domingo, 25 de maio de 2025

Da desincarnação de uma alma muito amada.

                                       
Uma grande alma, que amei muito e com quem trabalhei bem espiritualmente e pitagoricamente, a Sandra Pinheiro, formada em Línguas e Literatura Clássicas, professora, leitora de Português na Áustria e harpista, partiu hoje dia 25 de Maio para os mundos subtis, pelas 4 horas e tal da madrugada, sincronicamente com a maior explosão solar registada neste ano. Acompanhara-a no hospital fortemente (tal como a sua amiga Susana) umas horas antes, e depois tive sinal disso num sonho. Escrevera  reflexões quando fora informado do seu estado na véspera, depois da visita antes de me deitar e de manhã por causa dos sonhos e, finalmente, estas já de tarde e agora à noite:
- Quando alguém que conhecemos e amamos sofre muito, também sofremos e quando ela morre sentimos muita tristeza por terem terminado os seus projectos na vida, seja criativa, profissional, relacional, familiar, maternal e psico-espiritual. E sentimos um certo e vazio, como se também morresse uma parte nossa ou os fios de ligação que tínhamos, ou mesmo a confiança de que ela iria vencer a dificuldades.
Quando o corpo está mesmo no fim e as dores são muitas a morte é uma libertação e devemos consolar-nos que pelo menos esse aspecto tão difícil da dor terminou. E se a pessoa era alma luminosa e benéfica, mais nos deveremos desprender da tristeza, e darmos graças (mesmo que dolorosamente ou quase chorando) por ela estar agora em transição no seu caminho ascensional, que apenas conseguimos ao de leve imaginar ou intuir.
Mesmo assim o nosso coração permanece tocado e só deseja sintonizar com o coração da alma que partiu, pois ela, se já está desperta no além, pode até desejar ou realizar tal ligação-comunicação.  Frequentemente ela tem os seus guias ou antepassados a ajudarem-na, mas ignoramos muito quanto ao que ela está mais receptiva, embora nas primeiros tempos esteja mais perto do corpo e do plano físico
Podemos lamentar as circunstâncias diversas que nos afastaram, e não seguimos então a ideia de que foi o karma ou que já estava predestinado, e antes atribuímos a causalidades diversas os caminhos divergentes e que agora terminaram para ela com uma morte aparentemente precoce, pois fazemos escolhas e enveredamos por caminhos, de facto independentes e por isso difíceis de conciliar, e assim cada um acaba por fazer a sua vida profissional, relacional ou familiar com outros e abrir a sua própria via para o além. Por isso o preceito de Garcia Resende com que ele conclui a descrição da vida e morte de Inês e de Pedro, na sua Miscelânea, é tão valioso e actual face à morte e às amizades: "Quem poder fazer o bem, que o faça". Apoia ao máximo os que mais te apreciam, necessitam, amam...
Assim, quando alguém está para partir despede-te bem dela, dando o máximo de ti, e depois encontra-a nos mundo subtis, tal como os sonhos te darão imagens ou vivências, e comunga uns dias mais recolhido com a sua alma no subtil processo do desprendimento do corpo e identidade física e recuperação da identidade espiritual e funcionamento no seu corpo de luz ou glória.
Essa transição opera-se naturalmente podendo ser mais demorado o desprender dos efeitos no corpo sofridos ou a desidentificação com ele, dependendo ainda do desenvolvimento consciencial, ético, compassivo e espiritual realizado em vida, e assentará (nos seus níveis mais elevados) na identificação à estrela pentagonal do espírito e no eclodir da crisálida em borboleta, ou seja o desabrochamento das asas luminosas e da capacidade de mover-se, de voar. Certamente tal pode ser auxiliado externamente pelas energias de mestres, anjos, pessoas amigas e as bênções divinas.
Quanto ao amor, ou à potencialidade e capacidade de amor, de interesse, de envolvimento na vida, quanto morre alguém diferentes resultados ou consequência podem acontecer, embora as pessoas não se deem conta dos aumentos ou diminuições, pois não há uma regra geral e tudo depende das interelações das pessoas e dos seus envolvimentos, idades, trabalhos e projectos e da nossa capacidade de auto-gnose.
Assim quando alguém de quem estamos próximos na vida exterior ou na alma e amor parte, recebemos forças subtis ora estimulantes do nosso trabalho na Terra, ora o contrário, como se o nosso envolvimento na vida terrena diminuísse e uma parte substancial da nossa capacidade de amor ou se evola com ela ou então se concentra inicialmente mais no vazio ou na dor interior e tenta comunicar o seu amor com ela, orando, meditando, ouvindo os leves toques vibratórios, ou intuindo fugazes imagens ou pensamentos, e logo evitando dispersar-se e distrair-se com o mundo, as noticias, as redes sociais, as conversas superficiais. A morte de alguém é um corte na ilusão da vida mais permanente e um aviso da sua fugacidade, pelo que é natural  cortarmos ou desligar-nos de certos envolvimento externos menos importantes.
O processo de transição demora dias e nunca se sabe bem os resultados, e assim em certos momentos a nossa alma ergue-se e comunica com a alma amada já partida, seja nos pôr do sol rosados, seja no caminhar, seja em lembranças, por vezes materializadas em objectos ou escritos, seja sobretudo na escuta interior que brota por entre os momentos de oração e meditação. Mas a partir de certo momento são intuições de pensamentos ou vozes internas que assinalam a nossa relação comunicação com uma alma bem luminosa e agora mais ágil no seu caminho e missão.
- Musa, que tanto pairas sobre nós como te
 recolhes e elevas, que os raios de luz e amor divinos estejam contigo. Avança luminosamente no teu caminho de criatividade e alegria, harmonia e amor, e inspira-nos:
- Quem segura a Lua?
              Concluamos ainda com Luís Camões, um Cavaleiro e Fiel do Amor, tal como ela,  ecoando a ideia de que há pessoas que pela sua grande sensibilidade e amor a Vida humana terrena não as consegue merecer por muito tempo, na elegia iniciada, "Chorai Ninfas, os Fados  Poderosos (...)

''Mas o mundo não era digno dela,
Por isso mais na terra não esteve;
Ao Céu subiu, que já lhe devia.''

sábado, 24 de maio de 2025

Alexandre Seabra, poeta do "Nadas" e da geração de Fernando Pessoa, tece o elogio de Coimbra e invoca os que nela mais amaram.

 Alexandre Seabra, foi um pensador e poeta do começo do séc. XX, que acabou por não entrar, ou ficar lembrado, na história da Literatura portuguesa, pese o seu valor. Um mero acaso, ou uma atração subtil, fez-me há anos adquirir um livrinho seu Nadas (Lisboa, Empresa de Publicidade A Tribuna, 1924), com uma dedicatória ou acrescento forte ao livro.
Procurando informação sobre ele,
deparei-me  na correspondência de Fernando Pessoa,  carta de 7-8-1923 para o seu amigo  Joaquim Pantoja, a quem Seabra entregara um conjunto de poemas manuscritas para apreciação ou quem sabe prefácio, com o recado que informasse Alexandre Seabra que não valia a pena publicar para já, que amadurecesse, que fundisse mais o pensamento e a emoção, e não sentisse ou se emocionasse tanto: «Toda a gente sente. Toda a gente pensa. Nem toda a gente, porém, sente com pensamento ou pensa com emoção...  Qualquer que seja a idade dele, ele tem um cérebro demasiado juvenil; e a arte – ao contrário do que se julga – é trabalho para velhos, ou para envelhecidos», que seria o seu caso, pois Fernando Pessoa tinha então 35 anos.

E contudo o livro Nadas (in-4º gr. de 22 páginas), e já publicara  Crepúsculos de alma (Vila Nova de Gaia,1921),  além de ser raro pois não está na PORBASE, é valioso e faz-nos até lembrar Mário de Saa, Ultra Machado ou mesmo Fernando Pessoa, ao manifestar grande sensibilidade panteísta, e não só sensacionista mas também moral e espiritual. Transcreverei então alguns dos seus textos e antes de mais a dedicatória manuscrita, com letra firme e intensa, pois é um testemunho inédito  original até na hermenêutica da mitologia coimbrã,   e valioso já que desconhecemos outras informações sobre a sua vida, e até se o conteúdo do Nadas, publicado uns meses depois do parecer de Fernando Pessoa, teria feito parte do manuscrito que este leu e não aprovou...


Frontispício: 
                                    Alexandre Seabra

«Pedindo uma esmola
      NADAS
Sobre uma campa uma flor sorri!...

Jesus por amar e sofrer subiu até Deus. O mesmo sucedeu a mim...

                                     

1ª folha branca, ou verso da capa frontispício:
   Invocando:
Camões esteve em Coimbra,
Anthero também.
D. Pedro amou em Coimbra,
Ignez de Castro aqui morreu por amor.
Em Coimbra Santa Izabel andou, serena, e santíssima, derramando a bondade do seu semblante e dando aos pobres e doentes carinho e pão que Deus transformou em flores.
Estas flores são o símbolo eterno que estimula na psicologia de Coimbra o sentido do bem.
Coimbra é um terra santa. Eu devo ter nascido em Coimbra, senão não podia ser portuguez!
                Alexandre Seabra» 

                                         ****

 Oiçamos agora os seus textos, numa prosa muito poética, manifestando uma ora ousada (acima do bem e mal, e das conveniências) ora profunda comunhão com a alma dos seres, das coisas, da Natureza e uma boa abertura ao Infinito, à Unidade Divina, e conseguindo-a partilhar artisticamente, bela e elevadamente, na base de que os aparentemente nadas são na sua pluridimensionalidade riquísimos, imensos, sublimes para quem tem a empatia suficiente para os sentir e sondar. A epígrafe, na folha branca inicial, é justificada: "Vós que tendes sede de ventura entrai...", pois em trinta e cinco apontamentos partilha a sua excelente sensibilidade pluridimensional, concluindo geralmente por "... Quem sente a felicidade!... Silêncio..."

                                                    ****

«A felicidade! Sorriso passageiro da vida, correr sobre seda do espírito, sufocação de surpresa, um ah, que se prolonga, um beijo que se distende, um sonho que não se evola, uma carícia que vincula simpatia, uma alegria faz correr uma lágrima, um morrer-se com esperança, um sentir-se com fé...

Um poente se rosa, um regato se aveluda, um colo se confrange, uma alma crê, uma ave passa, chuva de estrelas, revoltas de oceano, cânticos de alvorada, trinados em crepúsculo: em cavalgada olímpica, vem a nós todo o sublime por intermédio subtil...»

                                              ***

«Sobre um longe de água e céu: O infinito,  azul marinho, o azul celeste! Pontos esvoaçam - gaivotas. Seu descer sobre a água, seu subir para o azul, é lento carinhoso. Procuram a vida, sentem a vida, voam! O mar ruge, o mar murmura, o mar embate. A altivez, a ternura, o puro! Os pontos afagam, as afagam. A alegria alada como um olhar terno! Desliza sem percalços, serena; voa, pura: azul é meigo, seu voo meigo,o mar meigo, brisa é terna, a vida grande!
O mar vasto, dominante, orgulhoso, é terno.... A onda sente o pousar da ave, seu dorso estremece, baixa, ondula, acarinha o peso de nada, não vexa, não desdenha o leve, afaga-o, acarinha-o, só esbofeteia a rocha bruta! O mar esbofeteia a rocha bruta. A ave procura a sardinha, beija o mar; o mar a envolve num carícia de seda, numa carícia de seda, numa carícia de azul, num veludo de onda! O mar é meigo, o monstro é meigo...
Longe um ponto branco. Fenda no infinito! A audácia, o espírito sobre o mar, sob o azul! É o brigue sulcando as águas, Perde-se, diminui, mas branco, esperançoso! As almas o escoltam - Gamas, Albuquerques, Magalhães; do nosso passado, a carreira da audácia, do aspirar infinito, do devaneio do longe.
Aquela linha lhes disse, vinde: O profundo, o azul tem fim, vinde... e a outra terra surgiu, o mundo surgiu, o esférico se fixou. O espírito é infinito, voa para o infinito!
O ponto se perdeu, o branco se perdeu!
A alma dos navegantes também perdeu a terra. Uma nuvem se arrasta além, onde se perdeu o brigue: Navegantes que prazer não é perder-se na terra. A alma deita-se no azul, cobre-se no azul. O puro imenso! Que prazer o dos navegantes. Quem se
nte felicidade! Silêncio...»

                                

Fragmentos: "Tarde de chuva: com que resignação as árvores não recebem o espargir do céu! Religioso êxtase.
A humidade escorre, os cabelos do infinito, as lágrimas do infinito.
Traços d'água, pontos d'água, beijos d'água.
A relva pelo chão esverdece, a seiva é mais cálida, aflui à água.
A vida aflui à agua! A terra bebe, o arbusto bebe, a clorofila bebe. O saciar da sede. Nossa alma bebe. O saciar da sede! (...)

Nas poças d'água os pingos d'água provocam um arrepio de riso. O frisson dum beijo. A água tem nervos, estremece sob os pingos de água. Vede o estremecer da água. Suas moléculas ondeiam. Uma poça contém um mar, revela um infinito. As vibrações, a coesão, a adesão, os princípios do equilíbrio, o respeito pela atração. É o infinito! Uma poça contém o infinito. O sol a evaporou, o frio a condensou, o ar a espargiu, a atração a depôs; uma gota de água contém uma filosofia. Amai a gota d'água. A lágrima é a imagem da gota d'água. Uma lágrima é a imagem do sentimento (...)"


sexta-feira, 23 de maio de 2025

Os sentimentos dum palhaço. Um conto sobre a vida e a morte, a tristeza e a alegria no Circo da vida, escrito há muito tempo...

Transcrição do texto em processamento, pelo que terá de o ler na fotografia..

 Lá fora chovia imenso. Vinha de lá um som esquisito: os barulhos da cidade, as buzinadelas dos carros, berros de pessoas, tudo misturado com os relâmpagos e trovões daquela noite chuvosa. Lá dentro o palhaço no seu minúsculo camarim sentia-se muito triste enquanto ia refazendo vagarosamente as pinturas da sua cara. Lá fora continuava a chover e o palhaço sentia-se ainda mais só. Aproximava-se o momento em que ele entraria em cena, altura em que esqueceria os seus desgosto e seria o que todos exigiam dele, um clown, um palhaço.

Olhou-se ao espelho, e viu vagamente reflectido, pois o espelho era tão velho, um sujeito imensamente cómico com um nariz muito grande e muito encarnado. Os sapatos eram tão grandes que pareciam os de um gigante, enorme de certeza. E as calças e os suspensórios tão divertidos. E ao mesmo tempo que ia pensando nisto a sua cara ficava mais alegre, os olhos brilhavam muito mais e as cores da cara ficavam muito agradáveis. Bateram à porta muito ao de leve, não o fossem incomodar. Era só para ele saber que... já faltava pouco. Os aplausos entraram um bocadinho pelas frinchas da porta e ele ainda se sentiu mais feliz. Ficou um bocado parado sorrindo ao mesmo tempo que uma sensação óptima lhe aquecia o corpo. Depois abriu a porta devagar e deslizou lentamente para o corredor compridíssimo que terminava no palco ou arena. Reinava um silêncio de morte, só se via uma luz lá muito ao fundo. A tristeza começou a apoderar-se de novo do palhaço pobre enquanto ele avançava lentamente por aquele túnel enorme, horrível, arrastando os sapatos, pensando em imensas coisas más ou tristes, ele que só queria não pensar em nada. Aquela caminhada custava-lhe imenso fazê-la sozinho. Nos tempos do Augusto era outra a disposição. Iam a contar histórias, a fazer números, riam-se imenso e chegavam lá ao fundo num instante. Espreitavam pela nesga do veludo vermelho que fazia de porta e suspiravam fundo: tudo corria bem, a casa estava cheia e havia imensas crianças nas primeiras filas. Mas Augusto, numa noite parecida com esta, despedira-se, cansado e feliz. Foi-se embora. Lembrava-se perfeitamente, era num número que ele tinha inventado e que era muito conhecido. Segurava numas escadas altíssimas e o Augusto começava a subir os degraus até ao alto, enquanto deixava atrás de si um rasto de sol, de luz de imensas cores, e lá em cima de tudo via-se uma estrela que brilhava imenso e que estendia as mãos para Augusto. Ele tentava abraçá-la mas nunca o conseguira fazer talvez por nunca ter subido todos os degraus, mesmo os mais altos. Mas naquela noite, após alguns números de grande sucesso, Augusto começara a subir os degraus da escada e nunca mais parara. Rompera o tecto, passou ao lado das estrelas e continuou a subir porque as escadas também subiam. Cresciam imenso  e depressa ele estava altíssimo, quase que já não se via e de repente a estrela que balouçava algo tristemente começou a subir também iluminando a escada e depressa alcançou Augusto que subiu para cima dela e foram para um céu que a custo se descortinava, onde só deviam estar crianças e palhaços a brincar e a rir sempre... sempre...
Abanaram o clown, que sorria feliz; ele entrava na cena a seguir, mas o palhaço não acordava e continuava com riso feliz na cara. Tiveram que o abanar com mais força, mas o palhaço já não lá estava. Tinha partido a juntar-se a Augusto e aos outros palhaços e crianças que lá em cima, nos mundos subtis, brincavam felizes e espargiam sobre a Terra alegria. Por isso ele tinha um sorriso enorme na cara. Estava a fazer um número giríssimo com Augusto, e as crianças todas e os palhaços riam-se imenso... imenso...»

Saibamos estar mais alegres, sobretudo com as crianças, hoje mais frequentemente atemorizadas com a insensibilidade e violência que reinam. Saibamos transmitir-lhes sorrisos, amor, para que se descontraiam, se abram e deixem o seu coração e íntimo irradiar confiantemente. 

Saibamos estar mais em amor e disponibilidade com os que nos rodeiam, com os que mais nos amam, pois nunca sabemos bem quando partiremos pela escada, pelo que devemos trabalhar e realizar a injunção iniciática com que Garcia de Resende concluiu a sua aproximação ao mistério do amor trágico mas imortal de Inês e de Pedro: "Quem puder fazer bem, que o faça"...

Um alma boa e luminosa sendo chamada para os mundos da Luz Divina, seja ela Inês, Sandra ou outra...

quinta-feira, 22 de maio de 2025

As sanções a quem afectam mais, à Rússia ou à Europa? Emmanuel Todd, Dimitri Peskov e Pedro Teixeira da Mota pronunciam-se

A  Europa dos governantes titânicos está a afundar-se..

Como alguns têm discernido,  sob a aparência ilusória da representante rica dos valores humanistas e dialogantes da Europa, a direcção da União Europeia tem-se comportado autoritária  e violentamente no actual confito entre a Ucrânia e a Rússia, não procurando a paz mas antes estimulando a guerra e usando quatro armas sobretudo numa luta, bastante auto-danosa ou mesmo suicida segundo alguns, contra a Rússia e novo mundo multipolar que ela lidera: 1ª dinheiro ilimitado, e muitas armas e mercenários para o regime de Kiev, 2ª diabolização da Rússia e dos seus líderes e empresários, 3ª confiscação de bens russos no Ocidente e inesgotáveis sanções à Rússia e à Bielorrússia, 4ª repressão, silenciamento e sanções aos políticos e países europeus que não se alinham plenamente com a sua posição anti-Rússia, bem patente nas ameaças a Órban, Fico e Vucic, e nas reiteradas intenções de desfazerem a unidade da Rússia, demasiada grande e rica para os seus olhos invejosos.
Quais serão as causas de tal comportamento e de tanto discurso afim: será  a inveja da superioridade intelectual e ética dos governantes e dos cidadãos russos, e da riqueza e fortaleza do país, comparados com a decadência da União Europeia e a degeneração dos seus políticos, bem patente na "coligação dos dispostos" ou vencidos, e dos viajantes do comboio para Kiev?
Será uma hubris, ou arrogância imensa, de se considerarem até há pouco com Joe Biden, e a USAID, os senhores do mundo, ou será apenas uma sede de poder e de domínio insaciável, quem sabe por que energias psíquicas e subtis egrégoras alimentada?
Será uma tendência de suicídio, correlata à decadência intelectual e moral que corrói o Ocidente e particularmente os líderes políticos, os jornalistas e comentadores televisivos, que amilhazam a população?
Será porque os principais dirigentes políticos ocidentais estão mais ou menos completamente dominados pelas instruções e intenções do Fórum Económico Mundial, da Open Society de George Soros e de outras instituições e fundações da oligarquia globalista e sionista, que os corrompem e enlaçam pelos fundos e contactos ilimitados que dispõe?
Será porque geneticamente alguns deles são anti-russos porque os seus antepassados foram derrotados por eles, ou então apenas porque no inconsciente colectivo racial ou nacional não aceitaram ainda a vitória russa?
Ou será porque na sua vaidade se creem tão ricos com o dólar e o euro que imprimem sem limites nem responsabilidades que podem financiar indefinidamente guerra e o regime de Kiev, enviar para a Ucrânia todo o tipo de armamentos, conselheiros e mercenários, e assim derrotar
o povo russo já ungido por tanto sofrimento no século XX, e que conserva os seus valores tradicionais, alicerçado em muita gente profissional, séria, valiosa, abnegada e que saberá sacrificar-se e vencer? 

Pintura de Nicholai Roerich: Nastasua Mikulishina, uma figura lendária, um símbolo da Rússia poderosa e vencedora

Ou será, porque cegos, arrogantes e insensíveis, não se importam de matar ucranianos e europeus, ou fazê-los sofrer economicamente, só para afectarem a Rússia, com pacotes e mais pacotes de sanções (a par dos USA, outro quase viciado nessa "cobardia") que em grande parte têm contribuído para a falência e o encerramento de tanta empresa europeia que vivia do comércio com a Rússia, recusando-se a admitir humildemente que estão numa batalha já perdida, mesmo que utilizando cada vez mais militares da NATO no terreno, como se está a verificar cada vez mais?

Semi-cegos no seu ódio à Rússia, conduzindo muitos cegos, "amilhazados" e avençados, até onde irão desgraçar a Europa, e sobretudo o que resta dos milhares e milhares de  ucranianos sacrificados à megalomania banderita anti-russa dos extremistas de Kiev,  ao império de Joe Biden e da NATO e à oligarquia globalista infrahumanista, da qual Ursula, Macron, Starmer, Scholz-Merz são peões avençados na sua oposição ao BRICS e em especial à  Rússia, e à Humanidade multipolar, livre da hegemonia opressiva oligárquica, fraterna e sábia que Terra e a Divindade desejam? 

Oiçamos então dois sábios Dimitri Peskov e Emmanuel Todd.

MOSCOU, 22 de maio. /TASS/. "Ao impor tarifas alfandegárias elevadas aos fertilizantes russos de qualidade superior e de baixo custo, a Europa está apenas a prejudicar-se a si própria", disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

“Como resultado, a União Europeia terá de comprar fertilizantes azotados mais caros e de menor qualidade noutros locais, substituindo os nossos fertilizantes, incluindo os fertilizantes azotados, que são da mais alta qualidade. A procura de fertilizantes azotados em todo o mundo, noutras zonas, é igualmente elevada. pelo que penso que os mercados das zonas não europeias compensarão a diminuição das nossas vendas na Europa que o aumento tarifas causará. Como de costume, os europeus continuam a dar tiros nos pés”, observou.

                                                             

Em 15 de maio, o Comité do Parlamento Europeu apoiou a proposta de aumento dos direitos de importação sobre uma vasta gama de produtos agrícolas e alguns tipos de fertilizantes originários ou exportados da Rússia e da Bielorrússia. A proposta estipula o aumento gradual dos direitos aduaneiros sobre os fertilizantes russos ao longo de vários anos. Estes preços tarifários tornar-se-ão efetivamente proibitivos. A votação final teve lugar hoje, 22,  com o Parlamento Europeu a aprovar oficialmente o plano.

Nestes últimos tempos o apoio norte-americano da nova Administração diminui, mas não a pedinchice do ditador de Kiev nem a ferocidade anti-russa de Ursula, Kallas, Costa e dos que na sombra os influenciam ou determinam.

Emmanuel Todd (n. 6. V.1951) licenciou-se no Instituto de Estudos Políticos de Paris e obteve um doutoramento em História no Trinity College,  de Cambridge. Previu o fim da União Soviética no seu livro de 1976, The Final Fall. Desde 1984, foi chefe da biblioteca do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED) em Paris e em 2017 concluiu aí a sua carreira de investigador.

GENEBRA, 22 de maio. /TASS/. «O debate sobre a criação da “coligação dos dispostos”, que prevê o envio de formações de combate europeias para a Ucrânia, é sintomático das aspirações suicidas europeias, afirmou o historiador e sociólogo francês Emmanuel Todd numa entrevista à revista suíça Die Weltwoche.
“Vejo isto como uma aspiração suicida”, disse o historiador, respondendo a uma pergunta sobre a forma como interpreta a iniciativa europeia de formar a ‘coligação dos dispostos’. De acordo com as suas avaliações, tendências suicidas semelhantes são observadas nas medidas anti-russas “que mais prejudicam a Europa”. O perito afirma que a aspiração dos países europeus a prescindir do gás russo é igualmente suicida. “Estamos a lidar aqui com a doença das camadas superiores da sociedade [totalmente indiferentes ao bem do cidadão comum e blindados nos seus privilégios e se for preciso bunkers]”, observou Todd.                              
Em 27 de março, realizou-se em Paris uma cimeira da chamada "Coalition of the Willing", “Coligação dos Dispostos”, onde representantes de cerca de 30 países discutiram potenciais garantias de segurança para Kiev após o fim do conflito ucraniano. Um dos principais tópicos foi o possível envio de um contingente militar para o território ucraniano. Os Estados Unidos, nomeadamente, não participaram nesta cimeira. No entanto, há informações que sugerem que vários países estão dispostos a participar numa suposta missão de manutenção da paz na Ucrânia, desde que tenham o apoio de Washington.
Os doentes e cocainómanos que nos desgovernam. "Coligação dos dispostos" ou antes dos vencidos, frustrados, semi-envergonhados pela triste figura que têm feito? E eram estes rapazolas que queriam que a Rússia aceitasse um cessar fogo incondicional de 30 dias, e que mestre Putin fosse agora dialogar com o  irascível e ainda convencido Zelensly?

O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, (n. 21-3-50) declarou em 12 de março que a presença de tropas da NATO em solo ucraniano, independentemente da sua bandeira ou mandato, constitui uma ameaça para a Rússia. Sublinhou que Moscovo não toleraria esta situação em circunstância alguma.»

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Um soneto ao Sol Divino e aos seus efeitos benéficos em nós. De 13.11.2018.


Sol Divino, vida e esplendor nosso!
Na manhã que se ergue renovada por ti,
também eu venho oferecer-te o coração
em aspiração de profunda comunhão.

A tua pulsação manifesta-se no meu coração
fazendo-o exclamar: meu Deus, meu Deus.
Os teus raios fazem erupções na pele e aura,
que rejubilam por receber o teu calor e amor.

Sou uma centelha do Sol Primordial que te gerou,
sinto por detrás e dentro de ti a Divindade,
junto as mãos em oração e curvo-me em adoração.

Deus, mestres, anjos, seres de luz,
eu vos saúdo grato e vos invoco:
Inspirai-nos e acompanhai-nos no novo dia.

Este soneto, escrito ao Sol na manhã do dia 13-11-2018, exprime alguma da sensibilidade e consciência da inter-relação do Sol Divino comigo, connosco.
Gostaria certamente de ver e conhecer melhor as entidades luminosas do Sol, que invoco e a quem me abro.
Possa a Humanidade comungar mais das infinitas partículas de vitalidade, cura, inteligência de amor que do teu Ser se derramam.
Possa o cálice do Graal ser comungado no nosso coração.
Possa o olho espiritual abrir-se ao Teu resplendor.
Possa a alma expandir-se acima das limitações psico-somáticas.
Possa o espírito e essência brilhar e manifestar-se mais e melhor.
Aum, Amen, Hum...

terça-feira, 20 de maio de 2025

Alexander Dugin: O diálogo entre Trump e Putin e o conflito actual no Leste Europeu. With english version...

É bem valioso o comentário do notável filósofo e geo-estratega Alexander Dugin (pai da martirizada Daria Dugina) ao finalmente concretizado (19 de Maio de 2025) telefonema entre Trump e Putin, com a duração de duas horas, certamente bastante clarificadoras para o primeiro, dada a mestria de política internacional de Vladimir Putin, pelo que resolvemos traduzi-lo e partilhá-lo para que mais olhos se abram à verdade e realidade e menos pessoas se conservem na ignorância e russofobia, manipuladas e amilhazadas pela direcção da União Europeia e os meios de comunicação principais.

 "- A União Europeia é um reduto dos globalistas, aqueles que iniciaram a guerra na Ucrânia para infligir uma derrota estratégica à Rússia. Eles são os inimigos ajuramentados do MAGA (Make America great again), e de Trump. Formam uma estrutura unificada com o Partido Democrata dos EUA, parte do Estado Profundo (Deep State) internacional.

A elite liberal da UE e dos EUA imagina-se um Governo Mundial. O seu objetivo atual é forçar os EUA a continuar a lutar contra a Rússia para prejudicar tanto Putin como Trump. Zelensky e a sua Organização Terrorista Internacional (ITO) são a vanguarda deste Governo Mundial.

Na Europa, o Estado Profundo estabeleceu uma ditadura direta, desrespeitando abertamente as suas próprias normas democráticas, visando os euro-trumpistas - AfD, Marine Le Pen, Georgeascu e Simion [dois candidatos presidenciais romenos perseguidos]- e todos os que podem. Ainda não conseguiram derrubar Orbán, Fico, Meloni ou Vučić, mas estão a tentar.

                                        

A conversa entre Putin e Trump ajudará Trump a perceber melhor quem está realmente a lutar na Ucrânia - e contra quem. Isso é fundamental. Os neoconservadores nos EUA fazem parte do Estado profundo globalista. Durante o primeiro mandato de Trump, bloquearam muitas das suas iniciativas, quase todas.

A influência dos neocons é muito mais fraca agora, mas ainda existe, e eles estão desesperadamente a empurrar Trump para a guerra com a Rússia, o apoio aos terroristas de Zelensky e novas sanções. Os neoconservadores são a ferramenta dos globalistas para controlar parcialmente Trump.
A conversa Trump-Putin é um passo crucial para clarificar a situação real - para Trump. Putin já a compreende perfeitamente e está delicadamente a ajudar Trump a vê-la também. Isto leva o Deep State ou Estado profundo
sombra, a entrar num estado de raiva. Tal é o tango das grandes potências.
O que é a paz na Ucrânia, para Trump? Significa os EUA não participarem nesta guerra e eliminarem a ameaça de uma escalada nuclear. E isso é fácil de conseguir. Os EUA podem declarar unilateralmente a paz e retirar-se. A escalada terminará. Sim, é assim tão simples.»


                                         

Original english translation in the site "Alexander Dugin substack":

 «The EU is a stronghold of globalists, those who started the war in Ukraine to inflict a strategic defeat on Russia. They are the sworn enemies of MAGA and Trump. They form a unified structure with the US Democratic Party, part of the international Deep State.
EU and US liberal elite which fancies itself a World Government. Their current goal is to force the US to continue fighting Russia to harm both Putin and Trump. Zelensky and his International Terrorist Organization (ITO) are the vanguard of this World Government.
In Europe, the Deep State has established a direct dictatorship, openly flouting its own democratic norms by targeting Euro-Trumpists—AfD, Marine Le Pen, Georgeascu, Simion—everyone they can. They haven’t yet managed to take down Orbán, Fico, Meloni, or Vučić, but they’re trying.
The Putin-Trump conversation helps Trump better understand who is really fighting whom in Ukraine—and against whom. This is key. Neocons in the U.S. are part of the globalist Deep State. During Trump’s first term, they blocked many of his initiatives, nearly all of them.
The influence of neocons is much weaker now, but it still exists, and they’re desperately pushing Trump toward war with Russia, support for Zelenskyy’s terrorists, and new sanctions. Neocons are the globalists’ tool for partially controlling Trump.
The Trump-Putin talk is a crucial step in clarifying the real situation—for Trump. Putin already understands it perfectly and is delicately helping Trump see it too. This drives the Deep State into a rage. Such is the tango of great powers.
What is peace in Ukraine for Trump? It means the U.S.A.  not participating in this war and eliminating the threat of nuclear escalation. And this is easy to achieve. The U.S. can unilaterally declare peace and withdraw. The escalation will end. Yes, it’s that simple.»

Let us keep always burning in our heart the flame of the eschatologial optimism, kindled by Daria Dugina, now alive only in the spiritual realms and in our souls...

Mantenhamos sempre acesa no nosso coração a chama do optimismo escatológico transmitida por Daria Dugina, agora viva nos reinos espirituais, nos seus livros e nossas almas. Luz e Amor divinos nela!

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Desiderius Erasmus, master of Europe but not of the European Union direction. Some of his perennial views and teachings.

                                    

 In these times of so great batle for the manipulation and control of Mankind by some groups and ideologies, it is worth to reflect or ponder on some aspect of  the path of life and teachings of Erasmus. Anthropologically, Erasmus sees the human being as triune: animal body, human soul, divine spirit, and it is in their fruitful balance that results either our advance or not towards the fulfilment of our mission in life and towards the highest good in general, called joy, or love, connection or union with God, salvation, liberation....

The human being in general seeks happiness, but the body wants it in its own instinctual ways, the soul goes through its affections and passions, the mind thinks and questions rationally, but it is the discernment coming from the spark of the spirit, obtained either through intelligence or intuition gained in prayer and meditation, that he can  coordinate and orientate
better the different levels of being through the exertion of the will and stabilization of psyche. 

This is why we need constantly to apply the will over the circunstances (fiat voluntas Tua) and study and work on our self-examination and intelligence so that we are not mislead by our own limitations neither manipulated and deceived by so many unethical and corrupt people, in order that Wisdom can grow in our individuation, allowing us to discern and implement the most correct and fruitful responses to life's interrelationships and challenges, and so connect more with the spirit, and the unified field of the divine anima mundi.
Human beings are not born men or women, but are made, grow and develop, particularly in terms of sensitivity, abilities, virtues, inner light, self-awareness and individuality. Underlying life is there an art of overcoming and harmonising obstacles and resistances, tendencies and weaknesses, extracting the beauty, truth and values from all the trials and difficulties, either in the instinticve, afective or intelectual levels.
 Saint Ignatius of Loyola told his disciples, the first Jesuits, not to read Erasmus because it chilled the faith. In our days the European Union forbids many channel of information from Russia to be read or seen. But the fact is that we can not hide all the time the truth, and Desiderius Erasmus was such a cultured person, and knew so much about the message of Jesus or, as he called it, the philosophia christi, as well as the heresies and differences of ideas that occurred throughout the centuries of Christianity, that anyone who read him would certainly increase the reason or Logos in themselves, because when confronted with so many versions he would naturally have to exercise the discernment and generate a personal gnosis, all the more so because Erasmus' erudite rational lucidity and search for the truth was so great that something of it was passed on to those who read  and study him with love or more perseverance. 

When I read or meditate on him, I subtly feel something of communion with the lucid and demystifying forces of the author of the Praise of Folly, the Adagia and the Colloquies. The problem is that within institutions and particulary in the Catholic Church and its narratives, doctrines and history, we are confronted with some imaginations or even nonsense that we can begin to question what even Erasmus seemed to admit, but which with our more informed rationalism as citizens of the 21st century, no longer constrained by the long unanimous tradition of the Church, perhaps still venerated in certain cases too much by Erasmus, we more naturally doubt or question. However, I won't go into these aspects now and that will be for another text.
At the time, the Church's theology and dogma controlled education, science, reason and politics in Europe. It was the Renaissance and the Reformation that dealt the first major blows to the monopoly of education and worldview, which had in its base the old Judeo-Christian one, in some aspectos so patriarchal and violent, and which was still burdened with the fanaticism of inquisitors and censors who dared to kill geniuses like Giordano Bruno, Michael Servetus, Friar Valentine of the Light, or to imprison Pico della Mirandola and Damião de Goes, or to censor thousands of others.
Erasmus in his path was attacked a lot, especially after he dared to publish a new translation of the New Testament in 1515, by some of the more reactionary Dominicans, such as the Castilian Zúñiga, and Cardinal Girolamo Aleandro, but since his wisdom and lucidity were immense and he knew how to defend himself well, they had to keep quiet, even on papal orders, since it was to Erasmus that Popes Leo X, Adrian VI and Clement VIII turned with the request that he confront Luther and unmask him. Erasmus waited, because there were aspects of the Reformation that were valid and necessary, and it was only when Luther and the reformers went into more violence and radical oppression of Christian forms of worship, that in 1524 he challenged him. Of course Luther didn't like it at all and replied, and the polemic stirred up Christendom, although Erasmus wrote above all in philosophically and ethically levels and in the field of free will, which Luther, in an exaggerated reliance on faith in the God of the Scriptures as salvific, considered non-existent in human beings, since their salvation was already predestined or not by divine grace alone, with human individuality and freedom counting for little or nothing.
For Erasmus, it was different: every human being has to make himself, has to save himself by his actions, thoughts and feelings and this salvation is the construction of the divine temple or a grail that is receptive in each person's heart and where the divine spirit must descend and fill us with light, love and wisdom, which are then shared in community, in prayers, in efforts and creations, and above all in common sense and love for our neighbour, family, humanity and the common good.
Let us in our days of so many and superficial information know how to commune with  Erasmus and the others who raised and filled the cup of the Holy Grail of the currents of Divine Love and Wisdom and  pour or emanate them for a harmonious, free and multipolar Humanity, which today as in the past is always threatened by those who want to control it, manipulate it and infrahumanise it.  Lux Dei.

sábado, 17 de maio de 2025

Fernando Pessoa, Agostinho da Silva e Moitinho da Almeida. Apontamento dum diário de 1987.

 

Na segunda metade da década de oitenta trabalhei bastante os papéis ou fragmentos inéditos de Fernando Pessoa, do seu espólio na Biblioteca Nacional, sobretudo nas facetas filosóficas, éticas, ocultistas, religiosas, quinto-imperiais e espirituais, e convivi não só com pessoas que o decifravam ou estudavam como algumas que o tinham conhecido, registando em sucessivos diários conversas, informações, vivências, compreensões, visões. 

                        

Trabalhando agora em busca de referências ao Afonso Cautela nos diários,  para o seu In-Memoriam, eis um pequeno apontamento, escrito à noite  e à pressa, de Outubro de 1987, quando eu ainda não publicara qualquer livro de inéditos de Fernando Pessoa, mas conhecia já há anos Agostinho da Silva e recentemente Luís Pedro Moitinho de Almeida, tendo este convivido pessoalmente relativamente bem  Fernando Pessoa, pois era o filho de um dos seus patrões, ao contrário de Agostinho de Silva que o vira uma só vez, embora estudasse depois bem a sua obra então editada, e escrevesse Um Fernando Pessoa. Onde foi esta conferência não ficou assinalado no curto resumo do que se passara:

«Dr. Moutinho de Almeida acaba por vir trazer-me a casa após a conferência de Agostinho da Silva sobre Álvaro de Campos... Falou muito bem. Discurso óptimo, fluido, se bem que em dois momentos o desenvolvimento que fez tornou o conteúdo inverso do que estava a desenvolver. Pelo que foi obrigado a começar a criticar o que antes valorizava, embora o tenha feito com um certo forçar.

[Agostinho da Silva] Fala para transmitir a mensagem de amarmos a vida, de fazermos as coisas, de nos realizarmos ou cumprirmos. Valorizou a descentralização dos primeiros tempos de Portugal, com o Rei a ir aqui e acolá e o comunitarismo económico [como a base social]. E o que os portugueses analfabetos levaram [na sua expansão mundial] foi a língua portuguesa e [por exemplo, deixaram] quatrocentas palavras no [léxico do] Japão.

Ricardo Reis foi até ao Brasil porque estava farto de Grécia e de Roma. Acha que é a Costa do Pacífico que será o futuro.

Que a crise hepática [que teria causado a morte de Fernando Pessoa] é só de quem passa fome. [Mas já] Moutinho de Almeida não sabe bem se será [assim] ou não. Mas acha que Fernando Pessoa passou fome, porque andava sempre teso e porque bebia um pouco. E também que era natural não se casar por não a [sua namorada duas vezes, Ofélia Queiroz] poder sustentar.» 

 Eis a transcrição dum curto extracto do diário, homenageando estas três almas nossas amigas que, passadas pela porta estreita e onde quer que estejam agora, são certamente espíritos luminosos e lúcidos, pois todas indagaram e escreveram sobre os mistérios da existência e do espírito, da Verdade e da Divindade e amaram Portugal e a Humanidade multipolar, criativa e fraterna.

                               

 Muita luz e amor neles e que inspirem os, tão sujeitos a manipulações, cidadãos  portugueses, sempre a votar (hoje dia 18) mas com que falta de estudo e conhecimento, e discernimento do Bem comum, por parte dos eleitores e dos eleitos.  Lux Dei!   

sexta-feira, 16 de maio de 2025

La gnose du coeur. Escrito em francês, nas faldas do Marão, na quinta da Dalila Pereira da Costa no Douro, há anos

Sur le convent de mon coeur, ou les émotions et les pensées s'évanouissent un peu pendant que je medite, j'aimerai qu'il y aurait le Feu Divin plus intensément et en permanence, car au fond c'est c'a le travail le plus important, le travail de tous les jours et pour toute l'éternité...

Au-delá même des travaux, des écrits, des conférences et des personnes connus, il y a toujours un profond désir de totalité, d'amour...

Ou est-ce qu'on trouve cette possibilité de unification totale de l'être?

En nous? Avec les autres? Nature, être humain, Ange, le Dieux, la Déesee, la Divinité?

On ressent dans l'extase de la relation sexuelle quelques moments de grande felicité, mais a peine on pourra dire que les frontiéres se sont évanouis, que les deux devienent un...

Certes, au-delá de la rélation sexuelle il ya toute la rélation de amour du quotidien et la possibilité de marcher avec quelqu'un qu'on se sent bien, qu'on a des affinités, avec qui qu'on develope ou aprofondisse certains subjects ou travaux ensemble, avec qui on est en amour.

Mais c'est pas si facile: sensibilité, age, style de vie, façon de se habiller, culture, alimentation, ideologies, ideaux, tout ça peut deranger l'osmose de un plus un, et avec les autres voyant les deux, qui sont ou non en harmonie, en amour.

Alors comment faire, seul ou a deux, pour que le feu de la plenitude soît de plus en plus allumé, rayonant, lié même aux currents spirituelles et a la Source Divine?

Comment ne pas se demissioner par des actes et omissions, et ne devenir la proie des consequences funestes de l'assombrissement des vibrations satviques, ou lumineuses-harmonieuses, que devraient vaincre les obstacules et forces opposés?

- Ne te laisse emporter par les distractions et les paresses. Medite plus, reste sobre, travaille bien conscient, soît en feu, brule, allume plus ton coeur dans la dévotion et abnégation, et que ta voix et ton aura soient lumineuses, chalereuses, benéfiques.

Vaincs les inerties et les manques de force, donne a tout ce que tu fais le dynamisme nécessaire a parvenir au équilibre lumineux, au  dépassement ou transcendance des dualités d'atraction-repulsion, plaisir-douleur, maintenant-demain, acquis-acquérir... 
 
Lâcher prise: soit confiant et en paix en toi même, par toi même, avec ton être intime, ton esprit, en ouverture verticale aux mondes et êtres spirituelles ou même a la Divinité, et vit chaque moment, entièrement, pleinement dans le present, avec toi, avec l'autre, dans la verité, la justice, la paix, l'amour, la courage, l'unité de la Providence Divine, le Dharma.

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Um poema aos subtis Anjos: nestes tempos de tanto mal e sofrimento que nos inspiremos com eles...

Anjo, habitante etérico das noites de Natal,
pairando nos céus, nos tectos das igrejas
ou nos mais devotos como íntimo anjo da Guarda,
que poderei  saber eu mais da tua alegria e existência
senão que aspiro a unir-me à tua essência
e a intensificar tanto o Amor que tal se torne real?

Anjo diáfano, misterioso e subtil,
que por vezes te deixas ver na Natureza,
ou mesmo mais divinamente no olho espiritual,
como te poderemos identificar melhor:
És o nosso próprio Espírito,
o espírito que sopra quando quer
e vem de onde não se sabe,
ou és mesmo o companheiro celestial
que nos acompanha na nossa missão
e no perigo, quando podes, pões a mão?

Sorrio, confiante e avanço dia e noite,
acção e perigo, sonho e meditação,
lembrando-me de vós com frequência,
     ó Anjo da guarda, ó Anjos, subtis companheiros,
dardejando o meu Amor para Deus,
e desejando na  tão dilacerada Humanidade
que a vossa desvendação e influência
possa afastar os maus, proteger os inocentes,
e abrir-nos mais o coração ao Bem e à Divindade.

Criança, provavelmente da Palestina, invocando e dançando com os Anjos da Paz e Fraternidade...

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Um poema aos mártires e sufis de Bagdad e a Mohammad Abdur Rashid Barahona, por Dara Mota, 2003.

Em Março de 2003, movidos pela ganância das riquezas petrolíferas do Iraque e apoiados por alguns dos seus rivais, sob o falso pretexto de que tinham armas nucleares, uma coligação de estados ocidentais liderados pelos norte-americanos e britânicos bombardearam incansavelmente, mataram cerca de 150.00 pessoas e feriram, traumatizaram e envenenaram muitas mais, destruindo os principais centros do Iraque e em especial a cidade de Bagdad, mítica desde os contos das Mil e Uma Noites e as vidas dos santos e mestres sufis...

Vivendo então no Vale da Figueira, perto das termas do Agroal, Tomar, com a Maria, fazendo agricultura e vinha biológica, escrita e meditação, sem internet nem televisão, escrevi várias páginas e alguns poemas. E agora nestes tempos de novas mentiras e imperialismos ocidentais e sionistas assassinos ou mesmo genocidas, andando em busca nos meus diários escritos de referências ao querido amigo Afonso Cautela, para o seu In-Memoriam, encontrei algumas dessas páginas ou folhas de empatia e de indignação. A que transcrevo é um poema dirigido aos mártires e sufis, os místicos do Islão, tanto shia ou xiita como sunita, e ao António Barahona que então lançara um poema numa folha volante, insurgindo-se contra a profanidade e criminalidade norte-americana.

O poeta sufi, e amigo, António Barahona recebera o seu nome iniciático de Muhammad Abdur Rashid, com que assinou por vezes suas criações, e eu utilizei o Dara Mota, em homenagem a Dara Shikoh (1615-1659), o místico sufi e intereligioso que desde há muito gosto ou amo e a quem dediquei alguns textos, traduções e vídeos no Youtube. 

Mian Mir, Mulla Shah e Dara Shikoh, numa pintura mogol do séc. XVII, hoje no Victoria and Albert Museum, Londres.

Dara Shikoh, fora iniciado por dois mestres, Mian Mir e depois pelo seu discípulo e sucessor Mulla Shah, da ordem Qadiriyya ou, como eu traduzi, Kadirica, que foi muito importante na Índia, Paquistão, Iraque (Bagdad) e no Irão, pois gerou ou inspirou valiosos místicos na continuidade de uma linhagem ou silsila viva ainda hoje, e que remonta ao famoso Ali, o 1º Imam dos Xiitas, casado com al-Zahra Fatimah, a filha do Profeta.

 O poema refere ainda o famoso Mevlana Rumi (1207-1273) e o seu mestre Sham de Tabriz, pois li-o, peregrinei ao seu mausoléu em Konya, Turquia e senti bem a elevada espiritualidade e amor que realizaram, o que transparece bem na sua vasta obra poética, Diwan, infelizmente em geral mal traduzida do persa nos meios ocidentais. 

O túmulo de Mevlana, em Konya, Turquia, alto templo do amor.

Eis o poema então bastante sentido e de coração, datado mas perene tanto pelas destruições e ameaças que o imperialismo ocidental e sionista ainda causa no mundo como pelo valor eterno da realização  mística de alguns destes seres do Oriente sagrado.


Bagdad Kadirica, Bagdad milenária,
cidade mítica de ouro, prata e jóias,
tens agora os teus jardins regados de sangue
e os céus límpidos toldados de fumo e bombas.

Ó comunhão sufi e cristã,
ó pontes entre o Eufrates e o Tejo,
dificilmente construídas ao longo dos séculos,
como se atrevem eles a profanar-vos?

Convocam-se os espíritos mais luminosos
as mesquitas e os santuários acessos,
 irradiem luzes e orações santas,
vem juntar o teu coração, ó irmão.

Ó Mohamed Al Rashid Barahona,
epifania sufi na finisterra Lusa,
crê que os antigos cavaleiros e iniciados
estão ao lado dos mártires de Bagdad.

A vida é curta e rápida,
caravana que atravessa o deserto.
Funde-te no Todo Poderoso
ó Quadiri, ó Irmão,
Assim te diz Dara Mota.

Os disparos assassinos e brutais
retalham o corpo inteiro da humanidade.
Todos estamos a ser atacados,
todos estamos a ser derrotados.

Mas no fim, o vencido criminoso
será o aparente vencedor:
Bush e a mafia que o rodeia,
Blair, o criminoso e colérico inglês
e todos os que se vendem ao imperialismo,
ao dólar, consumismo e hubris americana.

Restam-nos os mundos espirituais e divinos,
onde assassinos, mentirosos e manipulados não entram,
ò Kadir, ò Rashid, ò Shem Tabrizi, ò Rumi, assim o diz Dara.