domingo, 6 de abril de 2025

Um poema às árvores sagradas, e aos plátanos da avenida das termas de Caldas do Moledo, escrito junto ao rio Douro.

 

No meio dum caderno diário de bolso de 76 páginas escrito em 2010  na serra da Estrela e numa peregrinação ao rio Douro encontrei quatro poemas. Passo a transcrever um deles, o segundo, escrito já de Caldas do Moledo, na margem do tão divino rio Douro:

Árvores sagradas, na serena seidade
ligando o Céu e a Terra sempre.
Humanos dedicados à Divindade
amando o Universo no eterno presente.

Fundações da coluna vertebral
encostadas às grandes árvores.
Ouvidos captando os piscos e o infinito,
o nosso coração flamejante e bendito.

Rasgar os véus das limitações e medos,
desabrochar mais plenamente o espírito.
Seres criadores, fortes em grupos irradiantes,
capazes de arderem no Amor Divino.

Criar, regenerar, ousar, elevar e ser
eis uma regra e escada por onde ascender
dentro e fora, na aura e no coração 
flamejar e comungar com brisas e almas,
ser a palavra Divina, Amor Sabedoria em acção.

sábado, 5 de abril de 2025

Doze pinturas de Nicholai Roerich realçando a missão histórica e espiritual da Rússia, tal como vemos nos nossos dias. Boas para contemplação.

 Doze pinturas do mestre russo  Nicholai Roerich (1874-1947) que contêm imagens e símbolos  da missão histórica e espiritual da grande Rússia, neste momento tão invejada e atacada pelos parvinhos ocidentais mais fanáticos no seu ódio à Rússia, aos seus grandes seres e ao seu destino-missão-dharma, tão sondado e anunciado por S. Sérgio de Radonega, S. Serafim de Sarov, Dostoievsky, Berdiaef, Soloviev, Bulgakov, Florensky, Alexander Dugin, e sua filha Daria Dugina Platonova (muita luz e amor na sua alma martirizada!)

                  
Uma das almas heroicas da Rússia, invocando o fogo cósmico e a sua invencibilidade!
Vencer as forças não razoáveis, ou mesmo demoníacas. O herói vence a mítica serpente dragão, Zmei Gorynych. Pintura de 1942.
                  
A Mãe do Mundo, o Princípio Feminino da Divindade, contendo e oferecendo-nos como face de Deus a bandeira da Pax pela cultura, a verdade, a ciência, a religião, o amor, a multipolaridade.
A Bandeira do Pacto da Paz, criada por Roerich, em 1935, nas vésperas da II grande Guerra, no  para proteger cidades e monumentos e que foi apoiada por alguns governos.
Ler livros, escrever bons livros é uma arte que liga harmoniosamente a Terra e o Céu, e pela qual entramos no Livro dos Livros ou Livro da Vida.
"O Mensageiro", apressando-se no fogo do seus propósito emissão. E assim somos todos nós, se não nos deixarmos iludir, amilhazar, infrahumanizar..
O Espírito Santo, entre Anjos ou Arcanjos, pintado por Nicholai Roerich, numa abóbada de uma igreja, numa boa mandala para contemplação e invocação em nós..
Uma das pinturas contempladas para cura: S. Pantaleão, mestre das ervas medicinais, e de quem relíquias chegaram a Portugal, Porto, Tomar...
Uma das bandeiras do Futuro, com a representação do mestre dos reinos Himalaicos, Himaváticos.

S. Sérgio de Radonega (1314-1392), mestre espiritual da Rússia, lembrando-nos que devemos aceder ao templo divino na terra, no íntimo da nossa alma
S. Jorge, os santos e mestres, vencendo com a Rússia as forças demoníacas do planeta, e podemos dizer, sem errar muito na actualidade, da oligarquia ocidental, dos políticos e jornalistas europeus vendidos ao Fórum Económico Mundial e à Open Society, da NATO e da desgraçada direcção da União Europeia...
Que o futuro da Humanidade seja feliz e bem iluminado pela Divindade e pelos grandes seres. Que a multipolaridade justa e fraterna triunfe... Aum Agni Aum.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Um espiritual ou dervishe persa responde há 800 anos a um tirano, ou aos que hoje querem atacar o Irão. Do Gulistão, do perene Saadi...

Nestes tempos, em que muita gente se interroga até onde irá a ganância de poder opressivo da oligarquia globalista e dos impérios norte-americanos e sionistas, ou seja, se o catavento do Donald Trump, impulsionado por certos grupos de pressão, atrever-se-á irresponsavelmente a atacar o Irão, tal como alguns dos melhores comentadores políticos receiam,  será talvez o mais indicado confiarmos nas forças do Bem e da Divindade e, pelas nossas meditações e palavras, emanarmos as melhores energias para o planeta e os intervenientes mais decisivos e seus aliados. E sintonizarmos com a sabedoria e coragem perene dos iranianos.

Em verdade, a tradição cultural do Irão é assombrosa, imensa e está viva nos milhões dos seus habitantes, como eu constatei há uns anos quando fui convidado a pronunciar algumas conferências sobre a poesia e espiritualidade persa, e até as suas relações com a que se desenvolveu em Portugal e na expansão portuguesa no Oriente.

Nesses quarenta dias de peregrinação por cidades e universidades, mesquitas e centros, pessoas e sábios, trabalhei com algumas pessoas na tradução de textos de Hafiz e Saadi, e partilhei até já alguns frutos neste blogue. Uma história do Gulistão, que já tinha apresentado, é tão curiosa e actual que a transmito noutra versão, para não perdermos a esperança de que a impunidade criminosa não vencerá  e que os dirigentes injustos podem ser reeducados, detidos, castigados. Oiçamos então o grande Saadi, nascido em Chiraz provavelmente em 1213, e a voz da sabedoria da grande Alma Persa, agora a ser ameaçada perigosamente.
«Um dervishe, cujas orações eram respondidas ou abençoadas, apareceu em Bagdade e Hejjaj ibn Yusuf [661-714, famoso general e governador da dinastia Umaiade], foi informado e resolveu chamá-lo e dizer-lhe:
“ - Pronuncia uma boa oração por mim” [ou, Abençoa-me com um boa oração]".
O dervishe não demorou a responder-lhe: “- Ó Deus, toma-lhe a sua vida”.
Al-Hejjaj ibn Yusuf, muito admirado, exclamou: “- Por amor de Deus, que tipo de oração é essa?”
O dervishe retorquiu:”- É uma boa oração para ti e para todos os que te estão sujeitos”...

 Ó poderoso atormentador dos mais fracos,
Até quando continuarás a comportar-te assim?
Qual é a utilidade do teu governo?
Já que causas sofrimento às pessoas, é melhor que morras.»
 
 A lição ou moral da história é simples: a conversão, demissão ou mesmo o desaparecimento dum dirigente mau, cruel, diabólico pode ser pedido ou orado à Providência divina, e aos seus agentes ou intermediários, sejam os santos e santas, os mestres, os anjos e arcanjos, para que se realize para o bem de todos (faça-se a Vossa vontade) e mesmo dele, que não incorrerá assim em mais consequência negativas, ou karma.
Possam os povos, e no caso concreto os iranianos e os das regiões limítrofes,  não serem sacrificados à hubris imperialista anti-iraniana e escaparem da inveja, da opressão e da guerra.
Possam a multipolaridade e o direito à auto-determinação democrática não serem destroçados pela ganância autoritária da oligarquia globalista, liderada pelos USA, União Europeia, Reino Unido, Israel e NATO.
Triunfem o discernimento, a justiça, a fraternidade e a paz na Humanidade e na Terra Mãe, que merece mais agricultura e alimentação biológica do que bombas e ruínas de cimento. 
Floresça a Primavera em paz e Amor!
  

domingo, 30 de março de 2025

(des) Velamentos de Pedro e Inês. Algumas imagens da exposição no Museu do Vinho de Alcobaça. E com o texto do meu contributo.

Cartaz da exposição sob a curadoria do Alberto Guerreiro, com uma das fotografias de Jorge Prata. E dois dos trabalhos da Maria De Fátima Silva.

                                                  

As fotografias dos túmulos, por Jorge Prata, numa imagem da autoria do Alberto Guerreiro.

           Três imagens das pinturas de Nélia Caixinha, baseadas nos sublimes túmulos:

                                           As alegres e multicoloridas  pinturas da Joana Guerra...

 
O delicado e original trabalho de João Leirão e Cristina Henriques
As apresentações, pelo director do Museu, Alberto Guerreiro e depois pelos artistas, nesta imagem a da Maria da Fátima Silva, perante um público bem interessado.
Nélia Caixinha
Joana Guerra explicando a sua obra.
O Céu dando sinais do Amor "até ao fim do mundo", que devemos viver, relembrar, intensificar
Nelson Ferreira apresenta o seu sacro trabalho de ícones russos e gregos.
Uma fotografia do relicário de Inês, por Jorge Pratas...
São Nicolau, pintura de Nelson Ferreira, e moldura anterior em prata russa.
Imagens da conferência de Jorge Pereira Sampaio, na 2ª imagem mostrando o relicário com cabelos de Inês..
O relicário de Agnes: seus louros cabelos, sete séculos nos interpelando: o que fazemos do coração, de amor, de bem, de belo, de verdadeiro?
Uma assistência paciente, pois a valiosa conferência foi de mais de uma hora  e prolongou-se num animado diálogo
Fotografia de todos os artistas participantes, rodeando o Alberto Guerreiro, director do excelente museu.
Fotografia da frente do painel, e tal como a seguinte captada pelo João Leirão,  onde estava o meu contributo, que  transcrevo acompanhado  de sete fotografias obtidas na igreja do mosteiro antes de nos dirigirmos para a exposição. 
A minha breve oração em homenagem a  Pedro e Inês e à Tradição Espiritual Portuguesa. 

               INÊS E PEDRO:  AMOR ATÉ AO FIM DO MUNDO...

Quando Inês e Pedro, a Galiza e Portugal, em 1340, se encontraram e apaixonaram: olhos, cabelos e gestos, forma, voz e espírito, não poderiam antever como o fogo do amor aceso nas suas almas, e irradiante por quinze anos, da Lisboa cortesã à Coimbra das ninfas do Mondego e das fontes, da Serra d'El- Rei e Moledo ao rio Douro e Oceano em Canidelo, atingiria a perenidade de nos congregar, quase setecentos anos depois, nesta exposição, em Alcobaça, terra e junção de rios sagrada e onde os seus corpos e almas estão sublimemente imortalizados.

Inês de Castro, ao ser morta violentamente, no sombrio 7 de Janeiro de 1355, no paço de Coimbra, em plena formosura, maternidade e doçura, derramou a sua energia por toda a eternidade, e a paixão que os transfigurava circula ainda hoje no sangue e alma dos que os amam e intuem os seus êxtases e dores e aspiram ao desabrochar do coração e do amor, da liberdade e da unidade.

Depois das oposições e desterro saudoso, morrendo D. Constança, viveu alguns anos Inês com ele, ledos e de comunhão com a natureza, coroada de rosas e boninas por D. Pedro oferecidas e, dessa intimidade nua e pura inscrita no coração, em três partos foi abençoada. Mas, depois, quanta apreensão pelas ameaças, quanta revolta e luta face aos assassinos, quanto sacrifício na entrega à morte e abandono dos meninos, olhos postos no céu cristalino?

O pleno amor de Ynês, subitamente ceifado, permanecerá vibrante em Pedro e entrará no além e no imaginário, fecundando a grande alma portuguesa e europeia na demanda da justiça, da beleza e do amor, inspirando muitos a exaltar Inês como musa e mártir ungida.

Depois da guarda do corpo de Inês pelas sorores clarissas nas margens alagadiças do Mondego, em Abril de 1362 dá-se a sua impressionante trasladação para a firme Mater cisterciensis de Alcobaça, ao qual se juntará o de Pedro em 1367, e os túmulos vão tornar-se um íman impulsionador de criações artísticas e literárias, lendas e mitos, no culto dum Graal de amor extremo.

                             

O perigo da audácia traiçoeira dos adversários da relação ou casamento, perigosa para o Reino segundo eles, fora negligenciado por Pedro e, ao ausentar-se para o exercício da montaria, deu azo à fatalidade da qual ninguém poderá sentir o impacto desintegrante na sua alma e cérebro, bem como nos três filhos de tenra e impressionável idade.

Em "grande desvairo", como narra o cronista Fernão Lopes, D. Pedro, sangrando, com as suas hostes e as dos irmãos de Inês vindas da Galiza, faz seis meses de razias no Entre Douro e Minho, onde os conselheiros culpados tinham suas terras. Acercando-se do Porto, porque o Rei e o seu exército já estavam em Guimarães, e pela mediação do Prior do Crato e de D. Beatriz, santa mãe e avó, assinam-se três acordos de amnistia e concórdia, em Agosto de 1355, jurando D. Pedro o perdão dos matadores e recebendo poderes judiciais. 

Passados dois anos, com a morte do pai, D. Pedro, rei e senhor da Administração e da Justiça, assume a responsabilidade de as bem executar, e logo revoga o juramento pronunciado verbalmente, enquanto alma mutável mas não de coração e faz morrer cruelmente dois dos culpados. Confiava na justiça e misericórdia Divina, e nas orações e missas, velas, aspersões e incensos que os frades cistercienses lhes consagrarão durante séculos, e só os clarividentes intuirão os efeitos subtis de tais elementos, sons e intenções nas suas almas ascendendo no corpo místico da Igreja.

                                                         

O cognome de Justiceiro ou Cruel será apropriado conforme as circunstâncias, pois tal virtude cardeal tão demandada por Pedro e exercida duramente, também o foi sublimemente, ao fundar a obra-prima da estatuária jazente portuguesa, fazendo justiça ao amor divino incarnado e tão precocemente separado, imortalizando-o na união artística da Mors-Amor, sublimadora dos participantes das limitações corporais e históricas.

A perenidade exemplar do amor de Pedro e Inês, vencendo interesses políticos e matrimónios de conveniência, ódios, fragilidade e morte, brota tanto da intensidade do Eros vivido e da unidade alcançada, derramados por seus descendentes e todos, como da arte dos anónimos artífices dos túmulos, orientados por D. Pedro e os monges brancos alcobacenses.

As suas vidas e sentimentos, cinzelados em rosáceas e pétalas animadas de cenas historiadas e íntimas, em roda da vida e via sacra paralelas à dor e amor do ungido Jesus e do mártir e mítico apóstolo das Índias S. Bartolomeu, fecundarão de modos caleidoscópicos os sucessivos peregrinos, poetas e fiéis do Amor que as admirarão.

                                   

A numinosidade serena das faces de Inês e Pedro, brotando das suas estátuas jazentes, entre seis pares de anjos de guarda, é uma iniciação ao fogo do Amor divino no coração, e à luz da Sabedoria no olho e corpo espiritual, ou de glória, de cada um.

                                

A missão de revificar o fogo do amor unificador e imortalizador de Inês e de Pedro, e em quem ama, pois provimos do Logos solar e devemos emaná-lo em reciprocidade e criatividade, inspirará ao longo dos séculos os que entrarão nesta grã-corrente e tenção do "quem puder fazer bem, faça" (Garcia de Resende), do "désir", divisa do infante D. Pedro (seu neto e de Teresa Lourenço, da Galiza), e do  amar "até ao fim do mundo", fortificando a chama do Amor, na condição humana frequentemente "mísera e mesquinha", tal como nos Lusíadas canta Camões para Inês, na esteira de Sannazaro no De Partu Virginis para Maria, tal como discerniu Faria e Sousa.

Ao lermos, ouvirmos e admirarmos tais criadores e criações unimo-nos num culto à liberdade e beleza, energia psíquica e amor, na religação ao espírito, à Divindade, ao Cosmos, no campo unificado pluridimensional de energia consciência informação.

Que o nosso coração e ser brilhem flamejantes, em sintonia com Jesus e Bartolomeu, Inês e Pedro, os anjos e arcanjos e a tradição Espiritual de Portugal. Viva Deus, santo Amor!