domingo, 11 de novembro de 2018

Iconologia, 1º: Iconografia de Santo António. Contributo espiritual e até ecológico. Sua evolução.

                                      
                        Maestro di S. Francesco. séc. XIII. Pinacoteca de Vannucci, Perugia
A iconografia (representação por imagens) tradicional de S. António,  iniciada pouco depois da sua morte, já que em 1232, apenas um ano depois de morrer com 39 anos de idade, já estava canonizado pelo papa Gregório IX (que o conhecera bem), manifesta claramente quanto ele se tornara conhecido e amado em Itália, França e Portugal, e baseia-se nas memórias e nos primeiros escritos ora biográficos ora hagiográficos.
 O primeiro retrato que surge ou que temos é ainda no séc XIII, o do dito "Maestro di S. Francesco" ou de Margaritone d'Arezzo. Seguindo-se, no séc. XIV, o da escola de Giotto e que se encontra na basílica de Pádua, a seguir fotografado sobre um pano verde oriental. Mas não se pode dizer que eram a "verdadeira efígie" dele, mas antes aproximações...






Também no séc. XIV,  em frescos de Giotto e da sua escola, e de outros, vemo-lo  como  um franciscano santo, um companheiro e amigo de S. Francisco de Assis, em geral no gesto de ensinar ou abençoar, no caso do fresco de Giotto vendo clarividentemente o seu mestre S. Francisco de Assis súbita e miraculosamente surgir  abençoadoramente numa das suas aulas do curso de Teologia no convento franciscano de Bolonha, para as quais fora nomeado por ele e pelo Papa graças aos seus dotes e à sua boa formação de base nos Cónegos Regrantes de S. Agostinho, em Coimbra, onde estudara  de 1212 a 1221, só depois passando a Franciscano.
 O século XV, com o aparecimento da tipografia e das xilogravuras, e com o aperfeiçoamento da pintura e do retrato vai ser altamente potencializador de imagens de S. António começando a  surgir tipicamente com o livro e com a mão a abençoar, e só mais tarde com o menino divino numa mão e na outra um livro, lírio ou açucena ou cruz.
Simultaneamente é representado em cenas e milagres da sua vida (65 cenas ou prodígios, em geral, desde 1371, com a redacção por
Arnaldo de Serrano do Liber Miraculorum, entre nós traduzido e publicado como as Florinhas de Santo António de Lisboa.
                                          
Algumas das cenas serão muito trabalhadas, tais como o sermão aos peixes, o abençoar afastando o mal, a doação do pão (dos pobres), não sendo porém frequentes representações da clarividência algo profética e do desdobramento ou ubiquidade que teria vivenciado algumas vezes, tal como vemos nesta imagem:
                           
Há variantes ou pormenores valiosos na iconografia de S. António de Lisboa, de Pádua e da Terra que será instrutivo destacar e
contemplar, e já dentro ou no âmbito de uma iconologia, ou seja, numa tentativa de entrada no logos, ou alma e inteligência espiritual, da imagem-gravura-símbolo desafiante, inspiradora, impulsionadora....
Neste sentido diremos que as mais puras e valiosas representações serão aquelas na qual há apenas a chama do Amor no coração ou peito do místico e santo António (de nascimento, Fernando Martins de Bulhões), ou então já o Menino, assim se simbolizando  o Amor que nele ardia para o mestre Jesus para o Pai Divino, ou seja, o Amor à "criança divina" (o puer eternus) que está em todo o ser.
No fundo, mostra-se a existência nele, no seu coração ou íntimo da alma, da criança pura e divina que está em todo o ser e que é tanto um estado ou modulação consciencial de amor como uma forma de representar a presença Divina latente, o Deus vivo, no ser humano.
Na realidade,  S. António, depois da sua tentativa malograda de ser missionário em Marrocos, realizou, na Itália onde desembarcara em 1221 com outros monges franciscanos, uma forte via purgativa, ascética, purificadora, em especial nos nove meses (1221-122) em que esteve recolhido numa gruta eremitério no Monte Paulo, em Forli, e nessa fase mais ascética o vemos em algumas pinturas e gravuras, lembrando-nos que para se chegar aos tradicionais estados conscienciais iluminativos e unitivos é necessário passar pelos purgativos, purificadores... 
Gravura de livro italiano, reproduzido numa obra de Luís d' Oliveira Guimarães, 1931.
Revelando-se inesperada e forçadamente um notável orador, foi nomeador Pregador da Ordem e depois até director e Mestre de Teologia em Bolonha,  exercendo em simultâneo o studium, o diálogo, o ensino universitário (numa linha menos escolástica e mais espiritual),  a pregação (com sucessos extraordinários, e de 1224 a 1227 na Provença francesa, dos cátaros e albigenses), a oração e a aspiração, bem como o amor a Deus e à salvação da alma dos outros, intensificando assim a chama  ou Presença  Divina nele fortemente, a qual foi reconhecida e manifestada no seu coração e permitiu que não fosse representado tradicionalmente  apenas com a auréola da santidade mas também com o coração ardente ou cheio de Deus, como já antes acentuámos...
Iluminura em pergaminho do Livro de Horas de D. Manuel I. (MNAA). 
 Se considerarmos a divisão tradicional tripla das potências da alma - a vontade, o afecto e o intelecto -, é natural encontrarmos imagens em que tais níveis e capacidades anímicas estão claramente simbolizados,  para ressoarem internamente e estimularem nas almas devotas  o desenvolvimento de tais qualidades.  E assim encontramos o gesto de abençoar (da vontade), o ensinar ou pregar, a  leitura e o livro (do intelecto) e os diálogos e carícias (da afectividade). 
Também o S. António militar, ou protector do povo e exército português, em Portugal (sobretudo  na guerra Peninsular, de 1812-14, contra os invasores franceses, mas recebendo já um soldo desde o rei Filipe II) e no Brasil (contra os Holandeses), o pregador com o livro e a cruz e, finalmente, o Santo António casamenteiro são aplicações da mesma regra, ou outros exemplos dessa tripartição, em vontade, intelecto e coração.
De um modo geral podemos dizer que nas representações mais antigas predominou o S. António simples, isto é asceta, pobre, pregador da pobreza e amor a Deus, ou o crítico das injustiças e dos pecados dos religiosos e leigos e que tenta converter, transformar, comunicar a mensagem do mestre Jesus e sendo por isso representado com um livro.  Só depois surge o S. António místico e prodigioso,  já com o divino Mestre ou menino, ou o espírito santificado, dentro de si brilhando.
Depois, materializando-se ou tornando-se mais visível ou expresso tal nível, vivência e realização espiritual e divina, sucederam-se as  representações de receber o Menino Jesus que descia das nuvens, em geral acompanhado de Anjos, o que se pode interpretar não só literalmente mas também  simbolicamente como  a subtileza, a espiritualidade, a graça de tal dom ou capacidade de ligação aos mundos espirituais.  
Ou ainda, se quisermos interpretar ainda mais anagogicamente, ou seja, mais ascensional ou espiritualmente,  diremos que temos de esforçar-nos por conseguir e merecer um bom grau de oração e ardência mística interior, unificadora das nossas ondas mentais e propiciadora da contemplação e visão interior, para podermos ver ou sentir a Divindade, seja por que forma Ela se queira manifestar tal graça.
Foi representado também com frequência com o Menino sobre o livro religioso, que o santo segura, de acordo com a narração do milagre ou prodígio, seja a meio seja já no fim da sua vida, em Campo Sam Piero, em que teria sido visto em oração e comunhão dialogante com o Menino, tornando-se esta a representação mais comum.
 Mas por fim foi suplantada (a contagem comparativa entre as duas imagens, sobre o livro ou nos seus braços, será naturalmente impossível de se comprovar tantas são as imagens constantemente a serem geradas...)  por aquelas em que o Santo tem mesmo o Menino-Amor (que tem algo de Cupido ou Eros, da tradição grega) nos seus braços, imagem bem mais natural e assimilável.
Estas últimas representações, e que se desenvolverão mais no período  Barroco, permitem um enternecimento bastante grande, pois tanto a criança apela ou brinca com o santo, tanto S. António se debruça, se suaviza e fragiliza no contacto terno com ele. 
Foi certamente ao longo dos séculos um arquétipo (tipo primordial) para muitos pais quando seguravam os filhos nos braços e alma e se deixavam envolver pela aura da pureza e inocência infantil que tanto as crianças como tais imagens do Menino e  S. António sugerem, irradiam, partilham...
Que esta ideia de imagem arquetípica e mesmo susceptível de visão interior ou espiritual estava presente em alguns artistas  podemos nós intuir ou deduzir ainda pelo facto de frequentemente Santo António, além da sua aura ou manifestação do corpo espiritual, ter como fundo um céu de nuvens aberto, donde ele se destaca, recriando-se assim a visão do santo, ou de algo luminoso, no olho espiritual  do devoto e emergindo de entre as nuvens, ou seja, por entre ou sob a forma de ondulações de energias subtis...
Este aspecto não deve ser descurado pois em geral um santo taumaturgo é invocado pela oração sendo a resposta interior, seja pela paz e acalmia que se recebe, seja até pela visão do que se procura, ou mesmo do próprio santo,  seus atributos  ou até das suas partes corporais preservadas, estas com o tempo se erguendo a um certo culto ou veneração que se transmitia ao que nelas era tocado e depois, por exemplo, em santinhos, inserido.
Atributo companheiro de muitas das representações está a açucena ou lírio branco, símbolo do desprendimento, simplicidade e pureza e que todo o ser que procura uma melhor relação com Deus deve cultivar em si.
Aliás o próprio António dos Bulhões num dos seus sermões (Dom. Post Trinit. N) interpretou-os assim: «Os lírios figuram pelo seu alvor, a pureza da alma e do corpo... Representam a pureza e santidade de todo o ser justo...»
De realçar que em algumas representações Nossa Senhora aparece
ao alto das gravuras, donde parte ou vem o menino, como se ela permitisse a S. António usufruir do privilégio que foi o seu de se deliciar com a criança que fora Jesus, ou até com a imanência do espírito divino. Há certamente analogias com a Anunciação do Anjo a Maria, com uma descida divina à Terra.
Uma das mais conhecidas é a de Francisco Vieira Lusitano (1699-1783), e da qual reproduzimos o belo espécimen aguarelado da Biblioteca Nacional, mostrando, num céu aberto por entre nuvens e Anjos e cupidos, Nossa Senhora a entregar o menino Jesus a S. António, o qual tem nas mãos um pano para o acolher. Este pano acolhedor e transitivo da alma  é  um dos ícones  subtis das graças antonianas místicas que podemos também sentir-ver...
                               
Podemos dizer que, às iluminuras historiadas de manuscritos e de Livros de Horas, e às pinturas  em frescos, telas, painéis ou retábulos e azulejos, na posse de reis, nobres, conventos ou igrejas, com o começo da tipografia, sucedeu uma ampla divulgação e acessibilidade da memória, invocação e culto do santo através das milhares de xilogravuras e gravuras que foram sendo geradas em tipografias e lojas e que para livros, ou vendidas em lojinhas e sacristias, circulavam depois por toda a parte  graças a devotos, almocreves e ceguinhos, algumas sendo exportadas até aos confins do mundo.
Xilogravura portuguesa, anterior a 1541, existente na Torre do Tombo. O Menino com uma cruz em forma de Tau, o Santo com uma tripla floração pura na mão.
Destacavam-se então algumas esculturas,  pinturas, ou simplesmente gravuras, veneradas em certas igrejas e capelas, onde as pessoas peregrinavam, rezavam e podiam adquirir uma imagem impressa portátil do santo, protectora ou abençoadora...
Lisboa, tal como outras cidades, tinha vários locais de culto e de gestação e impressão de estampas, desde a casa onde nascera junto à Sé (sobre a qual se edificara uma igreja, reedificada depois do terramoto de 1755 pelo arquitecto Mateus Vicente, a qual vendia o seu "verdadeiro retrato", em baixo reproduzido, sendo ainda hoje o grande local do culto, a par da basílica de Pádua, e donde parte a grande procissão a 13 de Junho), às imagens que se veneravam no Convento de Jesus, no Convento de Belém, na Igreja de Nossa Senhora dos Mártires, etc. 
Fora da capital, destacavam-se a Sé de Coimbra e a Sé Catedral do Porto, onde o S. António como menino de Coro (que teria sido na Sé de Lisboa) era venerado.  No Brasil foi e é vasto o culto popular de S. António, e bem necessita, nestes tempos depois das eleições de 2018, da sua inspiração...
As capelas, igrejas e conventos, e os hospícios e hospitais dos Franciscanos e da Ordem Terceira eram também centros difusores do culto de Santo António, que tinha em Lisboa no mês de Junho os seus momentos mais intensos e entusiasmantes, em especial na noite de véspera (infelizmente nos nossos dias demasiado reduzida à sardinhada convivial e a um ou outro bailarico e às marchas), com as trezenas que a antecediam,  as missas e prédicas, as procissões e arraiais, os tronos e bailaricos, as fogueiras de alecrim e rosmaninho, as sortes casamenteiras e os descantes poéticos. 
 Nasceram e se forneceram assim a milhares e milhares de pessoas gravuras que tanto podiam inspirar desenhadores e pintores como podiam ser envolvidos mais ou menos artisticamente nos famosos "registos" emoldurados, e assim intensificar a devoção não só ao santo, mas à Divindade, ao Pai, ao Espírito Santo, a Jesus, a Maria, aos Anjos e ainda ao Amor, à Ordem e Providência que tanto faziam encontrar as coisas perdidas como achar ou atrair a mulher ou marido, pois como já o ditado popular rezava: "O casamento e a mortalha no céu se talha".
 Também em mapas cartográficos, cartas de marear os profundos, volúveis e difíceis oceanos e suas costas, exteriores e interiores, encontramos a invocação confiante e abençoante em S. António. 
Carta náutica de João Teixeira Albernaz I. [1620-1640].  Torre do Tombo.
Nos ex-votos de reconhecimento por graças de S. António (o 1º  em Tomar, o 2º no Museu da Cidade em Lisboa) encontramos outra das fontes da iconologia do santo, plenos de sentimentos,  quase quantificáveis por vezes na piedade e gratidão que emanam da composição e legenda, outrora em geral oferecidos e conservados nas sacristias, hoje em geral mais em museus e colecções.
E, finalmente, entre as fontes iconográficas, há ainda a mencionar tanto as esculturas em barro, tão populares, como  os desenhos em pratos de cerâmica, como ainda as medalhas e escapulários a levar ao peito e os santinhos e pagelas que se podiam levar no bolso, carteira ou missais e que tiveram e ainda têm milhares de representações e gestações, com grande procura, em especial nos locais ligados a S. António.
S. António, numa colecção de olaria de devotos tomarenses.
 No domínio da Palavra ou Verbo, bem valiosas são as quadras, poemas jaculatórias, orações, litanias, hinos, sinfonias e responsos criados ao longo dos séculos  para fortalecer a ligação com S. António e através dele com as qualidades divinas de Confiança, Fé, Esperança, Paz, Amor, Luz, ou ainda com Jesus e com Deus.  Ou, algo mais pragmaticamente, para ele arranjar um casamento ou inspirar o descobrimentos de objectos perdidos. Um dia desenvolveremos e aprofundaremos mais o contributo dos poetas, dos mais populares e anónimos ao Fernando [António Nogueira] Pessoa, nascido no seu dia e de algum modo seu devoto, pois conservava um santinho na sua carteira...
Um desses responsos centenários que nos chegou, e do qual há outra versões, recolhido por Arnaldo de Mariz Roseira de uma velhinha minhota, explica a razão da sua efectiva presença intercessora entre nós, é maravilhoso de crenças, ritmos e sugestões quase milenárias e  até universais, por exemplo, na analogia com o Bodhisattva da tradição Budista: «Santo António se alevantou, // Suas santas mãos lavou,// Na sua varinha pegou.// E o Senhor lhe perguntou:// - E tu, António onde vais?// Ó Senhor, eu ao Céu vou.// - Tu comigo não virás;// Tu na Terra ficarás;// Quantas coisas se perderem,// Quantas tu encontrarás."// .
No fim acrescenta-se a fórmula de petição, que varia apenas na parte final da explicitação da graça desejada: «Milagroso Santo António, fazei com que eu encontre (...) , [por exemplo] a minha alma gémea», no caso de aspirarmos a tal nível elevado de união...
E se muitos dos responsos são  longos, já algumas jaculatórias bem pequenas e incisivas, parecidas até com as endereçadas ao Anjo da Guarda, merecem ser relembradas e pronunciadas:
"António Santo, de Jesus Amado,
Valha-me sempre vosso amparo."
Ou: 
"António Santo, de Jesus amante,
No vosso amor me fazei constante."
E:
"Santo António, meu inspirador,
Fortalece-me no Divino Amor!»

Certamente que as mais eficazes terão sido e serão as espontâneas provindas do coração, ardente em aspiração, aflição ou contrição, em esperança ou em amor, e essas não as poderemos aqui registar, cada um de nós devendo-as emanar da sua alma e escrever nas entrelinhas dela e de eventuais diários...
Podemos, contudo, assinalar outras bem simples e eficazes no objectivo principal que é o de se controlar a agitação da mente e estabelecer uma afinidade e ligação vibratória com Espírito, com o Santo   e com o Divino, e que se podem repetir durante minutos, tais como os mantras orientais são empregados:
«Santo António,/ eu te saúdo, eu te invoco.»
«Santo/ António,/ Santo/ António,/  Santo/ António,»
Dos objectos que se tornaram icónicos, realcemos as relíquias suas e os objectos ou tecidos que tocaram essas relíquias  e que de algum modo se embeberam, diante da fé do devoto, de uma capacidade de bênção espiritual.
 Através da ajuda destes diversos meios, ou mais asceticamente sem nada de suporte, quem ora e medita em, ou com, S. António de olhos fechados com o seu espírito de contrição (de frade franciscano e bastante asceta) ou de aspiração amorosa, mística ou de amor à Divindade, certamente será abençoado com alguma graça interior...
Artisticamente, sendo o santo português, deveremos mencionar alguns dos seus compatriotas que se esmeraram na tentativa de imortalizarem visivelmente alguns aspectos dele ou da sua vida e entre os notáveis pintores e desenhadores lembraremos apenas (e pedimos desculpas aos outros, embora num próximo texto os possamos trabalhar) e exemplificaremos agora com um: Gregório Lopes, nomeadamente com o seu S. António a pregar não só aos peixes mas também aos animais (havendo ainda episódios com um burro e rãs), neste aspecto na linha não violenta e de amor fraterno aos animais, bem demonstrada pelo seu mestre S. Francisco, tão actual nos dias de hoje, com um partido político português em parte consagrado até a eles e à não sub-animalização do ser humano, o PAN...
Para além das milhares de obras valiosas de escultores, pintores e desenhadores expostas em museus, igrejas  e capelas existem muitas outras conhecidas apenas de algumas pessoas, que as veneram ou amam ou não. Saibamos nós ter algumas, nem que seja de uma gravura, santinho ou reprodução, ou então simplesmente de cor, ou seja no coração. 
Pintura bem original e actual de Maria de Fátima Silva.
Podemos assim, com o auxilio das imagens, tanto dialogarmos e invocarmos S. António, como cultivarmos a imanência divina mais desenvolvida pelos amigos e amigas de Deus, os santos e santas e mestres, seres  já mais identificados ao espírito e ligados à Divindade e por isso fontes de forças e inspirações, para nós vivermos mais ecológica, sábia e amorosamente e ajudarmos a Humanidade e o Planeta a sobreviverem ao neo-liberalismo capitalista e imperialista, inepto e irresponsável, que têm aos poucos destruídos tantos países, povos, eco-sistemas e condições climatéricas...
Como protector individual, de Lisboa ou nacional, lembremos a
quadrinha alentejana, recolhida pelo sábio Tomás Pires e transcrita pelo musical Alfredo Pinto (Sacavém), para momentos mais difíceis: 
                     «Santo António de Lisboa
                        Espelho de Portugal,
                        Ajudai-me a vencer
                          Esta batalha real»
 Demos então graças  S. António e à sua protecção e inspiração nos  Caminhos rumo à, ou na companhia da, Divindade imanente, do Amor e do Bem...
Nesta gravura de Francisco Vieira Lusitano, vemos S. António, eventual inspirador e protector dos ecologistas, dos viajantes, dos animais e das árvores, sobretudo nativas, no caso protegendo um pinheiro manso de ser abatido por forças destrutivas ou diabólicas, como tantas hoje há ligadas a grupos de pressão e de ideologias egoístas e negativas violentos... 
Mas para quem achar que este atribuição de protector das árvores é invenção nossa, dada a ferocidade com que Câmaras e juntas de freguesia tratam ou abatem as árvores, relembro como ele acabou os seus últimos dias numa cela-eremitério construída para ele numa árvore no Monte Paulo e foi  representado sentado dentro da copa dessa nogueira, bem frondosa e doadora de frutos tão bons para a harmonia cerebral e anímica, qual eixo entre o céu e a terra, como todos devemos ser, ensinando, irradiando: 
                                                                PAX - LUX - AMOR

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