Em 2020, no centenário do nascimento de José Vitorino de Pina Martins(18-1-1920 a 28-4-2010), participei com um texto na Revista Portuguesa de História do Livro, no volº 45-46, a convite do seu fundador e director Manuel Cadafaz de Matos, pois seria dedicado ao notável humanista, investigador e bibliófilo. Hoje, quando se comemora o centésimo terceiro aniversário, resolvi partilhar o artigo, acrescentado, para divulgar tanto a vida e obra do querido amigo e notável escritor, como também a Revista Portuguesa de História do Livro, na qual além dos outros artigos de homenagem, nomeadamente da filha Eva Maria e de Manuel Cadafaz de Matos, se encontra o catálogo da parte mais antiga da sua Biblioteca de Estudos Humanísticos de Lisboa, que tivera uma avatarização anterior como a Biblioteca do Centre de Recherches sur le Portugal de la Renaissance, Paris-Lisbonne. Segue-se então o artigo, bastante acrescentado nas informações, mensagens e imagens:
«Agradecendo o
convite para participar neste número da Revista Portuguesa da História do Livro consagrado a José Vitorino de Pina Martins, devo admitir que por circunstâncias várias tive a estrelinha de o prof. Pina Martins ter reconhecido em mim um amigo, um “colega bibliófilo”, um "colega de pesquisas bibliográficas", com "grande curiosidade intelectual", um "espírito sensível às revelações", como escreverá em dedicatórias, estabelecendo-se assim uma relação de convivialidade grande, de afectividade mesmo, com encontros, passeios, diálogos, apoios e, por fim a catalogação, sumária, e avaliação, da sua magnífica biblioteca, tendo em vista a transmissão próxima.
Olhando para trás, agora que ele já se antecipou a nós na entrada (2010) nos mundos
espirituais, interrogo-me acerca do que predominava em si: ser um dos
mais eruditos bibliófilos portugueses, ou antes um dos melhores
investigadores e conhecedores do Humanismo, apoiando-se numa extensa e excelente recolha
selectiva de livros antigos e modernos, à qual deu o apropriado ou justo nome de
Biblioteca de Estudos Humanísticos de Lisboa?
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A parede extrema da sala Ocidental, onde se encontravam os autores italianos, franceses, espanhóis, portugueses, sob as bênçãos de Pico della Mirandola, numa bela pintura quinhentista, que chegou a ser oferecida, infrutíferamente, ao Museu Nacional de Arte Antiga. | | |
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Penso que as duas
dinâmicas anímicas coexistiram harmoniosamente, e os livros eram
tanto instrumentos indispensáveis a uma investigação científica
rigorosa, que se deveria apoiar nas edições mais antigas ou
originais, como também uma fonte de prazer enquanto objectos
históricos, instrutivos e belos, imperfeitos até mas sempre dotados
de alma, a qual, num dos seus aspectos, se desvendava, quando repetia
em ocasiões especiais de descobertas de obras que procurava ou desejava o dito justificativo e causal: “os
livros procuram quem os ama”.
Nele,
o estudioso, o filólogo, o filósofo, o professor, o conferencista,
o criador, o poeta, o ficcionista, o director, o investigador
da história da tipografia e do livro antigo, o apaixonado pelo
pensamento humanista, o bibliófilo frutificador, o espiritual e o
utópico desabrocharam e viviam
em bastante harmonia, graças também em parte à sua mulher, a
Primula (que conheceu em Itália quando fora leitor de Língua e Literatura Portuguesa na Universidade La Sapienza, em Roma, de 1948 a 1955), à filha Eva Maria (que se viria a tornar especialista na cultura ugrica ou ugroinica, ligada ao shamanismo) e às pessoas amigas
que se rendiam à sua afabilidade, conhecimento e ampla visão e logo
cooperavam nas diversas actividades e projectos por
onde a sua grande alma se espraiou ou afirmou, amizade não só cultivada horizontalmente mas
também verticalmente, graças ao constante diálogo, culto ou comunhão com os seus pares ou mestres, vivos e mortos, mantida ao longo da sua vida, frequentemente homenageados em textos ou conferências, e que tinham nas salas da sua biblioteca pinturas, ícones e fotografias que os relembravam ou invocavam, em especial Pico della Mirandola, Thomas More, Erasmo, Damião de Goes e Sá de Miranda.
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Desidério Erasmo, numa fotografia inédita da pintura da Biblioteca de Estudos Humanísticos, obtida num fim de tarde de 2008.
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No começo do seu percurso de escrito, deveremos
considerar as obras iniciais, poéticas, de 1941 a 1954, de
sublimação amorosa e de inquietação e especulação metafísica,
"pecadilhos de juventude", como ele sorridentemente as
denominava, tal como ainda os seus textos e traduções ligados com o
Amor, o Cristianismo e Pascal, do início da sua longa caminhada de
pensador, investigador e escritor, quando tinha os seus vinte e
poucos anos, ou se os examinarmos bem discernimos o seu génio precoce e uma alma decidida e trabalhosamente aspirando à Verdade e ao Bem?
Ou
será que devemos ver um mesmo Rio Interior (título significativo da
sua última obra poética, de 1954 e dedicada a Teixeira de Pascoaes
que acabara de partir), talvez ligado até com o rio Alva da sua infância
ou o rio Neiva do seu amor por Sá de Miranda, que alimentou o seu ser
numa dimensão plena, integradora de diversas facetas da criatividade
humana, nele tão bem desenvolvida ao vir a publicar mais de 300 obras e
centenas de artigos, ao liderar, participar ou coordenar tanta
exposição e simpósio e ao dirigir instituições e
departamentos ligados com a cultura, o ensino e o livro, mantendo a
fé trabalhadora e criativa em si, nos outros, na procura da Verdade, no Divino e numa
Humanidade melhor?
Não
é fácil transmitirmos o essencial de José Vitorino de Pina Martins
nas escassas linhas e entrelinhas de um texto, pois teríamos de
resumir e sintetizar tantos aspectos valiosos da sua individualidade,
tantos livros, artigos e conferências realizados, tantas conversas
com ele tidas e registadas em diários, tantas influências notáveis
recebidas, tais as dos mestres e amigos que o impulsionaram e
enriqueceram, e os autores e obras que mais amou e investigou,
e ainda as cidades, bibliotecas e livrarias onde mais
viveu, trabalhou e dialogou nos seus oitenta anos de vida luminosos e gratos...
Se
as exposições e conferências, ainda que com os seus momentos de
grande luz, acabam por passar e quase dissolver-se pela sua efemeridade nas
brumas do passado, deixando todavia memórias por vezes perenes nos que nelas participaram e em especial
catálogos, já os seus livros permanecem vivos como tesouros e, por eles, e muitos são, Pina Martins continua a falar-nos, ensinar-nos ou
mesmo a despertar-nos e a inspirar-nos...
Embora
só o tenha conhecido nos últimos dezasseis anos da
sua vida, desenvolvemos uma relação
de amizade muito próxima, pois conhecera um tio meu diplomata em
Paris e sentia em mim alguém que partilhava das mesmas afinidades
electivas bibliófilas, humanísticas, religiosas e espirituais
e que, ajudando numa livraria e trabalhando numa
leiloeira de livros antigos em
tempo parcial, estava disponível para as passeatas da venatio
librorum, como
ele gostava de chamar às peregrinações pelas livrarias
alfarrabistas, em geral ao sábado de manhã. Algo que ele tão
magistralmente descreverá no seu Histórias
de Livros para a História do Livro,
onde em cinquenta e quatro capítulos e um epílogo inseriu os seus
principais companheiros internacionais de tal amor,
dedicando-me (Cândido Ribeiro) mesmo dois capítulos, já que
nesses anos me movimentava e viajava bem no amor e demanda da Sabedoria e dos seus livros, tendo-lhe
encontrado alguns que desejava para os núcleos mais amados da sua
notável Biblioteca de Estudos Humanísticos de Lisboa, que ocupava
de certo modo três andares em zona central da urbe olisiponense.
Após
vários anos de diálogos em
livrarias do Chiado, tais como Livraria Histórica e Ultramarina, Manuscrito Histórico, Biblarte, Mundo do Livro, Olisipo, Artes e Letras, Antiquária do Calhariz, Luís Burnay, Júlio Carreira, Antiquária do Chiado, Eclética e a livraria dos Trindade à rua do Alecrim (infelizmente na sua maioria já extintas, ou então deslocadas), e em em sua casa e biblioteca, em minha casa e na natureza ou quando ia ouvi-lo à Academia das
Ciências, da qual foi um extraordinário e sublime académico, conferencista e presidente, pediu-me para catalogar abreviadamente a sua
Biblioteca de Estudos Humanísticos, o que realizei ao longo de um
ano e meio, de modo a apresentar-se o seu conteúdo e valor a
quem viesse a adquiri-la quando ele abandonasse o corpo físico e Terra, Gaia que podemos
considerar ter sido para ele bastante benéfica e protectora, pois sofrera
poucas oposições aos seus projectos ou ideias, tal como lhe sucedeu com as "miseráveis atitudes" de dois ou três membros (sobretudo da secção de Ciências) da Academia das Ciências e, sobretudo, em Paris por causa de uma colecção de autores portugueses, de Fernão Lopes e
João de Barros, passando por Sá de Miranda e Antero de Quental, até
Virgílio Ferreira e Saramago, a editar pela Gallimard, em tiragens
grandes, e para a qual já tinha os apoios da UNESCO e da Fundação
Calouste Gulbenkian, como me narrou algumas vezes, mas que nunca
chegou a receber a aprovação da representante portuguesa na UNESCO.
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A ala ocidental da Biblioteca, com os mais preciosos livros da
Europa do Sul, em especial de Itália, sob a imagem de Pico della
Mirandola. Fotografia do autor.
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A Biblioteca de Estudos
Humanísticos, quanto à totalidade
dos seus livros antigos, cerca de 1.100, foi preservada e, após
algumas peripécias, pois quem acabou por a adjudicar e adiantar o dinheiro pela qual fora avaliada foi o Novo Banco, encontra-se hoje, por empréstimos renováveis, na Faculdade de Letras da
Universidade Clássica de Lisboa, onde ele fora o Professor-Bibliotecário de 1985 a 1990. Ao longo dos anos, todavia, o prof. Pina Martins pusera
em leilão, vendera e trocara vários livros, alguns mesmo
quinhentistas, tal quando resolveu vender cerca de doze deles, entre outros, para
si não importantes, a fim de comprar a raríssima edição aldina de
Horácio de 1501, que acabou por vir de Paris, do seu amigo livreiro
André Jammes, graças ao dinheiro oferecido pelas afortunadas
pessoas que licitaram vitoriosamente os livros em leilão, ultrapassando mesmo bastante a quantia
de que necessitava, almoeda apresentada pelo livreiro-leiloeiro Pedro de Azevedo e com uma colaboração bem original e sob pseudónimo de Pina Martins na
apresentação do catálogo,
Anote-se
ainda que, fora propriamente
da Biblioteca dos Estudos Humanísticos, havia
muitos livros de menor ligação ao Humanismo, bem como obras,
revistas e separatas oferecidas por amigos, os quais se encontravam na cozinha
transformada em armazém de um andar só biblioteca, e também no
andar da habitação, os quais foram por ele, e já depois da sua
morte e da Primula, pela sua filha Eva Maria, tanto doados como também
vendidos em leilão.
Podemos dizer que Pina Martins está hoje ainda vivo não só na memória
dos que o conheceram melhor, amigos, colaboradores ou alunos, como ainda nos
muitos livros, catálogos e opúsculos por ele publicados ou onde participou e sobretudo na sua magnífica Biblioteca, hoje mais facilmente aberta aos estudiosos na Faculdade de Letras de Lisboa, e na qual se
destacam, por exemplo, os núcleos de Aldo Manuzio e seus sucessores, com cerca de
100 exemplares, e os dos pré-humanistas e humanistas
italianos e europeus, avantajando-se neles Pico della Mirandola,
Thomas More, Erasmo (embora muitos tivessem sido vendidos e cedidos
antes à Biblioteca Nacional), mas estando também bem representados
Dante, Petrarca, Marsilio Ficino, Poliziano, Lefèvre d'Étaples e,
dos portugueses, Sá de Miranda, Camões, André de Resende, Damião
de Goes, D. Francisco Manuel de Melo, etc.
Dez incunábulos, alguns
manuscritos valiosos e bastante iconografia quinhentista (humanistas
e frontispícios) destacavam-se, além dos cerca de 700 livros
quinhentistas, dos quais já referimos os principais mas dos quais deveremos ainda mencionar o núcleo dos sessenta e
um impressos em Espanha, descritos bibliograficamente de forma
perfeita, com as reproduções da iconografia de vinte deles, numa
homenagem à sua amiga Maria de Lurdes Belchior, no volume XXXVIII
dos Arquivos do
Centro Cultural Calouste Gulbenkian,
1999, e dado à luz posteriormente em separata. Para além dos 1.100 livros
principais, preservaram-se todos os de bibliografia, de literatura,
filosofia e estudos humanísticos que se encontravam nos dois andares do
corpo principal da Biblioteca, em impressões dos séculos XIX e
XX, a maioria deles encadernados uniformemente em tela.
Como
pessoa, Pina Martins era um gentleman, quase um príncipe do
Renascimento, na esteira de Pico della Mirandola, não só pelo porte
direito e alto, o olhar distinto, a elegância no
vestuário e boas maneiras, mas
sobretudo pela sua inteligência clara, memória vasta e firme,
cultura sábia, afabilidade e capacidade de receber bem, seja nas
instituições onde trabalhou ou dirigiu, seja em sua casa, seja nos
locais onde convivia e frequentemente convidava a almoçar,
sobriamente, tal o restaurante da Fundação Calouste Gulbenkian, o
do Centro da Arte Moderna e o do Círculo Eça de Queiroz, ao Chiado
lisboeta.
Pouco
virado para a política, embora informado e sabendo discernir e
referir quem melhor procedia e quem mais apoiava a cultura e o livro
(tal como o ministro da Educação, Mariano Gago), deixou na sua genial
Utopia III muitas
propostas face ao que caracterizava a sociedade portuguesa, e realizou
mesmo as suas intervenções activistas, nomeadamente quando em 30 de
Março de 1954 aos microfones da Radio Vaticano ergueu a voz, contra a
detenção arbitrária pelos norte-americanos do poeta Ezra Pound, em
nome dos princípios da liberdade e da dignidade
humanas e da supremacia dos valores espirituais.
As
suas conversas tendiam naturalmente para os livros e os seus
contextos, a história de Portugal, e em especial para as
vidas, obras e polémicas dos humanistas, no prisma da demanda de
conhecimento e de verdade que os caracterizava e nos animava,
apreciando nos nossos diálogos as minhas visões espirituais, e não
só ocidentais, pelos meus conhecimento dos aspectos esotéricos e
orientais, os quais alargavam a sua própria compreensão e visão, e
neste aspecto debatemos algumas partes religiosas da Utopia
III, que me leu
quando a escrevia, oferecendo-lhe eu ainda alguns livros, tais como o
Sidharta
de Herman Hesse e duas obras do
mestre alemão Bô Yin Râ, uma das quais traduzida por mim, com ajudas, o Livro do Deus Vivo. Em contrapartida, para além de trocas de
livros quinhentistas e outros, também recebi muitos dos seus próprios
livros e separatas, guardados por ele numa pequena divisão da cozinha do
andar (duplo) biblioteca (onde iam volta e meia um ou dois livreiros), e alguns exemplares de boas revistas, tais como
a Moreana
do seu grande amigo
Germain Marc'hadour, a
Spiritus,
de José Adriano Freitas de Carvalho e o Journal
of the Warburg and Courtauld Institutes.
É
natural que a sua espiritualidade inata, docemente alimentada pela
vida religiosa assídua e intensa que a sua família e aldeia lhe
proporcionaram, e depois mais asceticamente pela breve frequência do
Seminário de Coimbra, o tenha predisposto para o Humanismo, e
para Erasmo, Pico della Mirandola e Thomas More, mas devemos
reconhecer que depois de se ter licenciado em 1947 em Filologia Românica foi o leitorado de Língua e Literatura
Portuguesa, na Universidade de Roma La Sapienzia, os contactos
com investigadores e livreiros e os cursos dos professores Lamberto Donati e
Carlo Calcaterra, na Biblioteca Vaticana e na Universidade de Bolonha o que o impulsionaram mais a aprofundar as maravilhas
literárias, científicas, filosóficas, éticas e espirituais
do Renascimento italiano e europeu, às quais aderiu de alma e
coração, alargando muito a sua base de sensibilidade lírica, ética
e cristã que tão bem manifestara nos seus tempos já de estudante,
com os seus livros de poesia e de apologia do Cristianismo, ou traduções cristãs de Reynes-Monlaur, Karl Adam e Nikolai Berdiaev, mas ainda
com pouca abertura às riquezas da literatura, filosofia e
espiritualidade greco-romana, e até universal,
característica forte do
Renascimento, nomeadamente com Pico della Mirandola, Marsilio Ficino
e Angelo Poliziano na Florença dos Medici.
Todavia,
o impacto ambiental histórico renascentista italiano foi forte e neste sentido narrou-me mais de uma vez quão misteriosamente
se sentira tocado em Florença, ao entrar pela primeira vez no
largo do Domo - da catedral de Santa Maria dei Fiori -, sentindo uma
comoção anímica tão arrebatadora que vira-se
inesperadamente a exclamar, impressionado: «Mas eu já aqui
estive.»
Discutíamos
mesmo se era um caso de reincarnação, como admitia, ou apenas, como
eu propunha, o facto de estarem presentes nele forças anímicas que
de um modo ou doutro já conheciam Florença ou aquela zona do Domo,
onde se encontram as cinzas de Marsilio Ficino, outro dos
nossos apreciados ou amados
humanistas e sobre o qual dialogámos muitas vezes, tanto mais que
ele conhecera o autor da tradução da Theologia
Platonica, o
abade Raymond Marcel, que eu lera e meditara, e dera
mesmo à luz dois catálogos dos livros de Pico della Mirandola e de
Marsilio Ficino existentes nas bibliotecas portuguesas, um deles o da
Exposição na Biblioteca Nacional e para o qual eu também
contribuí.
Anote-se
que este episódio da sua vida, ou quiçá revelação
espiritual, foi por ele bastante valorizado mesmo em livros, pois é
descrito num artigo para a revista ICALP, no vol. 15, de Março de
1989: De como
identifiquei o «Tratado de Confissom»,
onde equipara tal experiência florentina à sensação que
teve ao segurar pela 1ª vez o precioso incunábulo, que viria
a estudar e a dar a leitura diplomática. E também
já na final Utopia
III, no capítulo
44, onde de novo o partilha, aprofundando
bastante os significados possíveis de tal experiência espiritual.
Duas vezes na vida, dirá mesmo, qual o nipónico dito ichi-go ichi-e...
Prescindindo
da afinidade provinda da reincarnação ou das energias anímicas passadas, seriam então
os valores éticos e irenistas ou pacifistas, tão desenvolvidos no
Renascimento, ou a demanda de mais conhecimento, tanto científico
como espiritual, este já não tão condicionado pelo
Catolicismo, o que mais o atraiu para o Humanismo?
Cremos
que todos estes factores entraram em conta, havendo até antecedentes
nos seus tempos de universitário, tanto ao ser censurado num artigo sobre Eça de Queirós por um professor excessivamente ortodoxo religiosamente, como ao ser aluno do sábio e anteriano Joaquim de
Carvalho (1892-1958) e ao receber o impacto de Marcel Bataillon (1895-1977) que fora
conferenciar sobre Erasmo em 1946 à Universidade de Coimbra a convite daquele notável especialista de Antero de Quental (e talvez por isso Pina Martins escreveu na época uma monografia sobre o rebelde poeta metafísico), e que virá a ser seu amigo em França; todavia, como já dissemos, provavelmente foi o
contacto vivo com a grande
civilização italiana do quattrocento
e cinquecento,
nos livros, ideias, locais e pessoas o que o impulsionou
mais na opção do caminho do aprofundamento do Humanismo, tendo até
em mente que em Portugal estava ainda pouco desenvolvido. A menos
que acreditemos, sem fatalismos e valorizando o livre arbítrio, tal como
Erasmo face à predestinação de Lutero, que ele já vinha com tal missão em potencial de forças anímicas, dentro
de si...
Olhando mais detidamente para o seu percurso discernimos certas preferências
na evolução intelectual e espiritual, por ele mesmo assinaladas na geração das suas obras: a par, e após a sua
fase inicial poética (em que fundou mesmo o movimento Poesia Nova com Miguel Trigueiros e Eurico Collares Vieira) e de ensaísmo cristão, pascaliano, ético,
ascético e metafísico, e de tradutor (de Karl Adam, Reynes-Monlaur, com introduções ou anotações profundas e extensas),
e se manifestou enquanto universitário em Coimbra
(licenciando-se em Filologia Românica em 1947) e prolongando-se um
pouco, vemo-lo trabalhando em estudos e interpretações das escolas,
movimentos e bons autores (começando com Pascal, Ribeiro Couto e Raffaele
Spineli), apurando os seus métodos de investigação e dando-nos
algumas obras de crítica literária, que se manifestam já notavelmente no jovem
de 25 anos, no Ensaio
sobre Parnasianismo brasileiro, seguido de uma breve antologia,
de 1945, dedicado ao seu professor de Língua e Literatura Latina
Rebelo Gonçalves, o qual, sendo ainda escrito sob o nome literário de
Duarte Montalegre, foi por ele reconhecido como a
primeira obra já com cunho
científico seguro.
Dezoito
anos depois, já regressado estrangeirado humanisticamente dos
leitorados de Português em Roma (1948 a 1955) e Poitiers (1955 a
1962), em 1963, vêm à luz os Ensaios da Literatura
Europeia, que levam o aviso: «Os estudos aqui reunidos
pertencem a uma fase superada da evolução intelectual do autor. Mas
como uma obra não vale apenas em função de quem a escreveu, mas
principalmente em função de si mesma e do que representa,
entendemos que talvez estes Ensaios de Literatura Europeia
pudessem prestar um serviço: o de levar ao conhecimento do
leitor ideias e valores que, nem por pertencerem ao mundo não
português, devem ser excluídos do nosso horizonte intelectual.
Parece-nos até, se não erramos, que o contributo será mais de
apreciar, enquanto destinado a pôr em evidência realidades
espirituais não peculiarmente nossas, por isso dotadas de virtudes
para nós complementares. Pensamos que tal conhecimento só pode
significar enriquecimento».
Diz-nos
então que entrara noutra fase de evolução intelectual, pois
abandonara os temas morais, éticos e religiosos, espelhados por
autores e antigos e modernos, e pensados e interpretados em modo de
ensaio ligeiro em artigos de revistas e suplementos literários, e
coligidos em tal livro, passando a estudar mais erudita e
cientificamente a cultura
portuguesa e italiana dentro dos quadros culturais europeus,
procurando assim apresentar uma «visão genuinamente crítica e
científica das letras».
Entrara
na sua docência
de dez anos (de
1962 a 1972) como Assistente na Faculdade de Letras da Universidade
Clássica de Lisboa, para a qual fora convidado e,
admirado por não haver qualquer
disciplina de História do Livro, esforça-se por desenvolver tal com
estudos, publicações e exposições, dirigindo a exposição nacional sobre os Lusíadas
na Biblioteca Nacional em 1972, co-dirigindo com Paulo Quintela, Justino Mendes de Almeida e Vitorino Nemésio a do V Centenário do nascimento de Gil Vicente
em 1974. E de acordo com o seu princípio bibliófilo que gostava de citar, Os livros procuram quem os ama, alcança algumas descobertas de raridades bibliográficas, que estudará e divulgará.
Nesta
linha de preservação e estudo científico do património
bibliográfico e iconográfico português e humanista devemos
mencionar os seus trabalhos pioneiros, desde 1965, sobre a
bibliografia, a história da tipografia em Portugal e a demanda de
espécies bibliográficas raras, na qual abriu escola, na convicção
de que haveria ainda obras desconhecidas perdidas em bibliotecas, tal
como veio a acontecer logo
em 1965, ao identificar (para ele num momento muito
emocionante, embora fosse por mãos de sucessivos livreiros alfarrabistas que lhe chegara) e apresentar o livro mais antigo impresso em
português datado, de 8 de Agosto de 1489, em Chaves, o Tratado de
Confissom, onde já registou tanto a possível influência
hermética na visão da excelência do ser humano, quase
contemporânea da famosa Oratio de Pico della Mirandola
(1487), como a crítica à corrupção eclesiástica, esta
antecedendo mesmo Erasmo, numa valorização da pobreza evangélica.
Em 1968 será o Modus curandi
cum balsamo, c. 1530, e do
qual dará o fac-símile e o estudo em publicação da Biblioteca
Nacional, e já em 1995 outro exemplar desconhecido, impresso pelo impressor lisboeta Germão Galharde das
Poesias
de Garcilaso de la Vega, de 1587,
adquirido na Livraria Antiquária do Calhariz, de José Manuel Rodrigues, onde eu ajudava, que foram descritos em artigos e separatas e depois em capítulos próprios nas
Histórias de Livros para a
História do Livro.
Nomeado
em 1972 Director do Centro Cultural Português da Fundação
Calouste Gulbenkian, em Paris, em substituição do seu amigo Joaquim Veríssimo Serrão, dirigi-lo-á até 1983 com fecundidade insuperável em conferências, colóquios, recitais, concertos, exposições e mais de 100 publicações, dando entretanto à luz em Lisboa, em
1974, na Editorial Verbo, o seu volume de Cultura
Portuguesa, e que
foi coetâneo de volume igual da Cultura
Italiana, incluindo
já neles os seus grandes amores, apresentados com alguma
profundidade nas fontes directas e interpretações, anotações,
iconografia e bibliografia. Afirma contudo na contracapa que de tais
estudos de aspectos da história da cultura portuguesa ao longo de
cada século, bibliográficos, iconográficos, literários,
políticos, filosóficos e teológicos escolhera “intencionalmente,
da nossa produção científica, os ensaios menos técnicos e de
leitura mais fácil”. Os autores abordados eram Sá de Miranda,
André de Resende, Francisco Manuel de Melo, Luís António Verney e
Almeida Garret.
Já
na Cultura
Italiana os
autores estudados ou interpretados, reflectindo a sua docência
na Faculdade de Letras, de 1962 a 1972, da cadeira de Literatura
Italiana, são Dante, Boccaccio, Petrarca, e seus primeiros
discípulos Salutati, Bruni e Poggio, e o dolci
stil nuovo e a
sua espiritualidade amorosa da Dama
Angelicata, o
qual Sá de Miranda importará dois séculos depois, seguindo-se os
ensaios sobre os humanismos de cada país, e seus melhores
representantes, como Erasmo, Budé, Marsilio Ficino, Pico della
Mirandola, Machiaveli, Castiglione, Contarini, Francesco
Guicciardini, Étienne Dolet e Tommaso Campanela. Dos modernos e
contemporâneos abordará Leopardi, Francesco de Sanctis, Giosuè
Carducci e Bennedetto Croce. Os autores sinteticamente apresentados
nestes estudos serão dos que se encontram mais na sua
Biblioteca, ora em edições
quinhentistas ora em impressões mais modernas.
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Diálogo
entre Marcel Bataillon e José Pina Martins. Fotografia tirada a
fotografia do acervo familiar. Cremos que do ano de 1974, quiçá no doutoramento e quando se
encontrou mais com ele. |
Será
na fase de director do
Centro Cultural Português de Paris que é aprovado em 1974,
com a mais
alta distinção, no doutoramento em Letras e Ciências Humanas, na
Sorbonne, discutindo as teses diante de um júri de renome presidido
por Marcel Bataillon, com
Eugenio Asensio, Robert Ricard, Paul Teysier, Raymond Cantel e André
Saint-Lu. Escolhido em seguida para director, com Jean
Aubin, e encarregado de conferências na cadeira de Civilização
Portuguesa, no Centre de Recherches sur le Portugal de la
Renaissance, na Sorbonne, desenvolve um grande labor nos seus estudos
humanísticos e na organização ou publicação de
catálogos de exposições, de seminários
e de livros sobre o Humanismo e a civilização portuguesa,
destacando-se os que surgirão na colecção Arquivos do Centro
Cultural Calouste Gulbenkian.
Ficarão para sempre como obras de
referência sobre o Humanismo em Portugal, as
suas obras chaves das décadas de 70 e 80: Sobre
o Conceito de Humanismo e alguns aspectos histórico-doutrinários da
Cultura Renascentista, em
1970, onde estuda bastante Erasmo, o Sá de Miranda e a Cultura do Renascimento I. Bibliografia, em 1972, num in-fólio de 507 páginas, com cerca de 1200 títulos descritos e na maioria comentados, e com uma gravura original de Martins da Costa, e o excelente Humanismo e Erasmismo na Cultura Portuguesa do séc. XVI,
Estudo e textos, com um elogioso prefácio de Joaquim Veríssimo Serrão, em 1973, num in-fólio de 329 páginas, concluído magistralmente: «Mas o Erasmismo, em Portugal como na Espanha, é menos uma corrente filológica e metodológica do que religiosa, política e social. Regresso às fontes; purificação do sentimento religioso; sentido jubiloso e equilibrado da vida sabiamente disciplinada por uma moral que não desprezava as experiências da vida corpórea; tensão interior no sentido de fidelidade ao Espírito, portanto sátira contra toda a corrupção da pureza da mensagem evangélica. Um tal programa não podia limitar-se ao domínio da Fé: tinha inevitavelmente muitas implicações que empenhavam o homem completo, membro da comunidade das almas e da comunidade política. As instituições e os poderes organizados não podiam ou não queriam sempre aceitar os propósitos dum irenismo [pacifismo, de irene: paz, em grego] humanitário e humanista porque profundamente humano, cujas raízes hauriam a seiva no bom senso natural e na mensagem de Cristo. No decurso dos séculos, nem sempre o Evangelho pode ser o estandarte dos cristãos: O equívoco e drama da repressão do Erasmismo pode ter também esta explicação histórica. Em Portugal, como alhures, não [se] conseguiu fugir a esta regra.»
E,
finalmente, já em 1989, L'Humanisme
et Renaisance. De L'Italie au Portugal. Les deux regards de Janus, num in-fólio de 1106 páginas, em dois
volumes, o primeiro sobre o Humanismo Italiano (Dante, Petrarca, Bocácio, Dolce Still Nuovo e Pico della Mirandola), Thomas More e os tratadistas do Amor, e o segundo sobre Portugal Renascentista e o Humanismo, nomeadamente a influência do Humanismo Italiano e de Erasmo, a Astrologia segundo Frei António Beja discípulo de Pico della Mirandola, André de Resende, Camões, Jerónimo Osório e história do Livro, concluindo com reflexões sábias sobre o que é que está vivo na Tradição Humanista, pois as correntes culturais envelhecem perante a evolução das mentalidades, admitindo que o pensamento utópico de Thomas More, Bacon, Campanela e a valorização erasmiana da metodologia do diálogo fundamentado e fraterno em vista da verdade e da paz constituem os veios mais perenes.
Quando
regressa a Portugal em 1983, o trabalho de mecenato humanístico em
grande parte finda no Centro Cultural de Paris já que outro director toma o seu lugar, mas prosseguirá como Director dos Serviços de Educação da Fundação Calouste
Gulbenkian a apoiar
muitas associações, actividades e publicações, continuando naturalmente com os seus estudos e livros, conferências e
exposições, para os quais a Academia das Ciências de Lisboa, onde
entrara em 1978 sob convite premente de Jacinto Prado Coelho, para
celebrar numa conferência o V. Centenário do nascimento de Thomas
More, será uma instituição histórica valiosa e útil e que por ele será muito enriquecida. Virá
a ser eleito Inspector ou Director da Biblioteca em 1986, função na
qual tomou medidas importantes de preservação e catalogação e
escreveu as valiosas introduções aos catálogos dos Livros
Quinhentistas Espanhóis e Portugueses da Biblioteca da Academia das
Ciências, publicados em 1989 e 1990. Em 1985-se realiza o
Primeiro Simpósio
Nacional, sobre o Humanismo Português, 1500-1600,
da qual foi o Secretário Geral, com sessões em Coimbra, Lisboa e Évora, e cujas valiosas comunicações de
vinte e cinco investigadores, entre os quais Maria Helena da Rocha Pereira, Sylvie Deswarte, Maria Helena de Teves da Costa (sobre Alciato) Costa Ramalho, Veríssimo Serrão, Aires do Nascimento, Tavares de Pinho, Freitas de Carvalho, Amadeu Torres, Augusto Rodrigues e Luís de Matos, serão publicadas em 1988 num volume de cerca de 700 páginas, que contém de Pina Martins a apresentação e a comunicação Sá de Miranda e a recepção no século XVI de
um Dolce still nuovo renovado.
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Fotografia até hoje inédita de Pina Martins e Henri-Jean Martin, na biblioteca da Academia da Ciências.
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Nesta
instituição centenária (1799 a fundação), tão apropriada ao seu lumen e númus, virá a ser
vice-presidente e presidente algumas vezes, dinamizando e
internacionalizando as suas actividades e simpósios, manifestando
sempre uma fidalguia verdadeiramente renascentista, no modo de
coordenar, receber, apresentar, guiar e na sua virtuosa eloquência bem fundamentada e luminosa.
Na
sua vasta obra, além dos muitos estudos dedicados aos sábios
portugueses, dos quais deveremos destacar Bernardim Ribeiro, Sá de
Miranda, André de Resende, Damião de Goes e D.
Francisco Manuel de Melo, e à História da Cultura e do Livro em
Portugal, encontramos ainda os escritos de homenagem a vultos
importantes,
seja de
estudiosos do Humanismo e da História da Tipografia e
do Livro, seja de pensadores e escritores, muitos deles editados em
separatas, e poderemos mencionar
Marcel Bataillon, Léon Braudel, Raymond Cantel, o rei D. Manuel II,
Joaquim de Carvalho, Jacinto do Prado Coelho, Victor Buesco, Vitorino
Nemésio, Amândio César (seu grande amigo nos tempos de estudante),
Fernando de Mello Moser (com quem escreveu um livro sobre Camões e que era um moreano bem valioso), Eugenio Asensio (1902-1996), este o seu maior amigo (desde 1950, quando o conheceu no Mundo do Livro, embora só em 1962 iniciasse o convívio) companheiro de diálogos humanistas que relembrava com amor e com quem publicou um estudo e a quem dedicou quatro testemunhos e recensões, um deles, em 1997, no nº 2 da Revista Portuguesa de História do Livro, intitulado Eugenio Assensio: o humanista, o investigador, o bibliófilo, onde considera que «os seus estudos virão sempre a ser consultados com proveito, serão sempre fonte perene de informação e de abertura de novos horizontes no domínio do conhecimento crítico. Ele escreveu-os com ciência sólida, com o domínio profundo dos textos e com a cautela metodológica que se impõe a todos os que fazem da sua vida um serviço sem quebra à causa das ideias e das letras».
Também
as exposições e os vários catálogos consagrados a autores e
impressores humanistas, para as quais a Biblioteca Nacional
(onde foi como um mestre durante vinte anos) e
a Academia das Ciências de Lisboa
foram os principais palcos (embora tivesse ainda orientado em Chaves,
Coimbra, Roma e Tours), estimularam o interesse, a investigação e o
conhecimento das riquezas do Humanismo. No catálogo de Chaves, 1989,
consagrado ao Tratado
de Confissom,
afirmará magistralmente: "Uma exposição - e portanto o
catálogo que a recorda como documento para que a sua lembrança
fique assinalada na história - tem de ser harmoniosa como uma
catedral ou, pelo menos, como uma obra arquitectónica, grandiosa ou
modesta que seja». Na realidade, estes catálogos contém
rigorosas descrições dos exemplares e boas caracterizações dos
autores e conteúdos, com valiosos prefácios ou apresentações e
não só divulgaram como frutificaram, pois a sua
paixão de desenvolver a cultura humanística e a história da
tipografia e do livro estimulou e apoiou vários investigadores e
catalogadores, que viriam a trabalhar diversos autores, fundos e
bibliotecas públicas e privadas. E naturalmente, dentro até do princípio imutável, o que semeias recolhes, o karma na designação indiana, alguns catálogos surgiram sobre os trabalhos de Pina Martins, e citaremos de 1990 a Bibliografia de estudos do Prof. Doutor José V. de Pina Martins existentes na Biblioteca Central da Faculdade de Letras, que recenseia 110 estudos de Pina Martins. De 1995, os 111 Trabalhos Científicos de um grande investigador: José Vitorino de Pina Martins, realizado por Manuel Cadafaz de Matos na homenagem que a Câmara Municipal de Penalva de Alva lhe prestou. Associou-se igualmente a esta homenagem Félix Ribeiro publicando José Vitorino de Pina Martins. Percurso Universitário e académico. Curriculum Vitae. Bibliografia, referenciando apenas 270 trabalhos, como Pina Martins justifica, já que esta escolha bibliográfica pertenceu-lhe. Também em 1998, a Biblioteca Nacional, por iniciativa de Manuel Cadafaz de Matos, e o empenhamento do director Francisco Bethencourt, editou um Catálogo de Exposição Bibliográfica 129 Trabalhos Científicos de um grande investigador José Vitorino de Pina Martins. Com a partida para o mundo espiritual do prof. Pina
Martins, a Câmara Municipal de Penalva de Alva homenageou-o a ele, enquanto espírito imortal, com a Primula sua mulher, presente, com o descerramento de um busto e testemunhos de três oradores, onde tive a graça de ser um deles. E perto do rio Alva, com a banda musical a tocar e o vento a soprar.