está disposta a conjugar esforços com a Rússia para reforçar a paz geral e a estabilidade global, afirmou na terça-feira o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.
"Estamos prontos, juntamente com a Rússia, em conformidade com o importante consenso entre os líderes dos dois países, para aumentar a eficiência do mecanismo [de consultas], a fim de garantir a segurança dos Estados da China e da Rússia e de dar assim um maior contributo para a manutenção da paz e da estabilidade no mundo", afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês na 18ª ronda de consultas russo-chinesas sobre segurança estratégica em Moscovo.
De acordo com o alto diplomata chinês, as consultas russo-chinesas sobre segurança são "um componente importante da parceria estratégica abrangente entre os dois países", que "demonstra a extensão da confiança política mútua e uma ampla cobertura da cooperação estratégica".
Graças a esta cooperação, Pequim e Moscovo "defendem eficazmente os seus interesses", sublinhou Wang, acrescentando que os seus laços estreitos os ajudam a resistir a qualquer pressão e encorajam "um desenvolvimento mais racional e equilibrado do sistema de governação global".
Moscovo e Pequim estão a desenvolver a cooperação para defender os seus interesses fundamentais. Wang Yi está de visita à Rússia de 18 a 21 de setembro para participar na 18.ª ronda de consultas russo-chinesas sobre segurança estratégica. Durante a sua estadia em Moscovo, reuniu-se com o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, e com o Secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolay Patru.»
 
Em 19-X-2023 Novo encontro forte de aliança de vários povos libertos ou que se querem libertar da opressão da imperialice do dólar, em Pequim, com Putin, tão odiado no Ocidente dos Estados vendidos, a merecer elogios rasgados de vários estadistas de qualidade, que não os nossos, tal o Presidente da Sérvia Aleksander Vucic, ou agora Mao Ming, da China, conforme noticia a imprescindível Tass.com a 19 de Outubro:
«O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente chinês, Xi Jinping, tiveram uma troca de opiniões franca e amigável, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, numa conferência de imprensa. "Os dois líderes mantiveram negociações francas, amigáveis ​​e completas. Trocaram opiniões sobre aspectos práticos da cooperação bilateral, cooperação multilateral internacional e esforços conjuntos para implementar a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, Belt and Road Initiative)", disse Mao Ning, respondendo ao pedido de um repórter da TASS para comentar sobre a reunião dos dois líderes em Pequim no início desta semana durante o Belt and Road Forum, o Fórum do Cinturão e Rota. O diplomata chinês disse que Pequim está pronta para trabalhar continuamente para enriquecer a substância da parceria China-Rússia. De acordo com Mao Ming, Xi e Putin concordaram em contribuir para promover uma maior cooperação bilateral e ligar a BRI e a União Económica Eurasiática. Também se comprometeram a envidar esforços para aumentar a interação no âmbito da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), das Nações Unidas, do G20 e de outras plataformas multilaterais. Putin e Xi realizaram uma reunião em 18 de outubro à margem do Terceiro Fórum do Cinturão e Rota para Cooperação Internacional em Pequim. Os dois líderes mantiveram conversações num formato alargado, envolvendo as delegações que os acompanham, e num formato mais restrito durante um pequeno-almoço de trabalho. Putin e Xi também se encontraram em reunião apenas dos dois. Entre outras questões, os dois líderes discutiram o conflito palestino-israelense. 
 Isto marcou a segunda reunião de Putin com Xi este ano. O líder chinês viajou para a Rússia numa visita de Estado em março. E Putin visitou a China pela última vez para participar da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro de 2022»

Proibido de viajar no Ocidente americanizado por decisão de um sinistro juiz de um Tribunal pretensamente dos Direitos Humanos sediado em Haia, Vladimir Putin, certamente o melhor líder mundial em tantos aspectos, brilha assim entre outros povos, outras gentes, não  arrrogantes nem escravizadas como a generalidade dos políticos ocidentais.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Mandalas (1ª) desenhadas por mim no fio do Tempo, e agora comentadas.

Por entre a ordenação de papéis, diários, cartas e documentos vão surgindo desenhos, uns muito antigos outros recentes. Apesar de não ter sido fadado ou agraciado com jeito para desenhar, partilharei alguns porque fazem parte do Caminho e, embora realizados semi-conscientemente quanto às suas implicações e significados, serão agora comentados e lidos na invocação da supra ou íntima consciência, a mais espiritual.

 «A vida é uma subida de montanha,

de dia, solar, racional, consciente,

de noite, lunar, de sentimentos, 

semi-consciente ou mesmo inconsciente 

e mais visível nos sonhos.

Assim morres e renasces diariamente.

Conseguires tornares-te um eixo entre a terra e o céu

entre o inconsciente e o supra-consciente,

é o Caminho, que te desvenda 

como alma luminosa e fraterna

e como espírito ígneo,

centelha divina em irradiação.

Isto és.»

Pedro Teixeira da Mota...

quarta-feira, 15 de março de 2023

Poema de invocação do Anjo e sua comunhão. 14 e 15 de Março, 2023.

 Um poema de religação ao Anjo, escrito a 14 e 15 de Março de 2023, para a harmonia dos seres e dos mundos e no amor ao Anjo da Guarda, aos Anjos e Arcanjos e à Divindade...

Escrito à volta de um desenho ornamento de Andreas Lambert, para a revista Janus, ano II, fascículo IV,  Paris, Ed. Les Belles Letres 1924. Demos graças.

  Os Anjos apontam

para o alto, a fonte,

a Divindade.

É no silêncio da adoração

que ele vibra connosco

e o seu bater de asas

impulsiona-nos a erguer

mais a nossa aspiração.

II

Poucos veem o Anjo

em vida, porque não

se esforçam por tal.

Mas esta entidade subtil

que connosco vive e sente,

se a respiramos e amamos,

manifesta-se por luzes e imagens internas.

III

Se logo na alvorada

o respirares e o  chamares

com amor e na adoração Divina,

ele te abençoará com pensamentos e flores

e durante o dia te acompanhará sorrindo em ti!


quinta-feira, 9 de março de 2023

Marcelle Costa Pina, uma esoterista luso-francesa, aprecia a ideia da não reincarnação em Bô Yin Râ no seu "Livro do Além"

Arrumando gavetas é uma tarefa importante para a ordem e o feng shui de uma casa e de uma alma,  e mais frutífera ainda quando uma estrelinha  inesperada e valiosa surge, no caso simples: cadernos diários ou de apontamentos, cartas in illo tempore em que se escreviam - e por vezes tão sentidas e magnetizadas, valiosas e duradouras - cartões e cartões de visita, fotocópias, radiografias, recortes de revistas e jornais. Vendo uma  caixa de cartão legendada Cartas que me foram dirigidas, interroguei-me se deveria perder tempo abrindo-a, ou deixá-la para mais tarde. Venceu a decisão de a examinar rapidamente e surgiu-me logo um cartão duma senhora francesa que, casando com um português, viveu em Lisboa muitos anos, na zona dos Anjos, donde se deslocava até à Sociedade Teosófica, ao ramo ou grupo semanal do irmão Manuel Lourenço, onde eu fui algumas vezes, já que o meu pai, engenheiro civil e militar, me apresentara ao irmão Lourenço, engenheiro técnico, pois sabia que ele era como eu um interessado e conhecedor da espiritualidade. [Muita Luz e Amor neles!] E assim vim a conhecer a Sociedade Teosófica, o ramo e nele a Madame Marcelle da Costa Pina que tinha uma predilecção especial por dois ensinamentos: o da Cosmogonia de Urantia, contida num calhamaço imenso que me emprestou com muitas recomendações de não o perder, e o de Jean- Claude Salemy e o seu grupo e revista Ondes Vives,  da qual me deu no fim da sua vida os números que tinha, chegando eu então a assiná-la, e vindo até encontrar-me em Paris e a dialogar com Jean-Claude Salemy, um especialista em simbologia, numerologia, etimologias subtis e profetismo, mas que contudo não me convenceu, sobretudo por um certo exagero numerológico e apocalíptico.
Já a Mme Marcelle Costa Pina era de uma gentileza enorme, de coração puro e nada impositiva:
pequenina, bem arranjada, uma senhora (vestida) à antiga, ainda (creio) com pó de arroz, batom, e com a sua voz  baixinha, suave ou doce mas lúcida e independente. E dialogávamos em francês na salinha da sua casa, tendo-lhe eu ouvido (e quem sabe se recuperarei através dos diários que conservo da época) algumas histórias dos seus encontros com espirituais antes de vir para Portugal e até com o espírito de uma amiga que acabara de falecer, pelo que já pensara algumas vezes que a devia recordar, homenagear, agradecer e, de certo modo, nestes momentos anímicos e imponderáveis, ressuscitá-la para a nossa história ainda de incarnados, graças ao blogue e à comunidade virtual que o lê, e assim o cartão de Marcelle Costa Pina foi mesmo uma bênção, pois já não seria só a memória e o coração a falarem...

E a carta é um bom documento porque trata de um aspecto que se discutia com frequência, o  haver ou não reincarnação ou vidas sucessivas. Eu conhecera há uns anos o ensinamento do mestre e pintor alemão Bô Yin Râ e emprestara-lhe o Livro do Além, onde ele tenta impulsionar as pessoas a interiorizarem-se para poderem sentir o que é o espírito em nós e como será a vida depois da morte, com os sentidos espirituais que tivermos desenvolvido, e como convém estarmos preparados para podermos, ao morrer, sair dos mundos fronteiriços e avançar para os espirituais, preparação esta que assenta, além da aspiração a Deus e à Luz, e a estarmos prontos para deixar tudo,  em não criarmos impulsões ou desejarmos mais do que podemos realizar. 
Também ensina que em geral a maioria dos seres não tem que vir uma segunda vez à Terra mas avança e vive nos mundo subtis e espirituais, mas próximos pelo coração dos que amam ou os amam aqui na Terra física, e que devemos contar com as ajudas dos guias, mestres e anjos, ou seja aspirarmos e abrir-nos a eles. Ou ainda, entre outros ensinamentos valiosos e que estão abordados neste blogue e no meu canal no youtube, que muitas vezes cremos que já vivemos outras vidas quando apenas temos no oceano das nossas forças anímicas algumas que já estiveram em acção noutras pessoas,  vidas e tempos, cabendo-nos agora controlá-las e unificá-las sob a nossa vontade de realização espiritual e divina, fundamental para uma vida no além mais consciente, livre e luminosa. Pois ela lera a obra, devolvia-ma e comentava assim no cartão agora reproduzido e  traduzido:

«Querido Amigo

Um grande agradecimento por me ter emprestado este livro que acrescenta mais um argumento para a não-crença na reincarnação na Terra. Todavia se todas as impulsões das quais nós somos os autores durante a nossa vida terrestre devem encontrar a sua realização apenas em vidas humanas posteriores, isso pode perturbar, numa certa medida, a nossa paz interior. É verdade que em compensação, somos levados a esgotar as impulsões emitidas pelos nossos predecessores. Mas, na realidade, tudo isso me parece bastante complicado.
Creio também que o uso de costumes ou práticas ascéticas é inútil para atingir um fim espiritual.
É evidente que o ser humano, em primeiro lugar, deve cumprir as suas obrigações terrestres antes de se consagrar às suas aspirações espirituais.
Estou também de acordo quanto ao que [Bô Yin Râ] diz a respeito do domínio [ou mestria] do pensamento.
Desejando-lhe um coração alegre, envio-lhe a minha saudação fraterna.»
                                     Marcelle Costa Pina. 

 Vemos assim,  em parte em uníssono com o ensinamento de Bô Yin Râ, um seu testamento: contarmos apenas com esta vida, cumprirmos as nossas obrigações, não dependermos especialmente de ascetismos, sermos mestres dos nossos pensamentos e actos e cultivarmos um coração, ou interioridade anímica, alegre, generosa, feliz... Demos-lhe graças! Aum...

Uma alma bem luminosa, vista por artista russa, homenageando Marcelle Costa Pina