sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Os melhores e últimos sonetos, espiritualmente, de Antero de Quental, comentados. Com vídeo.

Suportando nas mãos a edição organizada, prefaciada e anotada por António Sérgio dos Sonetos de Antero de Quental, de 1956, li algumas das suas palavras preliminares, apresentei a ordenação e a divisão em oito ciclos que António Sérgio fez em contra-corrente a todos os comentadores e, em dois vídeos, li e comentei os melhores sonetos, dum ponto de vista espiritual e actual. 
No 1º vídeo, ou 1ª parte, li alguns dos sonetos dos últimos ciclos: do sétimo ciclo (Metafisica) e do oitavo (Da voz interior e do Amor puro, sempiterno), realçando então os momentos mais luminosos ou fulgurantes deles, tal como no soneto Ad Amicos o maravilhoso terceto:
"Filhos do Amor, nossa alma é como um hino
À luz, à liberdade, ao bem fecundo,
Prece e clamor dum pressentir divino;"

Ou do soneto Com os Mortos, os dois tercetos finais:
"Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei: vivem comigo,

Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem."

Numa segunda parte e 2º vídeo, li e comentei alguns do quinto ciclo (Da Morte), em especial os seis sonetos do Elogio da Morte (já publicados em 1875 na Revista Ocidental e cada um com o seu título),  o qual muito significativamente leva como epígrafe inicial o mantra Morrer é ser iniciado, invocado e bem "ocultizado" também por Fernando Pessoa no seu famoso poema a Iniciação, tendo-o muito certamente recebido de Antero de Quental, embora Joaquim de Araújo  tivesse sido sentido e dedilhado tal mantra no seu belo poema (e livrinho) à morte do seu amigo e mestre Antero de Quental, em 1891, na aura do momento trágico, como pode ler em:  https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2017/09/na-morte-de-antero-joaquim-de-araujo.html
Ora este mantra ou frase poderosa de auto-conhecimento é por António Sérgio localizada também em  Ernesto Havet, transcrevendo-a, embora confesse que não consegue compreender a razão de ser dela no poema de Antero de Quental. Todavia, ela está no último dos seis sonetos, quando Antero afirma o seu destemor perante a morte e o não-ser: «minha alma humilde, mas robusta/ entra crente em teu átrio funerário»..., terminando com o «Talvez seja pecado procurar-te, Mas não sonhar contigo e adorar-te,/ Não-ser, que és o Ser único absoluto». Ora este Ser e não-Ser tanto pode ser lido negativamente como positivamente, e alguma indicação foi dada até numa citação que António Sérgio faz de uma carta de Antero a João de Deus: «Deus, ou é nada, ou é a plenitude do Ser, o Absoluto, a Perfeição».
Este quinto ciclo "Da Morte" termina com o famoso e belo poema Mors-Amor, no qual Antero vê e ouve um negro corcel «que cruzou  regiões sagradas e terríveis»,  com um cavaleiro de expressão potente que «cavalga a fera estranha sem temor:/ E o corcel negro diz: «Eu sou a Morte!»/ Responde o cavaleiro: «Eu sou o Amor!». Compreende-se então que Antero Quental tenha dito em cartas que escrevera estes sonetos sem pessimismo nem tristeza, e que sentia que transmitia uma filosofia «confortativa idealista», o Amor triunfando da morte, sem dúvida uma batalha para todos nós a todo o momento, face a todos os tipos de morte que nos ameaçam...
Do sexto ciclo "Pensamento de Deus", referi alguns aspectos da  crítica de Antero às limitações do Cristianismo, patentes nos sonetos e em cartas, lendo também as leituras ético-espirituais que António Sérgio fez corroborando Antero  e passei por fim para o último soneto do oitavo e último ciclo, na ordenação de António Sérgio, o intitulado Solemnia Verba, que transcrevemos:
«Disse ao meu coração: Olha por quantos
Caminhos vãos andámos! Considera
Agora, desta altura fria e austera,
Os ermos que regaram nossos prantos...

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!
E noite, onde foi luz de Primavera!
Olha a teus pés o Mundo e desespera,
Semeador de sombras e quebrantos!»

Porém o coração, feito valente
Na escola da tortura repetida,
E no uso do penar tornado crente,

Respondeu: Desta altura vejo o Amor!
Viver não foi em vão, se é isto a vida,
Nem foi de mais o desengano e a dor.» 
 
Possamos nós despertar e estar sempre em Amor, embora certamente ondulando, harmonizando tal fogo divino com o momento e a actualidade. Corajosamente, na Verdade, na Divindade...
 
1ª parte ou vídeo está aberto neste artigo do blogue.
Da 2ª parte deixo a ligação: https://www.youtube.com/watch?v=VMdOQdDfoYg
                             

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Herdade do Freixo do Meio, 6º Encontro d'Outono, 12 Novembro de 2017. Imagens, sobreiros e pessoas.

Realizou-se na graça da Natureza harmoniosa no Domingo 12 de Novembro de 2017 na Herdade do Freixo do Meio, não longe de Montemor, mais um encontro de convívio Outonal, o 6º, com os burros, as árvores (em especial os sobreiros), as pessoas, as comidas, e os cogumelos, este ano  bastante raros pelas lastimáveis razões que todos sabemos. Mas não houve incêndios nesta região, pois os eucaliptos não existem e a agricultura é amada nesta grande herdade cultivada de modo biológico e em muitos aspectos exemplar, orientada de modo cooperativo pelo Alfredo Cunhal Sendim e os seus, a quem agradecemos mais esta bela jornada...
       Algumas imagens do encontro: 
                                                          Regressemos aos ritmos naturais
Embora cada um virado para o seu lado, trabalha-se em equipa...
Nossos irmãos meigos...
Árvores sagradas, mães, mestres...

Da espiral e do entrelaçamento ascendente na natureza e em nós...
Oliveira multicntenária

Espíritos da Natureza que bramem por vezes...

O Alfredo com uma parte do mundo às costas, mas de modo leve, ou não fosse ele um amigo de S. Francisco de Assis e de Agostinho da Silva, e um adepto do Espírito santo entre nós...
 

Duendes que nos espreitam...
Dos conúbios entre as pedras e as árvores
Dos tamanhos dos seres e das suas auras subtis, e do Amor que deveria ser mais vivido entre todos
 

Tanta energia serpentina e espíritos da Natureza crepitando do mundo etérico para o nosso olhar e fotografia
 

A casca da árvore  e a pele humana e do animal ao serem acariciadas, amadas, harmonizam os seus seres...
Ligarmos a terra e o céu mais incessantemente, tal como as árvores, é orar, amar, ajudar, partilhar...
Seres muito calmos, terapias naturais livres...
A Isabel sintonizando, orando, harmonizando-se comunicando...
 
Um sábio discreto...
Perfil de duende trabalhado nos fungos esverdeados-amarelados
Camadas, níveis da casca, pele ou aura...
Folhas crepitando de luz, calor e amor que do Sol chegam a elas e a nós...
Árvores, eixos dos mundos
Espíritos da natureza que nos sorriem...
Conjunções de forças e seres: onde 2 ou 3 se reúnem sob ou em busca da Verdade, a Luz e o Amor estarão presentes...
Água, Chuva, Oremos...
 

Uma dríade bem disposta sorri-nos. Olá...
Água, poço, canavial, arvoredo, agricultura, oásis...

As novas estufas, bem maiores e com boas combinações de aromáticas e flores com os legumes...

Cavalo lusitano
 
                       
Brincar com a água, lavar a aura no azul e branco...
 
                                     
Os passeios com os cavalos são sempre apreciados pela petizada...
Amor, mãos e corações abertos e ultrapassando as barreiras, aproximando da Unidade Divina...
                                          

domingo, 5 de novembro de 2017

O Amor em Antero de Quental. Leitura comentada da "Beatrice", seu segundo livro de poesia publicado.

       A Beatrice, de Antero de Quental, impressa em Coimbra, a Imprensa da Universidade, em 1863,  é lida e comentada  por Pedro Teixeira da Mota, em 5/XI/2017, no vídeo que se encontra no fim deste texto. 
Já realizara um primeiro vídeo, da leitura comentada dos primeiros quatro poemas, os quais são de novo nesta gravação resumidamente lembrados, ficando assim completa a leitura e o seu  comentário, espontâneo no momento, à luz do que chamarei a Tradição Espiritual Portuguesa...
Seguem-se imagens das primeiras páginas da invulgar 1ª edição da Beatrice, certamente uma boa experiência de iniciação tipográfica para Antero de Quental, que viria anos mais tarde a ser aprendiz de tipógrafo em Lisboa, Porto e Paris. Nestas pegadas andou de algum modo Fernando Pessoa, com a sua tipografia Ibis...
De um estudo de Lamennais acerca de Dante, Antero selesciona esta visão de Beatriz, a amada, como a personificação da aspiração do seres humanos ao Amor, a Deus e ao Infinito. Beatriz, como musa e mestra...
Antero, sentindo o amor, quem sabe se mesmo bem apaixonado, confessa que nem sequer balbuciar qualquer explicação do Amor e que só o coração o pode conhecer...

    Como falar do Amor, tão subtil ardência e tão escondida em nós essência divina ....