Em 1981 foi lançado e dinamizado um projecto de encontros, em vários países, de pessoas, comunidades e grupos alternativos que trabalhassem para o que ficou como título do movimento, Iniciativa Planetária para O Mundo que nós escolhemos, o qual culminou num Festival com comunicações, exposições e seminários entre 19 e 21 de Maio de 1983 em Bruxelas e, num Congresso em Toronto, de 17 a 21 de Junho, onde cerca de 475 pessoas de vinte países geraram conclusões e recomendações para os responsáveis políticos mundiais.
Divulguei-o em Portugal no C.A.L., Comité anti-Nuclear de Lisboa, que, como grupo, dinamizado sobretudo pelo António Fonseca e a Gertrudes Silva, assumiu o desafio, no qual o Afonso Cautela, e com a sua "Frente Ecológica", também participou, realizando-se algumas reuniões no C.A.L., e um encontro alargado a 6 de Fevereiro de 1983, no Centro Nacional de Cultura, do qual o Afonso deu notícia num comunicado da Frente Ecológica. Na dinâmica da Iniciativa Planetária em Portugal geraram-se vários textos, uns que ficaram em manuscrito e outros dactilografados e policopiados. Este, ficou em manuscrito inédito, tendo-o eu escrito em Março de 1983, pouco antes da celebração do solstício no Jardim da Estrela e dois meses antes do encontro em Bruxelas do Festival pelo Mundo que escolhemos, da Iniciativa Planetária. Já depois de o ter transcrito agora em Setembro de 2025 encontrei uma versão muito semelhante, aperfeiçoada, dactilografada por mim, e que reproduzo no fim.
«Nós que andamos nesta
vida a procurar sobreviver harmoniosamente com a Natureza, com os
outros, com nós próprios, e com a Divindade, encontramos muitas
dificuldades para o realizar. Ora o cansaço ora o desânimo ora a
violência, ora a agitação ora a precipitação tomam conta de nós, [ainda que momentanemente,] toldando ou frustrando a nossa consciência.
Estes sofrimentos impostos à nossa alma (ao nosso ser interior) resultam pois (ou vêm) de relações incorrectas seja por nossa causa seja por causas exteriores e que estamos conscientes ou não.
Tem-se então erguido seres, grupos, métodos, para diminuir os factores negativos ou anti-vitais e fazer crescer os produtores de vida na sua pluridimensionalidade. Tal é a origem dos mais diversos trilhos naturais (naturistas), económicos, espirituais, culturais, sociais, ecológicos que têm procurado possibilitar aos seres humanos a sua libertação da ignorância, do sofrimento.
Se no nosso país a natureza não foi ainda totalmente destruída, e se os valores qualitativos e humanistas estão ainda vivos nas pessoas, é motivo para darmos graças, ainda é mais urgente é agirmos para que as nossas crianças não sejam habitantes duma civilização de cimento, de fábricas e todos os artificialismos e alienações que a sociedade (consumista) vai largando nos anzóis que pescarão os peixes para separativismos, prisões e hospitais [doenças e fanatismos].
São então observáveis (Assim observam-se) em vários países reformulações da maneira de compreender e viver apropriada ao ambiente local, nacional, planetário e espiritual do momento presente. Assim têm nascido vários movimentos alternativos, entre os quais os de ecologia é um deles mas que poderemos citar, na base dos sectores do Festival da Europa para o mundo que nós escolhemos, a realizar em Bruxelas 27 a 29 [19 a 21] deste mês, os seguintes: consciência ecológica, auto-gestão, crescimento pessoal, não violência, dimensão comunitária, etc.»
Entre parênteses (.. ) estão variantes entre os dois textos e entre [..] um acrescento actual. O texto dactilografado foi escrito já depois do Festival de Bruxelas, pelo que desapareceu tal menção. É possível que os sectores não especificados no final manuscrito e já nomeados no texto dactilografado possam corresponder ainda a algum encontro no C.A. L.





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