A oração do Pai Nosso, passados dois mil anos de ter sido pronunciada e ensinada por Jesus, continua a ser orada, e pronunciada por muita, muita gente. A sua hermenêutica ou interpretação não é fácil, embora haja certamente uma leitura simples e já boa se dita ou pensada sentidamente, ainda que saber mesmo realizá-la e merecê-la seja sempre exigente.
Não admira que ao longo dos séculos, além das explicações e doutrinações, tivessem surgido diferentes versões, em especial de religiosos, e entre nós apresentou algumas o Padre Mário Martins, notável estudioso da época medieval e um amigo de Dalila Pereira da Costa, que me o fez conhecer e apreciar, como já testemunhei num artigo. .
Também eu ao longo dos anos as escrevi, ou pronunciei apenas e vogarão no espaço infinito os ecos subtis do que da minha alma em aspiração se ergueu. Há dias encontrei uma já de há uns anos, escrita de uma só vez sobre um desenho de fundo (30x50 cm) e resolvi dá-la à luz, com leves correcções ou melhorias. Ei-la, embora seja só a primeira parte do Pai Nosso, certamente a mais valiosa. E a esta oração, nas suas tão variadas versões e hermenêuticas, esperamos voltar...
Pai Nosso, nós te invocamos, por nós todos,
todos teus filhos, emanados de Ti, a Ti te amando.
Que estais nos céu, visível no mundos espirituais,
e na consciência pura e una do amor em todos seres,
presente como estado de consciência puro e iluminado.
Santificado seja o Vosso nome, memória e ser,
que embora não patente no mundo em que vivemos
por sabermos que és Nosso Pai te podemos invocar
e prestar culto em espírito e verdade
de modo a que nossa vida seja constante testemunhar
da Vossa presença em nós, e da nossa ligação a Vós,
a fim manifestarmos a Vossa Vontade e Amor.
Venha a nós o vosso Reino, a vossa governação nossa,
que sejam vós e a vossa Bondade e Sabedoria
a inspirar e a dar realeza ao mundo e às pessoas
que Te seguem no interior, na consciência íntima
que lhes vai sugerindo como estarem mais abertas a Ti,
mais penetradas e envolvidas por Ti,
de modo a podermos estar mais plenos e felizes,
desenvolvendo capacidades e obras luminosas.
Seja feita a Tua vontade assim na Terra como no Céu,
que possas verdadeiramente circular vitoriosamente
em todas as dimensões e estados de consciência,
para sermos canais, eixos de ligação entre o Céu e a Terra,
entre a tua Sabedoria omnisciente e nossa aspiração ardente,
e assim cooperarmos na plenitude dos seres e tempos,
na união dos múltiplos opostos, na harmonia dos contrários,
vencendo as vontades contraditórias e exclusivas,
unindo-as na tolerância, liberdade e Amor.
Que todo o nosso ser, da cabeça aos pés,
da manhã à madrugada
viva iluminado ou harmoniado pela Tua consciência nele,
que lhe dê lucidez, destemor, criatividade
e capacidade de ser pontífice,
construtor de pontes
por onde nos podemos
encontrar, amar, iluminar.
Demos graças, em Ti, para Ti, por todos.
1 comentário:
Amém.
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