terça-feira, 16 de abril de 2019

Vinte e dois Aforismos da Verdade, no rescaldo do incêndio da Notre Dame, de Paris. 2019.

                                   
1 - Quem gosta de investigar a Verdade tem muito por onde a procurar, tanto no exterior como no interior, até a ir sentindo, vendo ou realizando.
2 - A Verdade tem muitas faces, encontramo-la constantemente semi-oculta, desvalorizada, mascarada, e habituamo-nos a não estarmos plenamente em sintonia de busca nela, tal a desinformação e manipulação que reina em muitas das suas facetas.
3 - Uma das grandes tragédias dos nossos dias é vivermos semi-hipnotizados numa mediania de visão e de tensão de busca da verdade e de autenticidade.
4 - Também contribui para este esfarelar do bolo-rei biológico e nutritivo da Verdade a muita oferta de qualidade duvidosa, a muita propaganda falsa ou inconsequente, que fazem com que as pessoas aceitem semi-derrotadas várias distracções e alienações, patranhas e semi-verdades que os meios de informação e as relações sociais lhes servem diariamente.
5 - Vivemos assim rodeados de muita informação duvidosa e inútil, seja pela net, seja pelos meios de comunicação social, seja pelos livros que vamos lendo.
6 - Sabermos reconhecer uma oportunidade de busca mais intensa da verdade, que é também amor e unidade é então um objectivo a termos presente e a não desperdiçarmos.
7 - O povo japonês criou esse provérbio ichi-go ichi-e, referindo-se a algo de extraordinário e único, que subitamente está diante de nós.
8 - O povo tibetano criou divindades com mil olhos, pois que habituado às montanhas e seus perigos e demónios, precisava de ver bem.
9 - Peregrinos das montanhas e veredas milenárias afirmaram esse caminhar com mil olhos nos pés, ou então descobriram o balancear das pernas em ritmos mântricos num peregrinare iluminante, por vezes mesmo de braços abertos, per-agri, pelos campos, ou mesmo pelas ruas nocturnas desertas das cidades, então por nós cruzadas e dardejadas.
10 - A procura da verdade é um rasgar do peito para que a nossa essência se exprima e não esteja a ser sempre abafada pelos outros, ou pelas más notícias e as maldades e violências políticas.
11 - A intensidade de nascimentos e mortes a cada segundo que passa interroga-nos fortemente: E tu, que fazes? Crias ou matas-te?
12 - A procura da verdade exige todo o nosso ser: corpo, alma e espírito, pelo que não podemos ser preguiçosos nem desanimar e se caímos ou nos cansamos muitas vezes, de novo devemos retomar a verticalidade, a atenção penetrante e a aspiração amorosa da verdade.
13- O que é verdade, a tua verdade? É sermos plenamente, totalmente, sinceramente, das raízes dos pés até às mil pétalas da cabeça, centrados num sistema energético de espiral adaptativa e responsiva justa.
14 - A verdade em ti é a tua essência, que habita no teu peito e que tu só raramente sentes, sondas, meditas.
15 - As vias para a verdade foram sempre o amor e a dor, a sabedoria e a ignorância, a dádiva e o egoísmo, a inspiração e a expiração, a acção e a contemplação e neste equilibrar ou mesmo unificar dos opostos está a arte criativa verdadeira, conducente à verdade, ou manifestar a verdade.
16 - Sabermos harmonizar a nossa verdade com as verdades dos outros exige tanto sabermos atrair e repelir, dar e recusar, admirar e criticar, unindo o sentimento e o pensamento, a acção e a intenção à luz da Unidade do melhor bem, da maior verdade, do mais verdadeiro amor.
17 - Perante as infinitas e tantas vezes conflituosas visões da verdade das pessoas e do mundo, segue sempre a que te parece mais justa, a que sentes mais amorosa, a que intuis ser mais verdadeira, mas dialoga com os outros, consulta o travesseiro dos sonhos, invoca e medita com os inspiradores e musas, mestres e os Anjos.
18 - Aspira a que verdade mais completa e divina esteja cada vez mais na tua percepção e vivência da Verdade.
19 - A comunhão com a Verdade é a essência da meditação, simples, directa, no coração.
20 - Satsanga se chamou na Índia à companhia ou grupo (sanga) da verdade (sat), ou seja, aos momentos em que uma pessoa se consorcia mais plenamente com a busca da verdade pelo diálogo, a fala, a escrita.
21 - A Verdade pede-nos tanto humildade como coragem, submissão como rebelião, adoração como unificação, e muita paciência, silêncio e meditação.
22- Possa a Verdade ser mais discernida, acolhida, vivida, cosntruída, descoberta, partilhada, realizada, contemplada por nós.

Estes vinte e dois Aforismos da Verdade foram sentidos e escritos no rescaldo do incêndio da Notre Dame, de Paris, entre as 21 e as 22 horas do dia 16 de Abril de 2019, num dia passado sem picar as páginas online que costumo consultar da Rt.com, BBC e Press TV,  por Pedro Teixeira da Mota, em Lisboa, e oferecidos à satsanga das amigas e amigos da Verdade...

5 comentários:

Ana disse...

Após a tragédia que ainda não aceitei que bem me fez ler o seu texto, grata.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Muitas graças, Ana.
Sim, uma tragédia, da qual desde ontem nada mais quis saber... Mas que de algum modo, em certo nível, se transmutou em chama de Amor e de aspiração à Verdade, tal como a Ana sentiu...

Paula Soveral disse...

Pedro, Grata por esta maravilhosa inspiração!

António Prata disse...

Grato pela tua atenção e pulsar sobre o correr dos dias...

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças, Paula e António, pela vossa sintonia e apreciação. Que saibamos invocar e viver mais a Verdade, luminosamente, amorosamente...