Questionarmos constantemente os entendimentos aceites sobre o Amor é importante, pois pouca gente realmente o conhece mesmo e, frequentemente, ao contrário do que se pensa, a sexualidade e a sensualidade intensificadas podem até diminuir o estado de amor geral e harmonioso, pois tal intensificação do desejo e do prazer, ao ser focada sobretudo no instinto e necessidade sexual, que pode satisfazer-se pelos mais diversos modos, alguns dos quais menos harmoniosos ou mais superficiais, pode diminuir o estado de amor geral.
Para além da componente de afinidade psíquica e afectiva que nos leva a gostar mais de alguém, certamente a força comunicativa ou emissiva sexual é em grande parte a responsável pelo ser humano sentir mais amor, como desejo e força unitiva, com outro ser, nem que seja apenas para descarregar tal excesso energético ou desejo, ou então suprir a sua contrapartida de carência...
No seu estado de excitação tal força caminha para a entrega e a unidade. Mas pode-o fazer violentamente, quase sem amor, em formas e modos opressivos ou negativos e não de sensibilidade recíproca, amor, dádiva, ocasionando frequentemente tragédias...
Passarmos pois de momentos de prazer nascidos do desejo intensificado e saciado para estados mais permanentes de satisfação, na aceitação plena do outro e de nós, cultivando-se a paz e a felicidade simples, abandonando ou controlando-se o amor fácil e imediato, quase só sexual e sentindo-o em todo o corpo, alma e espírito, é algo que exige um certo recuo sobre a involuntariedade e instintividade do desejo, ainda que não se tenha que renunciar seja à sensualidade seja à sexualidade.
Com efeito, o desejo naturalmente dissolve-se na sua satisfação física mas deve gerar o amor sentido pela beleza e riqueza complementar do outro, deve ser alargado, elevado (e convirá sentir-se tal...) ao conjunto maior, que são dois seres em processo evolutivo(e nas suas dimensões visíveis e invisíveis), ou mesmo uma família já, e portanto numa consciência visão já não só limitada ao indivíduo e o presente prazentoso mas também ao amanhã e ao futuro...
Esta capacidade de um ser sentir o amor e a felicidade individual aumentarem ou melhorarem, quando passa para o amor entre dois e que nessa relação de complementaridade amorosa se pode ser bem mais criativo, dinâmico e feliz, e até meditativamente chegar-se aos níveis primordiais ou arquétipos da manifestação, tal o das míticas ou reais almas-gémeas, e o da Fonte Divina, é frutífera de ser meditada e trabalhada.
Será então importante ensinar-se nas escolas e na educação a não se limitar o amor à base egóica e sexual, reprodutivo ou de simples prazer, mas expandi-lo para acolher-se o amor como estado de fruição criativa entre dois seres, na enriquecedora transparência e sinceridade da comunhão de seres dotados não só de corpos mas também de almas e espíritos, com os seus chacras e auras, o qual abrange o devir histórico e evolutivo de ambos, quem sabe com que perenidade, e no qual se deseja o máximo de evolução espiritual para ambos e os outros e se tenta aprofundar os mistérios da Humanidade e da própria essência do Amor.
O Amor, na sua dimensão energética, pode ser visto ainda como a fluidez entre o desejo-potencial e a sua realização, ora material-corporal, ora nos corpo subtis e suas ondas e partículas, em psicomorfias com a Natureza, ora ideal, sublimada e espiritual, com os seus circuitos de vitalização e ciclos, e que exige a constante aspiração a se estar nele e de se o manifestar verdadeiro, provindo do ser íntimo e da Fonte Divina e não de uma sua parte superficial ou interesseira, frustrada ou manipulada. Neste sentido o Amor é um fogo libertador.
O Amor nos seus estados psico-espirituais mais conseguidos é um estado de graça, ou seja, a partir do que vivemos e queremos viver qualitativamente, o espírito divino em nós associa-se e faz-nos sentir o Amor, ora universal, ora individual, ora para com a Divindade, todos estes níveis de amor devendo ser cultivados, orados e invocados com regularidade na meditação e depois bem manifestados.
No amor individual a outrem, quando a vivência sexual surge mais forte, sob pena de sermos levados na inundação amoroso-sexual e nela nos deixarmos absorver demasiado e logo limitar e diminuir, devemos lembrar-nos dos outros dois níveis e invocá-los, senti-los, orá-los, seja o do corpo tanto social como místico da Humanidade, nomeadamente os que já partiram, seja o da aspiração concentrada e amorosa para Deus no nosso íntimo.
O Amor pode ser visto então como o estado, talvez até primordial, de felicidade e harmonia com a Vida, ou ainda de unidade com alguém ou algo em especial (e primordialmente seria tanto a Divindade como a alma-gémea), o qual irradia ou parte do interior, do eu espiritual e é sentido seja dando-nos asas, seja irradiando do peito, ora como fogo solar todo poderoso, ora mais doce e beatífico, ora como pura alegria e gratidão, ou mesmo grande expansão dimensional, podendo ser ainda visto, em especial no no chakra do coração, como filigranas rosadas douradas, ou em emanações na cor própria de cada um.
Podem-se sempre destacar alguns dos níveis da manifestação da energia do Amor, que é também a da atracção da unidade, no ser humano, tais como a acção e movimento, a sexualidade e a união sexual, a alimentação, a afectividade, a estética, a palavra e escrita, a indagação e comunicação dialogante, o empenhamento justo, a irradiação mental e a unidade dinâmica e interactiva da vida no Cosmos e, finalmente a contemplação e adoração celestial e divina. Cada ser deve desenvolver e equilibrar estes vários níveis e controlar os excessos de qualquer um, seguindo-se a regra pitagórica: nada em excesso.
Assim o sexo e a sensualidade devem ter certo papel, tal como o prazer alimentar, mas mais valor psico-espiritual e histórico têm o afectivo de gostarmos e querermos ajudar seres e causas, o uso criativo da palavra e dos ouvidos, orarmos e visualizarmos, estarmos abertos e procurarmos interiormente estarmos mais consciente e logo mais unidos ao Espírito e ao Ser Divino...
O Amor pode então desvendar-se como o estado de harmonia das pessoas e seres, que nos leva a darmos graças pela inserção participativa desejada, merecida ou aspirada no subcampo unificado de energia que nos rodeia e nos seus diferentes níveis consciencializados e dinamizados, desde o terreno ao espiritual.
Para estarmos e nos sentirmos mais em Amor é então conveniente meditarmos, pois é em tais momentos que permitimos e consciencializamos a circulação energética e global entre os nossos diversos níveis, e que se clarifica a compreensão de quem somos e o que fazemos, e como há bem e mal relativos em nós e no ambiente e, logo, se pode causar ou intensificar a revivificação e visão do Amor, tanto como fogo solar, brotando do espírito em nós, como emanação da felicidade ou beatitude da presença divina, e que é activado ainda ao sermos dinâmicos no mundo, correctamente, divinamente.
Como está o Amor em mim, como o posso despertar, melhorar ou intensificar, ou com ele alinhar-me, eis uma boa pergunta para auscultarmos, meditarmos e reactivarmos com regularidade ou constância...
* Seres Fiéis do Amor...
** De um livro em gestação sobre o Amor...
*** Iconografia baseada apenas em corações: 1ª minha, 2ª Elizabeth Vahn, 3ª Zurbaran, 4ª Desconhecida, 5ª Bô Yin Râ, 6ª Desconhecida, 7ª Patrizia Giovanna Curcetti, amiga no Face, 8ª muito bela mas desconhecida. Aum... Amor...